[ANPPOM-L] FW: Ainda sobre o espet á culo "Luar Trovado", baseado em "Pierrot Lunaire" de Schoenberg

Jos=?ISO-8859-1?B?6SA=?=Luiz Martinez rudrasena em uol.com.br
Qui Jun 14 08:44:51 BRT 2007


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> From: Ruy Filho <ruyfilhosp em yahoo.com.br>
> Date: Thu, 14 Jun 2007 01:11:22 -0300 (ART)
> To: José Luiz Martinez <rudrasena em uol.com.br>
> Subject: Re: Ainda sobre o espetáculo "Luar Trovado", baseado em "Pierrot
> Lunaire" de Schoenberg
> 
> Oi, Martinez,
> 
> Bom, concordamos em um ponto básico: não interessa ao público os problemas
> durante o processo de qualquer trabalho artístico, só se esses se revelarem
> fundamentos para a conceitualização do trabalho. Não é o caso no Luartrovado.
> 
> O projeto é de um produtor que apresentou a proposta ao Sesc. Todos os
> envolvidos foram convidados. E as indignações com a falta de preparação de uma
> gestão melhor fora a constância do trabalho.
> 
> Enfim, como você escreveu bem, e concordo, o trabalho não aconteceu. Risco
> certo nesse tipo de proposta, onde a junção de diferenças busca contemplar o
> inesperado.
> 
> De qualquer maneira, não defendo o Lívio e o Gerald apenas por ter participado
> do trabalho. Ainda que não interesse ao público, sei que muito foi feito e
> corrigido.
> 
> Minha argumentação se foca apenas em um único valor: será que esse tipo de
> projeto não merece um outro entendimento no que diz respeito a produção e
> administração? Será que a sistemática mercadológica de produção funciona em um
> ambiente construído sob pilares tão frágeis?
> 
> Nesse sentido, acredito que ainda insipiente para o público, o trabalho
> realizou milagres. Se não são visíveis, entendo isso como outra qualidade,
> afinal, apenas restou a percepção de um trabalho que não foi além do mínimo,
> mas não de um trabalho que se estruturou dentro de um ambiente caótico, cuja
> atmosfera confusa tornou a criação elemento estério entre os próprios
> participantes.
> 
> Ou seja, antes um espetáculo fraco e problemático que a transposição do erros
> e anacronismos.
> 
> Do resto, concordo plenamente com você.
> 
> Abraços, e valeu pela conversa. O debate é fundamental!
>    
>   RUY FILHO
> 
>> José Luiz Martinez <rudrasena em uol.com.br> escreveu:
>>   Olá Ruy,
>> 
>> Recebi sua mensagem por meio da lista Comuarte (lista dos alunos do curso de
>> Artes do Corpo da PUC-SP). Estou entendendo que você participou da direção,
>> correto? Se o projeto não é do Gerald Thomas nem do Lívio Tragtenberg, de
>> quem é então?
>> 
>> De qualquer forma, o que você está dizendo sobre o "Luar Trovado" é que não
>> houve tempo de fazer um espetáculo melhor. Isso era claro para qualquer um da
>> platéia que tivesse experiência com música, ópera, artes cênicas; mesmo
>> apenas como espectador. Bem, do ponto de vista do público, não nos interessa
>> se não houve tempo de fazer algo melhor. Aquilo que aconteceu sobre o palco é
>> o que aconteceu. Nossos julgamentos estéticos e técnicos não podem ser
>> minimizados por causa da falta de tempo para se fazer melhor. Muito pelo
>> contrário.
>> 
>> Ainda assim, eu estou contente que o Sesc Pinheiros venha encampando projetos
>> dessa natureza e envergadura. Eu também assisti às óperas da Jocy de Oliveira
>> e vejo assim que eles estão envolvidos com formas que são complexas, caras,
>> mas profundamente interessantes do ponto de vista da música e do teatro
>> musical. Ainda que o resultado de uma ou outra experiência não tenha sido
>> feliz. Isso é da natureza da ópera. Algumas são sucesso, outras não, mas o
>> importante e continuar criando e colocando em cena para o público.
>> 
>> Agradeço sua participação no debate.
>> 
>> Abraços,
>> Martinez
>> 
>> 
>> -- 
>> Prof. Dr. José Luiz Martinez
>> Departamento de Linguagens do Corpo
>> Faculdade de Comunicação e Filosofia - PUC-SP
>> 
>> Rede Interdisciplinar de Semiótica da Música
>> http://www.pucsp.br/pos/cos/rism
>> 
>> Musikeion - fórum sobre signficação musical
>> http://listas.pucsp.br/mailman/listinfo/musikeion
>> http://listas.pucsp.br/pipermail/musikeion/
>> 
>> 
>> 
>> 
>> ------ Forwarded Message
>> 
>>> 
>>> From: Ruy Filho
>>> To: giurocha em hotmail.com
>>> Subject: Re: FW: [comuarte] Sobre o espetáculo "Luar Trovado", baseado em
>>> "Pierrot Lunaire" de Schoenberg
>>> Date: Tue, 12 Jun 2007 01:16:17 -0300 (ART)
>>> 
>>> Oi, Giu, não vai dar pra não responder algumas das críticas apresentadas
>>> nesses emails. Depois vc repassa pra eles, ok?
>>> Beijos
>>> RUY FILHO
>>> 
>>> O mais importante é salientar que o projeto não é do Gerald, e assim como os
>>> outros participantes, todos foram convidados. Lívio, Lucila, o maestro e
>>> músicos, Elke, a Deise, o cenógrafo, a iluminadora, a figurinista. O
>>> idealizador escolheu os nomes por sua própria conta, juntou todos e deu-lhes
>>> menos de uma semana para realizar o trabalho. Nem isso, no entanto, pois a
>>> orquestra conseguiu de fato trabalhar em SP apenas dois dias, o cenário (que
>>> concordo, é pra lá de decepcionante), tomou quatro dias, a luz outros três.
>>> O Gerald teve apenas um dia para montar toda a cena, e nem foi possível
>>> passar sequer um ensaio completo, com música e cena. Como ele disse em
>>> várias entrevistas, foi entregue para ele um cardápio completo. A Elke tinha
>>> que cantar, a Lucila e a Deise, idem. Como lidar com tantas discrepâncias?
>>> Como enfrentar uma produção ingênua para tamanho projeto? E como atribuir
>>> esse caos ao universo de Schoenberg? A primeira atitude de Gerald foi a de
>>> recusar que o espetáculo era o Pierrot Lunaire, pois não havia tempo para
>>> destrinchar em tantas áreas o universo do compositor. Tampouco o suficiente
>>> para discutir o fato de ser a composição o que Mário de Andrade denominou de
>>> "não-música" por romper a musicalidade clássica. Não foi possível o encontro
>>> entre Maestro e Gerald para discutirem conceitos. Essencial quando se trata
>>> de encenação de óperas. Ainda que PL não seja uma ópera, e sim um recital.
>>> Lívio utilizou as próprias partituras do Schoenberg transportando-as
>>> eletroacusticamente para novos timbres e modulações. Ir além demandaria
>>> estudos, preparos, verticalizações impossíveis para o cronograma. A
>>> tentativa de carnavalização final, por isso o carro alegórico
>>> (inacreditavelmente ruim, o trabalho cenográfico), lida com os argumentos de
>>> Mário de Andrade e com o conceito de carnavalização de Baktin. Trazer o Tom
>>> Zé, foi uma maneira de aproximar o nosso carnaval-conceito, o tropicalismo,
>>> em sua essência, visto ser ele o remanescente mais experimental do grupo
>>> original. Não deram certo as entradas da Deise? Talvez, mas afinal esse era
>>> o pacote! Se o espetáculo não funcionou, então que se argumente dentro das
>>> características do projeto, de suas indiossincrasias. Mais do que isso não
>>> foi possível fazer. Só posso garantir um detalhe, ainda que cheios de
>>> equívocos ou seja lá como quiserem denominar, a presença de Gerald garantiu
>>> a não ralização de absurdo muito piores. Pra isso chegávamos as 9 e saímos a
>>> meia-noite. Pela tentativa maluca de buscar ofuscar os absurdos e realizar,
>>> no mínimo que fosse, algo de especial.
>>> 
>> 
>>> 

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