[ANPPOM-Lista] Composição em Grupo

Daniel Lemos dal_lemos em yahoo.com.br
Seg Mar 19 13:34:57 BRT 2012


Olá prof. Palombini,

Creio que no primeiro exemplo que deste, parecer ser também o papel do intérprete na composição coletiva. Então esta participação pode ser considerada composição coletiva (assim como na Música Aleatória, o intérprete pode também ser considerado compositor?) Ou poderia ser mais um caso de "fordismo musical", dada a utilização do intérprete pela sua especialidade no domínio do instrumento, seguindo as tarefas ordenadas pelo "compositor-chefe"? É uma questão a se pensar... ainda não tenho muito claro o que seria de fato a composição coletiva, mas seria interessante analisar diversos contextos pra compreender o que pode ser "isto". Vamos ver se esboçamos algumas conclusões...

Um abraço,

Daniel LemosCurso de Música/DEART - musica.ufma.brufma.academia.edu/dlemos - audioarte.blogspot.com
Universidade Federal do Maranhão


--- Em seg, 19/3/12, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com> escreveu:

De: Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Composição em Grupo
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Segunda-feira, 19 de Março de 2012, 1:39


Daniel,

Não tenho nenhuma referência bibliográfica pra lhe oferecer, mas lembro que participei de duas experiências do gênero. A primeira foi em 1984, na oficina de composição coletiva que Klaus Huber ministrou no Décimo Segundo Curso Latino-Americano de Música Contemporânea, em Tatuí, nos tempos de Koellreutter. Participaram da oficina, entre outros, Álvaro Guimarães (falecido, <http://blog.joseeduardomartins.com/index.php/2009/07/04/alvaro-guimaraes-1956-2009-2/>, meu amigo Luiz de Bragança (falecido, <http://youtu.be/PU8fF3uu6Zs>), Fortuna (<http://www.youtube.com/watch?v=BYhIO1LQlGI>), que depois fez carreira como cantora, e outros que não lembro. Mas lembro muito bem que Klaus Huber, depois de me ouvir ao piano, exclamou atônito: "mais c'est de la musique de salon!". Ele e Herman Sabbe, no entanto, gostavam de me ouvir declamar Rimbaud: "Jadis, si je me souviens bien, ma vie était un festin où s'ouvraient tous les coeurs, où tous les vins
 coulaient. Un soir, j'ai assis la Beauté sur mes jenoux. --- Et je l'ai trouvée amère. --- Et je l'ai injuriée."


Assim, meu papel na composição coletiva foi de escolher o texto, que foi picotado por processos muito elaborados de música contemporânea, o que deixou a salvo minha musique de salon. Lembro que após a apresentação, um latino-americano mais exaltado, levantou-se na platéia para dizer que aquela música era execrável, e que Klaus Huber não teria coragem de apresentar aquilo na suíça. E eu defendi o mestre.


A segunda experiência foi em Londres, durante um curso de Analog Sound Recording and Production Techniques. Um dos trabalhos do curso era produzir em estúdio de 16 canais uma composição coletiva. Isso foi em 1987, e passado um quarto de século, o baixo da dita composição ainda me assombra.


Em ambos os casos os resultados foram, de modos diversos, horrorosos.

Abraço,

Carlos  

-- 
carlos palombini
www.researcherid.com/rid/F-7345-2011



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