[ANPPOM-L] STF e OMB - uma questão ridícula

SBME . sbme em sbme.com.br
Sáb Ago 13 00:14:49 BRT 2011


*Oi, Luciano Cesar:

Obrigado por sua mensagem opinativa.
Você tem razão: música ruim não mata.
Continue a fazê-la.
Cordialmente,
Jorge Antunes*








Em 12 de agosto de 2011 22:22, luciano cesar
<lucianocesar78 em yahoo.com.br>escreveu:

> Concordo, música ruim não mata e não pode ser decidida através do veredicto
> de uma "ordem". Jorge Antunes é um reacionário, por melhor que ele fale em
> nome do socialismo.
>
> Luciano Cesar Morais
>
> --- Em *qui, 11/8/11, André Fadel <andrefadel em gmail.com>* escreveu:
>
>
> De: André Fadel <andrefadel em gmail.com>
> Assunto: [ANPPOM-L] STF e OMB - uma questão ridícula
> Para:
> Cc: "ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br>
> Data: Quinta-feira, 11 de Agosto de 2011, 12:43
>
>
>
>
>
> *Uma questão ridícula*
>
>
>
> Um dos grandes males dos dias hoje é haver tantas pessoas que levam música
> a sério. E olha que muitos me tomam como “músico sério”. Isto tudo é uma
> grande bobagem. Independe de eu fazer da música o meu ganha-pão ou não. Tem
> a ver com o entendimento do que música representa para as sociedades. Ou
> para cada um de nós.
>
> Se alguém acha que a má execução de música oferece risco, desculpe-me, mas
> então somos baratas sobrevivendo à hecatombe nuclear midiática, com bombas
> de hidrogênio que já explodiram do calibre de “sertanejo universitário”,
> “leidi gagas”, “bítous” e outras *coisitas más*.
>
> (Parêntese: adoro Scriabin. Adoro Schoenberg. Adoro rock progressivo, Bach,
> Messiaen. Adoro algumas coisas da MPB. Até mesmo do paupérrimo Beatles eu
> escuto uma coisa ou outra. E daí? Daí que eu não me importo com os gostos de
> mais ninguém, e muitos deveriam fazer o mesmo.)
>
> Não me importo se no barzinho ali embaixo estão tocando Iutchú, exceto se o
> volume estiver me incomodando. Não me importo se a articulação que o
> cravista faz numa Partita de Bach é “errada”, “historicamente acurada” ou
> virada do avesso. Se me agradou, tentarei expor meus argumentos para
> conseguir entender aquilo que me agradou - e farei o mesmo se não me
> agradou. É claro que para isso a gente precisa de estudo, leitura,
> conhecimento e vivência. Mas só farei esse esforço se eu *estiver
> realmente a fim*, porque música não é objeto científico. Música é para se
> curtir.
>
> Eu me importo com a dimensão ridícula que algumas discussões podem
> alcançar.
>
> Mesmo quanto àquela música que foi feita para NÃO se curtir, o fato de ela
> ter sido criada já significa que alguém se divertiu com a ideia. Música está
> relacionada com o *prazer*, seja por criá-la, tocá-la, ouvi-la e, para
> aqueles que *estiverem a fim*, analisá-la e dissecá-la como se fosse um
> sapo (com a diferença que, dissecando um sapo a gente aprende biologia e a
> fazer ciência de verdade. Análise musical nunca vai levar à descoberta de
> uma vacina).
>
> A pergunta que todos deveriam se fazer é: *o que a música representa na
> minha vida? Por que ela é importante pra mim, especificamente?*
>
> Há uma grande diferença em refletir sobre isto e querer imputar uma
> importância que na maioria das vezes inexiste para o vizinho. Eu e 99,9% das
> pessoas não estamos nem aí para as análises subjetivas de obras
> desconhecidas de compostores obscuros e que, muitas vezes, são horrorosas
> (para mim!). Eu sei também que quase ninguém se importa com a obra de
> Scriabin, mas eu me importo, e não estou nem aí se outros nem ouviram falar.
> Vou continuar tocando, estudando e divulgando sua obra com o mesmo *prazer
> *, mesmo que haja uma hecatombe de verdade e eu fique sozinho no mundo.
>
> Isto faz de nós uma tribo com infinitas confrarias e precisamos saber
> conviver uns com os outros. Não significa que devemos ficar metendo o dedo
> no nariz alheio.
>
> Quando eu era adolescente, eu me perguntava como é que meus amigos não
> conheciam Bach? Como é que eles não se emocionavam com uma sonata de
> Beethoven? Eu ainda acreditava que a música era uma linguagem universal – o
> que também é uma enorme bobagem.
>
> *Mas que diabo isto tudo tem a ver com a decisão do STF*?
>
> Ora, os Ministros simplesmente conseguiram discernir a natureza da música
> com a natureza de outros campos do conhecimento. Querer policiar a execução
> profissional de algo que se faz para se curtir é a mesma coisa que querer
> criar uma Ordem dos Aeromodelistas, ou uma Ordem dos Passeadores de
> Cachorros. Criar “delegacias” para tutelar se um violonista de bar está
> “autorizado” a exercer sua profissão ali é o cúmulo do ridículo.
>
> O mesmo não acontece com o Conselho de Medicina. Experimente levar sua
> mulher a um obstetra incompetente para ver o que acontece.
>
> Músicos, não se levem tanto a sério, por favor.
>
>
>
> André Fadel
>
> Pianista e compositor
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> 2011/8/8 SBME . <sbme em sbme.com.br <http://mc/compose?to=sbme@sbme.com.br>>
>
> Colegas:
>
> Vejo que existe um intenso movimento de colegas em difundir a notícia sobre
> a decisão do STF.
> Mas não vejo qualquer iniciativa em incentivar a discussão sobre a questão.
>
> Vejo com muita preocupação os argumentos usados pelo ministros para decidir
> o que decidiram.
> Refiro-me aos argumentos, e não à decisão.
>
> Ellen Gracie alegou que  o registro em entidades só pode ser exigido quando
> o exercício da profissão sem controle representa um "risco social", "como no
> caso de médicos, engenheiros ou advogados".
> Isso é verdade?
> O mau exercício da profissão de músico intérprete não representa risco
> social?
> Imagine um grupo social ouvindo a execução de uma obra contemporânea, nada
> conhecida, ou conhecida apenas de outro grupo social, mal tocada, cheia de
> desafinações, erros, saltos, etc. Nessas circunstâncias o público, sem
> perceber se estava tudo certo ou errado, recebe aquela execução como se ela
> representasse a realização fiel da partitura.
> Nesse caso, o mau músico intérprete, realizador da performance cheia de
> erros, não estaria provocando consequências desastrosas para a sociedade?
>
> O ministro Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse
> registro pois a música é uma arte.
> O ministro Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou a dizer que seria o
> mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma Ordem Nacional da
> Poesia para que pudessem escrever.
>
> Mas, dentre as artes, a Música é a única que se utiliza do Triângulo da
> Comunicação para chegar ao público.
> O pintor, o poeta, o cineasta, o escultor, colocam suas criações artísticas
> diretamente no suporte, e o público tem acesso à fruição da arte
> contemplando o suporte diretamente.
> A música instrumental não vive esse processo simples. O compositor coloca
> sua criação num suporte, a partitura, plena de signos representativos, que
> deverão ser decodificados por músicos instrumentistas. Essa decodificação
> exige profundo conhecimento técnico.
>
> À salutar discussão!!!
> Abraços,
> Jorge Antunes
>
>
>
>
>
> Em 1 de agosto de 2011 19:49, Rogerio Budasz <rogeriobudasz em yahoo.com<http://mc/compose?to=rogeriobudasz@yahoo.com>
> > escreveu:
>
>    Matéria da Folha de hoje <
> http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/952808-musico-nao-precisa-de-registro-para-exercer-profissao-decide-stf.shtml
> >
> ==================================================
>
> Músico não precisa de registro para exercer profissão, decide STF
>
> FELIPE SELIGMAN
> DE BRASÍLIA
>
> Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta
> segunda-feira (1º) que o músico não precisa ter registro em entidade de
> classe para exercer sua profissão.
>
> Os ministros julgaram o caso de um músico de Santa Catarina que foi à
> Justiça ao alegar que, em seu Estado, ele só poderia atuar profissionalmente
> se fosse vinculado à Ordem de Músicos do Brasil.
>
> Em diversos locais do Brasil, músicos são obrigados a apresentar documento
> de músico profissional -- a "carteirinha de músico" -- para poder se
> apresentar.
>
> A decisão vale apenas para o caso específico, mas ficou decidido que os
> ministros poderão decidir sozinhos pedidos semelhantes que chegarem ao
> tribunal. Ou seja, se o registro continuar a ser cobrado, será revertido
> quando chegar no tribunal.
>
> Para a ministra Ellen Gracie, relatora da ação, o registro em entidades só
> pode ser exigido quando o exercício da profissão sem controle representa um
> "risco social", "como no caso de médicos, engenheiros ou advogados",
> afirmou.
>
> O colega Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse
> registro pois a música é uma arte. Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou
> a dizer que seria o mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma
> Ordem Nacional da Poesia para que pudessem escrever.
>
> Já o ministro Gilmar Mendes lembrou da decisão do próprio tribunal que
> julgou inconstitucional a necessidade de diploma para os jornalistas, por
> entender que tal exigência feria o princípio da liberdade de expressão.
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