[ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Qua Jun 13 14:36:04 BRT 2012


Caro Luciano, Sílvio e demais membros da lista,

Esta discussão está trazendo ideias muito boas e está começando a "dar forma" ao que pode vir a ser critérios de avaliação do "qualis" artístico. Todavia, gostaria de ressaltar um ponto: se pensarmos em produção artística de uma forma mais ampla na Performance Musical, critérios como "abrangência regional" e "complexidade da obra" ou de sua realização talvez não venham a se tornar pertinentes. Temos que pensar em como abarcar a prática da Música Popular, que se baseia em critérios bem diferentes da Música de Concerto.

Acredito que só saberemos se uma obra artística possui "qualidade" ou não de acordo com sua recepção em relação ao público-alvo, e nesse sentido, só o tempo poderá dizer isso. Uma obra de música contemporânea, por exemplo, só pode ser avaliada qualitativamente a partir de seu impacto na respectiva área, e isso só o tempo poderá dizer.

Enfim, é complicado mesmo...
Um abraço,

Daniel L. Cerqueira
Universidade Federal do Maranhão


--- Em ter, 12/6/12, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br> escreveu:

De: luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: anppom-l em iar.unicamp.br, "Damián Keller" <musicoyargentino em hotmail.com>
Data: Terça-feira, 12 de Junho de 2012, 15:38

Caro Silvio Ferraz, 

   Concordo com toda a sua argumentação. Mas quanto aos ítens que você elencou como sugestão, aponto somente uma contradição de visarem uma avaliação e logo abaixo você fala do cuidado de não avaliar qualitativamente as obras em si, o que equivaleria a não avaliar a qualidade de um performer.
   Gostaria que aprofundasse mais a sugestão, pois seus itens me parecem ser os "menos injustos", mas ainda assim trazendo uma injustiça latente. É um privilégio ter contatos entre grupos de carreira internacional prontos a tocar sua obra, mas uma obra de alta reflexão pode ficar anos escondida ou simplesmente não encontrar um intérprete que a tenha "topado". Além disso, o fato de uma peça ser tocada em Berlim, realmente significa que ela é mais "significante" do ponto de vista acadêmico? Mesmo
 levando em conta a instituição promotora, me parece que uma avaliação acadêmica aceitando esses termos validaria um caminho onde os atalhos institucionais ou pessoais pesam mais do que as obras em si.
   Hoje os meios de divulgação via redes sociais, youtubes, etc. são tão mais acessíveis que temo ser necessário enfrentar uma avaliação qualitativa. Temo: Muito. Concordo que a dificuldade de partidarismo é grande. Não sei como seria, fui sincero quando pedi para que você aprofundasse os pontos.

Abraços, 

Luciano Morais

--- Em seg, 11/6/12, Damián Keller <musicoyargentino em hotmail.com> escreveu:

De: Damián Keller <musicoyargentino em hotmail.com>
Assunto: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Data:
 Segunda-feira, 11 de Junho de 2012, 19:44






Reencaminhando...
Abraços,
Damián

Dr. Damián Keller -
Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) - Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal University of Acre -
http://ccrma.stanford.edu/~dkeller


Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência
From: silvioferrazmello em uol.com.br
Date: Wed, 6 Jun 2012 10:10:29 -0300
CC: musicoyargentino em hotmail.com
To: alexandre_ficagna em yahoo.com.br; rcaesar em oi.com.br; carole.gubernikoff em gmail.com

Como minhas mensagens não são postadas na lista da ANPPOM, escrevo a vcs...
Falando da composição, minha área de atuação:
Existe uma grande diferença entre produção artística e produção científica.A primeira dela diz respeito a arte da performance: "l'art de la répétition" ... "rehearsal art"O que para um teórico seria repetir, repetir um artigo ou palestra aqui ou acolá, na arte é outra coisa: repetir uma obra tem implicações muito mais
 sérias e interessantes do que simplesmente se repetir.
Do mesmo modo que tocar um concerto duas vezes não é se repetir (o repertório é sempre retrabalhado, sempre envolve boas horas de estudo), ter uma obra tocada duas vezes ao ano, por grupos diferentes ou pelo mesmo grupo mas em lugares muito diferentes, não é se repetir.Envolve contato com o grupo, ensaios, reensaios, ajustes de partitura.Por outro lado a repetição de uma obra em concerto demonstra o amadurecimento de um trabalho.É comum a estreia de uma obra, mas é raro ela ser reapresentada, sobretudo reapresentada por grupos diferentes, o que demonstra crescimento da obra e de sua recepção.
No que diz respeito à criação propriamente dita: Ok, escrevemos a peça uma vez só, no entanto não temos como publica-la. Por isto o erro de considerar-se a estreia como publicação. Qdo publicação é
 publicação, seja digital ou analógica. O mesmo vale para gravação, que também não substitui a publicação nem a estreia.
Neste sentido é que necessitamos de um qualis de composição sério, distinto de qq qualis de livro ou congresso.Ok, podemos ter um primeiro critério: espaços de abrangência internacional, nacional, local; editoras idem; gravadoras idem.Mas temos também o repertório envolvido, sua dificuldade.Uma obra para orquestra tem uma certa complexidade de escrita, mas a mesma coisa se dá para um solo...ou seja, não pode ser por aí.
Por outro lado... a avaliação por pares: isto já ocorre no processo de seleção para concertos, não precisa ser refeito no qualis....aliás, o tempo de avaliação de uma banca para uma bienal é bem maior do que o do avaliador capes...o que torna sua qualificação falha.
Minha sugestão
 é:1. avaliação do local de difusão (concerto, evento, editora, gravadora: internacional, nacional, local; com/sem conselho; com/sem processo seletivo por pares)2. avaliação do grupo encarregado pela difusão (internacional, nacional, local)3. avaliação de amadurecimento: estreia, apresentação (considerando-se distancia mínima entre apresentações e se com o mesmo ensemble ou performer, que configure retrabalho..equivalendo assim estreia e apresentação)
A coisa é simples e não devemos nunca entrar em méritos de qualidade do trabalho: isto quem qualifica é o grupo que selecionou a obra, o evento que a aceitou, a gravadora, ou a editora. Já basta ter papers esculhambado por razões de discordância teórica...isto se multiplica exponencialmente no caso de trabalhos
 artísticos... 
absSilvio 


 		 	   		  

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