[ANPPOM-Lista] O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo

luciano cesar lucianocesar78 em yahoo.com.br
Sáb Jan 26 13:10:20 BRST 2013


Prezados, 

  Segue nova versão da proposta do documento, no formato mais "light" como sugerido pelo professr Marcus Wolff em um gentil email enviado recentemente. Refaço quantas vezes acharmos melhor, até que haja um documento, de fato, representativo.

Abraço a todos, 

Luciano




Manifesto da
comunidade acadêmica ligada às Artes e Humanidades; Associação Nacional de
Pesquisa e Pós-graduação em Música; etc.

 

Nós, abaixo
assinados artistas, estudantes e professores universitários manifestamos nosso
desagravo e crítica para com as ideias publicadas no editorial publicado neste
jornal, apresentando as posições do Tribunal Federal do Ceará e do Sr. Ministro
Aloizio Mercadante a respeito das iniciativas para o avanço da ciência. O
editorial acaba tratando também das respectivas discordâncias e atitudes
forçadas de demais áreas que, sendo também ciência, lutam pela viabilidade de
suas pesquisas: os 20 cursos de ciências humanas e sociais (incluindo letras,
sociologia, artes, publicidade e comunicação) que procuraram amparo nos
recursos do programa Ciência Sem Fronteiras. O nome do programa se apresenta
hoje em contradição, já que lida com fronteiras conceituais muito claras. O discurso
que questiona essas fronteiras foi silenciado de maneira violenta e
imponderada, razão pela qual julgamos necessária uma manifestação.

Embora o
conceito de ciência seja amplo e multifacetado, o editorial apresenta uma visão
limitada que poderá ser responsável pela continuação do extraordinário
desequilíbrio no desenvolvimento intelectual de uma sociedade gigantesca como é
a brasileira. Desenvolvimento desequilibrado não é desenvolvimento, como temos
podido experimentar durante séculos de história no Brasil. Nossa discordância
representa a indignação para com a visão restritiva por parte de pessoas que
comandam as ações oficiais do Estado Brasileiro e o apoio da imprensa para com tal
ignorância.

O primeiro
aspecto a ser observado é o equilíbrio de ações de financiamento e estratégias
abrangentes que equalizem os recursos públicos. Nesse sentido, não é verdade
que “... nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante grande", como
alega o Ministro Mercadante. Essa avaliação prescinde de consulta aos
acadêmicos das diversas áreas e acaba justificando um investimento muito maior em
pesquisa das engenharias, cuja prioridade não é consenso fora dos interesses
(corporativos, por que não, neste caso?) dessas áreas específicas. A afirmação em
questão, além de desautorizar a opinião dos especialistas ligados às
humanidades, também acaba desautorizando a autonomia acadêmica, ao permitir que
uma decisão de fomento sofra intervenção de um tribunal de justiça. Tal
avaliação cabe aos próprios acadêmicos e profissionais das áreas e os
responsáveis diretos pela administração dos recursos. Além disto, não foi
citada como área de “ciências humanas” outras disciplinas de Filosofia,
Geografia, História, Sociologia ou Linguística, Letras e Artes. Há uma redução
como área de prioridade em Ciências Humanas a Administração de Empresas.
Trata-se de um campo de interesse direto da iniciativa privada, cujo aplauso
parece ser o maior critério para aprovar políticas de financiamento. Porém, administrar
se refere a lucro e a funcionalidade de estratégias de auto-gestão monetária. O
próprio conceito de “conhecimento” em Administração é definido em termos de
utilidade para a viabilidade pecuniária das iniciativas empresariais. Dar por
resolvida a questão por ser o programa elogiado “pela iniciativa privada” sem
uma consideração dos interesses desse setor é aceitar um corporativismo no
mínimo equivalente ao que acusa o autor do editorial do Estado de São Paulo. É
desconsiderar valor e propósito do pensamento que inclua, supere e critique os
modelos de gestão de capital, que podem ou não ter a ver com cultura e
conhecimento. As pressões das diversas comunidades acadêmicas são tão legítimas
quanto as de qualquer outra instância da sociedade.

Optar por um
lado, nesse caso, confirma o velho senso comum que afirma não interessar ao
governo ter cidadãos pensantes e críticos, mas operadores servis e ignorantes
dóceis às manobras políticas e – estas sim – corporativistas dos setores com
mais poder dentro da difícil relação governo-setores privados.

É sabido que um
país desenvolvido é um país com forte atividade cultural e amplo debate de
intelectuais nos diversos setores sociais. Físicos como Heisenberg e Einstein
tocavam, respectivamente, órgão e violino e é bastante questionável pensar se
teriam sido tão geniais em suas áreas se não tivessem tido acesso ao patrimônio
cultural e intelectual disponível em seu tempo. O que possibilitou esse acesso
foi uma estrutura de interesse coletivo e equilibrado, distribuído entre
orquestras, músicos, pintores, escritores, filósofos, professores, arquitetos,
ao lado dos engenheiros, administradores, agentes ferroviários, marceneiros,
metalúrgicos, garis e todos os demais setores, visando um crescimento em
conjunto. As descobertas desses físicos foram usadas para fomentar a guerra e a
morte em massa justamente por militares e estrategistas que compreendiam pouco
do que significa a herança cultural e humana. No entanto, é esse desequilíbrio
que o governo pretende sustentar, com o aval da grande imprensa representada
por este jornal.

            O
governo não “acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as
universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de
conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País”, ele simplesmente
privilegiou um setor. Não repudiamos esse apoio. Urge, no entanto, repensar
essa postura para com as outras áreas do conhecimento produtivo: artes,
filosofia, história, comunicação, ciências sociais são tão ou mais importantes
para o desenvolvimento intelectual de uma nação quanto matemática ou
engenharia. E esse desenvolvimento intelectual é o que realmente nos
distinguiria de escravos, máquinas ou animais.

            Lamentamos
a atitude de desclassificar as vozes em desacordo como “pressões corporativistas”.
Ora, qual é a diferença entre desacordo democrático, argumentação participativa
e interesse corporativo? Não poderíamos acusar os setores de engenharia e
“ciências”, que estão sendo cada vez mais beneficiados, como corporativos? O
que faz com que eles sejam tratados como prioritários e os outros como chorões
e interesseiros? A resposta tem que ser dada ao esclarecer a ênfase que o
governo pretende estabelecer e ao tipo de desenvolvimento a ser privilegiado.

Acreditamos ser
necessário que o fomento seja equilibrado na direção das demais ciências
humanas e das artes. Acusar essa posição de corporativismo é defender uma política
manca, míope e restritiva sobre o que significa desenvolvimento, é expor a
própria ignorância, é compactuar com o obscurantismo que nos mantem distantes
dos demais países desenvolvidos TAMBÉM em áreas como cultura, escolarização.
Acreditamos que essas distâncias sejam tão grandes, ou até maiores, do que as
existentes nas áreas privilegiadas pela declaração unilateral deste editorial.

 

Comunidade, ANPPOM, professores, estudantes
de artes, filosofia e a quem mais possa interessar.


--- Em qui, 24/1/13, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br> escreveu:

De: luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
Assunto: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo
Para: "'Marcus S. Wolff'" <m_swolff em hotmail.com>, jamannis em uol.com.br
Cc: "'lista ANPPOM'" <anppom-l em iar.unicamp.br>, "'etnomusicologia lista'" <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>
Data: Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2013, 15:41

Mannis, professores e colegas, 

Eis minha contribuição, em anexo e no corpo do email. Elaboremos o documento e pensamos em divulgá-lo.
Peço perdão pelas falhas e unilaterismos, mas escrevi o que penso a respeito, como não poderia deixar de ser. Talvez seja o inevitável ponto de partida, com todas as ressalvas possíveis. Cabe agora a nós aperfeiçoá-lo até que se torne de fato representativo.
Link para o editorial comentado:

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso%2co-ciencia-sem-fronteiras-%2c986117%2c0.htm
Abraço!

Luciano





Manifesto da
comunidade acadêmica ligada às Artes e Humanidades; Associação Nacional de
Pesquisa e Pós-graduação em Música; etc.

 

Nós, abaixo
assinados artistas, estudantes e professores universitários manifestamos nosso
repúdio, desagravo e crítica para com ideias limitadas, reacionárias e
praticamente fascistas a respeito do que significa cultura e desenvolvimento. Referimo-nos
ao editorial publicado neste jornal, com as posições do Tribunal Federal do
Ceará e do Sr. Ministro Aloizio Mercadante, além do autor do editorial, a
respeito das iniciativas para o avanço da “ciência”. O editorial acaba tratando
também das respectivas discordâncias e atitudes forçadas de demais áreas que,
sendo também “ciência”, lutam pela viabilidade de suas pesquisas: os 20 cursos
de ciências humanas e sociais (incluindo letras, sociologia, artes, publicidade
e comunicação) que procuraram amparo nos recursos do programa Ciência Sem
Fronteiras. O nome do programa se apresenta hoje em contradição, já que lida
com fronteiras conceituais muito claras. O questionamento dessas fronteiras foi
silenciado de maneira agressiva, violenta e imponderada, razão pela qual
julgamos necessária uma manifestação.

Embora o
conceito de ciência seja amplo e multifacetado, o editorial apresenta acordo com
uma visão limitada que será responsável pela continuação do extraordinário
desequilíbrio no desenvolvimento intelectual de uma sociedade gigantesca que é
a brasileira. Desenvolvimento desequilibrado não é desenvolvimento, como temos
podido experimentar durante séculos de história brasileira. Nossa discordância
representa a indignação para com a visão restritiva por parte de pessoas que
comandam as ações oficiais do Estado Brasileiro e o apoio da imprensa para com
tais ações de ignorância. Se vivemos em uma sociedade democrática, cumprimos
agora nosso dever de manifestação, porque não podemos nos manter reféns nem
permitir que a sociedade se mantenha refém de ignorantes que chegam ao poder. 

O primeiro
aspecto a ser observado é o equilíbrio de ações de financiamento e estratégias
abrangentes que equalizem os recursos públicos. Nesse sentido, não é verdade
que “... nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante grande", como
alega o Ministro Mercadante. Essa avaliação de uma situação que não é de sua
alçada avaliar, sem consulta aos acadêmicos das diversas áreas acaba justificando
não só um investimento muito maior na pesquisa das engenharias, cuja prioridade
não é consenso fora dos interesses (corporativos, por que não, neste caso?)
dessas áreas específicas. A afirmação do ministro, alienada da realidade
brasileira, também acaba desautorizando a autonomia acadêmica, ao permitir que
uma decisão de fomento sofra intervenção de um tribunal de justiça, no caso, o
Tribunal Regional Federal do Ceará. Quem deve fazer tal avaliação são os
próprios acadêmicos e profissionais das áreas e os responsáveis diretos pela
administração dos recursos. Além disto, não foi citada como área de “ciências
humanas” as disciplinas de Filosofia, Geografia, História, Sociologia ou
Linguística, Letras e Artes. Reduzir como área de prioridade em Ciências
Humanas a Administração de Empresas é desconsiderar valor e propósito do
pensamento que inclua, supere e critique os modelos de gestão de capital, que
podem ou não ter a ver com cultura e conhecimento. Administrar se refere a
lucro e a funcionalidade de estratégias de auto-gestão monetária. O próprio
conceito de “conhecimento” em Administração é definido em termos de utilidade
para a viabilidade pecuniária das iniciativas empresariais. Dar por resolvida a
questão por ser o programa elogiado “pela iniciativa privada” sem uma
consideração dos interesses desse setor é aceitar um corporativismo no mínimo
equivalente ao que acusa o autor do editorial do Estado de São Paulo. As
pressões das diversas comunidades acadêmicas são tão legítimas quanto as de
qualquer outra instância da sociedade.

Optar por um
lado, nesse caso, confirma o velho senso comum que afirma não interessar ao
governo ter cidadãos pensantes e críticos, mas operadores servis e ignorantes
dóceis às manobras políticas e – estas sim – corporativistas dos setores com
mais poder dentro da difícil relação governo-setores privados.

É sabido que um
país desenvolvido é um país com forte atividade cultural e amplo debate de
intelectuais nos diversos setores sociais. Físicos como Heisenberg e Einstein
tocavam, respectivamente, órgão e violino e é bastante questionável pensar se
teriam sido tão geniais em suas áreas se não tivessem tido acesso ao patrimônio
cultural e intelectual disponível em seu tempo. O que possibilitou esse acesso
foi uma estrutura de interesse coletivo e equilibrado, distribuído entre
orquestras, músicos, pintores, escritores, filósofos, professores, arquitetos,
ao lado dos engenheiros, administradores, agentes ferroviários, marceneiros,
metalúrgicos, garis e todos os demais setores, visando um crescimento em
conjunto. As descobertas desses físicos foram usadas para fomentar a guerra e a
morte em massa justamente por militares e estrategistas que compreendiam pouco
do que significa uma herança cultural e humana. No entanto, é esse
desequilíbrio que o governo pretende sustentar, com o aval da grande imprensa
representada por este jornal.

            O
governo não “acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as
universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de
conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País”, ele simplesmente
privilegiou um setor. Não repudiamos esse apoio. Urge, no entanto, repensar
essa postura para com as outras áreas do conhecimento produtivo: artes,
filosofia, história, comunicação, ciências sociais são tão ou mais importantes
para o desenvolvimento intelectual de uma nação quanto matemática ou
engenharia. E esse desenvolvimento intelectual é o que realmente nos distinguiria
de escravos, máquinas ou animais.

            O
pior momento do texto foi realmente desclassificar as vozes em desacordo como “pressões
corporativistas”. Ora, qual é a diferença entre desacordo democrático e
argumentação participativa e interesse corporativo? Não poderíamos acusar os
setores de engenharia e “ciências” que estão sendo cada vez mais beneficiados
como corporativos também? Que diferença faz com que eles sejam tratados como
prioritários e os outros como chorões e interesseiros? A resposta tem que ser
dada ao esclarecer a ênfase que o governo pretende estabelecer: menos cultura,
conhecimento e reflexão, de que mesmo os engenheiros e administradores podem e
devem se beneficiar para aperfeiçoar suas iniciativas. 

Para reverter
isso, as políticas de incentivo precisam ser equilibradas na direção das demais
ciências humanas e das artes. Acusar isso de corporativismo é defender uma
política manca, míope e restritiva do que significa desenvolvimento, é expor a
própria ignorância, é compactuar com o obscurantismo que nos mantem distantes
dos demais países desenvolvidos TAMBÉM em áreas como cultura, escolarização.
Acreditamos que essas distâncias sejam tão grandes, ou até maiores, do que as
existentes nas áreas privilegiadas pela declaração unilateral deste editorial.

 

Comunidade, ANPPOM, professores, estudantes
de artes, filosofia e a quem mais possa interessar.



--- Em qui, 24/1/13, jamannis em uol.com.br <jamannis em uol.com.br> escreveu:

De: jamannis em uol.com.br <jamannis em uol.com.br>
Assunto: RES: [ANPPOM-Lista] RES:  O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo
Para: "'Luciano César'" <lucianocesar78 em yahoo.com.br>, "'Marcus S. Wolff'" <m_swolff em hotmail.com>
Cc: "'lista ANPPOM'" <anppom-l em iar.unicamp.br>, "'etnomusicologia lista'" <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>
Data: Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2013, 14:05

Fique à vontade Luciano  Vc tem meu apoio.  Acho que escrever um documento coletivo será de fato mais eficiente do que e-mails individuais aos jornais.  Abs  Mannis      De: Luciano César [mailto:lucianocesar78 em yahoo.com.br] 
Enviada em: quinta-feira, 24 de janeiro de 2013 13:09
Para: Marcus S. Wolff
Cc: <jamannis em uol.com.br>; lista ANPPOM; etnomusicologia lista
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] RES: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo  Olha, se demorar, eu mesmo vou propor um documento comentando esse disparate a ser assinado ou endossado,
 revisado e co-redigido pela comunidade acadêmica da Anppom. Vamos pensando a quem encaminhar, ao editorial do jornal, ao ministro Mercadante, à ONU...

Abraço!Luciano
Em 22/01/2013, às 14:45, "Marcus S. Wolff" <m_swolff em hotmail.com> escreveu:Realmente, prof. Mannis, tem toda a razão ao expor os preconceitos e a visão limitada do TRF que obedece cegamente aos interesses do capital privado e de um neoliberalismo que distorce a realidade segundo sua ótica mercadológica. Não seria o caso das entidades que
 representam as áreas de artes e música redigirem uma petição ou alguma forma de protesto público contra essa política  científica anti-humanista? Parece que ainda vivemos sob o jugo dos tecnocratas dos governos militares! É incrível!  Colegas,  que fazer diante disto??? Me digam. abraços,
MSW


Marcus S. Wolff
Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)
Mestre em História da Cultura (PUC/RJ)
Prof. das faculdades de Música, Comunicação e Pedagogia
da Universidade Candido Mendes, Nova Friburgo -
 RJ

 From: jamannis em uol.com.br
To: cpalombini em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
Date: Mon, 21 Jan 2013 12:32:41 -0200
Subject: [ANPPOM-Lista] RES: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.PauloEXCERTOS EDITADOS
... o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar
  que determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa Ciência sem Fronteiras ... que concentra [atualmente] suas bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas nas quais [segundo interpretação do o Tribunal Regional Federal (TRF) ] o Brasil tem um grande déficit de profissionais qualificados. [Ainda segundo o Tribunal Regional Federal (TRF)]  a Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem Fronteiras" incluindo cursos da área de ciências sociais...
...O problema não está na área de ciências sociais, mas, principalmente, nas de engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante grande", disse o ministro... 
.../...
...O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo reivindica mão de obra
 qualificada...
.../...
...O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País...
.../...... Contudo, pressões corporativas (+) e a incerteza causada por decisões judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o sucesso desse programa.(+) [ as reivindicações para inclusão das Ciências Humanas são interpretadas como “pressões corporativas” ! Como se as Ciências Sociais tivessem o poder hoje de interferir na condução das políticas nacionais de Indústria, Economia e C&T.]  
Considerar que as Humanidades já tem uma expressão bastante grande em nosso país, não pode ser sinônimo de exclusão dessa área do conhecimento em políticas públicas de incentivo.
Considerar algumas áreas de conhecimento estratégicas e mais importante que outras é se entregar à taxonomia precária que a leitura humana tem do universo, das coisas, dos fenômenos, dos processos, e fechar os olhos e ouvidos à inovação, à diversidade e à interdisciplinaridade que subjaz em todo o conhecimento. É uma concepção limitada da totalidade do conhecimento, ignorando as relações entre as categorias classificatórias restritas que o ser humano adotou de sua própria razão, portanto contida em suas próprias limitações perceptivas e cognitivas. 
Se as áreas que merecem atenção não são as que vão bem, mas aquelas que estão
 com problemas, então deveríamos ter um incentivo especial para as ARTES [sobretudo aquelas que não tem uma expressão bastante grande em nosso país] e mesmo um FUNDO SETORIAL(*) à elas dedicado, sendo este não somente restrito (como o é atualmente) ao setor Audiovisual(**) (FSA), mas estendido aos demais suportes de expressão artística. Isso garantiria uma estabilidade de recursos para a área de ARTES como um todo, de forma ampla e abrangente. Seria talvez o caso de uma política afirmativa para as ÁREAS DO CONHECIMENTO marginalizadas e até mesmo excluídas da ordem social atual?(*) http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.10  A criação dos Fundos Setoriais representa o estabelecimento de um novo padrão de financiamento para o setor, sendo um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema de C&T nacional. Seu objetivo é garantir a estabilidade de recursos para a área e criar um novo modelo de gestão,
 com a participação de vários segmentos sociais, além de promover maior sinergia entre as universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Os Fundos Setoriais constituem ainda valioso instrumento da política de integração nacional, pois pelo menos 30% dos seus recursos são obrigatoriamente dirigidos às Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, promovendo a desconcentração das atividades de C&T e a conseqüente disseminação de seus benefícios.”(**) http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=fundos_audiovisual O Fundo Setorial do Audiovisual - FSA foi criado pela Lei nº 11.437, de 28 de dezembro de 2006 e regulamentado peloDecreto nº 6.299, de 12 de dezembro de 2007, como uma categoria de programação específica do Fundo Nacional de Cultura - FNC. Os recursos do FSA serão aplicados em programas e projetos voltados para o desenvolvimento das atividades cinematográficas e audiovisuais em consonância com os programas do governo
 federal. Dessa forma, espera-se aumentar a participação do produto audiovisual brasileiro no mercado nacional e internacional, e, em última análise, traduzir em valor econômico e desenvolvimento social o esforço da sociedade brasileira para se inserir no cenário global do cinema e do audiovisual. Fonte de financiamento: Seus recursos são oriundos da própria atividade econômica, de contribuições recolhidas pelos agentes do mercado, principalmente da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional – CONDECINE - e do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações - FISTEL.Considerando o acima exposto, a opinião do Redator parece preconceituosa, limitada e emitida sem o devido aprofundamento sobre o assunto
 abordado.
 
J. A. Mannis     
 
 
    De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br] Em nome de Carlos Palombini
Enviada em: domingo, 20 de janeiro de 2013 03:35
Para: anppom-l em iar.unicamp.br
Assunto: [ANPPOM-Lista] O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo O 'Ciência sem Fronteiras' 19 de janeiro de 2013 | 2h 03O Estado de S.Paulo

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-ciencia-sem-fronteiras-,986117,0.htmAlegando que o governo tem o direito de estabelecer prioridades em matéria de financiamento ao ensino e à pesquisa, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará que determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa Ciência sem Fronteiras, beneficiando com isso estudantes de letras, sociologia, artes, publicidade e comunicação. Segundo o relator do processo no TRF, desembargador Manoel Erhardt, ao ampliar a abrangência desse programa - que concentra suas bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas nas quais o Brasil tem um grande déficit de profissionais qualificados -, a Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do Ciência sem Fronteiras".
A liminar suspensa pelo TRF da 5.ª Região havia sido concedida em dezembro a pedido do Ministério Público Federal, que acolheu uma reivindicação da Sociedade
 Brasileira para o Progresso da Ciência. Em sua 64.ª reunião, realizada em julho de 2012, a entidade reivindicou a concessão de bolsas para pesquisadores de ciências humanas, sob a justificativa de "aprimorar a área e fortalecer a política nacional de pós-graduação". 
Em resposta, os ministros de Ciência e Tecnologia e de Educação alegaram que o déficit de engenheiros, médicos, biólogos, químicos e tecnólogos é um obstáculo para o desenvolvimento do País. "O problema não está na área de ciências sociais, mas, principalmente, nas de engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante grande", disse o ministro Aloizio Mercadante. 
Embates judiciais e pressões corporativas têm sido um dos principais entraves para a modernização do sistema educacional e do sistema de fomento à pesquisa e qualificação do pessoal do ensino superior. Lançado há um ano, o Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de
 101 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior. 
As primeiras bolsas se destinaram a estudos nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Itália, nas áreas de matemática, física, química e biologia. Os editais seguintes deram prioridade às engenharias e às ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, computação, tecnologia de comunicação, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão mineral. 
O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo reivindica mão de obra qualificada. O crescimento da economia, ainda que modesto no ano passado, agravou o problema do déficit de profissionais preparados no mercado de trabalho. Na área financeira, a escassez de engenheiros chegou a tal ponto que os bancos, as seguradoras e os fundos passaram a contratar profissionais recém-formados em matemática, física e ciências atuariais para trabalhar em atividades que normalmente são
 exercidas por especialistas em engenharia financeira, como análise de risco, modelagem, precificação e uso de plataformas de investimentos com base em algoritmos.
A comunidade acadêmica também recebeu bem o Ciência sem Fronteiras, apesar das reivindicações da área de ciências humanas e sociais para ser agraciada com bolsas de estudo no exterior. Por causa dessas pressões, as autoridades educacionais assumiram uma posição ambígua. Apesar de o TRF da 5.ª Região ter cassado a liminar que permitia a participação de universitários da área de ciências humanas e sociais no Ciência sem Fronteiras, as duas agências de fomento responsáveis pelo programa - a Capes e o CNPq - mantiveram as inscrições desses alunos. No entanto, não deixaram claro se, ao final do processo de avaliação dos currículos e dos projetos de pesquisa, eles receberão bolsas - o que pode levar a novos recursos nos tribunais. 
O governo acertou ao lançar um
 programa que reduz a distância entre as universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País. Contudo, pressões corporativas e a incerteza causada por decisões judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o sucesso desse programa.-- carlos palombiniwww.researcherid.com/rid/F-7345-2011 
________________________________________________ Lista de discuss�es ANPPOM http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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Um anexo não-texto foi limpo...
Nome: Manifesto da comunidade acadêmica ligada às Artes e Humanidades.doc
Tipo: application/msword
Tamanho: 30208 bytes
Descrição: não disponível
URL: <http://www.listas.unicamp.br/pipermail/anppom-l/attachments/20130126/33378877/attachment.doc>


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