[ANPPOM-L] novo humanismo

eduardo luedy eluedy em yahoo.com
Qua Out 10 15:32:19 BRT 2007


Prezado Carlos Palombini,

De onde surgiu este tópico? Nas mensagens que estou
recebendo nada havia aparecido até então. De todo
modo, queria lhe parabenizar pela análise lúcida.
No entanto, me preocupa perceber no seu texto um
ceticismo que abandona qualquer alternativa que leve
em conta a viabilidade de uma formação humanística.
Ou estou entendendo errado?

Abraços,

Eduardo Luedy

--- carlos palombini <palombini em terra.com.br> wrote:

> 
> No que diz respeito à música, não acho que se trate
> de "abandono 
> gradativo [...] do espírito humanista". Este
> espírito, não me parece que 
> ele tenha caracterizado o Conservatório de Música no
> qual estudaram 
> minha minha avó e minha bisavó, e que
> transformou-se, hoje, na 
> pós-graduação brasileira que desfruta da melhor nota
> na avaliação da 
> CAPES.  A não ser que os caminhos da pós-graduação
> brasileira em música 
> sejam descaminhos, é provável que a música esteja
> descobrindo seu 
> humanismo no Brasil.
> 
> A palestra de Olgária Mattos, na abertura da Anppom
> este ano, foi sem 
> dúvida uma obra-prima de oratória. Não me parece,
> contudo, que um  "novo 
> humanismo" seja a solução para o problema da
> Universidade brasileira. 
> Esqueçamos a meta, e pensemos na viagem, como propôs
> Olgária Mattos, 
> citando Cavafys, em conclusão à sua palestra. É uma
> excelente proposta 
> para um professor assalariado de uma instituição
> pública com 
> aposentadoria ainda integral. Aplicada à gestão do
> patrimônio público, 
> trata-se de um ato de irresponsabilidade coletiva. 
> Será que não existe 
> nada além do dilema entre um humanismo requentado e
> tacitamente 
> exclusivista e a submissão às regras do mercado? Não
> podemos fazer 
> voltar o relógio à Renascença e descobrir de novo o
> Brasil, colonizá-lo 
> "humanisticamente". O que somos, em ampla medida, é
> o reverso da medalha 
> do humanismo da Europa renascentista. Do mesmo modo,
> um filme como 
> _Tropa de elite_, onde um bando de assassinos
> (reais!) é apresentado 
> como uma elite de ética  quase impecável, é a
> contrapartida necessária 
> deste "novo humanismo" com o qual se pretende gerir
> o patrimônio público 
> brasileiro.
> 
> Carlos Palombini
> 
> > Acho que os professores clamam (independente das
> categorias que arrolam) é
> > pelo abandono gradativo que a universidade sofreu
> do espírito humanista, que
> > eliminou a sensibilidade humana em detrimento de
> um discurso que entendia a
> > formação apenas e tão-somente pela absorção do
> dado "objetivo" e "positivo"
> > que mecanizava, como num passe de mágica, a
> competência. 
> >
> > Como diz o prof. Antunes, reavivar esse espírito é
> a tarefa que vai garantir
> > o próprio espaço liberal que deve nortear a arte,
> a ciência e, nessa
> > congruência, a arte na universidade. O
> reaquecimento para a compreensão da
> > complexidade pelos índices valorativos da
> consciência humana do mundo e não
> > apenas pelo umbigo da especialidade - Rousseau
> entendia isso como único
> > antídoto capaz de superar a opressão histórica
> social inerente da sociedade
> > de interesses - é sine qua non para poderemos
> perseguir a sofisticação do
> > discurso artístico e sua relação com o
> desenvolvimento humano e, mais que
> > isso, dos seres viventes. Senão, comprometeremos
> pelo preconceito, como
> > vemos vez e outra explícito nos nossos congressos,
> a tolerância que garante
> > a pluralidade que observa a vida sistematizando-a
> desde a legitimação das
> > diversas manifestações culturais até o zelo pelo
> desenvolvimento tecnológico
> > e suas práticas interpretativas. É tudo um mesmo
> complexo que se forma no e
> > pelo homem...
> >
> > A questão é como fazê-lo em um ambiente de
> conspurcação moral, política e
> > social, causa e efeito do abandono sistemático da
> educação e a
> > mercantilização do ensino, até mesmo nas
> universidades públicas. 
> >
> > Vejo algum lampejo de resposta no surgimento dos
> cursos técnicos
> > profissionalizantes, secundários, na área de
> artes. O modelo já existe,
> > desde a década de 1970, nas áreas técnicas da
> engenharia. Apesar dos muitos
> > problemas sociais que causou o modelo
> desenvolvimentista militar (e por ser
> > imposto a sangue e opressão já era por si só
> repugnante), não há como negar
> > que os benefícios na área técnica foram notórios e
> mais, arrisco a dizer que
> > foi o que consubstanciou o salto para a
> consolidação dos parques industriais
> > no Brasil, partindo de uma realidade agrícola até
> então imarcescível. 
> > Saudação a todos,
> > Diósnio Machado Neto
> >   
> 
> -- 
> carlos palombini
> professor adjunto de musicologia
> universidade federal de minas gerais
> <cpalombini em gmail.com>
> 
> "... et la variété des choses est en réalité ce qui
> me construit." (Francis Ponge, "My Creative Method",
> 27 de dezembro de 1947)
> 
> ________________________________________________
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> 



       
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