[ANPPOM-L] ufa!,ufac,ufa!

Farlley Jorge Derze farlley em pianobrasileiro.com
Ter Nov 6 22:02:01 BRST 2007


Mas afinal: uma Universidade tem ou não tem autonomia para decidir como 
selecionar aquele indivíduo que nela procura ingressar?

Tenho receio de haver compreendido pelo avesso o que diz a LDB/MEC/BRASIL.

Creio que o cerne da questão é na nomenclatura que se perpetua no âmbito de 
nossas Universidades: "Curso de Música".

A sociedade, ou, imagino eu, os adeptos de tantas outras práticas musicais, 
findam por se iludir com a nomenclatura tão abrangente. Para o modelo ainda 
vigente e operante em muitas Universidades e mentes, talvez fosse o caso de 
elucidar ao candidato, a quem se lhe aplica um teste de habilidade específica, 
que ele está prestes a ingressar num Curso de Música Erudita, em que se 
encontram agregadas inúmeras correntes estéticas e suas respectivas expressões 
sonoras, teóricas e práticas. Obviamente, músicos (compositores) como Caymmi, 
Djavan e o Pedro (regente do Coral 16, aqui na Asa Norte de Brasília - músico 
fenomenal), ficariam de fora deste sistema, cuja validade é inquestionável 
(sou fruto dele), mas incapaz de atender o Pedro, que foi reprovado no teste 
de habilidade específica da UnB. Lamentei por isso. Ele leu a nomenclatura: 
Curso de Música (tal, desprovida de suas especificidades vigentes).

Se no Edital ou noutra Universidade constasse um alternativa àquela, algo 
como "Curso de Música Popular Brasileira", (com outro modelo de admissão para 
os candidatos que por esta vertente se interesse), possivelmente o Pedro 
pudesse ter contemplado, pela Universidade em questão (utópica), o seu 
talento, igualmente inquestionável, haja vista a lisura com a qual se 
apresenta seu grupo Vocal 16, muitos dos componentes, com formação musical 
idêntica à minha - padrão erudito, acadêmico, sistemas de notação específicos 
caso-a-caso.

Vejo que Antunes tem razão, se olho para o letreiro onde se intitula 
determinado Curso de Música ...; vejo que outros colegas possuem razão, 
igualmente, olhando para o outro lado da rua, para o outro Outdoor.

Finalizando, penso que seria o caso de especificar  a nomenclatura, tão 
abrangente quanto o período de tempo que jaz desde seu surgimento.

Longe encontro-me da intenção de levantar meu dedo para oferecer "A" solução.

Abraços cordiais.

Farlley Derze
Brasília - DF







Caro Eduardo Luedy:
>
>Não existem saberes mais legítimos que outros.
>Acho que começamos a nos repetir. O que você diz no email, já disse em outros 
anteriores.
>Eu também começo a me repetir.
>Não existe colonização nos currículos. Eles são amplos, abertos.
>A colonização, quando se revela, é na sala de aula e não no currículo.
>Olhe as ementas das disciplinas. Elas são amplas, abrangentes.
>Mas quando o professor começa a ministrá-las, ele puxa o conteúdo para a sua 
sardinha.
>Sempre digo que os currículos não precisam de reforma. Quem precisa de 
reforma é o professor.
>A melhor maneira de se considerar-valorizar aquilo que os alunos já sabem, é 
a prática da prova de habilitação específica em música, para o ingresso na 
Universidade. Na UnB, para ingresso no Curso de Composição Musical, o 
candidato, além de demonstrar sua formação básica musical, tem que apresentar 
composições suas, em partitura ou/e as tocando. A criatividade e a "garra para 
o métier" do candidato, assim, são facilmente avaliadas, podendo ele 
apresentar suas composições, auto-didatas, tanto na área da música erudita 
quanto na de música popular.
>Abraço,
>Jorge Antunes
>
>
>
>
>
>eduardo luedy wrote:
>
>> Prezado Jorge Antunes,
>>
>> A questão, pelo menos como a entendo, seria: como e em
>> que medida poderíamos atender à diversidade?
>> Neste sentido, poderíamos nos perguntar também acerca
>> de como descolonizar o currículo, de como atender à
>> demanda por ensino e formação em música sem
>> desconsiderar-menosprezar aquilo que os alunos já
>> sabem?
>> Não problematizar os testes de ingresso é aceitar (e
>> defender) que há um saber mais legítimo que outros
>> saberes. Numa instituição pública que se pretenda
>> democrática estas não são questões irrelevantes.
>>
>> Abraços,
>>
>> Eduardo Luedy
>>
>> --- Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>>
>> > Caro Eduardo Luedy:
>> >
>> > Obrigado por suas interessantes reflexões.
>> > Concordo com você, no que se refere à opinião de que
>> > todos devem poder estudar música.
>> > Só gostaria de lembrar que existem diferentes
>> > lugares para se estudar música, cada local com
>> > processos, conteúdos e objetivos diferentes.
>> > Alguns desses lugares são: Conservatórios de Música,
>> > Escolas de Música de Nível Médio e/ou Técnico,
>> > Universidades, Jornaleiros que vendem Métodos de
>> > Violão sem Mestre,  Escolas de Samba, Cursos
>> > Particulares de Música, etc.
>> > Abraço,
>> > Jorge Antunes
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> >
>> > eduardo luedy wrote:
>> >
>> > > Prezados colegas associados,
>> > >
>> > > No intuito de fazer valer a crença na liberdade de
>> > > expressão e de, por isso, fazer valer o direito à
>> > > polêmica - sempre que acredite que valha a pena
>> > testar
>> > > nossos argumentos, aprofundar o debate, clarificar
>> > > nossos pressupostos -, gostaria de externar minhas
>> > > sinceras dúvidas acerca de quase tudo o que se tem
>> > > afirmado aqui contrariamente à decisão da UFAC de
>> > > abolir as provas específicas para ingresso em seu
>> > > curso superior de música.
>> > >
>> > > Queria dizer logo que eu mesmo não manifesto
>> > > indignação. Antes, estou nutrindo curiosidade a
>> > > respeito de tal decisão e de seus efeitos.
>> > >
>> > > Quando eu era aluno, não só na educação básica,
>> > mas tb
>> > > na graduação, as decisões e tudo relacionado a
>> > > reformas educacionais e curriculares, sempre
>> > parecem
>> > > muito distantes de nós, pobres mortais. O
>> > currículo,
>> > > as disciplinas, suas ementas, tudo sempre me
>> > pareceu
>> > > fazer parte de algo muito mais antigo e, por isso,
>> > > merecedor de uma atitude de respeito, de
>> > admiração,
>> > > mas principalmente de uma atitude eminentemente
>> > > conservadora.
>> > >
>> > > Pois eu fico me perguntando: falamos tanto hoje,
>> > pelo
>> > > menos na área de educação, em respeitar a
>> > diversidade
>> > > cultural; e, para além de apenas "tolerar" a
>> > > diversidade, falamos em elaborar estratégias
>> > > pedagógicas que façam jus à diversidade. Então,
>> > por
>> > > que não abolir as tais provas específicas? Na
>> > escola
>> > > de música da ufba, tais exames eram (são ainda?)
>> > > chamados de "teste de aptidão". O que, obviamente
>> > > implicava a noção de que aqueles que não
>> > conseguiam
>> > > ser admitidos "não tinham aptidão". Os que tentam
>> > > ingressar e os que ingressam - os alunos e alunas
>> > dos
>> > > cursos superiores de música - passam a aceitar
>> > isso
>> > > pacificamente. Naturalizamos a noção de que o
>> > > conhecimento musical legítimo é aquele que se
>> > cobra
>> > > nos tais testes de aptidão. Por que deve ser
>> > assim?
>> > >
>> > > Por que um mestre de capoeira não poderia estudar
>> > > música se assim lhe desejasse? Por que um
>> > adolescente
>> > > roqueiro ou ligado às novas tecnologias de
>> > produção e
>> > > circulação de música, por que não djs, rappers,
>> > > chorões, sambadores, por que não um ogã? Ou seja,
>> > por
>> > > que todos os indivíduos tem que reduzir tudo o que
>> > > sabem a uma única modalidade de fazer-compreender
>> > > música?
>> > >
>> > > O fato é que, apesar de todo o já bem desenvolvido
>> > > discurso na área de educação acerca da necessidade
>> > de
>> > > descolonizar o currículo, o fato é que ainda
>> > > julgamos-afirmamos, tacitamente ou não, que apenas
>> > > aquele conhecimento em música (ou seja, o da
>> > tradição
>> > > européia-erudita) é merecedor de estabelecer os
>> > > critérios e os parâmetros para admissão de quem
>> > quer
>> > > que deseje estudar música em nível superior.
>> > >
>> > > Sei dos desafios que tudo isso representa para a
>> > > formação superior em música. Mas é justamente isso
>> > que
>> > > me anima aqui. Seria possível admitir um dj, por
>> > > exemplo, com ampla e intensa experiência
>> > profissional
>> > > e dialogar com ele? Seria possível ensinar e
>> > aprender
>> > > algo com este dj? Ou será que aquilo que vale para
>> > a
>> > > formação de instrumentistas (no sentido
>> > tradicional do
>> > > termo) e, portanto, como critério para admissão de
>> > > futuros estudantes de instrumento (ou das chamadas
>> > > práticas interpretaitivas - no sentido já
>> > estabelecido
>> > > pela formação acadêmica em música) deve valer para
>> > > todo o campo do conhecimento e formação em música?
>> > >
>> > > Enfim, por que ensinamos o que ensinamos e como
>> > > poderemos justificar nossos estreitos critérios de
>> > > admissão numa sociedade já extremamente
>> > excludente?
>> > >
>> > > Eduardo Luedy
>> > >
>> > > --- Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>> > >
>> > > > Caro Damián:
>> > > >
>> > > > A SBME (Sociedade Brasileira de Música
>> > > > Eletroacústica) está preparando um documento
>> > para
>> > > > ser enviado ao Reitor da UFAC, Prof. Dr. Jonas
>> > > > Pereira de Souza Filho.
>> > > > Manifestaremos nossa indignação com o fato de a
>> > > > Universidade Federal do Acre ter abolido a prova
>> > de
>> > > > habilitação em música. Comentaremos as
>> > experiências
>> > > > bem sucedidas e as consequências boas de tal
>> > prova.
>> > > > Chamaremos a atenção para os resultados
>> > desastrosos,
>> > > > em termos de qualidade da formação acadêmica, de
>> > um
>> > > > curso superior de música que não pratique a
>> > seleção
>> > > > de vestibulandos de acordo com suas formações
>> > > > musicais básicas.
>> > > >
>> > > > Quero sugerir a você que insista com a Diretoria
>> > da
>> > > > Anppom, no sentido de que ela venha a fazer o
>> > mesmo,
>> > > > enviando carta ao Reitor.
>> > > > A seguir destaco alguns itens do Estatuto da
>> > Anppom
>> > > > de acordo com os quais a Diretoria, eleita
>> > > > democraticamente em Assembléia Geral, tem o
>> > direito
>> > > > e o dever, sem consultas aos associados, de agir
>> > > > atendendo seu pedido.
>> > > >
>> > > > Artigo 4º - São finalidades e objetivos da
>> > Anppom:
>> > > > j) Contribuir para a manutenção e
>> > desenvolvimento da
>> > > > música, em âmbito acadêmico, enquanto área de
>> > > > pesquisa e criação científica e artística.
>> > > >
>> > > > Parágrafo 2º - Cabe à Diretoria:
>> > > > b) Dinamizar e promover as atividades que visem
>> > ao
>> > > > desempenho do papel social que este Estatuto
>> > confere
>> > > > à Anppom.
>> > > >
>> > > > Artigo 26 - Os casos omissos serão resolvidos
>> > pela
>> > > > Diretoria.
>> > > >
>> > > > Abraço,
>> > > > Jorge Antunes
>> > > > >
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