[ANPPOM-L] URGENTE - MOÇÃO CONTRA TOMPLAY (substituição do professor de música na escola)

Beatriz Magalhaes Castro bmagalhaescastro em gmail.com
Qua Nov 26 12:11:02 BRST 2008


Prezados Colegas,

Ceio que Farlley tenha levantado um ponto fundamental e proponho que a ABEM
e ANPPOM entrem cada uma com um processo junto ao MP para a avaliação das
responsabilidades sociais inerentes a atuação do software "TOMPLAY", tanto
em nível da propaganda propalada quanto em nível da subversão dos preceitos
legais inerentes ao exercício do magistério em música.

Considero que tal software (que se propõe inclusive em nível de ferramenta),
tem sérias consequências contrárias a todos os esforços feitos pela área
(Música, Música/Educação Musical) no sentido de qualificação do exercício
docente em todos os seus níveis de atuação. Preocupo-me ainda que tal
ferramenta tenha sido considerada para implantação nos Pontos de Cultura do
Ministério da Cultura como ação de governo, sem qualquer preocupação
inclusive das características reducionistas e estreitas de tal produto.

Mas preocupa-me mais ainda que professores do meu Departamento, Profs. Mário
Brasil e Ricardo Freire, tenham considerado a feramenta válida e proposto
pareceres favoráveis ao seu desenvolvimento junto a Universidade de
Brasília, apesar do parecer contrário de vários professores do mesmo
Departamento, que incluem inclusive todos da área de Educação Musical, sem
mencionar os vários outros pareceres contrários.

Andar na contramão da construção de uma política de área em si já constitui
um grave equívoco. Pior ainda é subsidiar políticas mal informadas
governamentais que passam a constiutir-se como um duplo ato de "deliquência
acadêmica" (Tragtenberg) onde supostas ações transformadoras e
pseudo-sociais acabam por se utilizar de um (inclusive criticado) "carimbo"
acadêmico. Que transformação é essa?

Estas ações têm que ser vêementemente repudiadas. E cabe a academia também
fazê-lo. Em seu exercício pleno, e nas suas ações fim, a academia possui o
discernimento necessário na ação social a que inclusive se propõe. Isso
ficou claro no apoio à eleição ao programa do novo Reitor da Universidade de
Brasília, na defesa de uma Universidade concebida socialmente. Contudo,
este encontrará profundos enraizamentos daquilo que denomino como o "antigo
regime" da UnB, ultimando ainda o enfrentamento e a necessária qualificação
de políticas pseudo-sociais, que atendem mormente interesses privados (de
ONGs, empresas, e afins), interesses de pseudo-políticas governamentais de
curta visão, e indíviduos, muitas vezes sequiosos de algum reconhecimento e
"poder", (e preferivelmente) bem distante dos rigores acadêmicos.

Dito isto, ressalta-se a ênfase da área Música e de suas diversas sub-áreas
na valorização dos saberes populares, de forma alguma ignorados, mas ao
contrário, valorizados e defendidos pela ação acadêmica qualificada. Seria
um "equívoco (muito) útil" fazer-se pensar o contrário.

É notória a crise da universidade pública, mas atos que se utilizam deste
suposto "poder", inclusive aqueles imputados ao dito "serviço [de natureza]
pública", ainda permanecem como o calcanhar de Aquiles do exercício
acadêmico.

Proponho assim a moção de uma ação junto ao MP e de um abaixo assinado
contrários a ação deste software e de sua implementação como política
pública junto ao Ministério da Cultura.

Atenciosamente,

Profa. Dra. Beatriz Magalhães Castro


2008/11/24 Farlley <farlley em pianobrasileiro.com>

>  Eu vou manipular o software, mas me antecipei para solicitar junto ao
> site do fabricante alguns esclarecimentos, conforme texto abaixo.
>
> Boa tarde. Meu nome é Farlley Derze, sou professor de música, com
> Licenciatura Plena na Universidade Federal do Rio de Janeiro, pós-graduação
> e mestrado em Música, na Universidade de Brasília. Tendo em vista a
> propaganda sobre o software de que não se faz necessário o acompanhamento de
> um professor de música, creio que tal afirmação encontra-se embasada em
> dados estatísticos colhidos ao longo de vários anos em que o software vem
> sendo utilizado. Como vocês afirmam participar "da luta" para a inserção da
> educação musical nas escolas brasileiras (que se deu por meio de um aditivo
> à Lei de Diretrizes e Bases de 9394 de 1998), e atestam que o software
> cumpre com os objetivos relacionados à Educação Musical nas escolas,
> acredito que é oportuno levar ao conhecimento do Ministério Público Federal,
> aqui em Brasília, as afirmações que acompanham a propaganda do software que
> vocês estão vendendo. Especialmente a afirmação de que o professor de música
> é dispensável para a educação musical da criança. A idéia é contar com a
> participação do Ministério Público na defesa da Educação Musical no Brasil.
> Se o professor de música é dispensável, como vocês afirmam, será possível
> verificar a partir de resultados estatísticos sobre o rendimento de crianças
> em contato com o referido software. Vocês já descobriram como solucionar os
> milhões de estudantes do ensino fundamental e médio que não dispõem de um
> computador? A consequência é não ter aula de música, já que se dependeria de
> um computador para instalação do referido software.
> Tenho 45 anos de idade. Tenho 2 filhos gêmeos. Vocês aceitariam enviar o
> software para que meus filhos manipulassem o mesmo? Vocês poderiam enviar a
> estatística com os dados quantitativos de quantas crianças usaram o software
> e os dados qualitativos, elucidando quantas das crianças aprenderam a tocar
> algum instrumento?
> Atenciosamente,
>
> Farlley Derze
>
> Maria Cristina de Carvalho Cascelli de Azevedo escreveu:
>
>   Prezados colegas,
>
> Preciso urgentemente da opinião de vocês sobre o software TOMPLAY que está
> sendo comercializado na internet. Visitem os sites:
>
> http://www.ppvinformatica.com.br/ppv/
>
> http://www.tomplay.com.br
> http://www.marcelosabadini.com.br/portfolio/2008/08/26/tomplay-site/
>
> http://www.ppvinformatica.com.br/ppv/noticias/2008/10/16/projeto-tomplay-sai-na-agencia-de-noticias-do-acre/
>
> O autor do projeto, o empresário Roberto Bittar, por meio da sua empresa
> PPV Informática está solicitando e tentando obter apoio de acadêmicos da
> nossa área  para legitimar seu produto e, assim efetivar parceria com o MINC
> para a compra de mais de 2000 Kits para os pólos de cultura. Para avaliar o
> programa esperam gastar cerca de    R$ 500 000,00 do dinheiro público.
>
> A empresa divulga em seu site parceria com o estado de Minas Gerais para
> introduzir o programa em todas as escolas do estado. O argumento comercial
> da PPV Informática é que o software é simples, fácil de ser usado, lúdico,
> compatível com linux e windows e dispensa *a presença de um professor com
> formação acadêmica *para ministrar aula de música, a ferramenta o
> substitui. Com esse argumento, a empresa defende o baixo custo do produto.
> Vejam como a empresa justifica seu argumento comercial:
>
> *O artigo que previa a formação específica de professores na área musical
> para ministrar os conteúdos foi vetado. Afinal a música é uma prática social
> e, no Brasil, há diversos profissionais sem formação acadêmica específica ou
> oficial na área e que são reconhecidos por seu talento. In *http://www.ppvinformatica.com.br/ppv/noticias/2008/08/20/ensino-de-musica-agora-e-obrigatorio-nas-escolas/#comment-2
>
> No site www.ppvinformática.com.br vocês podem ver que a empresa oferece
> treinamento para qualquer pessoa implantar o software nas escolas: produção
> em série de tutores ou monitores - uma visão tecnicista de ensino e
> aprendizagem.
>
> Vejam algumas opiniões sobre o assunto de colegas na lista da ANPPOM do ano
> passado:
> *o software é realmente um brinquedo bacana e vou até indicá-lo para meus
> sobrinhos. mas, como a Wanda disse, também não vejo sentido em o governo
> adotar software e ficar na mão do produtor. o softw. é discutível assim como
> muitas aulas de música são discutíveis. o principal, a meu ver, é q ele não
> ensina (nem nunca terá como ensinar) o sujeito a tocar um instrumento e é aí
> q mora a diferença e talvez seja este o foco de uma pedagogia musical:
> ensinar a pessoa a cantar e tocar instrumento, visando adquirir um rigor
> técnico (seja sopro, percussão, cordas, mas com um certo rigor da minúcia).
> realmente a pedagogia musical precisa ser pensada e urgente no Brasil a
> partir da prática completa da música e não do brinquedos musicais. Silvio*
> *Dei uma olhada no material e considero-o pedagogicamente profundamente
> discutível.Acho, também, que o ensino, e a educação em geral, têm como base
> profissionais bem formados e bem remunerados. Não vejo sentido em o governo
> gastar com esse software ou qualquer outro, sem que haja um investimento
> real e consistente na formação de professores,  na melhoria dos salários
> deles, na melhoria das condições materiais em sala de aula, etc. Material de
> apoio, como o software pretende ser, deve ser um complemento à ação
> competente de um educador musical.Não acredito que qualquer software, mesmo
> que pedagogicamente adequado, seja o ponto de partida para trazer de volta a
> música às escolas. Na verdade, considero quetal iniciativa seria uma total
> inversão de valores e um desperdício de dinheiro público. Vanda Freire *
>
> *Concordo com o que o Silvio, Wanda e Palombini falaram. Apesar de não ser
> a
> minha área direta, gostaria de dizer ainda que acredito ser muito
> retrógrado se limitar ao ensino das notas musicais e não explorar de forma
> mais ampla a percepção do som e de suas qualidades internas.Se a criança é
> adestrada desde os 7, 8 anos de idade sendo formatada neste universo apenas
> (das relações tonais), estamos perdendo a oportunidade de abrir a sua cabeça
> para um universo muito mais rico de sonoridades que a música já se utiliza a
> mais de 50 anos e que chega com força hj até na música comercial, vide
> música eletronica, suas raves e quantidade de público que gosta e produz
> esse tipo de música.** Ou seja, adotando um programa ( = um sistema de
> ensino) voce atropela a discussão sobre como fazer acoisa, como educar
> musicalmente os jovens nas escolas. Alexandre.*
>
> Eu concordo com os colegas acima. Acho que o software apresenta potencial
> como ferramenta digital complementar à aula de música,  o que exige a
> presença de um *professor de música *e sua  reflexão sobre como usar,
> quando, por quanto tempo, associado a que atividades. Além disso, o software
> apresenta pontos discutíveis relativo a concepção de ensino de música,
> construção de conceitos musicais, procedimentos pedagógicos musicais e
> seleção musical. Uma outra questão é o governo adquirir um produto
> específico que está nas mãos de um único produtor sem analisar outros
> produtos do mercado de livre acesso.
>
> Aguardo a avaliação de vocês, pois a UnB e outras instituições estão sendo
> contactadas de forma não muito precisa para legitimar esse produto. Penso
> que precisamos urgentemente nos unirmos para defendermos* o professor de
> música como o único profissional competente para ministrar a aula de música
> nas escolas. *Repassem este email para outros educadores musicais. A
> secretaria da ABEM pode repassá-lo para todos os sócios? Obrigada.
>
> Um abraço para todos,
> Maria Cristina de Carvalho C. de Azevedo
>
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>
>
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> ----------------------------------------------------------------
> This message was sent using IMP, the Internet Messaging Program.
>
>
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> ----- Final da mensagem encaminhada -----
>
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> This message was sent using IMP, the Internet Messaging Program.
>
> ------------------------------
>
>
>
> Prezados colegas,
>
> Preciso urgentemente da opinião de vocês sobre o programa TOMPLAY que está
> sendo comercializado na internet.
>
> O autor do projeto, o empresário Roberto Bittar, por meio da sua empresa
> PPV Informática está solicitando e tentando obter apoio de acadêmicos da
> área (educação musical, músicos, informática, programação visual, etc) para
> legitimar seu produto e, assim efetivar parceria com o MINC para a compra de
> mais de 2000 Kits para os pólos de cultura.
>
> A empresa divulga em seu site parceria com o estado de Minas Gerais para
> introduzir o programa em todas as escolas do estado. O argumento comercial
> da PPV Informática é que o software é simples, fácil de ser usado, lúdico,
> compatível com linux e windows e despensa a presença de um professor com
> formação acadêmica para mediar a ferramenta. Com esse argumento, a empresa
> defende o baixo custo do produto. Além disso, vejam como a empresa justifica
> seu argumento comercial:
>
> *O artigo que previa a formação específica de professores na área musical
> para ministrar os conteúdos foi vetado. Afinal a música é uma prática social
> e, no Brasil, há diversos profissionais sem formação acadêmica específica ou
> oficial na área e que são reconhecidos por seu talento. In *http://www.ppvinformatica.com.br/ppv/noticias/2008/08/20/ensino-de-musica-agora-e-obrigatorio-nas-escolas/#comment-2
>
> O software apresenta potencial como ferramenta digital complementar à aula
> de música,  o que exige a presença de um *professor *e sua  reflexão sobre
> como usar, quando, por quanto tempo, associado a que atividades. Além disso,
> o software apresenta problemas com relação a concepção de ensino de música,
> construção de conceitos musicais, procedimentos pedagógicos e seleção
> musical. Uma outra questão é o governo adquirir um produto específico que
> está nas mãos de um único produtor sem analisar outros produtos do mercado
> de livre acesso.
> Vejam algumas opiniões sobre o assunto de colegas na lista da ANPPOM do ano
> passado:
>
>  *o software é realmente um brinquedo bacana e vou até indicá-lo para meus
> sobrinhos.*
> *mas, como a Wanda disse, também não vejo sentido em o governo adotar
> software e ficar na mão do produtor. o softw. é discutível assim como muitas
> aulas de música são discutíveis. o principal, a meu ver, é q ele não ensina
> (nem nunca terá como ensinar) o sujeito a tocar um instrumento e é aí q mora
> a diferença e talvez seja este o foco de uma pedagogia musical: ensinar a
> pessoa a cantar e tocar instrumento, visando adquirir um rigor técnico (seja
> sopro, percussão, cordas, mas com um certo rigor da minúcia).*
> *realmente a pedagogia musical precisa ser pensada e urgente no Brasil a
> partir da prática completa da música e não do brinquedos musicais. silvio*
> *Dei uma olhada no material e considero-o pedagogicamente profundamente
> discutível.Acho, também, que o ensino, e a educação em geral, têm como base
> profissionais bem formados e bem remunerados. Não vejo sentido em o governo
> gastar com esse software ou qualquer outro, sem que haja um investimento
> real e consistente na formação de professores,  na melhoria dos salários
> deles, na melhoria das condições materiais em sala de aula, etc. Material de
> apoio, como o software pretende ser, deve ser um complemento à ação
> competente de um educador musical.Não acredito que qualquer software, mesmo
> que pedagogicamente adequado, seja o ponto de partida para trazer de volta a
> música às escolas. Na verdade, considero quetal iniciativa seria uma total
> inversão de valores e um desperdício de dinheiro público. Vanda Freire *
>
> *Concordo com o que o Silvio, Wanda e Palombini falaram. Apesar de não ser
> a
> minha área direta, gostaria de dizer ainda que acredito ser muito
> retrógrado se limitar ao ensino das notas musicais e não explorar de forma
> mais ampla a percepção do som e de suas qualidades internas.Se a criança é
> adestrada desde os 7, 8 anos de idade sendo formatada neste universo apenas
> (das relações tonais), estamos perdendo a oportunidade de abrir a sua cabeça
> para um universo muito mais rico de sonoridades que a música já se utiliza a
> mais de 50 anos e que chega com força hj até na música comercial, vide
> música eletronica, suas raves e quantidade de público que gosta e produz
> esse tipo de música.** Ou seja, adotando um programa ( = um sistema de
> ensino) voce atropela a discussão sobre como fazer acoisa, como educar
> musicalmente os jovens nas escolas. Alexandre.*
>
>
>
>
>
>
> Estive visitando a internet para conhecer o software. É um produto
> comercial,
> vejam os sites abaixo.
> http://www.tomplay.com.br
> http://www.tomplay.com.br/site/
> http://www.tomplay.com.br/versoes/v5b/download/musicas
> http://www.marcelosabadini.com.br/portfolio/2008/08/26/tomplay-site/
>
>
> http://www.ppvinformatica.com.br/ppv/noticias/2008/10/16/projeto-tomplay-sai-na-agencia-de-noticias-do-acre/
>
> Fuçando eu me deparei com a notícia abaixo onde escrevi  um comentário
> (não resisiti);
>
> http://www.ppvinformatica.com.br/ppv/noticias/2008/08/20/ensino-de-musica-agora-e-obrigatorio-nas-escolas/#comment-2
>
> Acho que devemos iniciar uma campanha contra esse tipo de iniciativa e
> processo, que querem eliminar o professor de música. Estou disposta a
> enviar para toda ABEM e colegas o site do TOMPLAY e a reportagem que
> li para façam uma avaliação do software e se manifestem. De repente eu
> estou com implicância. O que acham? E o pessoal de Minas? Será que
> estão apoiando? Puxa vida é duro tanto trabalho para privilegiar uma
> iniciativa privada.
>
> Se o software tem potencial, ótimo, mas quais as suas intenções e
> conseqüências? Depois é duro ouvir o Mário querer ensinar o pai nosso
> ao vigário, tipo a  "lógica dos pólos é diferente da academia". Então
> porque precisam da academia?
>
> O que acham de encaminharmos esse email para a Beatriz MC?
>
> Beijos,
>
> M Cristina
>
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> This message was sent using IMP, the Internet Messaging Program.
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> ----- Final da mensagem encaminhada -----
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> Lista de discussões ANPPOM http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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Beatriz Magalhães Castro
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