[ANPPOM-L] sobre pioneiros: os primeiros serão os últimos?

Flo Menezes flo em flomenezes.mus.br
Dom Jul 5 01:03:22 BRT 2009


Bonitinho tudo o que você escreveu, Denise Garcia,
principalmente na paráfrase ao final de minha polêmica
sobre o uso de Gilberto Gil do termo música eletroacústica:
Cada macaco(a) no seu galho! Toda razão.

Só que você está se aproveitando de uma lista pública para
criticar o primeiro livro sobre ME em português, publicado em... 1996!!!!!
E isto quando a discussão era simplesmente uma OUTRA:
no encarte da Coletânea que Antunes produziu, publicada agora,
há uma afirmação errada e tendenciosa, de que o PANaroma teria sido
uma "fusão" de coisas que aconteceram antes, com as quais
NUNCA tive o menor, o MENOR contato.

Só isso! Nada mais.

Me pergunto quais os motivos que levaram você a entrar nessa discussão,
pulando do teu galho, para criticar a cronologia, aliás bastante honesta,
que elaborei ao final daquele meu volume. A discussão não tinha nada a ver
com isso.

E por favor não queira me jogar contra a comunidade toda que lê esta lista.
Quem afirmou que apenas SP e RJ interessam???
Que tristeza tudo isso...

Por tudo isto JAMAIS fiz parte da ANPPOM. Felizmente meus concertos
me auxiliaram a estar ausente desses encontros dos quais o que mais
se houve são críticas de um ao trabalho do outro, como você está fazendo
agora em relação ao meu.
Fiz questão de pagar a anuidade e entrar nessa associação para deixar claro
este erro, que julgo ser grave.
Mas começo a me arrepender enormemente, porque ao contrário do que os seus
comentários fazem supor ­ de que eu tenho destreza "política" em construir
grandes estúdios ­, tudo o que fiz deve-se ao meu trabalho de COMPOSITOR,
à minha obra, exclusivamente a ela, à qual pretendo, cada vez mais, destinar
meu tempo, ao invés de servir de saco de pancada em discussões como essa.

E, diga-se de passagem, por minhas mãos já passaram significativas
solicitações, que SEMPRE contemplei honestamente (mesmo porque detesto
urubus,
e penso que quanto mais tivermos, em mais lugares, tanto melhor para
todos nós!!!), ao contrário dos meus compatriotas, que sistematicamente
procuram minar tudo que esteja relacionado a trabalhos que venham de mim.
E veja como irônicas são as coisas: bem ao teu lado você deveria perceber
tudo isso,
se devo dizer bem sinceramente!!! Tanto com relação a contemplados quanto
com relação
aos que sistematicamente procuram minar meu trabalho!!!

Ao menos minha consciência está tranqüila.
E mais tranqüilos ficarão todos os que se regozijam dessa triste discussão:
com certeza ABSOLUTA não me verão tão cedo nas reuniões da ANPPOM.

Felicidades a você e seus ­ para usar o adjetivo inicial de sua mensagem ­
³queridos² amigos (sinceros votos!).
Flo


On 4/7/09 3:56 PM, "d_garcia em iar.unicamp.br" <d_garcia em iar.unicamp.br>
wrote:

> Querido Flô,
> 
> mesmo quando não temos identidade estética aos primeiros experimentos
> daqueles que foram nossos professores - por exemplo, as primeiras
> obras mistas de uma geração de compositores como as de Gilberto
> Mendes, quando mesmo se duvida (e o próprio compositor) que aquilo
> seja música eletroacústica - se pode negar a existência dessas
> realizações. O Laboratório criado por Conrado pode não ter deixado
> rastros materiais no Depto de Música da Unesp, mas deixou marcas muito
> concretas na formação de compositores, como por exemplo José Augusto
> Mannis e Wilson Sukorski.
> 
> A idéia da enquete é interessante, mas deveria se perguntar onde se
> faz: se na Bahia, se em Brasília, se no Rio de Janeiro, se em São
> Paulo, se em Porto Alegre... Sem dúvida, as referências em cada um
> desses lugares serão outras e não apenas o estúdio PANaroma. O Brasil,
> Flô não se resume a São Paulo e Rio de Janeiro.
> 
> Mesmo quando temos no Brasil por tradição, não ter memória, houve uma
> atividade intensa em difusão e criação de música eletroacústica nos
> lugares em que pesquiso (São Paulo e Rio) nos anos 80 - em São Paulo
> junto ao Núcleo Música Nova criado por Conrado Silva. Se a molecada de
> 30 anos não sabe disso é porque não temos a nossa história bem
> documentada, o que começa a mudar com o desenvolvimento da pesquisa
> acadêmica junto aos Programas de Pós-Graduação das diversas
> universidades em todo o Brasil. Espero que cada região documente suas
> realizações para que possamos ter uma idéia mais abrangente e correta
> da história da música brasileira.
> 
> O seu livro não abriu o mundo para mim, Flô. Primeiramente, estudei na
> Alemanha de 79 a 84. Em segundo lugar, o meu conhecimento em francês,
> inglês e alemão me permite ler as fontes bibliográficas na língua
> original. Não me referi ao seu livro como um todo, eu me referi
> precisamente à cronologia que publicou no final do livro, que foi sem
> dúvida pouco RIGOROSA em termos musicológicos. Montar uma cronologia
> mundial da música eletroacústica é uma tarefa dificílima, que exige
> muita pesquisa. Abarcar tão amplo espaço de fatos é trabalho de anos.
> 
> Portanto, caro Flô, cada macaco no seu galho, não tenho nada que
> continuar ou melhorar as suas realizações. Você, como compositor e
> coordenador do PANaroma, continua aí o seu trabalho. Eu, no meu
> Departamento com as minhas atividades. Não tenho talento nem vontade
> de construir grandes estúdios, em produzir grandes eventos. Mas se
> assumo pesquisar e orientar pesquisas na área da música eletroacústica
> brasileira, sou por meu lado bastante rigorosa e tenho conhecimento
> para comentar afirmações errôneas que surgiram nesta lista.
> 
> um abraço,
> Denise
> 
> 
> 
> Quoting Flo Menezes <flo em flomenezes.mus.br>:
> 
>> Denise Garcia,
>> 
>> 'resgata-se' ou pode-se 'resgatar' algo de que existem ao menos traços,
>> e, mesmo se existissem (não existiam!!!), algo com o qual se sente
>> um mínimo de identidade estética.
>> 
>> Quando não há traços, e quando o RIGOR estético leva você a um outro
>> continente de atuação artística, fazem-se as coisas DO ZERO, como eu fiz!!!
>> 
>> Sinto se incomodo por ter virado uma página na história que você, Denise,
>> procura abordar na orientação a seus alunos, qual seja: a história da
>> música eletroacústica em solo brasileiro. Aproveite para fazer uma enquete
>> junto à geração que hoje está chegado aos 30, 35 anos e pergunte QUEM
>> ouvia falar de COMPOSIÇÃO ELETROACÚSTICA antes das atividades que iniciei
>> junto ao recém-fundado Studio PANaroma a partir de 1993/1994.
>> 
>> Quanto ao primeiro livro em português sobre a ME (meu livro junto à Edudsp),
>> que acaba de sair em segunda edição depois de estar esgotado há 8 anos:
>> não foi o 'mundo que desaparaceu' em meu livro, como você afirma de maneira
>> tão triste. Foi um MUNDO INTEIRO que se abriu ao público brasileiro:
>> meu livro traz a todos, inclusive a VOCÊ, textos que nem sequer conhecíamos
>> por aqui, pedras fundamentais da teoria história da música eletroacústica
>> (Schaeffer, Stockhausen, Boulez, Berio, Pousseur e tantos outros...).
>> 
>> Obrigado por afirmar que me torno centro em meio a tantos gênios.
>> Você foi generosa comigo.
>> 
>> Mas segue uma sugestão: dê continuidade ao que comecei!!!
>> Faça ainda melhor!!!
>> E quem sabe assim a música eletroacústica 'brasileira" decole de fato.
>> 
>> abs
>> 
>> 
>> On 4/7/09 12:46 PM, "d_garcia em iar.unicamp.br" <d_garcia em iar.unicamp.br>
>> wrote:
>> 
>>> Prezados colegas,
>>> 
>>> Peço que desculpem pela longa mensagem que segue e sugiro para quem
>>> não se interessa pelo assunto, que apague antes de ler, economizando
>>> seu tempo e paciência.
>>> Tampouco, como o Conrado, gosto de participar ativamente de colóquios
>>> dessa ordem. Mas, como atuo como pesquisadora e oriento pesquisas na
>>> área de história e análise da música eletroacústica brasileira, me
>>> sinto no dever de participar.
>>> 
>>> É muito triste que sejam publicados documentos com pouco rigor de
>>> pesquisa musicológica. E se nota deslizes nesse sentido no caderno da
>>> "Coletânea" - não apenas a dedução até lógica de que o estúdio
>>> Panaroma seria fruto de um espaço institucional já aberto antes da
>>> chegada de Flô Menezes à Unesp - mas também outros que não caberia
>>> citar aqui, senão em um documento mais extenso e fundamentado.
>>> 
>>> Mas se há deslizes na "Coletânea", não deixa de haver em documentos
>>> publicados pelo próprio  Flô Menezes, como por exemplo, na sua
>>> cronologia da música eletroacústica, publicada em seu livro "Música
>>> Eletroacústica  - História e Estéticas", quando pontua apenas três
>>> eventos brasileiros antes da década de 1990 e depois da década de 90
>>> as atividades de Flô Menezes se tornam o centro da cronologia (mesmo o
>>> resto do mundo desaparece)... Neste sentido, parece que, tanto na
>>> "Coletânea" quanto em "Música Eletroacústica - História e Estéticas"
>>> cada curador/autor tenha puxado a sardinha para o seu lado, dando uma
>>> versão pessoal da história da música brasileira sem muito rigor
>>> musicológico.
>>> 
>>> Caro Flô,  ninguém desconhece o mérito de seu empreendimento e
>>> produção à frente do PANaroma. É de se admirar a sua capacidade,
>>> obstinação e sucesso em conseguir financiamento para ter construído o
>>> Estúdio PANaroma na Escola Santa Marcelina, depois no I.A. Unesp na
>>> sua antiga sede e agora a construção de um novo estúdio na nova e bela
>>> sede do I.A. Unesp na Barra Funda. No Estado de São Paulo, o curso de
>>> graduação da Unesp é o primeiro curso a ter implantado de fato a
>>> formação em composição eletroacústica em nível de graduação, a partir
>>> dos anos 90 de forma definitiva graças à atuação de Flô Menezes.
>>> Também se deve observar que os Concursos internacionais de Música
>>> Eletroacústica promovido pelo PANaroma levaram São Paulo para o
>>> circuito internacional de difusão de música eletroacústica e que a
>>> Bienal de Música Contemporânea de São Paulo traz para nós um panorama
>>> importante da produção internacional.
>>> 
>>> Mas mesmo não havendo sobrado sequer uma fita cassete dos tempos de
>>> Conrado na Unesp, e que você tenha materialmente começado do zero,
>>> você não pode desconhecer a história do Departamento onde atua e deve
>>> saber que, tendo havido um trabalho anterior ao seu naquele espaço,
>>> havia a disponibilidade para que ele fosse retomado e desenvolvido da
>>> maneira admirável como você desenvolveu.
>>> 
>>> Além disso, uma observação de outra ordem que me permito fazer aqui
>>> pela amizade que tenho a você e ao Conrado, é que você não pode cobrar
>>> de um professor de uma Universidade a responsabilidade pela produção
>>> acadêmico/artística de outro professor da mesma universidade. Como que
>>> o Conrado, em lealdade a você (!!!) iria interferir na publicação de
>>> responsabilidade de Jorge Antunes?  Vê-se pelo estilo do texto
>>> histórico da "Coletânea" que o autor fez entrevistas tanto com Conrado
>>> Silva como com outros compositores. Depois de dada uma entrevista, o
>>> entrevistado não pode ser responsabilizado pelo texto final, nem mesmo
>>> tendo sido o autor um ex-aluno. Muito provavelmente, o entrevistado
>>> fala de suas atividades e realizações; outras atividades e realizações
>>> que vieram depois dele em uma mesma instituição não devem ter sido
>>> informações dadas por ele.
>>> 
>>> Enfim, me desculpem pela longa mensagem, mas é impossível acompanhar
>>> essas discussões passivamente quando o assunto é nosso tema de pesquisa.
>>> 
>>> um abraço,
>>> 
>>> Denise Garcia
>>> Depto. de Música I.A.
>>> UNICAMP
>>> 
>>> 
>>> 
>>> 
>>> 
>>> ----------------------------------------------------------------
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>> 
>> Flo Menezes
>> CP 141
>> 06803-971 ­ Embu ­ SP
>> Brasil
>> 
>> - - -
>> Chefe do Departamento de Música/Unesp;
>> Compositor & Diretor Artístico do
>> Studio PANaroma
>> de Música Eletroacústica da Unesp
>> 
>> Telefone: ++55/11/4781-6775
>> Celular: ++55/11/8282-0960
>> Chefia DM/Unesp: ++55/11/5627-7063
>> Studio PANaroma (Unesp): ++55/11/2274-2241
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