[ANPPOM-Lista] Continuando a discussão - Música erudita, academia e sociedade

Alvaro Henrique alvaroguitar em gmail.com
Qui Jun 6 15:23:42 BRT 2013


Ao que eu adicionaria o seguinte: se sair o ensino da música erudita, vai
entrar no lugar a música da indústria cultural. Sai Beethoven e entram as
canções com copyright da meia dúzia dos grandes conglomerados de mídia.

Baseado num discurso revanchista contra um colonialismo passado (e põe
passado nisso, já que nem Niemeyer o viveu), propõe-se a consolidação de um
imperialismo presente e que toda a sociedade brasileira vive.

Uma lógica esquizofrênica, pra dizer o mínimo. Mas permite a alguns sua
vingancinha pessoal.

Abraços,
Alvaro Henrique

Alvaro Henrique is a Price, Rubin & Partners artist. Info:
http://alvarohenrique.com/dossie_en.pdf
Alvaro Henrique plays Royal Classics guitar strings.
http://www.royalclassics.com/catalogo_artista_detalle.htm?idioma=es&id=42
----
Tel.: +55(61) 9977 0535
http://www.youtube.com/watch?v=44Kf0yBMgKU


Em 5 de junho de 2013 23:18, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br> escreveu:

>
> Olá meus caros,
>
> Respondendo à recente discussão "remodelada", gostaria de colocar alguns
> pontos.
>
> Reconheço que não li e não tenho conhecimento sobre os trabalhos de
> musicólogos mais recentes, entre eles o Nicholas Cook, onde vi rapidamente
> vários trabalhos interessantes ligados a temáticas variadas (inclusive a
> Improvisação, quando estava pesquisando isso). Infelizmente meu tempo tem
> sido muito escasso, nem pra estudar Piano, nem pra ler os autores da linha
> que trabalho, que é o Ensino da Performance Musical. Não poderia ter me
> manifestado dessa forma.
>
> Agora, com relação ao comentário que gerou a questão, vou descrever o
> cenário que entendi. Um professor da área de Filosofia, mencionando as tais
> "teorias sociais" - que em rápida pesquisa observei serem, na verdade,
> ideais com base no "Imperialismo Cultural", conceito da década de 1970, e
> no conceito de "Aculturação (ou seja: não eram "quaisquer teorias sociais";
> me expressei mal desde o começo) -  estava defendendo que a Música Erudita
> não deveria ter espaço na academia justamente porque representa um
> resquício do imperalismo cultural que o Brasil viveu quando era colônia.
> Acredito que por este professor não ser da área de Cultura - e, por isso
> mesmo, não ter noção da condição delicada em que vive a Música Erudita hoje
> na sociedade (na academia, obviamente, é um pouco melhor, mas não de forma
> homogênea em todo o país) - ele não tem consciência das implicações que
> suas ideias, caso aplicadas, geram para a manutenção do patrimônio cultural.
>
> Se pararamos de ensinar Piano nas Universidades (por exemplo), onde ele
> será ensinado? A prática musical não é simples como pegar um livro e ler.
> Isso é bem diferente das áreas que trabalham basicamente com ideias: tanto
> que até hoje há releituras de autores da Grécia Antiga. Porém, na Música,
> grande parte das habilidades musicais é ensinada através da oralidade (e
> não sabemos como era a interpretação musical na época da Grécia Antiga!).
> Se isso acabar, não será tão simples (ou até impossível) reaver este
> conhecimento daqui a cem anos. Acredito muito na necessidade de renovar,
> agregar novas práticas, mas esta característica da Música não pode ser
> perdida. Posso dizer que esta é a minha maior e gigantesca preocupação com
> relação ao que acontece no meio acadêmico da Música.
>
> Espero ter sido um pouco mais claro na minha fala, e que isto possa prover
> alguma contribuição.
>
> Abraços,
>
> Daniel Lemos Cerqueira
>
> http://musica.ufma.br <http://musica.ufma.br>
>
>
>
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