[ANPPOM-Lista] Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em Música da UFBA

Bruno Angelo bmangelo em yahoo.com.br
Dom Fev 3 12:21:58 BRST 2013


Creio que a ideia de música e pesquisa especulativas ameaçadas pelo mercado ou indústria cultural é uma distorção insistente que prejudica o desenvolvimento de nossa profissão, principalmente no tocante ao que chamamos "música de concerto". Creio que justamente o que se necessita no Brasil é a formação de mais mercados (novas formas de produção e consumo, novos públicos) para esse tipo de arte, e que apostar no financiamento eterno do Estado como um direito intocável pelo simples fato de ser "especulativo" é uma posição demasiado acomodada. Que o digam os alunos "especulativos", que, em geral, se não quiserem seguir carreira na academia devem deixar de especular ou sair do país (não será semelhante o caso de Nelson Freire?)

Abraços

Bruno Angelo





De: Alvaro Henrique <alvaroguitar em gmail.com>

Para: Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> 
Cc: anppom-l em iar.unicamp.br 
Enviadas: Sábado, 2 de Fevereiro de 2013 22:28
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em Música da UFBA
 

Concordo especialmente com sua última frase, Daniel. Acho um equívoco essa noção "socialista" que a educação tem no Brasil. Acredito que cursos com propostas diferentes, em cidades diferentes, tendem a ser uma solução melhor que todo mundo ensinando o mesmo do mesmo jeito. 


Abraços,
Alvaro Henrique
www.alvarohenrique.com
----
http://www.youtube.com/watch?v=44Kf0yBMgKU 



Em 1 de fevereiro de 2013 14:27, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> escreveu:


>Prezados,
>
>A discussão está interessante, permitam-me adicionar um ponto de vista.
>
>Se a criação do mestrado profissionalizante na UFBA desperta boas perspectivas com sua criação, ocorre também porque o formato de mestrado acadêmico vigente falhou em termos de consolidar de forma satisfatória a prática musical como parte constituinte da produção essencial de Música. Se isto tivesse ocorrido de fato, não seria necessário propor um modelo profissionalizante de Mestrado. Um exemplo bizarro disso é que muitas dissertações visam a analisar o trabalho de músicos importantes, mas se estes mesmos músicos estivessem na academia, seu trabalho seria pouco valorizado. Por exemplo: Nelson Freire é um dos pianistas mais importantes da história do país, mas se o mesmo fosse professor em uma Universidade brasileira, o reconhecimento de
 sua produção certamente seria bem menor.
>
>Segundo ponto: o distanciamento entre teoria e prática não advém necessariamente da existência de dois tipos de pós-graduação, mas de como nós enquanto professores, alunos e indivíduos em exercício musical aplicamos de fato em nossas atividades musicais. Há pesquisas de mestrado acadêmico de forte caráter prático, e isso não se deve à proposta do programa em si, mas à atitude de um determinado orientador e seu orientando frente ao modelo institucionalizado. Assim, este distanciamento ocorre porque muitas pessoas ainda falham em conduzir pesquisas e outros tipos de atividade que equilibrem estas duas dimensões do conhecimento musical.
>
>Por último, reforço que é importante diversificar as opções de formação existentes. Se há mestrados profissionais e acadêmicos, será um grande ganho para a área de Música como um todo. Agora, é importante conceber que um não é
 melhor que o outro: eles apenas possuem propostas diferentes, assim como ocorre entre Licenciatura e Bacharelado.
>
>Abraços,
>
>
>
>Daniel Lemos Cerqueira
>Coordenador do Curso de Música
>Coordenador do PIBID de Artes
>
>Membro da Comissão Permanente de Vestibular
>Universidade Federal do Maranhão(UFMA)
>http://musica.ufma.br
>
>
>--- Em qua, 30/1/13, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br> escreveu:
>
>
>>De: luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
>>Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em Música da UFBA
>>Para: "“anppomlist“" <anppom-l em iar.unicamp.br>, professoresdemusicadobrasil em googlegroups.com, silvioferrazmello em uol.com.br
>>Data: Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2013, 18:31
>>
>>
>>Caros Lucas, Silvio e colegas/professores, 
>>
>>  Eu estava pensando há dias nesse assunto. 
>>  Confraternizo-me com as questões levantadas. Partamos da consideração de que 1) Um dos problemas da performance artística (e da composição experimental de vanguarda) é ter um espaço para resguardo das exigências profissionais de mercado e instituições promotoras de concertos para desenvolver pesquisa especulativa e 2) Que esse espaço tem sido suprido em parte pela pesquisa na universidade nos seus modelos que melhor reconhecem a produção artística... 
>>    Então quais as consequencias de um mestrado profissionalizante que, se entendi bem, propõe retirar a ênfase da reflexão teórica, resguardada para professores de cátedra e pesquisadores, e enfatizar a prática como aplicação das teorias? Ou seja, separar teoria
 de prática exatamente num momento em que cresce um movimento de integração entre essas instâncias?
>>   Me parece que o que está em questão aqui não é nem reduzir a importância e a presença da teoria e da reflexão, que renova e retira o gesso das práticas tecnológicamente aplicadas (frequentemente irrefletidas, que seguem se reproduzindo por que "sempre se fez assim", por que "assim funciona"), mas da manutenção do modelo de separação entre teoria e prática. Ora, as artes são justamente o território em que as duas coisas se mesclam de maneira mais exemplar! São o terreno em que a investigação histórica e a pesquisa tem maiores consequencias no desenvolvimento e aprofundamento das produções... um mestrado profissionalizante não seria a instauração de um preceito questionavel, o de que na música se dividem as pessoas entre os que pensam e ensinam e os que fazem e praticam? 
>>    Outro ponto é a
 vinculação da pesquisa academica a instituições de interesse. Esse modelo já solapou muitas pesquisas especulativas que não despertam interesse do mercado, mas que nem por isso são menos importantes ou tem menos consequencias para o que se faz nas diversas áreas. Me parece que a academia acaba reconhecendo o seu lugar como patrocinadora e vincula esse patrocínio a um setor de estudo, dividindo o que deveria estar integrado. Ou seja, a universidade pública casa-se com o mercado profissional no nível da pos-graduação.
>>    Em todo o caso, essa crítica não diminui o reconhecimento da importância da iniciativa e a torcida para que as coisas aconteçam da melhor maneira possivel. Se os professores da UFBA estão encontrando esse caminho, com certeza é por bons motivos. Só torço para que o diálogo de ideias das diversas áreas permaneça mais fluido ainda, já que estão se separando quase que
 institucionalmente.
>>
>>Abraços, 
>>
>>Luciano Morais
>>
>>
>>--- Em qua, 30/1/13, silvioferrazmello em uol.com.br <silvioferrazmello em uol.com.br> escreveu:
>>
>>
>>>De: silvioferrazmello em uol.com.br <silvioferrazmello em uol.com.br>
>>>Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Lucas Robatto sobre o Mestrado Profissional em Música da UFBA
>>>Para: "“anppomlist“" <anppom-l em iar.unicamp.br>, professoresdemusicadobrasil em googlegroups.com
>>>Data: Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2013, 11:04
>>>
>>>
>>>
>>>Caros Lucas e colegas,
>>>
>>>A proposta da UFBA é bastante interessante, e tem de ser parabenizada.
>>>Porém ela dá a volta sem resolver um problema fundamental: a contínua separação entre performance, criação e reflexão conceitual (ou teórica).
>>>Tanto a produção composicional e de performance devem
 ser
 consideradas produções acadêmicas (aquelas que se dão na academia), não se distinguindo da conceitual, nem sendo complementares umas às outras.
>>>Uma tese em matemática pode ter 10 linhas introdutórias e 100 páginas de cálculo, que apenas os matemáticos entendem, por que uma tese em música não pode ter 10 linhas introdutórias e 100 páginas de partitura ou 2 horas de gravação, que só os músicos entendem?
>>>Por que a música, pelo seu flerte com as ciências humanas, tem de se submeter a mecanismos intelectuais do século XIX?
>>>
>>>Por que não podemos assumir a posição de uma ciência a parte, um real estética (ciência do sensível) e com isto reservar lugar digno para a produção do musicólogo (esta conceitual ou história) e para a produção musical (em teses e dissertações focadas em suas práticas, nas quais os textos não necessariamente se constituam em trabalhos conceituais ou teóricos).
>>>Claro que o texto
 clarifica uma proposta, ele introduz, apresenta uma proposta composicional ou de performance, mas ele não pode ser o único resultado esperado deixando à prática o lugar de campo de experimentação.
>>>
>>>Mas de qq maneira, parabenizo a iniciativa, pois já coloca a prática em algum lugar na produção acadêmica.
>>>Apenas pergunto se já não estaria na hora de assumirmos nossas produções musicais em sua íntegra.
>>>
>>>Se não formos nós a fazer tal mudança, sem dúvida ela não será feita pelo departamento de engenharia elétrica.
>>>
>>>abs
>>>Silvio Ferraz
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