[ANPPOM-Lista] O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo

Jorge Antunes antunes em unb.br
Seg Jan 28 09:53:12 BRST 2013


Olá:

Achei o texto muito bom.
Creio que, nos exemplos citados para reforçar o conteúdo, deveria ser feita
também menção a um físico brasileiro.
Então sugiro que no lugar de:
"Físicos como Heisenberg e Einstein tocavam, respectivamente, órgão e
violino"
seja colocado:
"Físicos como Heisenberg e Einstein tocavam, respectivamente, órgão e
violino, o brasileiro José Leite Lopes era também pintor"

Abraços,
Jorge Antunes







Em 26 de janeiro de 2013 13:10, luciano cesar
<lucianocesar78 em yahoo.com.br>escreveu:

> Prezados,
>
>   Segue nova versão da proposta do documento, no formato mais "light" como
> sugerido pelo professr Marcus Wolff em um gentil email enviado
> recentemente. Refaço quantas vezes acharmos melhor, até que haja um
> documento, de fato, representativo.
>
> Abraço a todos,
>
> Luciano
>
>
>
> Manifesto da comunidade acadêmica ligada às Artes e Humanidades;
> Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música; etc.
>
>
>
> Nós, abaixo assinados artistas, estudantes e professores universitários
> manifestamos nosso desagravo e crítica para com as ideias publicadas no
> editorial publicado neste jornal, apresentando as posições do Tribunal
> Federal do Ceará e do Sr. Ministro Aloizio Mercadante a respeito das
> iniciativas para o avanço da ciência. O editorial acaba tratando também das
> respectivas discordâncias e atitudes forçadas de demais áreas que, sendo
> também ciência, lutam pela viabilidade de suas pesquisas: os 20 cursos de
> ciências humanas e sociais (incluindo letras, sociologia, artes,
> publicidade e comunicação) que procuraram amparo nos recursos do programa
> Ciência Sem Fronteiras. O nome do programa se apresenta hoje em
> contradição, já que lida com fronteiras conceituais muito claras. O
> discurso que questiona essas fronteiras foi silenciado de maneira violenta
> e imponderada, razão pela qual julgamos necessária uma manifestação.
>
> Embora o conceito de ciência seja amplo e multifacetado, o editorial
> apresenta uma visão limitada que poderá ser responsável pela continuação do
> extraordinário desequilíbrio no desenvolvimento intelectual de uma
> sociedade gigantesca como é a brasileira. Desenvolvimento desequilibrado
> não é desenvolvimento, como temos podido experimentar durante séculos de
> história no Brasil. Nossa discordância representa a indignação para com a
> visão restritiva por parte de pessoas que comandam as ações oficiais do
> Estado Brasileiro e o apoio da imprensa para com tal ignorância.
>
> O primeiro aspecto a ser observado é o equilíbrio de ações de
> financiamento e estratégias abrangentes que equalizem os recursos públicos.
> Nesse sentido, não é verdade que “... nas humanidades, o Brasil já tem uma
> expressão bastante grande", como alega o Ministro Mercadante. Essa
> avaliação prescinde de consulta aos acadêmicos das diversas áreas e acaba
> justificando um investimento muito maior em pesquisa das engenharias, cuja
> prioridade não é consenso fora dos interesses (corporativos, por que não,
> neste caso?) dessas áreas específicas. A afirmação em questão, além de
> desautorizar a opinião dos especialistas ligados às humanidades, também
> acaba desautorizando a autonomia acadêmica, ao permitir que uma decisão de
> fomento sofra intervenção de um tribunal de justiça. Tal avaliação cabe aos
> próprios acadêmicos e profissionais das áreas e os responsáveis diretos
> pela administração dos recursos. Além disto, não foi citada como área de
> “ciências humanas” outras disciplinas de Filosofia, Geografia, História,
> Sociologia ou Linguística, Letras e Artes. Há uma redução como área de
> prioridade em Ciências Humanas a Administração de Empresas. Trata-se de um
> campo de interesse direto da iniciativa privada, cujo aplauso parece ser o
> maior critério para aprovar políticas de financiamento. Porém, administrar
> se refere a lucro e a funcionalidade de estratégias de auto-gestão
> monetária. O próprio conceito de “conhecimento” em Administração é definido
> em termos de utilidade para a viabilidade pecuniária das iniciativas
> empresariais. Dar por resolvida a questão por ser o programa elogiado “pela
> iniciativa privada” sem uma consideração dos interesses desse setor é
> aceitar um corporativismo no mínimo equivalente ao que acusa o autor do
> editorial do Estado de São Paulo. É desconsiderar valor e propósito do
> pensamento que inclua, supere e critique os modelos de gestão de capital,
> que podem ou não ter a ver com cultura e conhecimento. As pressões das
> diversas comunidades acadêmicas são tão legítimas quanto as de qualquer
> outra instância da sociedade.
>
> Optar por um lado, nesse caso, confirma o velho senso comum que afirma não
> interessar ao governo ter cidadãos pensantes e críticos, mas operadores
> servis e ignorantes dóceis às manobras políticas e – estas sim –
> corporativistas dos setores com mais poder dentro da difícil relação
> governo-setores privados.
>
> É sabido que um país desenvolvido é um país com forte atividade cultural e
> amplo debate de intelectuais nos diversos setores sociais. Físicos como
> Heisenberg e Einstein tocavam, respectivamente, órgão e violino e é
> bastante questionável pensar se teriam sido tão geniais em suas áreas se
> não tivessem tido acesso ao patrimônio cultural e intelectual disponível em
> seu tempo. O que possibilitou esse acesso foi uma estrutura de interesse
> coletivo e equilibrado, distribuído entre orquestras, músicos, pintores,
> escritores, filósofos, professores, arquitetos, ao lado dos engenheiros,
> administradores, agentes ferroviários, marceneiros, metalúrgicos, garis e
> todos os demais setores, visando um crescimento em conjunto. As descobertas
> desses físicos foram usadas para fomentar a guerra e a morte em massa
> justamente por militares e estrategistas que compreendiam pouco do que
> significa a herança cultural e humana. No entanto, é esse desequilíbrio que
> o governo pretende sustentar, com o aval da grande imprensa representada
> por este jornal.
>
>             O governo não “acertou ao lançar um programa que reduz a
> distância entre as universidades brasileiras e as estrangeiras mais
> conceituadas nas áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento
> do País”, ele simplesmente privilegiou um setor. Não repudiamos esse apoio.
> Urge, no entanto, repensar essa postura para com as outras áreas do
> conhecimento produtivo: artes, filosofia, história, comunicação, ciências
> sociais são tão ou mais importantes para o desenvolvimento intelectual de
> uma nação quanto matemática ou engenharia. E esse desenvolvimento
> intelectual é o que realmente nos distinguiria de escravos, máquinas ou
> animais.
>
>             Lamentamos a atitude de desclassificar as vozes em desacordo
> como “pressões corporativistas”. Ora, qual é a diferença entre desacordo
> democrático, argumentação participativa e interesse corporativo? Não
> poderíamos acusar os setores de engenharia e “ciências”, que estão sendo
> cada vez mais beneficiados, como corporativos? O que faz com que eles sejam
> tratados como prioritários e os outros como chorões e interesseiros? A
> resposta tem que ser dada ao esclarecer a ênfase que o governo pretende
> estabelecer e ao tipo de desenvolvimento a ser privilegiado.
>
> Acreditamos ser necessário que o fomento seja equilibrado na direção das
> demais ciências humanas e das artes. Acusar essa posição de corporativismo
> é defender uma política manca, míope e restritiva sobre o que significa
> desenvolvimento, é expor a própria ignorância, é compactuar com o
> obscurantismo que nos mantem distantes dos demais países desenvolvidos
> TAMBÉM em áreas como cultura, escolarização. Acreditamos que essas
> distâncias sejam tão grandes, ou até maiores, do que as existentes nas
> áreas privilegiadas pela declaração unilateral deste editorial.
>
>
>
> Comunidade, ANPPOM, professores, estudantes de artes, filosofia e a quem
> mais possa interessar.
>
> --- Em *qui, 24/1/13, luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>*escreveu:
>
>
> De: luciano cesar <lucianocesar78 em yahoo.com.br>
> Assunto: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado de S.Paulo
> Para: "'Marcus S. Wolff'" <m_swolff em hotmail.com>, jamannis em uol.com.br
>
> Cc: "'lista ANPPOM'" <anppom-l em iar.unicamp.br>, "'etnomusicologia lista'"
> <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>
> Data: Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2013, 15:41
>
> Mannis, professores e colegas,
>
> Eis minha contribuição, em anexo e no corpo do email. Elaboremos o
> documento e pensamos em divulgá-lo.
> Peço perdão pelas falhas e unilaterismos, mas escrevi o que penso a
> respeito, como não poderia deixar de ser. Talvez seja o inevitável ponto de
> partida, com todas as ressalvas possíveis. Cabe agora a nós aperfeiçoá-lo
> até que se torne de fato representativo.
> Link para o editorial comentado:
>
>
> http://www.estadao.com.br/noticias/impresso%2co-ciencia-sem-fronteiras-%2c986117%2c0.htm
> Abraço!
>
> Luciano
>
>
>
> Manifesto da comunidade acadêmica ligada às Artes e Humanidades;
> Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música; etc.
>
>
>
> Nós, abaixo assinados artistas, estudantes e professores universitários
> manifestamos nosso repúdio, desagravo e crítica para com ideias limitadas,
> reacionárias e praticamente fascistas a respeito do que significa cultura e
> desenvolvimento. Referimo-nos ao editorial publicado neste jornal, com as
> posições do Tribunal Federal do Ceará e do Sr. Ministro Aloizio Mercadante,
> além do autor do editorial, a respeito das iniciativas para o avanço da
> “ciência”. O editorial acaba tratando também das respectivas discordâncias
> e atitudes forçadas de demais áreas que, sendo também “ciência”, lutam pela
> viabilidade de suas pesquisas: os 20 cursos de ciências humanas e sociais
> (incluindo letras, sociologia, artes, publicidade e comunicação) que
> procuraram amparo nos recursos do programa Ciência Sem Fronteiras. O nome
> do programa se apresenta hoje em contradição, já que lida com fronteiras
> conceituais muito claras. O questionamento dessas fronteiras foi silenciado
> de maneira agressiva, violenta e imponderada, razão pela qual julgamos
> necessária uma manifestação.
>
> Embora o conceito de ciência seja amplo e multifacetado, o editorial
> apresenta acordo com uma visão limitada que será responsável pela
> continuação do extraordinário desequilíbrio no desenvolvimento intelectual
> de uma sociedade gigantesca que é a brasileira. Desenvolvimento
> desequilibrado não é desenvolvimento, como temos podido experimentar
> durante séculos de história brasileira. Nossa discordância representa a
> indignação para com a visão restritiva por parte de pessoas que comandam as
> ações oficiais do Estado Brasileiro e o apoio da imprensa para com tais
> ações de ignorância. Se vivemos em uma sociedade democrática, cumprimos
> agora nosso dever de manifestação, porque não podemos nos manter reféns nem
> permitir que a sociedade se mantenha refém de ignorantes que chegam ao
> poder.
>
> O primeiro aspecto a ser observado é o equilíbrio de ações de
> financiamento e estratégias abrangentes que equalizem os recursos públicos.
> Nesse sentido, não é verdade que “... nas humanidades, o Brasil já tem uma
> expressão bastante grande", como alega o Ministro Mercadante. Essa
> avaliação de uma situação que não é de sua alçada avaliar, sem consulta aos
> acadêmicos das diversas áreas acaba justificando não só um investimento
> muito maior na pesquisa das engenharias, cuja prioridade não é consenso
> fora dos interesses (corporativos, por que não, neste caso?) dessas áreas
> específicas. A afirmação do ministro, alienada da realidade brasileira,
> também acaba desautorizando a autonomia acadêmica, ao permitir que uma
> decisão de fomento sofra intervenção de um tribunal de justiça, no caso, o
> Tribunal Regional Federal do Ceará. Quem deve fazer tal avaliação são os
> próprios acadêmicos e profissionais das áreas e os responsáveis diretos
> pela administração dos recursos. Além disto, não foi citada como área de
> “ciências humanas” as disciplinas de Filosofia, Geografia, História,
> Sociologia ou Linguística, Letras e Artes. Reduzir como área de prioridade
> em Ciências Humanas a Administração de Empresas é desconsiderar valor e
> propósito do pensamento que inclua, supere e critique os modelos de gestão
> de capital, que podem ou não ter a ver com cultura e conhecimento.
> Administrar se refere a lucro e a funcionalidade de estratégias de
> auto-gestão monetária. O próprio conceito de “conhecimento” em
> Administração é definido em termos de utilidade para a viabilidade
> pecuniária das iniciativas empresariais. Dar por resolvida a questão por
> ser o programa elogiado “pela iniciativa privada” sem uma consideração dos
> interesses desse setor é aceitar um corporativismo no mínimo equivalente ao
> que acusa o autor do editorial do Estado de São Paulo. As pressões das
> diversas comunidades acadêmicas são tão legítimas quanto as de qualquer
> outra instância da sociedade.
>
> Optar por um lado, nesse caso, confirma o velho senso comum que afirma não
> interessar ao governo ter cidadãos pensantes e críticos, mas operadores
> servis e ignorantes dóceis às manobras políticas e – estas sim –
> corporativistas dos setores com mais poder dentro da difícil relação
> governo-setores privados.
>
> É sabido que um país desenvolvido é um país com forte atividade cultural e
> amplo debate de intelectuais nos diversos setores sociais. Físicos como
> Heisenberg e Einstein tocavam, respectivamente, órgão e violino e é
> bastante questionável pensar se teriam sido tão geniais em suas áreas se
> não tivessem tido acesso ao patrimônio cultural e intelectual disponível em
> seu tempo. O que possibilitou esse acesso foi uma estrutura de interesse
> coletivo e equilibrado, distribuído entre orquestras, músicos, pintores,
> escritores, filósofos, professores, arquitetos, ao lado dos engenheiros,
> administradores, agentes ferroviários, marceneiros, metalúrgicos, garis e
> todos os demais setores, visando um crescimento em conjunto. As descobertas
> desses físicos foram usadas para fomentar a guerra e a morte em massa
> justamente por militares e estrategistas que compreendiam pouco do que
> significa uma herança cultural e humana. No entanto, é esse desequilíbrio
> que o governo pretende sustentar, com o aval da grande imprensa
> representada por este jornal.
>
>             O governo não “acertou ao lançar um programa que reduz a
> distância entre as universidades brasileiras e as estrangeiras mais
> conceituadas nas áreas de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento
> do País”, ele simplesmente privilegiou um setor. Não repudiamos esse apoio.
> Urge, no entanto, repensar essa postura para com as outras áreas do
> conhecimento produtivo: artes, filosofia, história, comunicação, ciências
> sociais são tão ou mais importantes para o desenvolvimento intelectual de
> uma nação quanto matemática ou engenharia. E esse desenvolvimento
> intelectual é o que realmente nos distinguiria de escravos, máquinas ou
> animais.
>
>             O pior momento do texto foi realmente desclassificar as vozes
> em desacordo como “pressões corporativistas”. Ora, qual é a diferença entre
> desacordo democrático e argumentação participativa e interesse corporativo?
> Não poderíamos acusar os setores de engenharia e “ciências” que estão sendo
> cada vez mais beneficiados como corporativos também? Que diferença faz com
> que eles sejam tratados como prioritários e os outros como chorões e
> interesseiros? A resposta tem que ser dada ao esclarecer a ênfase que o
> governo pretende estabelecer: menos cultura, conhecimento e reflexão, de
> que mesmo os engenheiros e administradores podem e devem se beneficiar para
> aperfeiçoar suas iniciativas.
>
> Para reverter isso, as políticas de incentivo precisam ser equilibradas na
> direção das demais ciências humanas e das artes. Acusar isso de
> corporativismo é defender uma política manca, míope e restritiva do que
> significa desenvolvimento, é expor a própria ignorância, é compactuar com o
> obscurantismo que nos mantem distantes dos demais países desenvolvidos
> TAMBÉM em áreas como cultura, escolarização. Acreditamos que essas
> distâncias sejam tão grandes, ou até maiores, do que as existentes nas
> áreas privilegiadas pela declaração unilateral deste editorial.
>
>
>
> Comunidade, ANPPOM, professores, estudantes de artes, filosofia e a quem
> mais possa interessar.
>
>
> --- Em *qui, 24/1/13, jamannis em uol.com.br <jamannis em uol.com.br>* escreveu:
>
>
> De: jamannis em uol.com.br <jamannis em uol.com.br>
> Assunto: RES: [ANPPOM-Lista] RES: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O
> Estado de S.Paulo
> Para: "'Luciano César'" <lucianocesar78 em yahoo.com.br>, "'Marcus S.
> Wolff'" <m_swolff em hotmail.com>
> Cc: "'lista ANPPOM'" <anppom-l em iar.unicamp.br>, "'etnomusicologia lista'"
> <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>
> Data: Quinta-feira, 24 de Janeiro de 2013, 14:05
>
> Fique à vontade Luciano
>
>
>
> Vc tem meu apoio.
>
>
>
> Acho que escrever um documento coletivo será de fato mais eficiente do que
> e-mails individuais aos jornais.
>
>
>
> Abs
>
>
>
> Mannis
>
>
>
>
>
>
>
> *De:* Luciano César [mailto:lucianocesar78 em yahoo.com.br]
> *Enviada em:* quinta-feira, 24 de janeiro de 2013 13:09
> *Para:* Marcus S. Wolff
> *Cc:* <jamannis em uol.com.br>; lista ANPPOM; etnomusicologia lista
> *Assunto:* Re: [ANPPOM-Lista] RES: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial
> O Estado de S.Paulo
>
>
>
> Olha, se demorar, eu mesmo vou propor um documento comentando esse
> disparate a ser assinado ou endossado, revisado e co-redigido pela
> comunidade acadêmica da Anppom. Vamos pensando a quem encaminhar, ao
> editorial do jornal, ao ministro Mercadante, à ONU...
>
> Abraço!
>
> Luciano
>
>
> Em 22/01/2013, às 14:45, "Marcus S. Wolff" <m_swolff em hotmail.com>
> escreveu:
>
> Realmente, prof. Mannis, tem toda a razão ao expor os preconceitos e a
> visão limitada do TRF que obedece cegamente aos interesses do capital
> privado e de um neoliberalismo que distorce a realidade segundo sua ótica
> mercadológica. Não seria o caso das entidades que representam as áreas de
> artes e música redigirem uma petição ou alguma forma de protesto público
> contra essa política  científica anti-humanista? Parece que ainda vivemos
> sob o jugo dos tecnocratas dos governos militares! É incrível!  Colegas,
>  que fazer diante disto??? Me digam. abraços,
> MSW
>
>
> Marcus S. Wolff
> Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP)
> Mestre em História da Cultura (PUC/RJ)
> Prof. das faculdades de Música, Comunicação e Pedagogia
> da Universidade Candido Mendes, Nova Friburgo - RJ
>
>
>
> ------------------------------
>
> From: jamannis em uol.com.br
>
> To: cpalombini em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
> Date: Mon, 21 Jan 2013 12:32:41 -0200
> Subject: [ANPPOM-Lista] RES: O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O
> Estado de S.Paulo
>
> *EXCERTOS EDITADOS*
> *... o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5.ª Região cassou a liminar
>  que determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no
> programa Ciência sem Fronteiras ... que concentra [atualmente] suas
> bolsas nas ciências exatas e biológicas, áreas nas quais [segundo
> interpretação do o Tribunal Regional Federal (TRF) ] o Brasil tem um
> grande déficit de profissionais qualificados. [Ainda segundo o Tribunal
> Regional Federal (TRF)]  a Justiça Federal cearense "comprometeu a
> filosofia" do Ciência sem Fronteiras" incluindo cursos da área de ciências
> sociais...*
> *...O problema não está na área de ciências sociais, mas, principalmente,
> nas de engenharias. Nas humanidades, o Brasil já tem uma expressão bastante
> grande", disse o ministro... *
> *.../...*
> *...O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito
> tempo reivindica mão de obra qualificada...*
> *.../...*
> *...O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre
> as universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas
> de conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País...*
> .../...
>
> *... Contudo, pressões corporativas* (+) *e a incerteza causada por
> decisões judiciais que alteram as regras do jogo podem comprometer o
> sucesso desse programa.*
>
> (+) [ as reivindicações para inclusão das Ciências Humanas são
> interpretadas como “pressões corporativas” ! Como se as Ciências Sociais
> tivessem o poder hoje de interferir na condução das políticas nacionais de
> Indústria, Economia e C&T.]
>
>
>
>
> Considerar que as Humanidades já tem uma expressão bastante grande em
> nosso país, não pode ser sinônimo de exclusão dessa área do conhecimento em
> políticas públicas de incentivo.
> Considerar algumas áreas de conhecimento estratégicas e mais importante
> que outras é se entregar à taxonomia precária que a leitura humana tem do
> universo, das coisas, dos fenômenos, dos processos, e fechar os olhos e
> ouvidos à inovação, à diversidade e à interdisciplinaridade que subjaz em
> todo o conhecimento. É uma concepção limitada da totalidade do
> conhecimento, ignorando as relações entre as categorias classificatórias
> restritas que o ser humano adotou de sua própria razão, portanto contida em
> suas próprias limitações perceptivas e cognitivas.
> Se as *áreas que merecem atenção* não são as que vão bem, mas *aquelas
> que estão com problemas*, então deveríamos ter um incentivo especial para
> as *ARTES* [sobretudo aquelas que não tem uma expressão bastante grande
> em nosso país] e mesmo um FUNDO SETORIAL(*) à elas dedicado, sendo este não
> somente *restrito* (como o é atualmente) ao setor *Audiovisual(**) (FSA)*,mas estendido aos demais suportes de expressão artística. Isso garantiria
> uma estabilidade de recursos para a área de ARTES como um todo, de forma
> ampla e abrangente. Seria talvez o caso de uma política afirmativa para as
> ÁREAS DO CONHECIMENTO marginalizadas e até mesmo excluídas da ordem social
> atual?
>
> (*) http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=30.10  A criação dos Fundos
> Setoriais representa o estabelecimento de um novo padrão de financiamento
> para o setor, sendo um mecanismo inovador de *estímulo ao fortalecimento
> do sistema de C&T nacional.* Seu objetivo é garantir a estabilidade de
> recursos para a área e criar um novo modelo de gestão, com a participação
> de vários segmentos sociais, além de promover maior sinergia entre as
> universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Os Fundos Setoriais
> constituem ainda valioso instrumento da política de integração nacional,
> pois pelo menos 30% dos seus recursos são obrigatoriamente dirigidos às
> Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, promovendo a desconcentração das
> atividades de C&T e a conseqüente disseminação de seus benefícios.”
>
> (**) http://www.finep.gov.br/pagina.asp?pag=fundos_audiovisual O Fundo
> Setorial do Audiovisual - FSA foi criado pela *Lei nº 11.437*<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11437.htm>,
> de 28 de dezembro de 2006 e regulamentado pelo*Decreto nº 6.299*<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6299.htm>,
> de 12 de dezembro de 2007, como uma categoria de programação específica do
> Fundo Nacional de Cultura - FNC. Os recursos do FSA serão aplicados em programas
> e projetos voltados para o desenvolvimento das atividades cinematográficas
> e audiovisuais *em consonância com os programas do governo federal*.Dessa forma, espera-se aumentar a participação do produto audiovisual
> brasileiro no mercado nacional e internacional, e, em última análise,
> traduzir em valor econômico e desenvolvimento social o esforço da sociedade
> brasileira para se inserir no cenário global do cinema e do audiovisual. *Fonte
> de financiamento*: Seus recursos são oriundos da própria atividade
> econômica, de contribuições recolhidas pelos agentes do mercado,
> principalmente da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria
> Cinematográfica Nacional – CONDECINE - e do Fundo de Fiscalização das
> Telecomunicações - FISTEL.
>
> Considerando o acima exposto, a opinião do Redator parece preconceituosa,
> limitada e emitida sem o devido aprofundamento sobre o assunto abordado.
>
> J. A. Mannis
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> *De:* anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [
> mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br] *Em nome de *Carlos Palombini
> *Enviada em:* domingo, 20 de janeiro de 2013 03:35
> *Para:* anppom-l em iar.unicamp.br
> *Assunto:* [ANPPOM-Lista] O "Ciência sem Fronteiras": Editorial O Estado
> de S.Paulo
>
>
> O 'Ciência sem Fronteiras'
>
> 19 de janeiro de 2013 | 2h 03
>
> O Estado de S.Paulo
>
>
> http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-ciencia-sem-fronteiras-,986117,0.htm
>
> Alegando que o governo tem o direito de estabelecer prioridades em matéria
> de financiamento ao ensino e à pesquisa, o Tribunal Regional Federal (TRF)
> da 5.ª Região cassou a liminar concedida pela Justiça Federal do Ceará que
> determinava a inclusão de 20 cursos da área de ciências sociais no programa
> Ciência sem Fronteiras, beneficiando com isso estudantes de letras,
> sociologia, artes, publicidade e comunicação. Segundo o relator do processo
> no TRF, desembargador Manoel Erhardt, ao ampliar a abrangência desse
> programa - que concentra suas bolsas nas ciências exatas e biológicas,
> áreas nas quais o Brasil tem um grande déficit de profissionais
> qualificados -, a Justiça Federal cearense "comprometeu a filosofia" do
> Ciência sem Fronteiras".
> A liminar suspensa pelo TRF da 5.ª Região havia sido concedida em dezembro
> a pedido do Ministério Público Federal, que acolheu uma reivindicação da
> Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Em sua 64.ª reunião,
> realizada em julho de 2012, a entidade reivindicou a concessão de bolsas
> para pesquisadores de ciências humanas, sob a justificativa de "aprimorar a
> área e fortalecer a política nacional de pós-graduação".
> Em resposta, os ministros de Ciência e Tecnologia e de Educação alegaram
> que o déficit de engenheiros, médicos, biólogos, químicos e tecnólogos é um
> obstáculo para o desenvolvimento do País. "O problema não está na área de
> ciências sociais, mas, principalmente, nas de engenharias. Nas humanidades,
> o Brasil já tem uma expressão bastante grande", disse o ministro Aloizio
> Mercadante.
> Embates judiciais e pressões corporativas têm sido um dos principais
> entraves para a modernização do sistema educacional e do sistema de fomento
> à pesquisa e qualificação do pessoal do ensino superior. Lançado há um ano,
> o Ciência sem Fronteiras prevê a concessão de 101 mil bolsas de mestrado,
> doutorado e pós-doutorado no exterior.
> As primeiras bolsas se destinaram a estudos nos Estados Unidos,
> Inglaterra, Alemanha, França e Itália, nas áreas de matemática, física,
> química e biologia. Os editais seguintes deram prioridade às engenharias e
> às ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, computação,
> tecnologia de comunicação, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão
> mineral.
> O programa tem sido elogiado pela iniciativa privada, que há muito tempo
> reivindica mão de obra qualificada. O crescimento da economia, ainda que
> modesto no ano passado, agravou o problema do déficit de profissionais
> preparados no mercado de trabalho. Na área financeira, a escassez de
> engenheiros chegou a tal ponto que os bancos, as seguradoras e os fundos
> passaram a contratar profissionais recém-formados em matemática, física e
> ciências atuariais para trabalhar em atividades que normalmente são
> exercidas por especialistas em engenharia financeira, como análise de
> risco, modelagem, precificação e uso de plataformas de investimentos com
> base em algoritmos.
> A comunidade acadêmica também recebeu bem o Ciência sem Fronteiras, apesar
> das reivindicações da área de ciências humanas e sociais para ser agraciada
> com bolsas de estudo no exterior. Por causa dessas pressões, as autoridades
> educacionais assumiram uma posição ambígua. Apesar de o TRF da 5.ª Região
> ter cassado a liminar que permitia a participação de universitários da área
> de ciências humanas e sociais no Ciência sem Fronteiras, as duas agências
> de fomento responsáveis pelo programa - a Capes e o CNPq - mantiveram as
> inscrições desses alunos. No entanto, não deixaram claro se, ao final do
> processo de avaliação dos currículos e dos projetos de pesquisa, eles
> receberão bolsas - o que pode levar a novos recursos nos tribunais.
> O governo acertou ao lançar um programa que reduz a distância entre as
> universidades brasileiras e as estrangeiras mais conceituadas nas áreas de
> conhecimento estratégicas para o desenvolvimento do País. Contudo, pressões
> corporativas e a incerteza causada por decisões judiciais que alteram as
> regras do jogo podem comprometer o sucesso desse programa.
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> carlos palombini
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> www.researcherid.com/rid/F-7345-2011
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