[ANPPOM-L] Schoenberg e Deise

Rodolfo Caesar caesar em acd.ufrj.br
Qui Jun 7 09:49:49 BRT 2007


Meus caros,



Setores da chamada 'Música Contemporanea', tendo há muito percebido a 
falência de suas instituiçoes (salas de concerto, criticos, mercado, 
etc.), estão se esforçando por encontrar saídas. Esta de ligar com o 
funk não é fortuita. O grupo em questão parece saber bem o que faz, ou 
pelo menos tenta alguma coisa. Pelo que conheço de cada um, nunca houve 
motivo pra chamar qualquer um de 'vanguardista', se entendermos por essa 
palavra aquele artista militantã com sede de derrubar as instituições, 
etc. O deles é um esforço que eu não chamaria de 'bizarro' sem antes ver 
no que dá. (Talvez até soe estranho, mas ainda não se sabe...)
Me incomoda é esse adjetivo antecipado, traduzindo preconceito contra as 
misturas, o abastardamento, as hibridações, as interseções, etc.  Por 
que a música 'vanguardista' deveria se confinar a uma sua (por sinal 
jamais conceituada) especificidade? Por que raios os DJs (como Aphex 
Twin, Cujo, etc.) podem soar 'eletroacústicos', mas os 'vanguardistas' 
devem permanecer presos a um (congelado) modelo modernista-'formalista'? 
Ora, é muita surdez com relação ao que já se faz há uns trinta anos!

E afinal de contas, 'bizarra' é o nome pelo qual se conhece uma forma 
específica de sexualidade. Haverá espaço para todas?



PS.: Ontem mesmo um orientando havia comentado sobre um Sprechgesang em 
frases da Tati Quebra-Barraco... Uma brilhante observação 'formalista' 
que de certo modo defende a 'bizarria'.


abs,


Rodolfo




carlos palombini wrote:
> Também acho que será bizarro. A mim me soa como uma tentativa de injetar 
> (perdoe o trocadilho) alguma vitalidade numa vanguardismo exangue (não 
> me refiro a Schoenberg), que fará tão mal ao _Pierrot_ quanto à 
> simpaticíssima Deise. Parece aquela velha receita: misture tudo o que 
> não combina, que pode ser que dê certo. Mas, como vc mesmo sugere, posso 
> estar errado. Afinal, não tem gente que acha linda a pirâmide do Louvre?
>
> Um abraço,
> Carlos
>
> José Luiz Martinez escreveu:
>   
>> Olá Carlos,
>>
>> Obrigado pelo esclarecimento. Estou achando que esse Pierrot será no mínimo
>> bizarro. Ao que tudo indica, Adélia Issa vai fazer as 21 canções da obra
>> original. Os instrumentistas e a regência de Antônio Carlos Borges Cunha (da
>> UFRGS) devem garantir a interpretação correta da partitura.
>>
>> Agora, o que esperar de Deise Tigrona e Elke Maravilha no contexto
>> simbolista (ou vice-versa), só pagando pra ver.
>>
>> Abraços,
>> Martinez
>>
>>
>>   
>>     
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