[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossas Universidades?
aguerra
aguerra em uol.com.br
Sex Out 12 21:50:00 BRT 2007
caros colegas,
Quero iniciar com a última frase do Silvio:
> ao q proponho a questão de outro modo: "q idéia
> de música queremos fazer nascer com nossos
> cursos?"
Na minha opinião essa questão está praticamente fora de nosso controle.
Acho que simplesmente devemos continuar exercendo nossas opções
estéticas. Me vem à mente o exemplo de Walter Smetak
(depois que vi a bela exposição sobre seu trabalho, em Salvador) -
o que nasceu do contato na relação mestre-aluno desdobrou-se em um
leque com tantos caminhos quanto o número de influenciados.
Achei interessante uma reportagem na revista "continuum" (3, setembro de
2007) do itaú cultural com o título "As faces da Criação" Nela, a artista
plástica Carmela Gross (eca-usp) afirma:
" o que se aprende na universidade é a pensar. Há a exposição de muitas
informações, o contato com professores de diversas áreas e a possibilidade
de fazer experiências com algumas técnicas..."
Acho que a resposta ao Silvio está por aí - proporcionar aos alunos a
diversidade necessária para que eles experimentem e amadureçam por si
mesmos. E é o exercício do pensar que nos dá a consciência ser ou não ser
etnocêntrico.
Infelizmente a reportagem peca justamente ao dar voz a um velho conhecido
nosso:
>
"... Já o músico e compositor paulistano Livio Tragtemberg apesar de ter
ministrado aulas na unicamp e pucsp, tem restrições quanto à
universitarização (sic) do fazer artístico.
-A arte torna-se instrumentalizada e acontece a reboque da formação do
acadêmico com títulos e bolsas, restando menos espaço para a imaginação- .
Autodidata, ele é autor de músicas para teatro, orquestra, dança, vídeo,
cinema, instalações. Para Tragtemberg, a educação do criador deve ser
sentimental, não instrumentalizada,
-De nada servem criadores que se transformam em um bando de chatos que
frequentam seminários chatos de computação musical. Ou ainda, como diria
Oswald de Andrade, aqueles chato-boys, compositores-universitários,
pseudo-cientistas, qua fazem uma música estéril-".
<
Não sei se classifico essa declaração de ofensiva, antiética ou mesmo
de ressentida. Gostaria de saber a opinião dos colegas.
Enquanto isso, fico aqui imaginando uma universidade sem música,
sem artes, sem literatura... afinal, para que servimos todos nós, os chatos?
Enfim, a questão continua,
como sempre pregunto para meu amigo Sotuyo:
qual é a música, Pablo?
abraços
Anselmo Guerra
> caro rubens e colegas
>
> realmente um livro de contraponto com o de De La
> Motte nos ajuda bastante a pensar desta maneira.
> e dá a fux o seu real lugar na história, sendo q
> o próprio e velho bach o conhecia e bem (a trad.
> do gradus para o alemão foir realizada por um de
> seus alunos).
> a grande importância de fux pode estar menos nos
> contrapontistas q em mozart, beethoven e haydn
> (vale pensar-se sobre isto?).
>
> mas a discussão da lista não é bem esta.
> discute-se pelo que estou acompanhando é a as
> réstias de eurocentrismo entre nós.
> não q não sejamos descendentes de europeus
> (ricciardis, notos, antunes, blancos, mellos).
> mas quando fala-se de eurocentrismo, diz-se de
> uma posição em q o pensamento europeu é tomado
> como medida de todas as coisas.
> em oposição a tal eurocentrismo o que se defende
> é uma visão ampla, esta sim ligada ao conceito de
> complexidade tal qual o encontramos nos livros
> sobre sistêmica. E não a de complexidade como
> sinônimo de "mais estruturado", "mais
> formalizado".
>
> creio q o q defendem alguns dos colegas debatendo
> na lista é justamente a necessidade urgente de
> diversidade de leituras o que põe em xeque se
> contraponto é ou não matéria fundamental da
> música na questão "q música estamos querendo
> trabalhar em nossas escolas?".
>
> ao q proponho a questão de outro modo: "q idéia
> de música queremos fazer nascer com nossos
> cursos?"
>
> abs
> silvio
>
>
> >meus caros...
> >
> >onde estamos????
> >
> >"contraponto europeu"??? - que bobagem é esta???
> >
> >ha, então o futebol (invenção inglesa!) também
> >é europeu (aliás, não é o esporte mais popular
> >por lá também)????
> >
> >nossa senhora, por que será então que eu torço
> >aqui pro meu glorioso Comercial de Ribeirão
> >Preto???
> >
> >certamente uma postura eurocentrista e com
> >certeza politicamente incorreta (estes
> >corinthianos, estes flamenguistas, todos uns
> >vendidos à submissão eurocêntrica)...
> >
> >pois viva a nossa identidade, viva a nossa
> >verdadeira cultura, abaixo toda e qualquer forma
> >de inteligência estrangeira!!!...
> >
> >Rubens Ricciardi
> >
> >PS: caro Silvio Ferraz, concordo com vc que o
> >estudo dos contrapontos deve ser sempre
> >desenvolvido nos contextos das linguages,
> >porisso, já há alguns anos venho dando aulas do
> >contraponto da Polifonia Gótica em seus
> >primórdios, da Ars Antiqua (em especial
> >Perotinus) e da Ars Nova (em especial Machault e
> >Landini), até os primeiros polifonistas
> >franco-flamengos quando se inicia o
> >Renascimento, realmente é muito mais
> >enriquecedor que trabalhar só com as 5 espécies
> >do Fux ou com os recursos dos contrapontos em
> >meio aos diversos estilos e época do sistema
> >tonal...
> >
> >----- Original Message -----
> >From: <mailto:carlos.sandroni em gmail.com>Carlos Sandroni
> >To: <mailto:antunes em unb.br>antunes em unb.br
> >Cc:
> ><mailto:anppom-l em iar.unicamp.br>anppom-l em iar.unicamp.br
> >; <mailto:hugoleo75 em gmail.com>hugoleo75 em gmail.com
> >Sent: Friday, October 12, 2007 3:10 PM
> >Subject: Re: [ANPPOM-L]Qual a música que queremos em nossas
Universidades?
> >
> >Prezado Antunes e demais colegas,
> >
> >Citando:
> >
> >"A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A
> >lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem
> >menos complexa estruturalmente.
> >O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes
> >dessas lamentações não garante sucesso no estudo
> >da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura
> >da fuga, garante o sucesso no estudo da
> >estrutura dos cantos a duas vozes das
> >lamentações fúnebres."
> >
> >Fim da citação.
> >
> >"Mais complexo" e "menos complexo", aqui, do
> >ponto de vista do contraponto europeu. A
> >harmonia de Wagner também é mais complexa que a
> >dos Beatles. Mas saber harmonia e contraponto
> >nao nos habilitam a compreender nem formalmente,
> >e muito menos estruturalmente, música vocal das
> >Ilhas Salomon ou rock. (No caso do rock saber
> >alguns acordes pode às vezes ajudar).
> >
> >Se voce analisa polifonias do Pacífico ou
> >dos pigmeus com instrumentos teóricos de
> >contraponto europeu, o resultado é a primeira e
> >a segunda frases citada acima. Esta é uma das
> >razões pelas quais a terceira e a quarta frases
> >citadas acima são, na opinião dos
> >etnomusicólogos, falsas (isto inclui Hugo Zemp,
> >que estudou a fundo as polifonias das Ilhas
> >Salomon).
> >
> >Abraços,
> >Carlos
> >
> >
> >On 10/12/07, Jorge Antunes
<<mailto:antunes em unb.br>antunes em unb.br> wrote:
> >
> >Eduardo:
> >
> >Você está usando a palavra "forma", que nunca
> >utilizei. No escopo de nosso debate ela não cabe.
> >Você fala em "complexidade formal" e em se
> >"compreender formalmente o contraponto".
> >Nunca me referi a forma. Sempre estou me referindo a estrutura.
> >Estou falando em complexidade estrutural.
> >Também nunca disse que a análise se sustenta
> >unicamente pela abordagem estrutural e formal.
> >As aspectos simbólicos e contextuais hão de vir,
> >numa boa análise, a ser estudados profundamente
> >após as análises estrutural e formal.
> >Mas aquela ficará solta, descontextualizada e
> >superficial, se estas não se estabelecerem antes.
> >A fuga nº 24 é bem complexa estruturalmente. A
> >lamentação de funeral das Ilhas Solomos é bem
> >menos complexa estruturalmente.
> >O estudo da estrutura dos cantos a duas vozes
> >dessas lamentações não garante sucesso no estudo
> >da estrutura da fuga. Mas o estudo da estrutura
> >da fuga, garante o sucesso no estudo da
> >estrutura dos cantos a duas vozes das
> >lamentações fúnebres.
> >Veja, estou falando em estrutura. Quanto à
> >forma, os níveis de complexidade são altos nos
> >dois casos. As lamentações fúnebres têm, em
> >geral, a forma ABAB CBCB. A fuga nº 24, segundo
> >caderno, tem forma de fuga tripla, com a
> >complexidade imposta pelo uso de três sujeitos.
> >Para completar as análises, aí sim, seria
> >necesssário abordar as questões que você
> >menciona. Seria então preciso abordar a
> >religiosidade de Bach, suas construções
> >quiasmáticas, sua época, seu entorno, sua
> >fixação na cristologia e seu encantamento pelas
> >letras de seu próprio nome (b, a, c, h). Quanto
> >às Lamentações fúnebres das imediações da
> >Polinésia, seria necessário, na etapa final da
> >análise, considerar a coreografia da dança
> >ritual suahongi, as escalas usadas, suas
> >simbologias, ritmos, andamentos, textos, o
> >gestual da distribuição de alimentos durante o
> >velório, etc.
> >Abraço,
> >Jorge Antunes
> >
> >
> >
> >
> >
> >Carlos Sandroni
> >Departamento de Música, UFPE
> >Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
> >Setembro 2007/Fevereiro 2008:
> >Pesquisador Associado ao Centre de Recherches en Ethnomusicologie
> >CNRS - LESC UMR 7186 - Paris
> >Endereço pessoal na França:
> >Chez Duflo-Moreau
> >199, rue de Vaugirard
> >75015 - Paris
> >Telefone profissional no Brasil
> >(81) 2126 8596 (telefone e fax)
> >(Recados com Anita)
> >Endereço pessoal no Brasil:
> >Rua das Pernambucanas, 264/501
> >Graças - 52011-010
> >Recife - PE
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