[ANPPOM-L] novo humanismo

Lilia de Oliveira Rosa liliarosa em iar.unicamp.br
Qua Out 10 18:41:46 BRT 2007


Prezado Palombini,

gostei demais de sua colocação
sobre o "abandono gradativo [...] do espírito humanista",
da citação:
" Esqueçamos a meta, e pensemos na viagem, como propôs
Olgária Mattos, citando Cavafys, em conclusão à sua palestra" (ANPPOM), e
da análise lúcida como disse o colega E.Luedy.


Abraços, Lilia Rosa




Citando eduardo luedy <eluedy em yahoo.com>:

> Prezado Carlos Palombini,
>
> De onde surgiu este tópico? Nas mensagens que estou
> recebendo nada havia aparecido até então. De todo
> modo, queria lhe parabenizar pela análise lúcida.
> No entanto, me preocupa perceber no seu texto um
> ceticismo que abandona qualquer alternativa que leve
> em conta a viabilidade de uma formação humanística.
> Ou estou entendendo errado?
>
> Abraços,
>
> Eduardo Luedy
>
> --- carlos palombini <palombini em terra.com.br> wrote:
>
> >
> > No que diz respeito à música, não acho que se trate
> > de "abandono
> > gradativo [...] do espírito humanista". Este
> > espírito, não me parece que
> > ele tenha caracterizado o Conservatório de Música no
> > qual estudaram
> > minha minha avó e minha bisavó, e que
> > transformou-se, hoje, na
> > pós-graduação brasileira que desfruta da melhor nota
> > na avaliação da
> > CAPES.  A não ser que os caminhos da pós-graduação
> > brasileira em música
> > sejam descaminhos, é provável que a música esteja
> > descobrindo seu
> > humanismo no Brasil.
> >
> > A palestra de Olgária Mattos, na abertura da Anppom
> > este ano, foi sem
> > dúvida uma obra-prima de oratória. Não me parece,
> > contudo, que um  "novo
> > humanismo" seja a solução para o problema da
> > Universidade brasileira.
> > Esqueçamos a meta, e pensemos na viagem, como propôs
> > Olgária Mattos,
> > citando Cavafys, em conclusão à sua palestra. É uma
> > excelente proposta
> > para um professor assalariado de uma instituição
> > pública com
> > aposentadoria ainda integral. Aplicada à gestão do
> > patrimônio público,
> > trata-se de um ato de irresponsabilidade coletiva.
> > Será que não existe
> > nada além do dilema entre um humanismo requentado e
> > tacitamente
> > exclusivista e a submissão às regras do mercado? Não
> > podemos fazer
> > voltar o relógio à Renascença e descobrir de novo o
> > Brasil, colonizá-lo
> > "humanisticamente". O que somos, em ampla medida, é
> > o reverso da medalha
> > do humanismo da Europa renascentista. Do mesmo modo,
> > um filme como
> > _Tropa de elite_, onde um bando de assassinos
> > (reais!) é apresentado
> > como uma elite de ética  quase impecável, é a
> > contrapartida necessária
> > deste "novo humanismo" com o qual se pretende gerir
> > o patrimônio público
> > brasileiro.
> >
> > Carlos Palombini
> >
> > > Acho que os professores clamam (independente das
> > categorias que arrolam) é
> > > pelo abandono gradativo que a universidade sofreu
> > do espírito humanista, que
> > > eliminou a sensibilidade humana em detrimento de
> > um discurso que entendia a
> > > formação apenas e tão-somente pela absorção do
> > dado "objetivo" e "positivo"
> > > que mecanizava, como num passe de mágica, a
> > competência.
> > >
> > > Como diz o prof. Antunes, reavivar esse espírito é
> > a tarefa que vai garantir
> > > o próprio espaço liberal que deve nortear a arte,
> > a ciência e, nessa
> > > congruência, a arte na universidade. O
> > reaquecimento para a compreensão da
> > > complexidade pelos índices valorativos da
> > consciência humana do mundo e não
> > > apenas pelo umbigo da especialidade - Rousseau
> > entendia isso como único
> > > antídoto capaz de superar a opressão histórica
> > social inerente da sociedade
> > > de interesses - é sine qua non para poderemos
> > perseguir a sofisticação do
> > > discurso artístico e sua relação com o
> > desenvolvimento humano e, mais que
> > > isso, dos seres viventes. Senão, comprometeremos
> > pelo preconceito, como
> > > vemos vez e outra explícito nos nossos congressos,
> > a tolerância que garante
> > > a pluralidade que observa a vida sistematizando-a
> > desde a legitimação das
> > > diversas manifestações culturais até o zelo pelo
> > desenvolvimento tecnológico
> > > e suas práticas interpretativas. É tudo um mesmo
> > complexo que se forma no e
> > > pelo homem...
> > >
> > > A questão é como fazê-lo em um ambiente de
> > conspurcação moral, política e
> > > social, causa e efeito do abandono sistemático da
> > educação e a
> > > mercantilização do ensino, até mesmo nas
> > universidades públicas.
> > >
> > > Vejo algum lampejo de resposta no surgimento dos
> > cursos técnicos
> > > profissionalizantes, secundários, na área de
> > artes. O modelo já existe,
> > > desde a década de 1970, nas áreas técnicas da
> > engenharia. Apesar dos muitos
> > > problemas sociais que causou o modelo
> > desenvolvimentista militar (e por ser
> > > imposto a sangue e opressão já era por si só
> > repugnante), não há como negar
> > > que os benefícios na área técnica foram notórios e
> > mais, arrisco a dizer que
> > > foi o que consubstanciou o salto para a
> > consolidação dos parques industriais
> > > no Brasil, partindo de uma realidade agrícola até
> > então imarcescível.
> > > Saudação a todos,
> > > Diósnio Machado Neto
> > >
> >
> > --
> > carlos palombini
> > professor adjunto de musicologia
> > universidade federal de minas gerais
> > <cpalombini em gmail.com>
> >
> > "... et la variété des choses est en réalité ce qui
> > me construit." (Francis Ponge, "My Creative Method",
> > 27 de dezembro de 1947)
> >
> > ________________________________________________
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