[ANPPOM-L] Sobre CAs e esclarecimento de informações sobre produtividade

Damián Keller musicoyargentino em hotmail.com
Qui Mar 3 12:41:44 BRT 2011




Cara Heloísa,



A questão que você
coloca é fundamental. A nossa produtividade como pesquisador é
avaliada pelo número de publicações e pela consistência da
produção. Essa avaliação tem impacto na avaliação dos cursos
feita pelo MEC, e a avaliação dos cursos – entre outros fatores –
determina a verba disponibilizada pela Capes e pelo MEC. Quer dizer,
se a avaliação não é feita de forma clara e objetiva é possível
criar um ciclo destrutivo e excludente.



Lembro de algumas
colocações da nossa representante - Martha Ulhoa - durante o
encontro da Anppom em 2009. Uma das conquistas foi a criação do
Qualis Artístico. Esse é o primeiro passo para conseguir a paridade
entre a produção artística e a produção científica. Eu acho que
ainda estamos muito longe disso.



Entre os vários
problemas do sistema de avaliação atual, aqui tem os mais óbvios:
- A Capes tem uma lista
com revistas avaliadas com Qualis A internacional. Nessa lista não
aparecem algumas das principais revistas da área de composição:
Journal of New Music Research, Leonardo Music Journal, etc.
http://qualis.capes.gov.br/webqualis/ConsultaListaCompletaPeriodicos.faces



- Os eventos
internacionais mais importantes não são avaliados: ISME, ISMIR,
ICMC, SMC, etc.



- Na avaliação de
projetos de pesquisa são aplicados três filtros: 

1. instituições que
não têm pós-graduação em música não recebem apoio da Capes.
Isso gera uma migração centrípeta: quem não tem pós não atrai
doutor, e sem doutor não tem pós... Isso é particularmente grave
na região Norte. 

2. Projetos de pesquisa
em arte não têm prioridade. Concorrendo em editais nacionais é
comum receber o parecer “projeto com mérito mas área não
prioritária”. E o que é totalmente devastador para grupos de
pesquisa incipientes fora das regiões centrais...
3. “O projeto tem
mérito mas não atende as necessidades regionais”. Ou seja, se
você vive em uma região pobre – digamos no Norte do Brasil –
você não merece fazer pesquisa de ponta em arte. Como estão
faltando pedreiros nas usinas é melhor você ir trabalhar em Belo
Monte ou no Rio Madeira.



(Desculpas pela última
frase, tem horas que dá desânimo...).



Abraço,
Damián




Dr. Damián Keller -
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) - Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal University of Acre -
http://ccrma.stanford.edu/~dkeller


 		 	   		  


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