[ANPPOM-L] Artigo de JORGE ANTUNES

Cassio Barth cassiobarth em gmail.com
Sáb Set 17 15:11:33 BRT 2011


Ideia interessante maestro,

apenas para dar um contraponto, mando um vídeo do ataque que deixou 52
mortos no Casino Royale em Monterrey.
http://www.youtube.com/watch?v=M--GCq0-tF0

Em relação aos Cassinos mexicanos, estes estabelecimentos, aqui, servem para
lavagem de dinheiro do narcotráfico e tem suas licenças mediante extorsão
por parte dos políticos de plantão... mas esse é o caso mexicano. Claro que
não aconteceria algo assim no Brasil.

Complementando, não só os cassinos, mas também os bordeis foram espaços que
empregaram muitos músicos. A título de recordação e talvez se algum
pesquisador se interesse, o já falecido maestro Hardy Vedana (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hardy_Vedana) em uma entrevista, nos mostrou um
interessante trabalho seu, não publicado, sobre as casas noturnas de Porto
Alegre, as quais empregavam muitos regionais. A propósito, muito material
das investigações do Sr. Vedana ficou sem ser publicado...




2011/9/13 Jorge Antunes <antunes em unb.br>

> Aos colegas músicos:
>
> Peço que leiam o meu novo artigo, reproduzido abaixo, e que o divulguem às
> outras listas de músicos.
> O artigo foi publicado hoje na revista eletrônica *O Miraculoso*.
>
> http://www.miraculoso.com.br/index.php/pt/noticias-do-brasil/140-a-invisibilidade-da-jogatina-e-do-comunismo-malgre-dona-santinha.html
> Podem reproduzir e republicar.
> Se gostarem da ideia lançada no artigo, talvez os músicos pudéssemos fazer
> um movimento nacional.
> Obrigado,
> abraço,
> Jorge Antunes
>
>
> *Dinheiro para a Saúde: de onde tirar?*
>
> *Jorge Antunes*
> *maestro, compositor, pesquisador do CNPq, pesquisador sênior da UnB*
>
>     Para o baile de minha formatura no Colégio Pedro II, em 1960, a
> vaquinha feita entre os estudantes deu, milagrosamente, para contratar a
> Orquestra de Waldir Calmon. Que sonoridade especial! O solovox, instrumento
> único no Brasil, encantava as moçoilas e os rapazes do colégio padrão.
>     Waldir Calmon se consagrou a partir de 1944, trabalhando e dando
> emprego a muitos músicos, tocando no Cassino Atlântico, de Santos, e no
> Cassino Copacabana no Rio. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a vida
> começou a ficar difícil para os músicos.
>     O maestro Guerra Peixe em 1938 recebeu convite do Cassino Atlântico, de
> Petrópolis, para tocar como pianista. Adaptando-se perfeitamente ao estilo
> do crooner Moreira da Silva, consagrou-se como grande orquestrador fazendo
> arranjos para a orquestra daquela casa de jogos. Guerra Peixe, por indicação
> de Vicente Paiva, em 1939, foi trabalhar como violinista na orquestra do
> Cassino Icarahy, participando também da Orquestra Típica Argentina que
> animava o Grill do famoso cassino. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a
> vida começou a ficar difícil para ele e para todos os outros músicos.
>     Mário Zan conheceu, em 1940, o diretor do Cassino Atlântico, o polonês
> Ziembinsky. Este gostou muito do trabalho do jovem acordeonista, mas
> determinou que Mário não tocaria no Cassino Atlântico sentado. O experiente
> homem de teatro pressentiu a beleza comunicativa das performances de Mário
> Zan. Com o fechamento dos cassinos em 1946, a vida de todos os acordeonistas
> começou a ficar difícil.
>     O grande clarinetista Abel Ferreira teve as influências de todo menino
> de interior: a bandinha do coreto, as orquestras de baile, o rádio. Em 1935
> decidiu viver de música. Em 1943 se fixou no Rio de Janeiro, tocando no
> famoso Cassino da Urca. Com o fechamento dos cassinos três anos depois, sua
> vida começou a ficar difícil.
>     Em 1919 Pixinguinha fez, com seu conjunto, uma turnê por São Paulo,
> Minas Gerais, Paraná, Bahia e Pernambuco. De volta ao Rio em 1921, o grupo
> começou a tocar no Cassino Assírio, no subsolo do Teatro Municipal. Foi ai
> que Pixinguinha conheceu o milionário Arnaldo Guinle, que se apaixonou pelos
> músicos e bancou  para eles uma  temporada em Paris. Com o fechamento dos
> cassinos em 1946, os músicos assistiram perplexos à arrasadora diminuição do
> mercado de trabalho.
>     Identificamos um único culpado para aquele desastre que foi a proibição
> dos jogos de sorte no Brasil. Aliás, uma culpada: Dona Santinha. Foi ela, a
> Sra. Carmela Leite Dutra, mulher do Presidente Dutra, que exigiu do marido a
> assinatura do decreto-lei 9215, de 30 de abril de 1946, que fechou os
> cassinos de todo o Brasil.
>     Aqueles lugares luxuosos, em que se apresentavam grandes espetáculos
> artísticos, eram, segundo Dona Santinha, meros “antros do pecado”. A
> católica fervorosa, carola de carteirinha, não ficou por aí em suas
> exigências. A primeira dama pediu também que se extinguisse o Partido
> Comunista Brasileiro. Seu desejo veio a ser atendido um ano depois. Em 7 de
> maio de 1947, por decisão do STF, o PCB foi colocado na ilegalidade.
>     Mais adiante, na ditadura dos anos de chumbo, os governos passaram a
> arrecadar impostos com a jogatina acessível às míseras economias do nosso
> povo. Tudo começou com a loteria esportiva. Depois vieram os mais variados
> joguinhos, encastelados nas lotéricas, que sugam a pobre economia popular.
>     Neste momento em que, preocupados com a precariedade da Saúde, algumas
> autoridades admitem a criação de um novo imposto, acho que seria oportuno
> colocar-se em pauta a discussão sobre a legalização dos cassinos.
>     Sabemos que dinheiro para a Saúde, para a Educação, para a Segurança, é
> coisa que não falta. Mas ele é desviado para o pagamento dos juros de
> dívidas já pagas e para as cuecas e as meias da podridão que ronda as
> chamadas “casas do povo”.
>     Em junho deste ano estive em Buenos Aires, como convidado do Festival
> Resonancias de la Modernidad. Fiquei impressionado com a quantidade de
> brasileiros que estavam no mesmo hotel em que fiquei. Tomei coragem para
> perguntar a um casal a razão da presença de tantos brasileiros. A razão era
> o Cassino Puerto Madero. Milhares de brasileiros se deslocam até lá a cada
> ano, para evadir fortunas brasileiras. Aquelas mesmas grandes fortunas, que
> de acordo com a Presidenta Dilma não devem ser tributadas, escorrem para as
> burras hermanas a todo tempo.
>     Urge reabrir os cassinos cujos impostos vultosos, se bem  fiscalizados,
> poderão atender as necessidades básicas de Saúde e Educação de nossa gente.
> Os cassinos, além disso, ampliariam o mercado do turismo e abririam novas e
> inúmeras vagas de trabalho direto e indireto.
>
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