[ANPPOM-Lista] Boicote coletivo à Elsevier

Luciano Caroso lucianocaroso em gmail.com
Sex Fev 10 17:48:33 BRST 2012


Caros:

Segue um artigo sobre assunto que reputo ser de grande interesse para a
área acadêmica.

[]s,
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LUCIANO CAROSO
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http://luciano.caroso.com.br
lcaroso em uefs.br
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Universidade Estadual de Feira de Santana
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From: <walter em uefs.br>
Date: 2012/2/10
Subject: Boicote coletivo à Elsevier
To: professores em uefs.br


JC e-mail 4434, de 09 de Fevereiro de 2012.
*
11. Pé de guerra*** Já são quase cinco mil os signatários do manifesto The
Cost of Knowledge [O custo do conhecimento], um boicote coletivo à
Elsevier, a maior editora de revistas científicas do mundo. Os
pesquisadores afirmam que não vão mais publicar nos periódicos do grupo e
nem atuar como revisores - um trabalho que costumam fazer de graça.

O grupo holandês Elsevier publica cerca de dois mil periódicos e teve em
2010 um lucro de 847 milhões de euros, ou mais de um terço da sua receita
anual. A editora é acusada pelos pesquisadores de explorar o trabalho
voluntário dos pesquisadores e cobrar preços extorsivos por suas revistas,
obrigando muitas vezes as bibliotecas a assinar pacotes de periódicos, nos
quais títulos menos relevantes são empurrados junto com revistas essenciais
(qualquer semelhança com os pacotes das operadoras de TV a cabo não é
coincidência).



A proposta de boicote reflete uma insatisfação antiga da comunidade
científica com um sistema de publicação que ainda é majoritariamente
fechado. Mas ela foi desencadeada por um projeto de lei dos Estados Unidos
que impediria que pesquisas financiadas com dinheiro público tivessem
acesso aberto um ano depois de publicada.



O grupo holandês é alvo do protesto por sua visibilidade, mas o
descontentamento dos cientistas se estende a outras editoras. "A Elsevier é
somente a empresa que mais chama a atenção por essas práticas e pelo lucro
exorbitante que tem, mas há algo de muito errado com todo o sistema de
publicação de artigos científicos", reconheceu o físico Ernesto Galvão,
professor da Universidade Federal Fluminense e um dos signatários
brasileiros do manifesto.



O projeto de lei e a reação dos pesquisadores já motivaram a publicação de
dezenas de artigos e posts na imprensa mundial. Para citar apenas três
exemplos colhidos na blogosfera brasileira, vale ler os textos de Carlos
Orsi, que fez uma discussão minuciosa do contexto em que surgiu o
manifesto, de André Rabelo, que apontou alguns caminhos possíveis para o
futuro da ciência aberta, e de Átila Iamarino, que discutiu como os
cientistas brasileiros podem se posicionar nesse debate.



*Conteúdo aberto x fechado - *A defesa da ciência aberta reflete um
movimento mais amplo pelo acesso irrestrito à informação em vários
domínios. Na avaliação do médico e pesquisador da área de saúde pública
Kenneth Camargo, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), as
editoras de periódicos se vêem diante de uma crise que há anos assusta as
indústrias fonográfica e cinematográfica. "Determinadas empresas se
acostumaram com um modelo de negócios que está ameaçado", avaliou o médico,
que também assinou o manifesto. "Mas com o crescimento dos portais abertos
como o Scielo, no Brasil, o PLoS e o Biomed Central, no exterior,
claramente está se desenhando um campo de força oposto."



Mas ainda não está claro qual modelo poderá substituir o sistema atual.
Camargo - que é editor da revista brasileira Physis, publicada pela Uerj, e
editor associado do American Journal of Public Health, dos Estados Unidos -
lembra que, em alguns periódicos abertos do exterior, os autores precisam
pagar uma taxa de publicação (os recursos acabam diluídos nas verbas de
financiamento à pesquisa). Entre as revistas brasileiras de acesso aberto,
a prática não é rotineira.



"Ainda dependemos de fundos da universidade e das agências de fomento para
arcar com os custos de secretaria, edição, impressão", disse Kenneth
Camargo. "Enquanto não equacionarmos como isso vai funcionar, não está
muito claro qual modelo econômico seguiremos no futuro. Mas não dá para ser
esse modelo oligopolista."



Soluções como o arXiv, repositório público de artigos muito usado por
pesquisadores das ciências exatas, estão entre as mais citadas pelos
críticos como possível modelo alternativo ao atual. Ernesto Galvão aposta
num modelo como esse para o futuro da publicação científica, desde que o
sistema tenha um mecanismo de validação da qualidade dos artigos. "Acredito
que outros modelos para publicação são possíveis, que combinem algum tipo
de julgamento por pares e um baixo custo de disseminação", disse o físico.



*Em defesa da Elsevier - *A editora holandesa divulgou no início do mês um
comunicado não assinado em que defende que as editoras são necessárias para
o bom funcionamento da ciência. "Sem as editoras e os revisores, os três
milhões de artigos enviados todo ano às revistas científicas não seriam
transformados no 1,5 milhão de artigos publicados todo ano", diz o
comunicado. "Os pesquisadores funcionam de forma mais eficiente e efetiva
por causa do valor agregado por todos nós através dos processos de
publicação."



O economista David Stern, editor da revista Ecological Economics, publicada
pela Elsevier, também saiu em defesa da editora holandesa em seu blog. Para
ele, não faz sentido o argumento segundo o qual pagar pelos artigos
científicos significa pagar em dobro pela ciência que já havia sido
financiada com recursos públicos. "A Elsevier é como o Walmart, eles
distribuem o produto e isso custa dinheiro", afirmou Stern. "Não vejo por
que usar dinheiro público para pagar à PLoS para publicar um artigo seja
moralmente melhor do que usá-lo para que uma biblioteca universitária
assine um periódico. Os custos têm que ser pagos de uma forma ou de outra."

(Revista Piauí - Questões da Ciência)

--
Nadsa Maria Araújo Cid
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca do Instituto de Ciências do Mar - LABOMAR
(85) 3366.7006
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