[ANPPOM-Lista] Sismologia Estelar

Alexandre Torres Porres porres em gmail.com
Qui Fev 28 20:43:44 BRT 2013


Olá Daniel, pois é, o assunto é interessante :)

Sobre o que vc falou da gravidade em "1)", eu posso dizer com certeza que,
acaso o sol desaparecesse do universo por algum motivo excuso, só
sentiríamos a sua ausência, tanto na gravidade que ele exerce sobre nós
como no "apagão" da luz, 8 minutos depois, que é o tempo que demora pra
viajar do sol até nós na velocidade da luz. Claro que a certeza disso não é
"minha", mas foi o que li ser o consenso dos físicos atuais, e, se não me
engano, isso vem desde a relatividade de Einstein.

Mas sim, a gravidade em si não é uma "radiação". Já no caso do que se
entende, teoricamente, sobre o que seriam "ondas gravitacionais", elas sim
são chamadas de "radiação". Mas não que eu seja um expert no assunto, só
estou passando coisas que eu acho por aí em lugares como a wikipedia. E
aqui vai um verbete sobre "radiação gravitacional" que fala sobre ondas
gravitacionais.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Radia%C3%A7%C3%A3o_gravitacional

Ali também fala que essas ondas viajariam na velocidade da Luz.

Sobre "2)" sim, os tipos de ondas são similares e possuem algumas
propriedades em comum. Falamos do Efeito Doppler, que se aplica tanto às
ondas de som quanto às de luz. Mas eu estou fazendo o papel do cara chato
de dizer que som é um tipo bem específico de onda sonora e de fenômeno
físico, e que precisamos ser mais cautelosos antes de dizer pura e
simplesmente que o universo canta, assovia, grita e tudo mais.

E sobre o que eu andei vendo sobre ondas gravitacionais (inlcui-se ali o
wikipedia e outras fontes), elas são de uma natureza bem distinta, tanto
que ainda não conseguimos detecta-las diretamente, pois fogem do padrão dos
outros tipos de ondas. E para detecta-las, como diz ali no wikipedia, um
experimento que poderia aferir isso consiste  em conseguir medir
"alterações da energia interna de corpos massivos a baixíssimas
temperaturas confinados em sistemas amortecidos em laboratório". Logo, não
vejo um comportamento de ondas como conhecemos, do tipo refração e
reflexão. Também não entendi como poderiam "virar som" - mas estou pra ler
o artigo enviado pelo Tuti a respeito disso.

Sobre "3)", o artigo que postou do método de Sismologia Estelar diz que ela
não foi responsável por detectar planetas, mas sim por determinar o tamanho
da estrela. Eis que o tamanho do planeta detectado foi estimado em relação
à estrela. O interessante desse artigo é que foi a primeira vez que
conseguiram detectar um planeta tão pequeno graças a essa técnica, já que a
estrela é pequena.

E também não vi algo sobre transformar "luz" em som como próprio da
Sismologia Estelar. Como disse, a ideia de analisar os dados como som é
comum na astronomia. Mas o que foi particular dessa técnica é um processo
até contrário, onde as ondas sísmicas (essas sim ondas mecânicas
longitudinais, exatamente como as ondas de som), percorrendo por entre a
estrela, afetam a luminosidade/brilho. Graças ao conhecimento então da
sismologia aplicada às estrelas é que foi possível analisar os dados de luz
captados e aferir o tamanho da estrela. Em suma, foi o "som", ou abalos
sísmicos, que afetaram a "luz".

Mas é que da forma que está escrito ali no artigo fica confuso mesmo.
Comenta-se as duas coisas, e primeiro de converter luz em som de uma forma
meio jogada, que não se articula com o resto. Também fala de uma forma
direta que analisaram ondas sonoras vindas do meio da estrela. Aí eu queria
saber que tipo de microfone (sem fio, eu imagino) usaram... só que não
né... por favor! Analisaram o efeito das ondas sísmicas na luz captada e
ponto (nem precisa dizer se converteram pra som e jogaram no sound forge
pirata pra fazer isso).

Abração


Em 28 de fevereiro de 2013 11:54, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>escreveu:

>
> Prezados,
>
> Não imaginava que o assunto fosse despertar tanto interesse assim. Tendo
> em vista alguns comentários, creio que seja necessário fazer algumas
> observações:
>
> 1) A gravidade não é uma "radiação", e não "viaja na velocidade da luz";
> ela é o resultado natural da alteração do espaço em função da presença de
> um corpo que possua massa - um planeta ou estrela, por exemplo - e que gera
> a dita "elasticidade". Einstein comprovou esta afirmação no famoso eclipse
> solar no Egito de 1919, onde no momento do eclipse total, fora possível ver
> através de telescópio uma estrela que estava "atrás" do Sol. Este mesmo
> efeito da gravidade gera as "lentes gravitacionais" que, pela alteração que
> um corpo com massa faz no espaço ao seu redor, desloca a luz que chega até
> nós, ampliando a visão de um corpo celeste qualquer.
>
> 2) Todos os tipos de ondas provém de um processo semelhante, conforme fora
> afirmado anteriormente. Tanto a Luz quanto as ondas eletromagnéticas e as
> ondas sonoras são formas de energia que se propagam, cada qual utilizando
> um determinado meio. Interessante é o objeto de investigação da
> Psicoacústica, ciência que estuda os efeitos cognitivos relativos a eventos
> acústicos. Um exemplo é a diferença entre eco e reverberação: ambos provém
> de uma mesmo processo - a reflexão de ondas sonoras - porém, dependendo da
> distância - e, consequentemente, da velocidade com que o ouvido capta a
> sequência de ondas - ela é percebida como reverberação (abaixo de 17
> metros) ou eco (acima de 17 metros, ou seja: o ouvido humano leva 0,1
> segundo para perceber dois sons de forma distinta) ou reverberação.
>
> 3) A conversão de ondas luminosas (Luz) a ondas sonoras feitas pela
> Sismologia Estelar torna-se, então, mais uma das técnicas utilizadas para
> detectar planetas. Uma experiência similar, feita em 1997 e baseada em
> ondas eletromagnéticas, mostra o "som" produzido pelo campo magnético da
> Terra. Quem se interessar, pode ouvi-los na página da Universidade de Iowa:
> http://www-pw.physics.uiowa.edu/plasma-wave/istp/polar/magnetosound.html.
>
> Abraço a todos,
>
>
> Daniel Lemos Cerqueira
>
> Coordenador de Música
>
> Coordenador do PIBID de Artes
>
> Membro da COPEVE
>
> Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
> http://musica.ufma.br <http://musica.ufma.br>
>
>
> --- Em *ter, 26/2/13, Doriana Mendes <dorimendes em yahoo.com.br>* escreveu:
>
>
> De: Doriana Mendes <dorimendes em yahoo.com.br>
>
> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Sismologia Estelar
> Para: "Alexandre Torres Porres" <porres em gmail.com>, "Tuti Fornari" <
> tutifornari em gmail.com>
> Cc: "anppom-l em iar.unicamp.br" <anppom-l em iar.unicamp.br>
> Data: Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2013, 23:39
>
>
> Queridos,
>
> "Para mim som é um processo perceptual q as vibracoes acusticas insitam."
> INCITAM...por favor,  não posso conceber  que cientistas, trocando
> informações de tão alto nível  permitam-se ultrajar o nosso
> idioma...ainda mais pertencentes (exceto Porres) a centros acadêmicos de
> excelência como a UNICAMP.
>
> Saudações e boa semana,
> D.
>
>
>
>   ------------------------------
> *De:* Alexandre Torres Porres <porres em gmail.com>
> *Para:* Tuti Fornari <tutifornari em gmail.com>
> *Cc:* "anppom-l em iar.unicamp.br" <anppom-l em iar.unicamp.br>
> *Enviadas:* Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2013 3:27
> *Assunto:* Re: [ANPPOM-Lista] Sismologia Estelar
>
> > pelo q entendi, sao as ondas gravitacionais q
> > se convertem em ondas mecanicas
>
> To entendendo que é impossível, pois elas diferem muito em natureza, a
> gravitacional é uma radiação que viaja na velocidade da luz, e enfim, ainda
> não foi detectada diretamente. Aliás, tá cheio de laboratório tentando
> captar isso pelo mundo, inclusive na USP.
>
> Abraço
>
> Em 25 de fevereiro de 2013 03:06, Tuti Fornari <tutifornari em gmail.com<http://mc/compose?to=tutifornari@gmail.com>
> > escreveu:
>
> Oi Porres,
> Minha palestra esta no canal youtube do TEDx ...
> Sobre a sismologia cosmica, pelo q entendi, sao as ondas gravitacionais q
> se convertem em ondas mecanicas ... As variacoes de compressao e expansao
> gravitacional correspondem a variacoes similares no meio elastico do ar e,
> se ocorrerem dentro dos limites da audicao humana, em termos de intensidade
> e frequencia, podem ser ouvidas. Aí vem a questao do q é som. Para mim som
> é um processo perceptual q as vibracoes acusticas insitam. As vibracoes
> mecanicas sao convertidas em impulsos eletricos pela coclea, e estes sao
> interpretados como som pelo cérebro. Nao existe som la fora, mas apenas
> vibracoes de pressao do ar.
> Tem muito pra falar sobre isso, mas eu paro por aqui... Abracos!
> Tuti
> _______
> JoseFornari(Tuti)
> NICS-UNICAMP
> email: tutifornari em gmail.com <http://mc/compose?to=tutifornari@gmail.com>
> cel:11-9-8318-8778
> www.sites.google.com/site/tutifornari
>
> Em Feb 25, 2013, às 0:04, Alexandre Torres Porres <porres em gmail.com<http://mc/compose?to=porres@gmail.com>>
> escreveu:
>
> Oi Tuti, por falar nisso, a tua palestra pro TED já tá online também?
>
> Bom, eu dei uma olhada nessa palestra e achei umas coisas estranhas; ela
> começa dizendo que a ideia do espaço "vibrar" se deve à relatividade do
> Einstein, mas nada disso tem a ver com acústica ou ondas sonoras. Einstein
> preveu sim algo que ainda não foi detectado diretamente, que são "ondas
> gravitacionais", e é isso que ela fala e diz que é "literalmente" onda
> sonora, mas nunca que é...
>
> Dá pra dizer: "É onda sonora... Só que não".
>
> Como ela mesmo diz, teu tímpano vibraria em simpatia a essas ondas, mas o
> teu cérebro também viraria geléia.
>
> Então o que ela toca é um especulação convertida em ondas sonoras. Em
> suma, essas coisas não fazem som! Assim como radiação de luz não faz som...
> mas dá pra converter até pra analisar em programas de DSP de áudio, mas não
> são som.
>
> Outra coisa que ela usou foi o som da estática dizendo que seria o som do
> big bang... tá, mas isso é a "Radiação cósmica de fundo em micro-ondas", e
> sim, parte do ruído de estática entre as estações de rádio vem dessa
> radiação (aliás, quando descobriram isso, encontraram a primeira evidência
> do Big-Bang). Pois, de novo, radiação eletromagnética convertida em som,
> mas não é "som" de modo algum. E qualquer barulho que seu forno microondas
> faça, não vem das microondas.
>
> Quando a gente liga pra alguém no celular, não é o som que vai, mas sim um
> sinal eletromagnético que carrega o som pelo espaço, ricocheteando em
> satélites, e sendo convertidos de volta em som.
>
> Eu até queria entender melhor que tipo de onda se fala dessas dos buracos
> negros. Nos artigo sobre o tal buraco negra que canta em Si Bemol ninguém
> diz de fato o que seria, mas dão a entender sim que são ondas sonoras, se
> propagando por uma região gasosa. Aí até poderia ser um tipo de onda
> sísmica, parecida com onda sonora. Mas depois dessa palestra, me parece que
> podem ser ondas gravitacionais.
>
> E se onda gravitacional não tem nada a ver com som, também não tem a ver
> com sismologia. Há um tipo de Onda Sísmica sim que equivale ao som, por
> ser, igualmente, uma onda mecânica longitudinal. Aliás, há até alguns tipos
> de microfones que captam abalos sísmicos.
>
> Mas de novo, o que captaram com esses estudos de sismologia estelar foi
> uma variação desses abalos na luminosidade da estrela, e mediram e captaram
> a luz dela pra conseguir determinar qual era o seu tamanho. Essas ondas *
> não* se propagam pelo espaço, e não são captadas por nós a milhares de
> anos luz de distância.
>
> Abraço
>
> Em 24 de fevereiro de 2013 12:54, Tuti <tutifornari em gmail.com<http://mc/compose?to=tutifornari@gmail.com>
> > escreveu:
>
> Sobre o tema de Sismologia Estelar, tem um TED talk que acho interessante
> Janna Levin: The sound the universe makes
> http://www.ted.com/talks/janna_levin_the_sound_the_universe_makes.html
>
>
> 2013/2/24 Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com<http://mc/compose?to=cpalombini@gmail.com>
> >:
> >
> > Desculpe, Alexandre. Um bolsista de iniciação científica analisou a obra
> > para mim e representou-a numa partitura convencional. Por isso me
> escapou o
> > "escreveu". Foi ele, aliás, quem me falou do Si bemol do mundo. O fato
> tem
> > comprovação da Nasa.
> >
> > http://www.nasa.gov/centers/goddard/universe/black_hole_sound.html
> >
> >
> http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2003/09sep_blackholesounds/
> >
> >
> http://www.sffchronicles.co.uk/forum/621-deepest-sound-in-the-universe-so-far.html
> >
> > Como você mesmo pode ler, para a Nasa, o Si bemol gravíssimo é "a canção
> de
> > um buraco negro distante".
> >
> > Abraço,
> > Carlos
> >
> > 2013/2/24 Ale Fenerich <fenerich em gmail.com<http://mc/compose?to=fenerich@gmail.com>
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> >> "escreveu" não, Carlos... "realizou"...
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> >> um primor, aliás!
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