[ANPPOM-L] STF e OMB - Carta aberta ao maestro Jorge Antunes.

SBME . sbme em sbme.com.br
Sáb Ago 13 20:18:26 BRT 2011


*Caro Luciano:

Não me senti ofendido.
Saiba de minha admiração e, mais ainda, por essa sua mensagem tão humana e
admirável.
Peço desculpas pela minha ironia, pois não passou disso aquela minha
lacônica resposta.
Abraço,
Jorge Antunes




*
Em 13 de agosto de 2011 19:46, luciano cesar
<lucianocesar78 em yahoo.com.br>escreveu:

> Carta aberta ao maestro Jorge Antunes.
>
>
>
>             Bem, não me lembro de ter tocado para o Sr., maestro Jorge
> Antunes, para que essa crítica direta a minha competência tivesse alguma
> base...
>             No entanto, peço sinceras e humildes desculpas pelo tom
> grosseiro do meu comentário, realmente fui muito infeliz. Reconheço a sua
> contribuição indispensável para a vida musical brasileira. Mas uma carta
> aberta sua sobre a crise da OSB difundiu uma posição ambígua com relação a
> um caso que, penso, deveria reunir os músicos com alguma preocupação social
> do lado dos demitidos. Em suas declarações sobre o caso da OMB há também
> algo de um apoio velado a existência de um órgão regulador.
>
>             Não sou da opinião de que música ruim deve continuar a ser
> feita, como tampouco a faço. Sou sim, contra um órgão regulador como a OMB
> determinar o que é um músico com direito a exercer sua profissão e o que não
> é. Principalmente porque sabemos do apoio que analfabetos musicais receberam
> da ordem. O chamado "músico prático" era simplesmente uma desculpa para
> permitir - esses sim - incompetentes sem o mínimo de conhecimento musical
> trabalharem em subempregos num sistema que rendia mais dividendos a
> diretoria da OMB. E nesse caso é importante diferenciar artistas de
> engenheiros e médicos, que interferem na vida física das pessoas de modo que
> uma regulamentação é essencial. Música não mata, é necessário levantar
> outros argumentos a favor de seu ensino em Universidades, em favor do
> respeito pela especialização que ela exige de nós (compositores, intérpretes
> e ouvintes). Mas a regulamentação no caso das artes tem que ser feita no
> âmbito mesmo da cultura, não do policiamento.
>
>             Essa é minha opinião, que parece nos dividir.
>
>             Penso ser esse mais um caso que deveria reunir a comunidade de
> músicos, populares e eruditos, compositores e intérpretes, vanguadistas
> (estéticos ou políticos) e reacionários (estéticos ou políticos). Mas se há
> divergências, que elas permaneçam no âmbito da discussão respeitosa.
> Surpreendi-me sim com a ambigüidade de sua posição no caso OSB, uma situação
> que arremessou trabalhadores da cultura na miséria de um dia para o outro.
> Mas reconheço que o Sr. levantou um argumento pertinente no caso OMB (sua
> mensagem de 8 de agosto), o do conhecimento técnico no meio de campo da
> comunicação, que o intérprete representa. Não critiquei, entretanto, a sua
> competência profissional, a qual reconheço como um patrimônio cultural do
> Brasil. Espero, portanto, o mesmo respeito, mesmo estando eu nas fileiras
> mais modestas da produção musical e... com outra posição no que se refere a
> regulamentação.
>
>               Assino com os pontos levantados entre Rogério Budaz e José
> Maniz, nas suas contribuições de 13 de agosto. A sua contestação a essa
> mensagem de Budaz foi esclarecedora, mas a defesa dos ideais artísticos que
> o Sr. luta tanto para estabelecer (aspecto no qual pretendo me colocar ao
> seu lado) passa por nos livrar do julgo obscurantista da OMB, que está mais
> próxima desse jdanovismo que Budaz menciona. Esse é o ponto, para o qual
> pedimos uma posição sua e da classe musical como um todo.
>
>             Reitero aqui meu pedido de desculpas, com humildade. Retirando
> o comentário que ofendeu ao maestro, espero reforçar meus pontos de vista
> que, espero, contribuam para a discussão como membro competente da classe
> musical que sou, ao seu lado e dos colegas que participam destes debates.
>
> Pazes, em nome da "salutar discussão"?
>
> Abraço cordial,
>
>
>
> Luciano Cesar Morais.
>
>
> --- Em *sáb, 13/8/11, SBME . <sbme em sbme.com.br>* escreveu:
>
>
> De: SBME . <sbme em sbme.com.br>
> Assunto: Re: [ANPPOM-L] STF e OMB - uma questão ridícula
> Para: "luciano cesar" <lucianocesar78 em yahoo.com.br>, "ANPPOM" <
> anppom-l em iar.unicamp.br>
> Data: Sábado, 13 de Agosto de 2011, 0:14
>
> *Oi, Luciano Cesar:
>
> Obrigado por sua mensagem opinativa.
> Você tem razão: música ruim não mata.
> Continue a fazê-la.
> Cordialmente,
> Jorge Antunes*
>
>
>
>
>
>
>
>
> Em 12 de agosto de 2011 22:22, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br<http://mc/compose?to=lucianocesar78@yahoo.com.br>
> > escreveu:
>
> Concordo, música ruim não mata e não pode ser decidida através do veredicto
> de uma "ordem". Jorge Antunes é um reacionário, por melhor que ele fale em
> nome do socialismo.
>
> Luciano Cesar Morais
>
> --- Em *qui, 11/8/11, André Fadel <andrefadel em gmail.com<http://mc/compose?to=andrefadel@gmail.com>
> >* escreveu:
>
>
> De: André Fadel <andrefadel em gmail.com<http://mc/compose?to=andrefadel@gmail.com>
> >
> Assunto: [ANPPOM-L] STF e OMB - uma questão ridícula
> Para:
> Cc: "ANPPOM" <anppom-l em iar.unicamp.br<http://mc/compose?to=anppom-l@iar.unicamp.br>
> >
> Data: Quinta-feira, 11 de Agosto de 2011, 12:43
>
>
>
>
>
> *Uma questão ridícula*
>
>
>
> Um dos grandes males dos dias hoje é haver tantas pessoas que levam música
> a sério. E olha que muitos me tomam como “músico sério”. Isto tudo é uma
> grande bobagem. Independe de eu fazer da música o meu ganha-pão ou não. Tem
> a ver com o entendimento do que música representa para as sociedades. Ou
> para cada um de nós.
>
> Se alguém acha que a má execução de música oferece risco, desculpe-me, mas
> então somos baratas sobrevivendo à hecatombe nuclear midiática, com bombas
> de hidrogênio que já explodiram do calibre de “sertanejo universitário”,
> “leidi gagas”, “bítous” e outras *coisitas más*.
>
> (Parêntese: adoro Scriabin. Adoro Schoenberg. Adoro rock progressivo, Bach,
> Messiaen. Adoro algumas coisas da MPB. Até mesmo do paupérrimo Beatles eu
> escuto uma coisa ou outra. E daí? Daí que eu não me importo com os gostos de
> mais ninguém, e muitos deveriam fazer o mesmo.)
>
> Não me importo se no barzinho ali embaixo estão tocando Iutchú, exceto se o
> volume estiver me incomodando. Não me importo se a articulação que o
> cravista faz numa Partita de Bach é “errada”, “historicamente acurada” ou
> virada do avesso. Se me agradou, tentarei expor meus argumentos para
> conseguir entender aquilo que me agradou - e farei o mesmo se não me
> agradou. É claro que para isso a gente precisa de estudo, leitura,
> conhecimento e vivência. Mas só farei esse esforço se eu *estiver
> realmente a fim*, porque música não é objeto científico. Música é para se
> curtir.
>
> Eu me importo com a dimensão ridícula que algumas discussões podem
> alcançar.
>
> Mesmo quanto àquela música que foi feita para NÃO se curtir, o fato de ela
> ter sido criada já significa que alguém se divertiu com a ideia. Música está
> relacionada com o *prazer*, seja por criá-la, tocá-la, ouvi-la e, para
> aqueles que *estiverem a fim*, analisá-la e dissecá-la como se fosse um
> sapo (com a diferença que, dissecando um sapo a gente aprende biologia e a
> fazer ciência de verdade. Análise musical nunca vai levar à descoberta de
> uma vacina).
>
> A pergunta que todos deveriam se fazer é: *o que a música representa na
> minha vida? Por que ela é importante pra mim, especificamente?*
>
> Há uma grande diferença em refletir sobre isto e querer imputar uma
> importância que na maioria das vezes inexiste para o vizinho. Eu e 99,9% das
> pessoas não estamos nem aí para as análises subjetivas de obras
> desconhecidas de compostores obscuros e que, muitas vezes, são horrorosas
> (para mim!). Eu sei também que quase ninguém se importa com a obra de
> Scriabin, mas eu me importo, e não estou nem aí se outros nem ouviram falar.
> Vou continuar tocando, estudando e divulgando sua obra com o mesmo *prazer
> *, mesmo que haja uma hecatombe de verdade e eu fique sozinho no mundo.
>
> Isto faz de nós uma tribo com infinitas confrarias e precisamos saber
> conviver uns com os outros. Não significa que devemos ficar metendo o dedo
> no nariz alheio.
>
> Quando eu era adolescente, eu me perguntava como é que meus amigos não
> conheciam Bach? Como é que eles não se emocionavam com uma sonata de
> Beethoven? Eu ainda acreditava que a música era uma linguagem universal – o
> que também é uma enorme bobagem.
>
> *Mas que diabo isto tudo tem a ver com a decisão do STF*?
>
> Ora, os Ministros simplesmente conseguiram discernir a natureza da música
> com a natureza de outros campos do conhecimento. Querer policiar a execução
> profissional de algo que se faz para se curtir é a mesma coisa que querer
> criar uma Ordem dos Aeromodelistas, ou uma Ordem dos Passeadores de
> Cachorros. Criar “delegacias” para tutelar se um violonista de bar está
> “autorizado” a exercer sua profissão ali é o cúmulo do ridículo.
>
> O mesmo não acontece com o Conselho de Medicina. Experimente levar sua
> mulher a um obstetra incompetente para ver o que acontece.
>
> Músicos, não se levem tanto a sério, por favor.
>
>
>
> André Fadel
>
> Pianista e compositor
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> 2011/8/8 SBME . <sbme em sbme.com.br <http://mc/compose?to=sbme@sbme.com.br>>
>
> Colegas:
>
> Vejo que existe um intenso movimento de colegas em difundir a notícia sobre
> a decisão do STF.
> Mas não vejo qualquer iniciativa em incentivar a discussão sobre a questão.
>
> Vejo com muita preocupação os argumentos usados pelo ministros para decidir
> o que decidiram.
> Refiro-me aos argumentos, e não à decisão.
>
> Ellen Gracie alegou que  o registro em entidades só pode ser exigido quando
> o exercício da profissão sem controle representa um "risco social", "como no
> caso de médicos, engenheiros ou advogados".
> Isso é verdade?
> O mau exercício da profissão de músico intérprete não representa risco
> social?
> Imagine um grupo social ouvindo a execução de uma obra contemporânea, nada
> conhecida, ou conhecida apenas de outro grupo social, mal tocada, cheia de
> desafinações, erros, saltos, etc. Nessas circunstâncias o público, sem
> perceber se estava tudo certo ou errado, recebe aquela execução como se ela
> representasse a realização fiel da partitura.
> Nesse caso, o mau músico intérprete, realizador da performance cheia de
> erros, não estaria provocando consequências desastrosas para a sociedade?
>
> O ministro Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse
> registro pois a música é uma arte.
> O ministro Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou a dizer que seria o
> mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma Ordem Nacional da
> Poesia para que pudessem escrever.
>
> Mas, dentre as artes, a Música é a única que se utiliza do Triângulo da
> Comunicação para chegar ao público.
> O pintor, o poeta, o cineasta, o escultor, colocam suas criações artísticas
> diretamente no suporte, e o público tem acesso à fruição da arte
> contemplando o suporte diretamente.
> A música instrumental não vive esse processo simples. O compositor coloca
> sua criação num suporte, a partitura, plena de signos representativos, que
> deverão ser decodificados por músicos instrumentistas. Essa decodificação
> exige profundo conhecimento técnico.
>
> À salutar discussão!!!
> Abraços,
> Jorge Antunes
>
>
>
>
>
> Em 1 de agosto de 2011 19:49, Rogerio Budasz <rogeriobudasz em yahoo.com<http://mc/compose?to=rogeriobudasz@yahoo.com>
> > escreveu:
>
>    Matéria da Folha de hoje <
> http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/952808-musico-nao-precisa-de-registro-para-exercer-profissao-decide-stf.shtml
> >
> ==================================================
>
> Músico não precisa de registro para exercer profissão, decide STF
>
> FELIPE SELIGMAN
> DE BRASÍLIA
>
> Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta
> segunda-feira (1º) que o músico não precisa ter registro em entidade de
> classe para exercer sua profissão.
>
> Os ministros julgaram o caso de um músico de Santa Catarina que foi à
> Justiça ao alegar que, em seu Estado, ele só poderia atuar profissionalmente
> se fosse vinculado à Ordem de Músicos do Brasil.
>
> Em diversos locais do Brasil, músicos são obrigados a apresentar documento
> de músico profissional -- a "carteirinha de músico" -- para poder se
> apresentar.
>
> A decisão vale apenas para o caso específico, mas ficou decidido que os
> ministros poderão decidir sozinhos pedidos semelhantes que chegarem ao
> tribunal. Ou seja, se o registro continuar a ser cobrado, será revertido
> quando chegar no tribunal.
>
> Para a ministra Ellen Gracie, relatora da ação, o registro em entidades só
> pode ser exigido quando o exercício da profissão sem controle representa um
> "risco social", "como no caso de médicos, engenheiros ou advogados",
> afirmou.
>
> O colega Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse
> registro pois a música é uma arte. Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou
> a dizer que seria o mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma
> Ordem Nacional da Poesia para que pudessem escrever.
>
> Já o ministro Gilmar Mendes lembrou da decisão do próprio tribunal que
> julgou inconstitucional a necessidade de diploma para os jornalistas, por
> entender que tal exigência feria o princípio da liberdade de expressão.
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