[ANPPOM-Lista] [Educação Musical] Ensino da performance nas Licenciaturas em Música

Edilson Rocha ediassuncao em hotmail.com
Qui Out 13 02:12:28 BRT 2011


Saudações a todos os interessados no assunto.Não tenho certeza se determinadas práticas estão claramente definidas e entendidas por todos, por isso, ouso colocar conceitos que talvez sejam óbvios para alguns, mas que talvez não tenham sido em geral claros em determinadas ocasiões. Enquanto práticas, tenho a impressão de que a Educação Musical é tratada em geral como matéria de ensino básico, habitualmente voltada para crianças ou como ferramenta para "alfabetização musical" ou "sensibilização musical", dependendo de como as ementas de cada escola ou educador queiram tratar do assunto. Quando se fala em Ensino de Performance, ou de Execução Musical, parece que o mais corrente é o trato com alunos, estudantes ou profissionais em aprimoramento, que apresentam uma maturidade musical muito maior. Mal comparando, mas sem outra alternativa: enquanto um ensina a ler e entender um texto básico, com a esperança de que o interesse pela leitura persista, o outro se arvora em fazer com que se entenda um texto de James Joice, ambos com resultados mais ou menos felizes nessa empreitada. Tudo é leitura, mas são leituras diferentes.Quero crer que quando se fala em Ensino de Performance e Educação Musical, estamos mesmo falando de coisas diferentes, com objetivos diferentes, e para públicos diferentes. Certamente que um leva ao outro, e as afinidades entre estas áreas são mesmo enormes, mas é possível que a distinção ainda seja útil para orientar os interessados, afinal, pretende-se lidar com públicos distintos. Talvez não valha a pena colocar ambas áreas num mesmo balaio em nome destas afinidades, mas certamente será muito proveitoso que se discutam as especificidades e necessidades de evolução de cada uma. Arrisco a dizer que o Ensino da Performance precisa de mais, muito mais reflexão e que seja esta a hora apropriada para as tais "sandálias da humildade". Não coloco aqui juizos de valores, acho importante ressaltar: o performer e o educador são elementos equivalentes na "cadeia alimentar" da música. O processo que grassa em nosso meio, no entanto, é que reforça a idéia do "mito do concertista", termo muito bem cunhado. Não é incomum que se criem exceções de toda ordem porque "fulano toca muito bem", quase um ser  superior seja ele artista popular ou não, erudito ou não. E assim vão nossas faculdades formando concertistas que não se sustentam de concertos, e educadores musicais envergonhados porque "não são tão bons músicos". Imagino que precisemos de educadores que saibam fazer música e professores de performance que dominem recursos pedagógicos, devendo estes últimos se libertarem do "ensino conservatorial", onde cada um prega que só existe uma maneira de tocar bem: a minha!Abraços desde São João del-Rei Edilson RochaProf. AdjuntoDMUSI - UFSJ
Acesse o site:
www.maestroedilsonrocha.cjb.net
Pesquisa, regência, técnica vocal
 Date: Tue, 11 Oct 2011 13:44:17 -0300
From: makleber em uol.com.br
To: moninhabraga em gmail.com
CC: professoresdemusicadobrasil em googlegroups.com; anppom-l em iar.unicamp.br
Subject: Re: [ANPPOM-Lista]	[Educação Musical] Ensino da performance nas Licenciaturas em Música

Cara Simone, 
obrigada por suas considerações profundas e, tb, muito pertinentes!
Abraços, 

Magali Kleber
Presidente da Associação Brasileira de Educação Musical 
http://www.abemeducacaomusical.org.br/
Universidade Estadual de Londrina
Fone: 43 3371 4761 43 9994 6219




Em 11/10/2011 07:00, simone braga < moninhabraga em gmail.com > escreveu:

Olá, Daniel e demais colegas!
 
Não querendo polemizar, mas sobre o que diz: "Assim, os Educadores devem ampliar seu enfoque educacional não se restringindo à Educação Básica, pois os instrumentistas necessitam de fato dos conhecimentos pedagógicos para um melhor ensino do instrumento". Muitas vezes, esta restrição dos "educadores" (é engraçado, mas nós acabamos usando terminologias ou conceitos que aumentam a pseudo lacuna entre "educação" e "performance"...não é uma coisa só?) é compartilhada por nós professores de instrumento, alucinados para o desenvolvimento de habilidades para a execução instrumental.
 
Como vc mesmo diz sobre a falência do "mito do concertista", quais as nossas ações, enquanto professores de instrumento, sobretudo, em cursos de licenciatura, para a articulação entre a formação instrumental e a formação pedagógica? Ou devemos alimentar o mito do concertista?
 
Encerro com suas palavras: "devemos "calçar as sandálias da humildade" e assumir que precisamos uns dos outros. O perfil individualista do músico ainda assombra nossa área, temos que acabar com isso". Acrescentando que nós professores tb devamos repensar sobre as nossas práticas e assumir que somos educadores e nos impor na academia através de trabalhos realizados em parceria.
 
Abs, Simone Braga.
 
Em 9 de outubro de 2011 23:10, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br> escreveu:





Palestrina, Bach, Leopold Mozart, Beethoven, Liszt, Chopin... Quantos mais temos que citar como exemplos de músicos que exerciam a atividade musical como um conjunto entre composição, performance E ENSINO?

Assino em baixo com o Daniel e com a profa. Rejane Herder. 
Abraços, 

Luciano

--- Em dom, 9/10/11, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> escreveu:


De: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] [Educação Musical] Ensino da performance nas Licenciaturas em Música
Para: professoresdemusicadobrasil em googlegroups.com, anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Domingo, 9 de Outubro de 2011, 16:42









Caros Parceiros Musicais,

Gostaria de reforçar algumas questões muito pertinentes colocadas por diversos integrantes das Listas, a citar as mensagens de Bruno Torres, do prof. Jorge Antunes e da profa. Rejane Harder (inclusive citei alguns artigos dela ultimamente, pois possuem excelentes idéias), fundamentais para continuar este diálogo. Em primeiro lugar, gostaria de colocar em xeque a diferenciação entre Performance e Educação Musical, realizada em nossas Instituições por questões históricas. Assim, proponho algumas idéias que possam nos "libertar":

1) Compreender que Educação Musical e Performance são áreas afins. O performer deve assumir que na atualidade - com exceção de alguns poucos como Nelson Freire -  ensinar é fundamental para o exercício da Performance Musical. Por dois motivos:

O primeiro é a necessidade de 
 passar este conhecimento a gerações futuras, pois o Ensino da Performance é fortemente ligado à tradição oral, não por falta de pesquisas como alegam alguns colegas "pesquisadores" da Música (alguns fazem questão de se diferenciar), mas pela incapacidade de nossa atrasada tecnologia em registrar informações cinestésicas e táteis, fundamentais para a transmissão dos conhecimentos na Performance Musical (por exemplo ver Teaching Piano em Groups de Christopher Fisher, cujas idéias são pertinentes a todos os instrumentos). Jamais se aprenderá a tocar um instrumento somente ouvindo gravações e lendo livros; precisamos SIM de professores de Instrumento, que ensinem as informações cinestésicas de acordo com as particularidades fisiológicas de cada aluno.
O segundo seria a própria questão de sobrevivência: o "mito do concertista" não é - nem nunca foi - um perfil musical viável e ativo na sociedade. É uma len
 da; temos na verdade que ser, além de instrumentistas, professores, administradores, educadores e produtores culturais (entre as habilidades necessárias ao instrumentista da atualidade).

2) Do lado "oposto", os educadores devem assumir que a Educação Musical existe sim há 40.000 anos (vide o livro 40.000 Ans de Musique de Jacques Chailley), e que há pelo menos 39.800 anos a Educação Musical se voltou à prática da Performance Musical. Música na Educação Básica é um fenômeno recente, que pela restrita visão de nossas Licenciaturas - temos que assumir isto - tem se ententido que a Educação Musical começa com Dalcroze ou Martenot, passando por Orff, Schafer e Swanwick, entre outros. Em geral, há um esquecimento de que esta área é tão antiga quanto a Performance Musical, e que os primeiros referenciais didáticos da Educação Musical são justamente métodos de ensin
 o do instrumento, em especial para Cravo e Órgão, Flauta, Violono e Violoncelo, desde o surgimento da escrita na sociedade Ocidental, em torno do Século XVI.

3) Por fim, reforço que devemos nos mobilizar politicamente em prol da Música. Os instrumentistas devem ter ciência que a participação em Fóruns Estaduas de Cultura asseguram o exercício democrático da distribuição de capital pelo Estado, e se não nos fizermos presentes, o dinheiro vai para outras áreas. Assim, os Educadores devem ampliar seu enfoque educacional não se restringindo à Educação Básica, pois os instrumentistas necessitam de fato dos conhecimentos pedagógicos para um melhor ensino do instrumento. Creio que todos devemos "calçar as sandálias da humildade" e assumir que precisamos uns dos outros. O perfil individualista do músico ainda assombra nossa área, temos que acabar com isso. Para as Universidades, devemos pensar Ensino, Pesquis
 a e Extensão de forma indissociável; a Pesquisa não é mais importante que o Ensino e a Extensão, e vice-versa.

Enfim, prometo não falar mais por um tempo... desculpem-me se incomodei alguém com estas idéias...



Daniel Lemos
Curso de Música/DEART - musica.ufma.br
Grupo de Pesquisa em Ensino da Performance Musical - musica.ufma.br/ensaio
Perfil no academia.edu - ufma.academia.edu/dlemos
Blog Audio Arte - audioarte.blogspot.com
Universidade Federal do Maranhão


--- Em dom, 9/10/11, Rejane Harder <rejane.harder em gmail.com> escreveu:


De: Rejane Harder <rejane.harder em gmail.com>
Assunto: Re: [Educação Musical] Ensino da performance nas Licenciaturas em Música
Para: professoresdemusicadobrasil em googlegroups.com
Data: Domingo, 9 de Outubro de 2011, 13:23




Caro professor Daniel e demais integrantes da lista
Aqui na Universidade Federal de Sergipe defendemos o ensino de instrumento musical por duas razões principais: Como temos provas específicas, todos os alunos que entram já tocam algum instrumento. Estes alunos tem a oportunidade de se aperfeiçoar no seu instrumento e/ou aprender instrumentos diferentes. A segunda razão é a utilidade de os futuros professores sairem do curso com a habilidade mínima de acompanhar seus alunos em sala de aula nas diferentes atividades musicais, bem como, quando possível, ensinar um instrumento musical para os mesmos. No currículo do nosso curso, o aluno cursa 6 semestres de um instrumento harmônico: ele pode optar entre piano ou violão, mas, precisa seguir com o mesmo instrumento até o fim. São também obrigatórios dois semestres de flauta doce e dois semestres de percussão. Também é obrigatória a disciplina "Pedagogia do instrumento". Ainda existem as optativas que são flauta transversal e canto, ou, mais semestres de vi
 olão ou piano. Temos também como obrigatórias a regência coral e a técnica vocal, ente outras disciplinas. Acreditamos na importância de o egresso do Curso de Licenciatura em Música estar preparado musicalmente o máximo que for possível, além, é claro do preparo pedagógico e experiências de ensino.
Um grande abraço,
Rejane Harder
-- 
Prof.ª Dr.ª Rejane Harder
Universidade Federal de Sergipe
Núcleo de Música
(71) 9239-8584 / (79) 9966-8726


 
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