[ANPPOM-Lista] Aberta as inscrições para o edital do funk

[Daniel Lemos]

Caro Pedro:

Agradeço seu posicionamento, que foi muito esclarecedor (certamente não só para mim). A leitura que tenho sobre o termo "axé" de fato é superficial, com base no que é apresentado nas mídias massivas e no uso corrente deste termo em conversas informais. Acabei me utilizando de um estereótipo para tentar ilustrar a questão inerente ao Edital do funk carioca. Eu não sabia da pluralidade que cerca o termo "axé". Residi em Salvador durante um ano apenas. Além disso, para conhecer a realidade cultural de um lugar, de fato torna-se necessário uma imersão e um convívio que eu nunca tive com esta localidade.

De certa forma, cabe uma reflexão sobre como as mídias massivas tem sido ineficazes para a real divulgação do patrimônio cultural brasileiro. Mais uma vez, reforço a crítica sobre as mídias empresariais e as políticas culturais, que em todos os seus mecanismos de incentivo cultural, é ineficaz para tornar claro o que realmente importa: levar o conhecimento sobre nossas identidades plurais a outros locais, regiões e, até mesmo, nações. E me preocupa muito o fato de que as pessoas responsáveis pela gestão da Cultura no país, na grande maioria das oportunidades, não estão a par deste tipo de discussão, o que não garante um compromisso com esta visão plural da Cultura. Basta ver o exemplo de quem são nossos Secretários de Cultura: raramente tiveram em suas vidas a experiência de conhecer as questões e inquetações do artista.

Só mais uma observação: não sou musicólogo. E certamente seria motivo de vergonha se tivesse a pretensão de me afirmar como um. Entretanto, posso afirmar que sou apenas alguém que está sempre buscando verdades.


Abraço,
Daniel