[ANPPOM-L] indicação de leitura

Flavio T. Barbeitas flaviobarbeitas em ufmg.br
Qua Jun 15 09:46:47 BRT 2011


 

Caros colegas,

é com muito prazer que comunico a vocês o lançamento, pela Editora UFMG, do
livro “Vozes plurais: filosofia da expressão vocal”, da filósofa italiana
Adriana Cavarero, que tive a honra de traduzir.

 

O livro não é “sobre” música, mas é profundamente "musical", na medida em
que a música ali comparece organicamente, como um fio condutor a articular
uma série de discussões muito interessantes em que se imbricam Filosofia,
História, Literatura e Política. Reproduzo abaixo um dos textos que fiz para
a apresentação do volume que deverá estar à venda nas livrarias já nos
próximos dias.

Abraços,

Flavio Barbeitas

 

Da capa:

Este livro é uma reconstrução da história da voz como uma espécie de
contraponto à história – muito mais difundida e legitimada – do conceito.
Aqui, portanto, as Sereias homéricas jogam contra o filósofo. Mas nesse
duelo aparentemente desigual, elas não estão sozinhas. A seu lado, jogam o
aedo grego, o Deus dos hebreus, a ninfa Eco, o Flautista de Hamelin, as
cantoras de ópera e tantos outros representantes da vocalidade, da música,
da dimensão sonora da poesia e das culturas orais. 

Nessa história, som e corpo se juntam à política. Afinal, o dado
incontornável da voz é que ela é absolutamente individual, única. Em
qualquer comunicação oral, o que se comunica não é apenas o conteúdo –
palavras, conceitos – mas antes, e sobretudo, a unicidade da voz. Assim, se
é verdade que o homem é animal político por possuir o logos, é também
verdade que a centralidade política da palavra pode ser pensada como um
diálogo no qual o que se comunica é a unicidade da voz de quem fala. Em
outros termos, um diálogo que coloca em questão a unicidade como
subjetividade política.

Numa época em que se assiste à passagem a um novo sistema de poder
(globalizado? pós-estatal?), em que as categorias políticas do século XX
parecem não valer mais, torna-se urgente repensar essa subjetividade não
ainda nos termos de um indivíduo neutro e genérico, mas, quem sabe, por meio
da unicidade de cada falante, de cada participante. É aí que a voz pode nos
ajudar a repensar a palavra na política como profundamente relacionada à
comunicação de sujeitos que se expõem sempre como corporeidades únicas.

 

Adriana Cavarero ensina Filosofia Política na Universidade de Verona e é
Professora Visitante na Universidade de Nova York. Destaca-se como estudiosa
do pensamento feminista e de Hannah Arendt.

 

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