[ANPPOM-Lista] Educação, a extravagância de 2013

Carlos Palombini cpalombini em gmail.com
Dom Jan 20 15:06:06 BRST 2013


Educação, a extravagância de 2013

Para o recente relatório do FMI a educação é uma extravagância. A proposta
de reestruturação do financiamento do ensino superior representa para
milhares de estudantes a diferença entre continuarem a estudar ou
abandonarem prematuramente este grau de ensino.
 opiniao | 20 Janeiro, 2013 - 00:05 | Por André
Moreira<http://www.esquerda.net/autor/andr%C3%A9-moreira>

No mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional, a diretiva é
clara e uma das soluções encontradas, através dos mais complexos cálculos
económicos, foi a de impingir aos estudantes o pagamento desta dívida. Foi
nesse sentido que foi já anunciado o segundo maior aumento da década desta
taxa, que em Setembro atingirá os 1.066,20 euros anuais.

No documento “Repensando o estado – opções seletivas de reforma da
despesa”, vulgarmente conhecido como mais um dos relatórios do FMI, a
Educação é um dos sectores mais centrais desta nova proposta de reforma.
Porém um grande conjunto de vozes surgiu na contestação deste relatório.
Luísa Cerdeira, pró-reitora da Universidade de Lisboa e especialista em
financiamento do ensino superior, chegou a referir que este documento
assemelhava-se a um trabalho de um aluno principiante de economia de
educação, que, se calhar, nem teria boa nota; criticando a inexistente
fundamentação teórica ou prática num manifesto deste calibre. Porém as
críticas multiplicam-se e elucidam-nos para as análises pouco precisas
deste relatório e para a persistência de fazer da Educação mais uma
extravagância do Estado.

Atentemos então nessa extravagância: atualmente existem na Universidade do
Porto 1.600 estudantes com propinas em atraso, no Minho 4.000 alunos têm
pagamentos em falta, em Coimbra e no Algarve são 2.000 nesta mesma situação
e podemos ainda acrescentar os 4.177 estudantes da Universidade de Aveiro,
do lado de fora desta conta fica a Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, a Universidade de Lisboa, a Universidade Aberta, a Universidade
Técnica de Lisboa, a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade da Beira
Interior e a Universidade de Évora, para não mencionar todos os institutos
politécnicos. A análise tem de ir muito além de uma simples subtração da
receita pela despesa, é preciso perceber o peso social que a Educação tem
no rumo de qualquer país e entender que jamais deveremos fazer do ensino um
sector económico que procura o lucro como os demais. A extravagância neste
domínio da educação acontece através de um estado que cada vez mais foge à
responsabilidade de financiar o ensino, alimentando a tendência de suportar
com mais propinas aquilo que se continua a retirar através de um
financiamento estatal débil. Não é o serviço que é extravagante é o custo
que ele tem para todos os jovens que desafia as leis fundamentais de
qualquer Estado Social sólido e coerente. Neste preciso momento a
extravagância é o contributo dos estudantes e das suas famílias, que é 60%
mais elevado do que o esforço do Estado.

Esta proposta de reestruturação do financiamento do ensino superior e este
já comunicado aumento de propinas, representam para milhares de estudantes
a diferença entre continuarem a estudar ou abandonarem prematuramente este
grau de ensino. E se 2,8% de acréscimo não é o suficiente para impressionar
os mais céticos, talvez a realidade cada vez mais mediatizada seja o
suficiente para provar que estes 29 euros a mais são 29 euros que não
existem ao fim do ano. Esta medida que conduzirá inevitavelmente a um
aumento do abandono escolar, ganhou a atenção de vários reitores, que após
a publicação do relatório do FMI, e em antevisão desta política, alertaram
para o desastre social que seria protagonizar este aumento, e para o facto
de que não será sem qualificação que o país sairá da crise.

Parece que 2013 trará mais dias de luta e contestação, trará certamente
novas perspetivas sobre a educação e sobre como devemos lidar com ela
politicamente, mas este novo ano deixou também por cá a ideia de que somos
cada vez mais a defender o mesmo, não vamos abdicar disso, faremos de 2013
um ano de desmistificação das extravagâncias, faremos de 2013 um ano em que
a luta se trave por um dos princípios base da democracia, a justiça social,
porque em 2013 como no passado a Educação terá de vir em primeiro lugar.
http://www.esquerda.net/opiniao/educa%C3%A7%C3%A3o-extravag%C3%A2ncia-de-2013/26355

-- 
carlos palombini
www.researcherid.com/rid/F-7345-2011
-------------- Próxima Parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130120/a5af6478/attachment.html>


Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L