[ANPPOM-Lista] situação da composição e da musicologia nos (novos) cursos de música

Alexandre Negreiros alexandrenegreiros em yahoo.com.br
Qua Nov 2 22:21:10 BRST 2011


Oi Jorge,

O orientador dele foi o José Nunes Fernandes, e creio que a dissertação está disponível pela internet.
De fato não vejo problema com as incógnitas; são elas que nos movem pra resolver as equações! O prazo acabou em agosto, então no próximo ano letivo, já vale a obrigatoriedade. Soube pela Maya do MinC que temos em torno de 65 mil escolas a serem atendidas, menos de 5 mil profissionais com formação específica e formamos uns 300 por ano. Não fiz as contas, mas já dá pra agradecer o veto do Lula à exigência de formados. Pelo que entendi, a solução provisória foi dar formação pedagógica a músicos enquanto começamos o que devíamos ter sido feito há 3 anos. Essa também me parece também a melhor alternativa. Enfim, o país é enorme, e as diferentes correntes tão numerosas quanto os fazeres musicais, tô fora dessa encrenca! (já me dedico a outra equivalente…)

Abçs!

Alexandre

Em 02/11/2011, às 20:22, Jorge Antunes escreveu:

> Oi, Alexandre:
> 
> Muito obrigado por seus relatos e esclarecimentos.
> Ele nos dá uma luz mas, ao mesmo tempo, reforça a minha convicção sobre a existência de grandes incógnitas.
> A propósito, acabou recentemente o prazo legal para que as escolas implementem os dispositivos legais.
> Como, de acordo com a lei, os professores de Educação Musical não precisam ter formação específica, seria muito bom se pudéssemos ter uma análise da conjuntura agora (alô Magali): quais serão as formações predominantes dos "educadores musicais" que estão ingressando nesse novo mercado de trabalho?
> Outra coisa: você sabe quem é o orientador do Radicetti?
> Abraço,
> Jorge Antunes
> 
> 
> 
> 
> 
> 
> Em 2 de novembro de 2011 14:57, Alexandre Negreiros <alexandrenegreiros em yahoo.com.br> escreveu:
> Oi Jorge,
> 
> Antes de tudo, creio que o Felipe Radicetti seja a pessoa gabaritado a prestar esclarecimentos detalhados quanto ao processo. Ele não só o vivenciou ativamente, assumindo pessoalmente e com ônus próprio a condução de diversas ações vitais para a conquista, como voltou a ele como pesquisador no mestrado, sistematizando os dados e efeitos dessa memorável passagem.
> 
> A minha impressão, algumas vezes como espectador privilegiado, foi a de que nenhum desses envolvidos no esforço que você cita se arrogou a manifestar "oficialmente" a sua opção pessoal quanto ao "tipo" de educação musical a ser implementado, salvo em rodas informais e sempre com a distância humilde de neófitos em tão espinhoso assunto. Desde que se construiu a opção por esta bandeira, no interior daquele grupo, houve a consciência de que o tema era por demais complexo para que propostas nesse sentido restassem a cargo de não especialistas. Exatamente por isso, lá atrás a Magali Kleber, então já ativa militante na ABEM, foi trazida às discussões e ofereceu inúmeras orientações além de indicações de outros estudiosos, que foram chamados a ilustrar os debates técnicos com suas posições. Lembro das presenças da então presidente da ISME, a Liane Hentschke, do Sérgio Figueiredo, então presidente da ABEM, do Ricardo Breim, do João Guilherme Ripper, e outros.
> 
> As presenças dos artistas que cita, por usufruírem de, vamos dizer assim, "expressão midiática", tinham consciência do papel estratégico de suas visibilidades na inserção e posicionamento desse tema na pauta dos legisladores. Estes chafurdam em meio a 500 outros assuntos, sempre prioritários e importantíssimos para cada base de pressão da sociedade brasileira. Não fosse por eles, é provável que nossa proposta ainda estivesse submersa em comissões atoladas, como tantas permanecem por décadas. O Ivan, a Cristina e a Fernanda, com quem pude conviver um pouco mais, certamente só se posicionaram como notáveis interessados, tal como eu e também outros tantos temos o direito de ser. Talvez a mídia tenha dado relevância ao que disseram, mas estou certo de que os próprios, assim como o Ministério da Educação e os condutores do processo, hoje, os percebem como curiosos, e nada mais.
> 
> O que é de se chamar atenção é a incapacidade do somatório de especialistas de nossa classe em convergir, ou transigir em suas posições para que se alcance um, ou alguns modelos que tornem efetivo o corolário daquele esforço. Em recente debate, uma crítica me fez muito refletir: a inserção do ensino de história da África ocorreu quase ao mesmo tempo de nossa vitória, mas o movimento negro atuou de forma mais efetiva e sua implementação já é visível, enquanto isso a música bate cabeça entre cabeçudos, em vez de tambores, o os especialistas capacitados não conseguem ser o suficiente para pôr em prática a conquista, que ameaça se perder caso se torne uma obrigação legal desprezada, rejeitada pela sociedade. Ninguém vai usar a polícia pra isso! A insistência pelo sistema perfeito nos impede de aos poucos construir o razoável, uma pena.
> 
> Abçs!
> 
> Alexandre
> 
> 
> Em 02/11/2011, às 10:24, Jorge Antunes escreveu:
> 
>> Caro Alexandre:
>> 
>> Quando usei a expressão "carregados pelos industriais da música comercial", eu não pretendia dizer ou insinuar que artistas tiveram suas passagens e estadias pagas pelas gravadoras multinacionais. Eu quis me referir apenas às motivações e aos objetivos que levavam aqueles cantores populares a viajarem e fazerem lobby. Esses objetivos –sempre transpareceu– se resumiriam em implementar uma educação musical daquele tipo a que eu chamaria deseducação musical: a prática, em sala de aula, de fabricação de mentes jovens potenciais futuros consumidores de música popular comercial.
>> Aí sim, caro Alexandre, pode ser que eu esteja enganado. Você então poderia me esclarecer.
>> Por favor, informe qual tipo de Educação Musical a Daniela Mercury, o Zezé de Camargo, o Luciano, o Ivan Lins, a Cristina Saraiva, a Joyce e a Fernanda Abreu pretendem ver implantado nas escolas?
>> Abraço,
>> Jorge Antunes
>> 
>> 
>> 
>> Em 01/11/2011, às 09:58, Alexandre Negreiros escreveu:
>> 
>>> Olá Jorge e Daniel,
>>> 
>>> Primordial que se cultive o debate e propostas em torno desse tema, e aguardo ansioso a implementação da lei, com todas as incertezas que conduz.
>>> Mas preciso ressalvar a notícia de que Ivan e Daniela teriam ido ao Congresso conduzidos pelos industriais da música comercial: as passagens de ambos, na época, foram custeadas ou por gabinetes de políticos que nos apoiavam, ou pelo Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, ou pelos próprios bolsos. Tivemos o apoio puramente conceitual de diversas organizações ligadas à música, dentre elas a ABMI, que se interessava que apoiássemos o projeto que hoje está prestes a ser votado chamado PEC da música, com incentivos tributários (tardios, é certo) à produção fonográfica, equiparando-a ao livro. A dissertação do Felipe Radicetti, na Unirio, descreve em detalhes a história.
>>> 
>>> Abçs!
>>> Alexandre
>>> 
>>> 
>>> Em 30/10/2011, às 12:15, Jorge Antunes escreveu:
>>> 
>>>> Oi, Daniel:
>>>> 
>>>> Aguardo ansioso seu projeto político-pedagógico.
>>>> Minha simpatia e luta pelos cursos na área de Performance estão na reserva, no frigorífico, a espera de descongelamento.
>>>> A explosão delas poderá acontecer, dependendo do repertório a ser programado e preconizado, e do espaço a ser dado à música erudita contemporânea de hoje.
>>>> Abraço,
>>>> Jorge Antunes
>>>> 
>>>> 
>>>> Em 30 de outubro de 2011 11:35, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> escreveu:
>>>> 
>>>> Caro prof. Jorge Antunes,
>>>> 
>>>> Muito obrigado por sua mensagem! Não havia visto a situação dessa forma, agradeço por me despertar para uma visão diferente. O canto orfeônico certamente tem suas raízes no ensino tradicional de Música, e sabemos da problemática em torno das ideologias pedagógicas que prega. A Educação Musical realmente tem este compromisso: quanto maior o contato da sociedade brasileira com a Música de forma saudável, espontânea e livre dos "traumas da pedagogia musical tradicional", maiores os benefícios para todos: amadores, admiradores e profissionais. E de fato, qualquer defesa destes "ícones da Música Popular" em prol da Educação Musical certamente é de se desconfiar.
>>>> 
>>>> A minha preocupação maior é que as Universidades brasileiras tem dado muita atenção à formação de profissionais capazes de atuar na Educação Básica, capazes de adotar metodologias apropriadas a este contexto. Porém, pela natureza dessa formação e das precárias condições que eles hipoteticamente encontrariam nas escolas brasileiras, o ensino da Performance é praticamente deixado de lado na formação destes. É esta a situação que me preocupa, e também a vários colegas daqui. A ampliação da área também precisa acontecer dessa forma.
>>>> 
>>>> Estamos trabalhando em um projeto político-pedagógico para fundação de um Bacharelado que emergirá da Licenciatura com poucos custos à Universidade, engajado em ampliar as possibilidades de atuação profissional dos bacharéis e adotando idéias muito positivas da Educação Musical. Em breve enviarei o projeto para lista para que todos possam discutir, e quem sabe motivar a abertura desta habilitação em outras Universidades que fundaram a Licenciatura há alguns anos.
>>>> 
>>>> Grande abraço,
>>>> 
>>>> 
>>>> Daniel Lemos
>>>> 
>>>> Curso de Música/DEART - musica.ufma.br
>>>> 
>>>> Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance Musical - musica.ufma.br/ensaio
>>>> Perfil no academia.edu - ufma.academia.edu/dlemos
>>>> Blog Audio Arte - audioarte.blogspot.com
>>>> Universidade Federal do Maranhão
>>>> 
>>>> 
>>>> --- Em dom, 30/10/11, Jorge Antunes <antunes em unb.br> escreveu:
>>>> 
>>>> De: Jorge Antunes <antunes em unb.br>
>>>> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] situação da composição e da musicologia nos (novos) cursos de música
>>>> Para: anppom-l em iar.unicamp.br, dal_lemos em yahoo.com.br
>>>> Data: Domingo, 30 de Outubro de 2011, 11:10
>>>> 
>>>> 
>>>> Caro Daniel:
>>>> 
>>>> Você, tal como vários outros colegas, usa a frase "volta do ensino de Música na Educação Básica".
>>>> Proponho que se passe a usar, no lugar da frase acima, o seguinte: "início do ensino de Música na Educação Básica".
>>>> 
>>>> Não há como pensar na "volta" de algo que nunca houve.
>>>> 
>>>> O que houve no passado foi a educação cívica através da música, com a prática do chamado "canto orfeônico", disciplina que fazia com que os estudantes passassem a ter raiva da Música.
>>>> 
>>>> Quanto aos novos cursos e à grande clientela de Educação Musical e das Licenciaturas, acho isso bastante bom e promissor e necessário.
>>>> Temos que construir novas cabeças que possam ocupar o mercado que se abrirá. As "majors", indústrias multinacionais do disco e da música popular comercial estão de olho nesse nicho que se abre. Não é à toa que personalidades da música popular, como Ivan Lins e Daniela Mercury, frequentam o Congresso Nacional fazendo lobby pela Educação Musical, carregados pelos industriais da música comercial.
>>>> 
>>>> Abraço,
>>>> Jorge Antunes
>>>> 
>> 
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