[ANPPOM-Lista] Posição de docentes quanto às politicas de cotas

Moacyr Costa Filho moacyrsc em hotmail.com
Dom Dez 30 04:02:52 BRST 2012


Prezados Professores,

O assunto inquietante "Cotas nas Universidades", ora incentivado com veemência pelas gestões do governo do Presidente Lula e agora mantido com perseverança por seus sucessores, está sendo oportunamente trazido à baila por Prof. Mannis. Na ocasião em que os políticos resolveram conceder cotas a "afrodescendentes" e o "índiodescendentes" tendo como principal entidade intermediadora da benevolência, a universidade pública brasileira, fiquei estupefato para não dizer indignado. Como se não bastasse a imperícia na categorização étnica do povo brasileiro, o desrespeito para com a nação foi notório e continua a ser ao tentar subestimar o seu potencial de crescimento intelectual e de questionamento face à qualquer proposta indecorosa. Será que estamos diante de uma patifaria institucionalizada ?

Não faço parte de sindicatos, nem tenho predileção por políticos. Contudo, na qualidade de professor de música do ensino universitário, reconheço que um dos principais méritos em pertencer ao corpo docente de instituição pública de ensino superior é a possibilidade de posicionamento enérgico frente às ideologias deturpadas e perniciosas que emergem dos gabinetes de Brasília. Fui coordenador de colegiado de curso por vários anos e a situação das cotas sempre foi alvo de debates e discussões acaloradas no meio acadêmico. Para além da preocupação docente com a deficit de conhecimentos musicais dos candidatos aspirantes ao curso superior de música, permanece a expectativa sobre o seu per





sob a alegação de que 

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> De: jamannis em uol.com.br <jamannis em uol.com.br>
> Assunto: [ANPPOM-Lista] Posição de docentes quanto às politicas de cotas
> Para: "'ANPPOM'" <anppom-l em iar.unicamp.br>
> Data: Quarta-feira, 26 de Dezembro de 2012, 15:26
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> O editorial desta data (26/12/2012) OESP, especificamente “Cotas nas universidades paulistas”, cita posição de colegiados e de ‘vários docentes’ das universidades estaduais paulistas de uma maneira que me causou estranhamento. 
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> Cito excerto: “.../ Historicamente, os órgãos colegiados da USP, Unicamp e Unesp sempre foram contrários à adoção de políticas de cotas nos vestibulares, alegando que elas distorcem os resultados dos exames, comprometem o princípio de mérito e colocam em salas de aula alunos despreparados.  Vários docentes receberam com reservas esse programa de inclusão social. Serão decisivas as reuniões das congregações das faculdades mais importantes, como as de Medicina, Direito e Engenharia. /...”
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> Sou membro de vários colegiados em minha universidade, em vários niveis, e tenho claro em minha memória que em todas as oportunidades em que ocorreu a discussão a respeito de cotas para ingresso na universidade, o principal motivo de questionamento era o de estar implementando um procedimento para remediar um problema sem sanar sua causa. ‘Colocar alunos despreparados em salas de aula’ é uma das consequências disso, mas não algo a ser observado e tratado em si e de forma restrita, senão visto num contexto amplo diante de uma situação complexa.
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> ‘Comprometer o princípio de mérito’ e ‘distorcer os resultados do exame de vestibular’ são alegações que podem até ter ocorrido, mas são irrelevantes em relação ao eixo de pensamento, uma vez que o cerne da questão, sempre bem aceito por todos, era ‘buscar uma solução para combater uma desigualdade e uma injustiça’.
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> Em todos os debates foi unânime a aprovação de que uma educação fortalecida pela revitalização das escolas públicas nos níveis fundamental e médio teria um impacto marcante e decisivo sobre essa exclusão que se busca combater. Sempre perguntamos onde está o compromisso do estado (em nível federal, estadual e municipal) que deveria cumprir as metas estabelecidas quanto ao percentual orçamentário dedicado à educação. Se fossem de fato cumpridos, de forma responsável e eficiente, a desigualdade não estaria na situação em que se encontra atualmente.
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> O que os colegiados e os membros da comunidade acadêmica desejam, não é que a prova seletiva que elaboram seja aplicada exibindo sua elegância e a consistência de seus métodos. O que zelamos sempre em nosso método de trabalho é que antes de adotar e aplicar um procedimento, este deve ser suficiente e consistentemente testado e validado. Em políticas públicas esse rigor seria uma prevenção para que, com o tempo, grandes soluções anunciadas com alarde não se revelem ineficientes, senão inócuas.
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> Se temos alunos na sala de aula com dois níveis de preparação distintos, isso poderia até ser trabalhado. Temos condições e potencial criativo para encontrar soluções. Mas não queremos sair precipitadamente empurrando o caminhão, antes de ter certeza de que o motor dele de fato não pode funcionar, ou que pelo menos o freio de mão seja solto. Queremos que, antes disso, as obrigações do estado (Federação, Estado e Município) sejam cumpridas. No costume dos índios, o cacique era o primeiro a se levantar e a realizar a tarefa árdua que ninguém queria fazer. Depois dele, todos se erguiam e se punham a trabalhar. 
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> Por outro lado, como docente e pesquisador, nunca ousaria dizer que uma área do conhecimento pudesse ser mais importante do que outra. Simplesmente porque o universo, com sua estrutura e seus fenômenos, segue seu curso normal, independentemente da taxonomia que os homens inventaram para vê- lo, entendê-lo e explicá-lo, da mesma forma como aves, mamíferos, anfíbios, insetos, plantas e demais formas de vida seguem vivendo, se reproduzindo e evoluindo à revelia das frequentes e rápidas variações das classificações que lhes aplicam.
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> José Augusto Mannis (docente Instituto de Artes, Depto. de Música, Unicamp)
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