[ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre arte e ciência

Alvaro Henrique alvaroguitar em gmail.com
Sex Jun 15 11:28:03 BRT 2012


Caro Sílvio,

Também encaminho sua mensagem, que pode ser lida abaixo, à lista da ANPPOM.

Suas observações são boas para aprimorar a avaliação, e concordo com elas.

Não sei exatamente até quê ponto apenas um qualis menor geraria
desinteresse de músicos de participar em certos tipos de evento. Afinal,
quem produz num ano apenas uma única coisa, mesmo com qualis A1, ainda
pontua pouco. Pode sim levar os músicos a focar seus esforços numa
apresentação com qualis maior, mas não vejo isso como um problema.

Abraços,
Alvaro Henrique
-





Em 15 de junho de 2012 11:20, silvioferrazmello <
silvioferrazmello em uol.com.br> escreveu:

> Caro Álvaro,
>
> Minhas mensagens enviadas à Anppom não chegam pois não sei se ainda sou
> filiado.
> Por isto tenho de responder sempre pessoalmente e para pequenos grupos.
>
> Então:
> Teus argumentos são corretos, mas como vc vê vc mesmo já propôs uma série
> grande de variáveis.
> A princípio, até onde entendo a Capes, distinguem-se 3 espaços:
> Internacional (carneghie hall, opera de paris, teatros municipais de
> grandes capitais, grandes salas de espetáculo...)
> Nacional (Masp, teatro de Universidades, teatro de Music Hoschule e
> Conservatórios...mesmo que fora do país...)
> Local (auditório da faculdade ou instituto, pequenas igrejas de vilarejos,
> pequenas salas de concerto ou show)
>
> e isto tem de se articular com o evento que está por trás do concerto/show
> eventos internacionais como congressos ou encontros ou forum podem se dar
> em espaços Nacionais ou até mesmo Locais, mas o evento é internacional
> então vamos lá:
> eventos
> Internacionais Congressos, Festivais,
> Nacionais, Painéis, Congressos Nacionais, Festivais nacionais, Encontros
> etc
> Locais Colóquios, Mostras, etc...
> (Isto os Capesianos devem de ter já uma tabelinha para trabalhar)
>
> Então,
> se há evento, o evento qualifica o concerto/show
> se não há evento o local qualifica o concerto/show
>
> Estive no Encuentro Internacional de Compositores de Chile e lá tive uma
> estreia:
> Lá estávamos, Carola Baucholt (Profa. UDK Berlin), Fabien Levy (Prof.
> Columbia: NY), Jorge Horst (UNR Rosario), Emanuel Nunes (IRCAM), este ano
> terá Gabriel Manka, Phelipe Leroux, Marco Stroppa... a Capes pontuou como
> "B alguma coisa"...pois ele não sabe quem são as pessoas que passam por
> este evento...por outro lado pontuou alguns "A sei lá o que" para eventos
> que se deram no exterior mas que são eventos de abrangência nacional.
>
> este festival em Lima, o qual vc comenta também deve de ter sua dimensão
> nacional, ou mesmo internacional...
>
>
> Por outro lado, ainda, muitas vezes é importante que pessoas que já são
> reconhecidas pela comunidade participem de eventos novos, toquem ou tenham
> obras apresentadas em salas pequenas, em espaços Locais...o que é
> extremamente importante!!!!! mas que a Capes qualificaria mal....Ou seja,
> um grupo bacana de trabalho de difusão de música que viaje para pequenas
> comunidades apresentando um trabalho inédito pode correr o risco de ser mal
> qualificado...
>
> É o risco deste sistema que, como já disseram na lista, é estúpido.
>
> Abs
> Silvio
>
>
> On Jun 14, 2012, at 11:18 PM, Alvaro Henrique wrote:
>
> Sílvio (permita-me chamá-lo apenas por seu nome), ao optar pela opção
> "responder" ao invés da "responder a todos", os e-mails acabam não sendo
> enviados à lista, mas apenas ao autor da mensagem respondida.
>
> Acredito que um qualis em performance é extremamente simples,
> provavelmente mais simples que na composição - talvez porque sou da
> performance vejo assim ;-) . Mas veja só:
>
> - não é a mesma coisa tocar no auditório do próprio local de trabalho e
> tocar no Carnegie Hall;
> - não é a mesma coisa tocar numa orquestra de projeto social e ser solista
> da Berliner;
> - não é a mesma coisa organizar a própria apresentação e ser aprovado pra
> tocar no maior congresso da sua área;
> - não é a mesma coisa fazer um recital isolado e fazer uma turnê de
> lançamento de CD.
>
> Etc...
>
> Dá trabalho, talvez não seja interessante, mas é viável. Claro que a
> primeira versão terá falhas, mas só é aprimorável o quê já existe. Já tem
> um protótipo disso, como ser performance em evento acadêmico, ter âmbito
> nacional, local ou internacional, etc.
>
> E, ao contrário do que pensa o autor da matéria do jornal, uma performance
> A1 tem de valer o mesmo de um artigo A1, além da performance ter de ser
> avaliada por parâmetros da performance, não por de outro tipo de produção.
> O fato de "regência de coros comunitários" ser objeto de artigos A1 não
> deve fazer com que, para o qualis de performance, reger um coro de igreja
> valha mais que reger a Wiener Philharmoniker. Afinal, a proposta dele era
> que seu livro, por poder ser hipoteticamente objeto de estudo de um
> possível artigo qualificável como A1, deve inevitavelmente pontuar mais que
> um artigo A1 sempre. Especialmente se o livro for escrito por um professor
> e o artigo por um aluno, óbvio. Mais geração x, impossível. Desculpe a
> cutucada, aqui não é o local apropriado pra discutir conflito de gerações.
>
> Provavelmente se compositores se dedicarem a pensar um pouco sobre um
> qualis de composição serão encontradas essas diferenças óbvias que podem
> gerar uma proposta de qualis que terá falhas, mas a vida é assim. Só
> podemos discutir sobre melhorar o lattes havendo um lattes, não é mesmo?
>
> Correndo o risco de falar uma bobagem imensa, por meter o dedo de outra
> área, acho que faz sentido a Bienal pontuar como B1. Ela é demasiado
> nacional, em alguns aspectos extremamente local, pra pleitear um qualis
> maior que isso, apesar da peneira certamente ser dura. Desculpe-me se
> estiver mal informado, mas me parece que os intérpretes da bienal são
> apenas músicos da cidade que a organiza. Isso é um dos fatores que limita o
> alcance e a relevância do evento em muitos aspectos, que vão desde
> a intérpretes trabalhando em ritmo de produção que compromete as
> performances à pouca repercussão das obras - afinal, é natural que
> intérpretes que preparam uma obra para um evento importante a toquem em
> pelo menos uma ocasião mais, e se 100 intérpretes de 1 cidade a toquem de
> novo, foi apenas uma reprise na mesma cidade, provavelmente pro mesmo
> público, enquanto 100 músicos de 100 cidades que a toquem de novo gerarão
> 100 outras cidades e milhares de outros ouvintes apreciando um pouquinho da
> bienal. O fato da Bienal não ser um evento itinerante e não gerar gravações
> também não ajuda. Já que apenas os moradores de uma cidade e os
> compositores prestigiados podem apreciar o evento, o alcance fica
> incrivelmente menor que eventos de pequeno porte, como o Festival de Música
> Clásica Contemporánea de Lima, que transmite as apresentações ao vivo pela
> internet, produz ao final CDs com trechos de cada um dos recitais, e conta
> com a presença de compositores e intérpretes de quatro a seis países
> diferentes.
>
> Concordo que o julgamento de qualis deve ser mais focado em relevância e
> alcance que qualidade (tanto composição quanto performance). Sem dúvida o
> fato de uma apresentação ter acontecido ou de uma composição ter sido
> tocada significa que ela já teve seu mérito de qualidade julgado como
> satisfatório, do contrário aquela performance não ocorreria.
>
> Abraços,
> Alvaro Henrique
>
>
>
>
>
> Em 11 de junho de 2012 19:44, Damián Keller <musicoyargentino em hotmail.com>escreveu:
>
>>
>> Reencaminhando...
>>
>> Abraços,
>> Damián
>>
>> Dr. Damián Keller - Núcleo Amazônico de Pesquisa Musical (NAP) -
>> Universidade Federal do Acre - Amazon Center for Music Research - Federal
>> University of Acre - http://ccrma.stanford.edu/~dkeller
>>
>>
>> ------------------------------
>> Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Matéria sobre avaliação diferenciada entre
>> arte e ciência
>> From: silvioferrazmello em uol.com.br
>> Date: Wed, 6 Jun 2012 10:10:29 -0300
>> CC: musicoyargentino em hotmail.com
>> To: alexandre_ficagna em yahoo.com.br; rcaesar em oi.com.br;
>> carole.gubernikoff em gmail.com
>>
>> Como minhas mensagens não são postadas na lista da ANPPOM, escrevo a
>> vcs...
>>
>> Falando da composição, minha área de atuação:
>>
>> Existe uma grande diferença entre produção artística e produção
>> científica.
>> A primeira dela diz respeito a arte da performance: "l'art de la
>> répétition" ... "rehearsal art"
>> O que para um teórico seria repetir, repetir um artigo ou palestra aqui
>> ou acolá, na arte é outra coisa: repetir uma obra tem implicações muito
>> mais sérias e interessantes do que simplesmente se repetir.
>>
>> Do mesmo modo que tocar um concerto duas vezes não é se repetir (o
>> repertório é sempre retrabalhado, sempre envolve boas horas de estudo), ter
>> uma obra tocada duas vezes ao ano, por grupos diferentes ou pelo mesmo
>> grupo mas em lugares muito diferentes, não é se repetir.
>> Envolve contato com o grupo, ensaios, reensaios, ajustes de partitura.
>> Por outro lado a repetição de uma obra em concerto demonstra o
>> amadurecimento de um trabalho.
>> É comum a estreia de uma obra, mas é raro ela ser reapresentada,
>> sobretudo reapresentada por grupos diferentes, o que demonstra crescimento
>> da obra e de sua recepção.
>>
>> No que diz respeito à criação propriamente dita: Ok, escrevemos a peça
>> uma vez só, no entanto não temos como publica-la. Por isto o erro de
>> considerar-se a estreia como publicação. Qdo publicação é publicação, seja
>> digital ou analógica. O mesmo vale para gravação, que também não substitui
>> a publicação nem a estreia.
>>
>> Neste sentido é que necessitamos de um qualis de composição sério,
>> distinto de qq qualis de livro ou congresso.
>> Ok, podemos ter um primeiro critério: espaços de abrangência
>> internacional, nacional, local; editoras idem; gravadoras idem.
>> Mas temos também o repertório envolvido, sua dificuldade.
>> Uma obra para orquestra tem uma certa complexidade de escrita, mas a
>> mesma coisa se dá para um solo...ou seja, não pode ser por aí.
>>
>> Por outro lado... a avaliação por pares: isto já ocorre no processo de
>> seleção para concertos, não precisa ser refeito no qualis....aliás, o tempo
>> de avaliação de uma banca para uma bienal é bem maior do que o do avaliador
>> capes...o que torna sua qualificação falha.
>>
>> Minha sugestão é:
>> 1. avaliação do local de difusão (concerto, evento, editora, gravadora:
>> internacional, nacional, local; com/sem conselho; com/sem processo seletivo
>> por pares)
>> 2. avaliação do grupo encarregado pela difusão (internacional, nacional,
>> local)
>> 3. avaliação de amadurecimento: estreia, apresentação (considerando-se
>> distancia mínima entre apresentações e se com o mesmo ensemble ou
>> performer, que configure retrabalho..equivalendo assim estreia e
>> apresentação)
>>
>> A coisa é simples e não devemos nunca entrar em méritos de qualidade do
>> trabalho: isto quem qualifica é o grupo que selecionou a obra, o evento que
>> a aceitou, a gravadora, ou a editora. Já basta ter papers esculhambado por
>> razões de discordância teórica...isto se multiplica exponencialmente no
>> caso de trabalhos artísticos...
>>
>> abs
>> Silvio
>>
>>
>>
>>
>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
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>
>
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