[ANPPOM-L] artigo: teses

murilo mendes murilo2107 em gmail.com
Seg Set 26 09:49:41 BRT 2011


 Penso ser realmente importante esse assunto da preservação das nossas
árvores. No local onde aconteceu a ANPPOM desse ano tava um clima bem seco e
isso tem relação com a falta de árvores. Impressão frente e verso já reduz
50% do uso de folhas (minha matemática ñ é das melhores mas acho que é
isso). Outra alternativa é usar folhas recicladas. Quanto à questão digital,
é importante ponderar. Ainda há pessoas que tÊm dificuldade com
computadores, e é mais confortável e saudável pras vistas - eu gosto de pdf,
mas preciso respeitar a diferença entre gerações. Além disso, computador
gasta energia elétrica, outro problema ambiental. Imprimir é uma vez só, já
o pdf precisa estar gastando energia toda vez que alguém ta lendo. Por isso
penso na otimização da folha e na reciclagem como alternativas neste
momento.

 Murilo Mendes -
 PPGMUS-UDESC

Em 25 de setembro de 2011 21:43, Marcos Filho <
marcosfilhomusica em yahoo.com.br> escreveu:

>
>
> Muito boa a ideia do artigo arbóreo escrito pelo Prof. Jorge Antunes.
> Gostei da forma bem humorada e crítica com que o autor conduz esse tema que
> é pouco lembrado, apesar da sua importancia . Concordo também com o MC.
> Vivendo na era dos tablets, até a impressão do outro lado da folha deixa de
> fazer sentido. Se é para poupa-las, então os textos acadêmicos não deveriam
> nem ser impressos. Ou, para dialogar com um autor que estou conhecendo
> recentemente, os textos acadêmicos não deveriam nem mesmo serem escritos.
> Vilém Flusser, teórico da técnica e da fotografia, já profetizava na década
> de 1970 acerca do fim da escrita e a substituição para uma cultura
> essencialmente imagética.
>
> Acho que a renovação virá não só pela questão ambiental, mas também pelo
> próprio esgotamento dos formatos em vigor. Tenho muita esperança de que as
> essas novas gerações (Y, Z, ZZ, entre outras) construam procedimentos
> diferentes de produção e registro do conhecimento científico [não consigo
> imaginar nem a minha filha de 8 anos, que adora ler, escrevendo e lendo uma
> tese acadêmica de 600 paginas]. Muita coisa já vem sendo feita, sobretudo no
> MIT, mas tendo em vista o panorama demonstrado pelo Prof. Antunes na micro
> análise da UnB, ainda estamos longe. Talvez imprimindo do outro lado da
> folha, já seja um começo de renovação. Sutil. Mas um começo necessário.
>
> Só uma pergunta, prof. Antunes: O artigo será publicado em frente e verso ?
>
> Um abraço forte,
>
>
> Marcos Filho
>
> Professor Assistente - Departamento de Música (DMUSI)
> Universidade Federal de São João del-Rei, UFSJ
> *Doutorando em História, UFMG*
>
> marcosfilhomusica em yahoo.com.br
> myspace/marcosfilho
> @marcosfilho_
> (31) 3327-8339
> (31) 9376-8339
> *
> *
> ------------------------------
> *De:* Marcelo Coelho <muzikness em gmail.com>
>
> *Para:* Jorge Antunes <antunes em unb.br>
> *Cc:* ANPPOM-L <anppom-l em iar.unicamp.br>
> *Enviadas:* Sábado, 24 de Setembro de 2011 17:32
>
> *Assunto:* Re: [ANPPOM-L] artigo: teses
>
> De acordo com o prof. Dr. da FGV de SP Samy Dana, várias universidades
> americanas (a FGV inclusive) estão digitalizando as suas bibliotecas. Os
> livros (que serão guardados em locais apropriados) darão espaço a um imenso
> salão com recursos digitais perfeitamente adaptados para consultas e
> reuniões. E as teses e dissertações em papel, independente da utilização de
> ambos os lados da folha? Não será o momento de nos adequarmos ao futuro que
> já se faz presente, ou deixaremos esta tarefa para a futura geração que já
> não se identifica com as enormes estantes carregadas de sumos da celulose?
>
> MC
>
> Enviado via iPhone
>
> Em 24/09/2011, às 11:44, Jorge Antunes <antunes em unb.br> escreveu:
>
> Caros e caras colegas da Anppom:
>
> Abaixo reproduzo meu novo artigo, que será publicado na revista *O
> Miraculoso* e no *Correio Braziliense*.
> Ele aborda questão da prática acadêmica, que concerne a todos nós.
> Gostaria de receber opiniões sobre a análise e a proposta colocadas no
> texto.
> Obrigado,
> Jorge Antunes
>
> *As Universidades promovem o desmatamento*
>  *Jorge Antunes*
> * *
>             Com quantos paus se faz uma canoa? Eta, perguntinha difícil de
> ser respondida! Mas existe outra pergunta mais difícil ainda: com quantos
> paus se faz uma resma de papel? Essa pergunta parece um tanto quanto vaga.
> Sejamos mais objetivos: quantas resmas de papel A4 são fabricadas com uma
> árvore?
>              Existem outras perguntas, sobre o mesmo assunto, que deveriam
> ser feitas permanentemente nas Universidades. Uma delas: quantas folhas de
> papel são gastas anualmente para serem impressas dissertações e teses?
> Outra: quantas árvores devem ser derrubadas anualmente para que possam ser
> impressas as dissertações e teses produzidas na Academia?
>             Enfim, podemos formular a pergunta definitiva: quantas folhas
> de papel podem ser produzidas de uma árvore? Não é impossível responder essa
> pergunta. Para respondê-la, seria necessário inicialmente esclarecer qual
> árvore será derrubada. Será um abeto? Será uma araucária?
>             No Brasil o papel é feito, às vezes, de pinus eliotti e, menos
> frequentemente, de pinus taeda. Mas as árvores predominantemente usadas são
> o eucalipto e o pinheiro.
>             Um pinheiro tem, em média, 30 cm de diâmetro e 18 metros de
> altura. Cálculos simples nos levam a concluir que um pinheiro nos fornece
> cerca de 13.346 metros cúbicos de madeira. Outra experiência simples, de
> pesagem, nos permite verificar que um pinheiro pesa cerca de 646
> quilogramas.
>             Mas, como cerca de 50% da árvore são formados de nódulos e de
> outras substâncias que não servem para fabricar papel, temos que apenas
> metade de sua madeira pode ser transformada em polpa útil. Isso quer dizer
> que de um pinheiro podemos produzir cerca de 323 kg de papel.
>             Uma resma de papel A4 pesa, mais ou menos, 2,27 kg. Usando
> todos os dados podemos concluir que com uma árvore podemos fabricar,
> aproximadamente, 71.145 folhas de papel.
>             Embora o papel da Universidade, no Brasil, ainda não tenha
> sido definido claramente, sabemos muito bem que o papel, na Universidade, é
> um dos insumos mais usados. Evidentemente, uma tese pode ter 600 páginas.
> Mas isso não é comum. Na prática verificamos que as teses ficam, em média,
> com cerca de 300 páginas. Os regulamentos e normas das Universidades
> determinam que as dissertações de Mestrado devem ser impressas com uma
> tiragem de 11 exemplares e que as teses de Doutorado devem ter tiragem de 15
> exemplares.
>             Outra norma acadêmica estabelece que os exemplares a serem
> encaminhados para a banca examinadora devem ter o texto impresso em um só
> lado da folha, para que o verso, em branco, possa ser usado pelo examinador
> para escrever suas observações.
>             Chegamos a um dos busílis das manias acadêmicas. Quando
> manuseamos uma tese que passou pelas mãos de um membro de alguma banca
> examinadora, verificamos que pouquíssimas folhas, em seu verso, têm
> observações manuscritas. Essas anotações poderiam, quase sempre, ocupar uma
> única folha de papel à parte.
>             Faltam estatísticas quanto à quantidade de dissertações e
> teses produzidas por ano nas Universidades brasileiras. Aqui mesmo em casa,
> em nossa UnB, não contamos com relatórios que divulguem a quantidade de
> trabalhos produzidos por ano. Para se ter uma idéia por alto, seria
> necessário garimpar cada Departamento, cada Instituto e Faculdade. Mas
> sabemos que a Faculdade de Comunicação produziu, em 2010, 22 teses e
> dissertações. No ano de 2010 a Pós-Graduação em Estruturas e Construção
> Civil produziu 14 teses. No Departamento de Matemática foram defendidas 12
> teses e dissertações. Da Ceppac, em 2010, saíram 11 teses e no Centro de
> Desenvolvimento Sustentável foram defendidas 10 teses e dissertações.
>             Como a Universidade de Brasília conta com 66 cursos de
> mestrado e 45 de doutorado, numa projeção feita a grosso modo podemos
> concluir que em 2010 a UnB produziu mais de mil teses e dissertações.
>             Voltemos à nossa aula de “matemática arborística”. Como
> exercício para casa, deixamos ao leitor os cálculos finais para descobrirmos
> quantas árvores a UnB, sozinha, faz com que sejam derrubadas por ano.
>             Uma árvore serve para a fabricação de 71 mil folhas. Com a
> produção de mil teses, cada uma com 300 folhas e publicada com 13
> exemplares, facilmente concluiremos que a UnB provoca a derrubada de 56
> árvores por ano.
>             Enfim, deixo aqui a proposta de se empreender uma campanha no
> sentido de que as Universidades não mais permitam a produção de teses com
> seus textos impressos em apenas um lado da folha. Que passe a ser
> obrigatória a apresentação de teses com suas folhas impressas em frente e
> verso. Metade de nossas árvores seria poupada.
>
>
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> Lista de discussões ANPPOM
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