[ANPPOM-Lista] Composição em Grupo

J Manzolli jotamanzo em hotmail.com
Qui Mar 22 09:58:35 BRT 2012


Ola a todos,
Concordo com o Rodolfo que há uma assimetria entre material bibliográfico e produção em composição coletiva, improvisação, etc.Parece que há uma tendência de considerar este tema  como se fosse de segunda ordem. não é!Para mim, é importantíssimo e estamos neste momento vivenciando uma emergência desta prática.Recentemente, no mês passado, realizei uma performance coletiva com o pessoal da UFU, o grupo MAMUT.Foi bacanérrima!
A semana passada, estive na UFPel com o grupo de Piano Preparado (Lucia, Joana, Catarina) e os compositores (James e o Rogério),foi também uma experiência muito bacana. Realizamos junto Intervenções, Uma performance utilizando o repertório para piano preparado junto improvisaçõesao vivo com interfaces e live eletronicos. Para mim foi super!
Enfim, nós podemos e devemos compartilhar mais música e fazer mais música JUNTOS.
abs,
Jonatas.

Date: Thu, 22 Mar 2012 07:51:35 -0300
From: rodolfo.caesar em gmail.com
To: dal_lemos em yahoo.com.br
CC: anppom-l em iar.unicamp.br
Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Composição em Grupo

Caros,


Muito interessante a assimetria entre material bibliográfico e produção em composição coletiva / improvisação. É mesmo um tema e tanto para dissertações.
Caso seja de seu interesse, posso encaminhar diretamente ao seu email, Daniel, dados sobre  eventos, dos quais me lembro, que podem somar. De alguns deles participei. Foram parcerias com Vania Dantas Leite, Tim Rescala, o Conjunto Vazio (Vania, Tato Taborda, Tim Rescala + convidados Sandra Lobato, Anna Maria Kieffer, Léo Küpper), Maurício Loureiro, Peter Schuback, Ale Fenerich, Fernando Iazzetta, Michelle Agnes, Lilian Campesato, J.A. Mannis.

Digníssimo de nota era o grupo Juntos, dirigido pelo Tato. E deve ter mais um monte que não estou lembrando agora.

Abs,

Rodolfo Caesar



2012/3/21 Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>


Olá Sílvio,


Interessante o conceito de improvisação que mencionaste. Lembro que há pouco foi dito que a improvisação seria uma "mescla" de composição e performance, mas tu deste um exemplo interessante de improvisação em termos de notação musical.


Sobre a questão do tempo, me recordo também do que Berio disse ao tratar sobre a Sequenza IV para Piano. Nesta peça, Berio tratou melodia e harmonia como um só elemento musical, sendo que se este elemento estivesse expandido no tempo, seria melodia; caso estivesse condensado, tenderia à harmonia. Interessante este tratamento do "horizontal" e "vertical" na Música.


Um abraço,

Daniel LemosCurso de Música/DEART - musica.ufma.br
ufma.academia.edu/dlemos - audioarte.blogspot.com
Universidade Federal do Maranhão



--- Em qua, 21/3/12, silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br> escreveu:


De: silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Composição em Grupo
Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>

Cc: anppom-l em iar.unicamp.br
Data: Quarta-feira, 21 de Março de 2012, 20:34

Oi Daniel,Se posso colocar mais lenha da fogueira.
Toda tipologia sempre se desdobra sem fim.
Existe um processo composicional que implica em improvisação também, mesmo que sobre o papel.Lembro aqui de um processo descrito pelo Marcos Mesquita, em que escrevia a cada dia um acorde sobre o papel, qualquer acorde, e depois de um ano escrevendo acordes com durações
 específicas, os reuniu todos e apresentou como peça para piano.Também trabalhei assim na composição de uma de minhas peças para piano, todo dia escrevia um ou dois compassos, se escrevia algo que não gostava, estava impedido de apagar, tinha de prosseguir e tentar fazer aquela coisa se apagar auditivamente.
Ou seja, são processos temporais, talvez a questão não seja distinguir improvisação e composição pelo paradigma clássico de profundidade mas pelo modo como o tempo se manifesta no processo.Um compositor que trabalhe simples melodias, harmonizadas e encadeadas, não necessariamente trabalha com universos "fora do tempo", talvez tenha o domínio temporal com parceiro, assim como um improvisador.

E nas improvisações podemos ter também o oposto, o chorinho compreende uma estrutura super complexa, que os músicos dominam, e que agenciam nas improvisações...ou seja, tocam uma
 peça hiper-escrita, que sequer precisa estar na partitura de tão estruturada que é. 
absSilvio
  
On Mar 21, 2012, at 2:36 PM, Daniel Lemos wrote:


Olá caro Sílvio e colegas,

Achei bem pertinente definir duas modalidades de composição coletiva: "rizomática" e "arborescente". Seria possível que a improvisação pudesse assumir duas funções neste contexto:


a) servir como ferramenta composicional, a partir da experimentação e avaliação dos elementos musicais pesquisados;
b) representar a liberdade - "livre-arbítro" segundo Boulez - no processo de composição, onde há liberdade ao intérprete ou compositor para tomada de decisões.
 Aqui teríamos os elementos musicais que não podem ser controlados de forma sistemática pelo compositor ou o sistema composicional utilizado.

Com relação a esta "letra b", gosto de pensar em "improvisação" como imprevisibilidade e "composição" como controle, todos fazendo parte de um mesmo processo - que seria a elaboração de uma
 obra musical (Swanwick já defendia esta ideia, mas em outro contexto, voltado à didática musical). Toda obra pode se encaixar em um ponto entre a improvisação e a composição. Não existe peça onde se possa controlar na totalidade todos os aspectos musicais - parâmetros, agógica, acústica, intenção do intérprete, recepção pelos ouvintes, por exemplo; nem existe peça totalmente improvisada, pois toda peça necessariamente possui uma forma musical. Neste caso, creio que o "rizomático" e o "arborescente" se fundiriam em um elemento só, variando o peso de cada um de acordo com o contexto musical. Não seria?


Um abraço,

Daniel LemosCurso de Música/DEART - musica.ufma.br
ufma.academia.edu/dlemos - audioarte.blogspot.com
Universidade Federal do Maranhão



--- Em qua, 21/3/12, silvioferrazmello
 <silvioferrazmello em uol.com.br> escreveu:


De: silvioferrazmello <silvioferrazmello em uol.com.br>
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Composição em Grupo
Para: "Ale Fenerich" <fenerich em gmail.com>

Cc: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>, anppom-l em iar.unicamp.br

Data: Quarta-feira, 21 de Março de 2012, 10:33

Daniel
Acho que aquele quadro que escrevi ainda outro dia se amplia ainda mais com estas experiências do Alexandre.Quando ele fala da geralda, traz uma coisa importante: o suporte dirige muito o trabalho.

Quando trabalhamos em Campos tínhamos o Flo conduzindo a parte eletrônica com alunos mais voltados a esta prática (dentre eles o ignácio Campos) e eu a parte de escritura instrumental (dentre os
 alunos, o Pedro Kroeger)Cada um dos domínios acabou tendo um rumo, mesmo que concatenados a cada aula coletiva, o que de certo modo foi conduzido pelo tema do curso: Messiaen.Naquele caso tínhamos então 3 determinantes, Messiaen, a eletroacústica e a escrita instrumental.

Pensando um pouco sobre o que veio sendo debatido, vejo no mínimo dois mecanismos:o rizomático (coletivo em que depois de certo tempo não se tem mais como localizar pontos de origem)
o arborescente (coordenado, seja por uma pessoa, seja por um sistema, seja por um suporte ou uma temática)
acho que aqui chegamos a um suporte teórico bacana que é a sistêmica e seus diversos desdobramentos na ciência, nas artes e na filosofia.

No Brasil acho que Jonatas, Mannis (ele faz cursos de composição empregando a ideia de composição coletiva com I-Ching, na UNICAMP),
 Iazzetta, Rogério Costa, Duda, e o pessoal da Paraíba (nesta exp. narrada pelo Valério), o pessoal do N-1...são realmente referências interessantes.Muitos destes trabalhos tem resultados escritos em textos, dentre eles a tese de doutorado do Rogério (infelizmente ainda não publicada) que traz muito das ramificações de processos de criação coletiva por improvisação livre que trabalhamos no antigo grupo Akronon.

abssilvio
On Mar 19, 2012, at 10:11 PM, Ale Fenerich wrote:
Caro Daniel e demais colegas

há alguns anos tenho participado de iniciativas de composição coletiva e posso colecionar alguns tipos de experimento.



Em 2003-2005 participei, com Daniel Quaranta, Luiz Eduardo Castelões e Rodolfo Caesar, tanto do grupo Experimenta (eu + Quaranta + Castelões) quanto do AnãMagra (os quatro, posteriormente só eu e Caesar). Em ambos os casos, alguém vinha com uma base ou um som a ser transformado pelo outro. Me lembro de ter botado na roda um sambão de gafieira todo picotado; Caesar botou uma invenção de Bach filtrada; Quaranta, um ritmo de Candomblé; Castelões, algumas buzinas sequenciadas, etc. 


Isso deu margem, se bem me lembro, para algumas músicas minhas (A Escada Infinita, A Morte do Compositor de Terno: http://sussurro.musica.ufrj.br/fghij/f/fenerichale/fenerichale.htm) e de outras tantas de Caesar, que ele chama de "Quatro Peças para 'Lounge" (http://sussurro.musica.ufrj.br/abcde/c/caesarrodolf/20052005/caesarro7.htm). No Experimenta deu um Frankstein bem interessante, que apresentamos na Bienal de 2003 (Heterotopias 2). Infelizmente isso não está no ar.



O procedimento era como de uma transformação contínua de um tema de passacaglia, por exemplo: cada um vinha com uma camada a mais (ou a menos) em um bolo que partiu de uma ideia ou material musical bem simples.


Um outro projeto que participo há anos é o Duo N-1, com Giuliano Obici. Ali fazemos de tudo: compomos, criamos instrumentos, improvisamos, tocamos, criamos imagens e relações audiovisuais, fuçamos em tecnologia. Ultimamente temos nos especializado: realizamos em duo a concepcão das peças audiovisuais ao vivo mas Giuliano se responsabiliza da realização da imagem, e eu, do som. No entanto, é uma composição coletiva conseguida às custas (ou pelo benefício) de muito diálogo, conversas de bar, ensaios infindos, piração coletiva. Não creio que saia boa coisa de uma prática de composição coletiva sem uma grande dose de cumplicidade.



Poderia falar também da minha prática de improvisação com Tato Taborda, realizada há anos também, que é dirigida por ele e pelas sonoridades da Geralda, seu instrumento: 


http://www.youtube.com/watch?v=wvDnbOa1obU
São improvisações livres, mas o material e as direções são todas sugeridas pelo instrumento!



Enfim, são algumas práticas as quais participei/participo. Posso te dar mais detalhes, se for do seu interesse!

Um abraço, boa sorte na sua busca



Alexandre Fenerich
Em 16 de março de 2012 11:10, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> escreveu:


Olá,

Gostaria de saber se vocês conhecem referências 
bibliográficas sobre prática de Composição em grupo. Não tenho tido 
sucesso nas pesquisas até agora. Muito obrigado pela atenção.

Cordialmente

Daniel Lemos

Curso de Música/DEART - musica.ufma.brufma.academia.edu/dlemos - audioarte.blogspot.com

Universidade Federal do Maranhão



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