[ANPPOM-Lista] Aberta as inscrições para o edital do funk
Daniel Lemos
dal_lemos em yahoo.com.br
Qua Dez 18 12:46:38 BRST 2013
Caro Hugo:
Você disse: "Eu quero que o Estado dê dinheiro, mas somente para mim e aqueles que eu acho que merecem (...)"
Eu quero saber o que eu estou realmente ganhando com isso (além de queimar pestana numa lista de discussão).
1) Se o Edital não fosse para o funk carioca, mas para os estilos em geral, eu seria beneficiado com o "dinheiro só pra mim" conforme tu afirmaste? Obviamente, eu não tenho nenhum interesse nesse Edital, e em nenhum outro publicado pela Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Eu moro no Maranhão. Agora, isso não impede a ninguém de observar e criticar a forma como as políticas culturais tem sido conduzidas. Restringir o Edital para determinados estilos é, também, reduzir o acesso democrático aos artistas: isso é uma espécie de "cota cultural". Tem que se pensar muito bem na intervenção cultural que se pretende fazer ao publicar um Edital dessa maneira.
2) A questão de reduzir o teto de valores para projetos ajuda, e muito, a expelir essa horda de grandes empresas e artistas ricos e já renomados pela mídia. Nesse aspecto, o Edital do funk carioca pode ajudar artistas que pretendem seguir carreira nesse estilo musical mas ainda não estão nas mesmas condições do Mister Catra ou o Mc Serginho (esse último eu acho que já está até mais "ultrapassado"; me corrijam se eu estiver errado, por favor). Porém, o que se pretende avaliar é se somente os "aspirantes" ao funk carioca mereceriam ter este acesso. Por isso que limitar a corrente estética nos Editais de Cultura é complicado. Seria necessário, então, publicar Editais para todas as outras correntes estéticas como o Choro e o Samba, por exemplo. O governo deve sempre agir com ISONOMIA.
3) e o mais importante: é preciso saber diferenciar o MÚSICO da MÚSICA. Este Edital é um exemplo que visa ao incentivo da Música (trata do estilo musical), mas não para o Músico. Edital para o músico é aquele que pretende apoiar artistas, independentemente do estilo, etnia, raça, condições sociais, e etc. etc. etc.
Daniel
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Em qua, 18/12/13, Hugo Leonardo Ribeiro <hugoleo75 em gmail.com> escreveu:
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Aberta as inscrições para o edital do funk
Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
Cc: "anppom-l" <anppom-l em iar.unicamp.br>
Data: Quarta-feira, 18 de Dezembro de 2013, 8:57
Prezado Daniel,
é nesses momentos que você soa bastante
demagogo: Eu quero que o Estado dê dinheiro, mas somente
para mim e aqueles que eu acho que merecem ou
"precisam".
Você mesmo disse em email anterior que uma das
soluções seria diminuir o valor de repasse para
desencorajar os grandes artistas como você citou. Agora
está querendo dizer que determinados gêneros dentro de
seus Estados de maior impacto também não podem usufruir da
farra pública? E como ficam os artistas menores que também
querem uma fatia do bolo mas ainda não conseguiram o
espaço na mídia ou entre os empresários? Ou você pensa
que toda banda de axé de Salvador ou dupla sertanjeja
goiana já nascem gravando discos e vendendo shows para
milhares de pessoas? Claro que você sabe que não é o que
acontece.
Hugo
Em 17 de dezembro de
2013 09:38, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
escreveu:
Prezados,
Aí uma questão a ser discutida... o funk realmente precisa
de editais para fomentar sua circulação?
Por acaso, a FUNCEB (Fundação de Cultura do Estado da
Bahia) alguma vez abriu edital para apoio ao axé? E a
Secretaria de Cultura de Goiás, apoia música sertaneja?
A questão envolve o porquê de apoiar estilos que já são
evidentemente privilegiados pelas mídias empresariais.
Ligue a tv na globo: a maioria das vinhetas usam elementos
rítmicos e timbrísticos do funk carioca. Este estilo não
precisa de apoio estatal.
Qual deve ser o papel do Estado ao regular (ou até mesmo
intervir) questões culturais? E qual deveria?
Abraço,
Daniel
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