[ANPPOM-L] Qual a música que queremos em nossasUniversidades?

Leonardo Fuks cyclophonica em yahoo.com
Ter Out 16 11:49:04 BRST 2007


Estou certo de que esta lista pode prestar um grande serviço ao interlóquio dos nossos pesquisadores e demais interessados. 
Mais do que um meio de propaganda de lançamentos de nossos produtos, funciona como uma instância crítica que nos ajuda a produzir os trabalhos acadêrmicos.
Concordo com o físico e músico Alexandre Bräutigam com relação à multiplicidade de efeitos e contextos vocais, dos quais a ampla antologia do Museu do Homem (Le Voix du Monde) por exemplo, representa apenas uma pequena fração do que existe. Sendo assim, fica evidente que o professor Antunes se utiliza de um termo exagerado quando descreve a extensão de seu trabalho ("estudando
 todas as manifestações musicais do mundo, produzidas com o aparelho fonador")... 
Mas a propaganda é a alma do negócio:)

Por outro lado, acho bem ousada e interessante a inclusão de sons fisiológicos no trabalho de Antunes (que confesso ainda não ter lido), alguns tidos como nojentos pela maioria, mas que certamente podem ser controlados e utilizados musicalmente. Recentemente li o livro infantil "AH, ECA, A ENCICLOPÉDIA DE TUDO QUE  É NOJENTO" de JOY MASOFF, da Ediouro, e me diverti um bocado!

Devo, entretanto, observar que a voz de Louis Armstrong nada tem a ver com o Vocal Fry, segundo é descrito pelos principais autores do assunto em fisiologia da voz (e.g. Holien, Blomgren M & Chen Y, Herzel
            , Titze, entre outros ). 

Em um trabalho com o cientista japonês Ken-Ichi Sakakibara e outros colaboradores nipônicos, pudemos demonstrar em maior detalhe o mecanismo do GROWL, que é o modo de voz de fato atribuído a Armstrong  (K.-I. Sakakibara, L. Fuks, H. Imagawa, and N. Tayama, “Growl voice in ethnic and pop styles” in Proc. Int. Symp. on Musical Acoustics (ISMA 2004), Nara, Japan, April 2004.). 
O paper pode ser encontrado em http://www.brl.ntt.co.jp/people/kis/paper/isma04.pdf

É muito animador vermos que esta lista está congregando um número crescente de vozes pensantes, não raro colidentes e dissonantes, nos temas da música e musicologia. 

Leonardo


 
>Antunes escreveu: -"Eu, de minha parte, tenho exemplos que demostram justamente o
 contrário.
> Para escrever meu mais recente livro, intitulado Sons Novos para a
 Voz,
> passei dois anos, de setembro de 2005 a agosto de 2007, estudando
 todas as
> manifestações musicais do mundo, produzidas com o aparelho fonador.
> Estudei todos os trabalhos de Hugo Zemp, Trân Quang Hai, Jean-Michel
> Beaudet, Jacques Bouët, Gilles Léothaud e Bernard Lortat-Jacob,
 sobre as
> práticas vocais contrapontísticas de Taiwan, Georgia, Albania,
 Itália, Ilhas
> Solomon, República da África Central (Pigmeus e Banda Linda),
 Etiópia e
> Indonésia."

> Caro Eduardo:
> 
> Obrigado por essas suas novas e brilhantes
> ponderações.
> Não vou me estender em minha resposta a você, porque
> acabei de enviar mensagem ao Carlos Sandroni que
> serve também como resposta para você.
> Lá, você verá, coloquei a questão das definições dos
> verbos compreender, entender, ouvir, escutar, etc.
> Possivelmente estejamos todos de acordo, mas
> enfrentando problemas de definições prévias de
> certos verbos e certos conceitos.
> Até mesmo com relação ao conceito de "música",
> sinto, neste rico e salutar debate, certas
> divergências.
> Mas eu gostaria de lhe dizer de minha total
> discordância com relação à sua hipótese, a mim
> aplicada, que aponta "a eleição de certos padrões
> sonoros como aceitáveis e de outros como
> não-aceitáveis, ou desviantes etc."
> Por favor, longe de mim tal atitude. Certamente você
> não conhece a minha história.
> Passei os mais importantes anos de minha juventude,
> no Rio de Janeiro, no período compreendido entre
> 1961 e 1964, sendo chamado de "doido" por colegas e
> professores, quando comecei a fazer minhas primeiras
> obras e experiências com o som eletrônico.
> Acusavam-me, na época, justamente dessa heresia:
> "uso de certos padrões sonoros não-aceitáveis, ou
> desviantes".
> Aliás, sempre e ainda hoje, a cada novo passo
> estético que dei e dou, ouvi e ouço a mesma
> avaliação dos conservadores.
> Assim, de meu ponto de vista não existe, no universo
> sonoro e musical de todo este planeta e de outros,
> nada que possa ser qualificado como padrão sonoro
> não-aceitável ou desviante.
> Aproveito para, mais uma vez, fazer propaganda de
> meu novo livro "Sons novos para a Voz". Lá você
> verá, na página 57, que faço um estudo sobre os sons
> do peido, que na página 50 está um estudo sobre os
> sons do arroto, que na página 46 estão técnicas de
> produção do som de vomição, e que na página 135
> estão referências ao repertório sonoro dos letristas
> que inclui o som de masturbação e o do coito anal
> sem sons vocais.
> Nas páginas 73-75 eu faço um estudo sobre a voz fry
> (Armstrong e Ida Cox). Aí está incluída a técnica
> usada pela confraria Bwiti, do Gabão,  que consiste
> na ingestão de ervas excitantes e irritantes que
> provoca a inflamação da laringe. Dessa forma o
> solista consegue os sons mais graves em sua voz fry.
> Em obras para coro, já usei, além do assobio, sons
> de pigarro e tosse.
> Você acha, então, que eu seria capaz de considerar
> não aceitável ou desviante algum padrão sonoro de
> outra cultura?
> Abraço,
> Jorge Antunes






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