[ANPPOM-L] Artigo de JORGE ANTUNES

Cassio Barth cassiobarth em gmail.com
Sáb Set 17 15:23:16 BRT 2011


Esqueci de dizer que alguns cassinos por terras mexicas empregam músicos
atualmente, principalmente conjuntos de música "latina" e "caribenha" (com o
perdão da classificação). Mas realmente, aqui são muito poucos os que
entregam. E os jogos, bem... os jogos são "máquinas caça-níquel", exatamente
como eram os bingos no Brasil.

Mas maestro, se no Brasil já temos os bicheiros colaborando com as escolas
de samba, pra que cassinos? O negócio é legalizar o jogo do bicho e botar
uma lei formalizando que parte dos lucros seja destinado a atividades
artísticas musicais.

Quem não lembra do Castor de Andrade? (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Castor_de_Andrade)

Texto: A Volta dos bicheiros:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/iq200498d.htm

Cássio D. Barth



2011/9/17 Cassio Barth <cassiobarth em gmail.com>

> Ideia interessante maestro,
>
> apenas para dar um contraponto, mando um vídeo do ataque que deixou 52
> mortos no Casino Royale em Monterrey.
> http://www.youtube.com/watch?v=M--GCq0-tF0
>
> Em relação aos Cassinos mexicanos, estes estabelecimentos, aqui, servem
> para lavagem de dinheiro do narcotráfico e tem suas licenças mediante
> extorsão por parte dos políticos de plantão... mas esse é o caso mexicano.
> Claro que não aconteceria algo assim no Brasil.
>
> Complementando, não só os cassinos, mas também os bordeis foram espaços que
> empregaram muitos músicos. A título de recordação e talvez se algum
> pesquisador se interesse, o já falecido maestro Hardy Vedana (
> http://pt.wikipedia.org/wiki/Hardy_Vedana) em uma entrevista, nos mostrou
> um interessante trabalho seu, não publicado, sobre as casas noturnas de
> Porto Alegre, as quais empregavam muitos regionais. A propósito, muito
> material das investigações do Sr. Vedana ficou sem ser publicado...
>
>
>
>
> 2011/9/13 Jorge Antunes <antunes em unb.br>
>
>>  Aos colegas músicos:
>>
>> Peço que leiam o meu novo artigo, reproduzido abaixo, e que o divulguem às
>> outras listas de músicos.
>> O artigo foi publicado hoje na revista eletrônica *O Miraculoso*.
>>
>> http://www.miraculoso.com.br/index.php/pt/noticias-do-brasil/140-a-invisibilidade-da-jogatina-e-do-comunismo-malgre-dona-santinha.html
>> Podem reproduzir e republicar.
>> Se gostarem da ideia lançada no artigo, talvez os músicos pudéssemos fazer
>> um movimento nacional.
>> Obrigado,
>> abraço,
>> Jorge Antunes
>>
>>
>> *Dinheiro para a Saúde: de onde tirar?*
>>
>> *Jorge Antunes*
>> *maestro, compositor, pesquisador do CNPq, pesquisador sênior da UnB*
>>
>>     Para o baile de minha formatura no Colégio Pedro II, em 1960, a
>> vaquinha feita entre os estudantes deu, milagrosamente, para contratar a
>> Orquestra de Waldir Calmon. Que sonoridade especial! O solovox, instrumento
>> único no Brasil, encantava as moçoilas e os rapazes do colégio padrão.
>>     Waldir Calmon se consagrou a partir de 1944, trabalhando e dando
>> emprego a muitos músicos, tocando no Cassino Atlântico, de Santos, e no
>> Cassino Copacabana no Rio. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a vida
>> começou a ficar difícil para os músicos.
>>     O maestro Guerra Peixe em 1938 recebeu convite do Cassino Atlântico,
>> de Petrópolis, para tocar como pianista. Adaptando-se perfeitamente ao
>> estilo do crooner Moreira da Silva, consagrou-se como grande orquestrador
>> fazendo arranjos para a orquestra daquela casa de jogos. Guerra Peixe, por
>> indicação de Vicente Paiva, em 1939, foi trabalhar como violinista na
>> orquestra do Cassino Icarahy, participando também da Orquestra Típica
>> Argentina que animava o Grill do famoso cassino. Com o fechamento dos
>> cassinos em 1946, a vida começou a ficar difícil para ele e para todos os
>> outros músicos.
>>     Mário Zan conheceu, em 1940, o diretor do Cassino Atlântico, o polonês
>> Ziembinsky. Este gostou muito do trabalho do jovem acordeonista, mas
>> determinou que Mário não tocaria no Cassino Atlântico sentado. O experiente
>> homem de teatro pressentiu a beleza comunicativa das performances de Mário
>> Zan. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a vida de todos os acordeonistas
>> começou a ficar difícil.
>>     O grande clarinetista Abel Ferreira teve as influências de todo menino
>> de interior: a bandinha do coreto, as orquestras de baile, o rádio. Em 1935
>> decidiu viver de música. Em 1943 se fixou no Rio de Janeiro, tocando no
>> famoso Cassino da Urca. Com o fechamento dos cassinos três anos depois, sua
>> vida começou a ficar difícil.
>>     Em 1919 Pixinguinha fez, com seu conjunto, uma turnê por São Paulo,
>> Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. De volta ao Rio em 1921, o grupo
>> começou a tocar no Cassino Assírio, no subsolo do Teatro Municipal. Foi ai
>> que Pixinguinha conheceu o milionário Arnaldo Guinle, que se apaixonou pelos
>> músicos e bancou  para eles uma  temporada em Paris. Com o fechamento dos
>> cassinos em 1946, os músicos assistiram perplexos à arrasadora diminuição do
>> mercado de trabalho.
>>     Identificamos um único culpado para aquele desastre que foi a
>> proibição dos jogos de sorte no Brasil. Aliás, uma culpada: Dona Santinha.
>> Foi ela, a Sra. Carmela Leite Dutra, mulher do Presidente Dutra, que exigiu
>> do marido a assinatura do decreto-lei 9215, de 30 de abril de 1946, que
>> fechou os cassinos de todo o Brasil.
>>     Aqueles lugares luxuosos, em que se apresentavam grandes espetáculos
>> artísticos, eram, segundo Dona Santinha, meros “antros do pecado”. A
>> católica fervorosa, carola de carteirinha, não ficou por aí em suas
>> exigências. A primeira dama pediu também que se extinguisse o Partido
>> Comunista Brasileiro. Seu desejo veio a ser atendido um ano depois. Em 7 de
>> maio de 1947, por decisão do STF, o PCB foi colocado na ilegalidade.
>>     Mais adiante, na ditadura dos anos de chumbo, os governos passaram a
>> arrecadar impostos com a jogatina acessível às míseras economias do nosso
>> povo. Tudo começou com a loteria esportiva. Depois vieram os mais variados
>> joguinhos, encastelados nas lotéricas, que sugam a pobre economia popular.
>>     Neste momento em que, preocupados com a precariedade da Saúde, algumas
>> autoridades admitem a criação de um novo imposto, acho que seria oportuno
>> colocar-se em pauta a discussão sobre a legalização dos cassinos.
>>     Sabemos que dinheiro para a Saúde, para a Educação, para a Segurança,
>> é coisa que não falta. Mas ele é desviado para o pagamento dos juros de
>> dívidas já pagas e para as cuecas e as meias da podridão que ronda as
>> chamadas “casas do povo”.
>>     Em junho deste ano estive em Buenos Aires, como convidado do Festival
>> Resonancias de la Modernidad. Fiquei impressionado com a quantidade de
>> brasileiros que estavam no mesmo hotel em que fiquei. Tomei coragem para
>> perguntar a um casal a razão da presença de tantos brasileiros. A razão era
>> o Cassino Puerto Madero. Milhares de brasileiros se deslocam até lá a cada
>> ano, para evadir fortunas brasileiras. Aquelas mesmas grandes fortunas, que
>> de acordo com a Presidenta Dilma não devem ser tributadas, escorrem para as
>> burras hermanas a todo tempo.
>>     Urge reabrir os cassinos cujos impostos vultosos, se bem
>> fiscalizados, poderão atender as necessidades básicas de Saúde e Educação de
>> nossa gente. Os cassinos, além disso, ampliariam o mercado do turismo e
>> abririam novas e inúmeras vagas de trabalho direto e indireto.
>>
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