[ANPPOM-L] Lattes abriga currículos falsos
silvio
silvio.ferraz em terra.com.br
Qui Jul 9 13:40:35 BRT 2009
o pior não são os lattes falsos, mas títulos
falsos recebidos de verdade em universidade
reconhecidas.
titulares q nunca orientaram doutorados,
livre-docentes que nunca publicaram em revistas
indexadas.
isto vem se somar aos lattes problemáticos:
livros que nunca foram escritos. Num dos lattes
lê-se q o pesquisador tem 4 livros mas apenas "em
projeto", ou seja um dia ele vai escrever e daí
quem sabe publicar; noutro lattes lê-se que o
pesquisador tem livros creditados a ele mas nos
quais ele apenas participa como revisor de um dos
artigos....e assim vai.
como dizia koellreuter: "o culpado é o morto"
o culpado dos lattes falsos e falsos títulos são
aqueles que fecham os olhos para esta situação e
aceitam tais falsas identidades.
o lattes não é vulnerável, vulnerável é nossa
comunidade que aceita este jogo estranho.
agora...é bom que a discussão contra o lattes
pare por aí..imaginem nós todos tendo que fazer
scanning de todos os comprovantes, transformar em
pdf, fazer up-load de 20 minutos no site do cnpq
de cada um dos documentos!
abs
silvio
>Deu na Folha:
>
>Folha de S.Paulo
>09/07/2009
>
>Banco de dados indica que locutor Galvão Bueno é
>médico com doutorado em física. Última reunião
>da comissão que avalia problemas com o sistema
>analisou dez denúncias, aplicou três expurgos e
>uma suspensão
>
>Hélio Schwartsman e Laura Capriglione escrevem para a Folha de SP
>
>Está no currículo Lattes: Galvão Bueno, o
>locutor esportivo da Globo, tem graduação em
>medicina pela Unifesp (Universidade Federal de
>São Paulo), mestrado em engenharia eletrônica
>pelo MIT (Instituto Tecnológico de
>Massachusetts) e doutorado em física pelo
>Caltech (Instituto Tecnológico da Califórnia).
>Trata-se, evidentemente, de uma falsificação, ao
>que tudo indica produzida para ilustrar a
>vulnerabilidade da Plataforma Lattes a fraudes.
>
>A peça fictícia está sendo usada numa polêmica
>que mobiliza pesquisadores de diversas áreas. No
>caso, é argumento em favor de controles rígidos
>sobre a mais importante base de dados a respeito
>de cientistas e instituições de pesquisa do
>país, mantida pelo CNPq (Conselho Nacional de
>Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O
>debate é relevante porque o currículo Lattes é
>um dos elementos que mais pesa na hora de
>decidir a destinação de verbas públicas para
>laboratórios, bolsas, viagens etc.
>
>O currículo falso de Galvão Bueno - que também
>informa que o apresentador é fluente em croata,
>chinês e guarani - já foi retirado da base de
>dados do CNPq, mas ainda pode ser encontrado em
>imagens "cache" de sites como o Google.
>
>Os defensores de maior rigor na plataforma,
>entre os quais o físico Paulo Murilo Castro de
>Oliveira, 60, da Universidade Federal Fluminense
>(UFF), dizem que o CNPq deveria verificar a
>fidedignidade das informações postadas. Segundo
>ele, "são cada vez mais frequentes as notícias
>sobre fraudes. O fato é que oportunistas existem
>em todas as áreas, inclusive entre cientistas,
>naturalmente".
>
>A revista "Piauí" publicou reportagem mostrando
>que até o currículo Lattes da ministra Dilma
>Rousseff foi "turbinado".
>
>Para o pesquisador da UFF, "é preciso fazer
>algum tipo de verificação. As informações que
>estão na Plataforma Lattes devem ser checadas
>pelo CNPq e, se não houver o trabalho que o
>sujeito diz que publicou, ou o curso que ele diz
>que fez, o usuário deve ser questionado".
>
>Quando surgiu, há dez anos, a Plataforma Lattes
>tinha apenas o objetivo de servir como fonte de
>informação "inter pares". Mais recentemente,
>contudo, a base cresceu e ganhou novas funções:
>orientandos se valem da plataforma para
>selecionar seus orientadores, e vice-versa;
>alunos usam-na para saber quem é que lhes dará
>aulas; empresas, para selecionar consultores;
>jornalistas, para eleger suas fontes.
>
>"Até existe um caso de um administrador que usou
>o Lattes para achar um profissional em São Paulo
>com a especialização médica que a mulher dele
>necessitava", disse Geraldo Sorte,
>coordenador-geral de informática do CNPq.
>
>A ala mais liberal, que inclui pesquisadores
>como o bioquímico Rogério Meneghini e o físico
>Ronald Cintra Shellard, admite que a fragilidade
>da base dá margem a injustiças, mas não acha que
>seja o caso de criar uma "polícia do Lattes".
>
>O nível de problemas hoje detectado não
>justificaria o custo de fazê-lo. De resto, como
>ressalta Meneghini, que se especializou em
>métodos de avaliação da produção científica,
>cabe à banca de um concurso conferir a
>autenticidade dos dados constantes dos
>currículos apresentados pelos candidatos, não
>acreditar piamente no que está escrito.
>
>Sem polícia
>
>"Quem tem de coibir eventuais fraudes no Lattes
>é a instituição envolvida no caso", concorda
>Shellard. "A chancela de qualidade de um
>pesquisador vem da instituição a que ele está ou
>esteve vinculado. Pode até haver quem ache
>engraçado um currículo falso do Galvão Bueno.
>Mas, se não houver o aval de uma instituição
>científica, aquilo não vale nada", diz.
>
>Geraldo Sorte, do CNPq, diz que "existem fraudes
>em tudo quanto é lugar, mas é uma pena que haja
>quem queira jogar fora todo esse trabalho porque
>alguém foi inescrupuloso".
>
>Segundo ele, na última reunião da comissão
>responsável pela plataforma, em maio, foram
>avaliadas dez denúncias de fraudes em
>currículos, que resultaram em três expurgos e
>uma suspensão. Os demais casos serão apreciados
>na próxima reunião, que deve ocorrer em agosto.
>A Plataforma Lattes, com 1,1 milhão de
>currículos, recebe em média 10.052 atualizações
>diárias.
>
>Para entidade, melhor controle é "olho vigilante de cientistas"
>
>Para o coordenador-geral de informática do CNPq,
>Geraldo Sorte, a solidez das informações
>contidas na Plataforma Lattes é perseguida desde
>o surgimento da base, em 1999. Para isso, várias
>ferramentas de software foram aprimoradas, como
>as que se usam em sites de bancos, com o
>cruzamento de informações de diversas fontes.
>Mas, para ele, o mais importante ainda é "olho
>vigilante dos outros cientistas".
>
>"Todo pesquisador tem seu currículo Lattes, base
>para os pedidos de financiamento de pesquisa.
>Essas solicitações são avaliadas pelos comitês
>das agências de fomento, formados por outros
>cientistas. O resultado é que todo mundo está de
>olho. Basta alguém perceber alguma informação
>falsa e fazer a denúncia à Comissão Lattes que
>se abre um processo", diz.
>
>Segundo Sorte, os procedimentos investigatórios
>são "muito sérios" e podem acarretar desde um
>pedido de correção da informação até a retirada
>do currículo da plataforma.
>
>Às vezes, é só questão de bolar softwares
>antifraudes. Para o sujeito que "inventa"
>artigos científicos, o CNPq, na hora do
>preenchimento do currículo, solicita o DOI
>(Digital Object Identifier), uma espécie de
>carteira de identidade digital do artigo. A
>pessoa informa esse DOI e o currículo
>automaticamente recupera seus dados. "Nem todos
>os artigos têm DOI, mas nós começamos a agregar
>elementos no software que tornam os dados mais
>confiáveis", diz Sorte.
>
>Há ainda ferramentas de autovalidação. "Se você
>disser que foi orientado por determinada pessoa,
>e essa pessoa confirmar, no currículo dela, que
>o orientou, a plataforma cruza esses dados e
>verifica se há consistência. Em caso afirmativo,
>ela gera um selinho de confiança, que é colocado
>ao lado da linha validada", diz Sorte.
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