[ANPPOM-Lista] Digest Anppom-L, volume 100, assunto 45

Ernesto Hartmann vonhart em hotmail.com
Qui Out 31 11:16:44 BRST 2013


Assunto: 36
Obrigado Daniel. Realmente é preciso aprofundar o assunto, e principalmente numa perspectiva téorica que tenha ressonância com os fatos observados no cotidiano. Modelos importados, creio que não se adequam a pitoresca particularidade do Brasil.
Um grande abraço e.... cuidado com o Bullying.....



From: anppom-l-request em iar.unicamp.br
Subject: Digest Anppom-L, volume 100, assunto 45
To: anppom-l em iar.unicamp.br
Date: Thu, 31 Oct 2013 07:24:31 -0200

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From: dal_lemos em yahoo.com.br
To: hugoleo75 em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
Date: Wed, 30 Oct 2013 19:08:57 -0700
Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Digest Anppom-L, volume 100, assunto 36

 
Prezado Hugo,
 
Creio que você procurou pensar demais na minha visão. Popular, Erudito, Cultura (eu sempre me refiro a estes termos em maiúsculas), são termos sempre complexos. Não creio que seja o caso aqui pontuar isso. Da mesma forma, não abordei nenhuma situação levando em consideração se um tipo de música é "sofisticada" e outro é "simples", se um exige "técnica apurada" e o outro não. Esta foi uma questão que você adicionou em sua interpretação. Mas tenho que ver se houve "deixa" para que a mensagem fosse interpretada assim.
 
Popular, por exemplo, pode ser desde Ivete Sangalo, passando por Michel Teló, Bruno e Marrone até o Carimbó, as Lavadeiras de Almenara, também o Jazz e a Bossa Nova Instrumental e por aí vai. Obviamente, estes estilos não compartilham das mesmas potencialidades de mercado, nem das mesmas condições de infraestrutura para existir, ou acesso ao conhecimento artístico por parte de quem a produz. Mas isso é só falando de estilos. Popular não seria "do povo"? Então Jazz não é! Ou Popular não seria também o "simples"? Ou também poderia ser o "midiático"? O "nacional"? Até mesmo a instrumentação utilizada muda esse conceito. Já temos aqui mais mudanças de conceituação que só vão embaralhar tudo.
 
Com relação aos três pontos enumerados, tente imaginar não a minha concepção, mas a visão de um gestor da cultura diante das atuais políticas culturais. Aquele ligado aos interesses do empresariado, que vê a Arte como um negócio, sob o objetivo de captar recursos e conseguir visibilidade. Esta foi a visão que me norteou mensagem anterior.
 
Você acha que para pessoas com tais objetivos, existe alguma preocupação em dar condições dignas para que o artista tenha autonomia? Se você acha que sim, provavelmente está sendo demasiadamente otimista, ou desconhece a realidade do mercado de trabalho hoje.
 
O ponto 1, onde falo que o artista popular "nasce sabendo", subentende que os gestores que há pouco citei não estão preocupados em dar condições dignas para este artista, que ficaria limitado somente à prática musical que lhe é útil naquele contexto de mercado. Não há interesse em oferecer a este artista cursos quaisquer, auxílio para adquirir equipamentos ou instrumentos musicais. Obviamente, o artista mesmo pode não precisar disso, mas certamente são recursos que deveriam estar disponíveis a todos. Existe realmente alguma preocupação dos gestores da cultura nesse sentido?
 
Com relação ao ponto 2, você diz: "sem se importar muito com o resultado artístico de sua apresentação, uma vez que seu público não se importa muito se a música é bem executada ou não." Você está mudando o enfoque: eu não trouxe nenhum tipo de valoração de mera técnica musical, porém, agradeço o alerta pois alguém pode ter interpretado assim também. Mais uma vez, tente pensar na visão do gestor: o artista "clássico" dá gastos demais e retorno de público de menos, sendo muito mais rentável USAR (não é investir) o artista "popular". Obviamente, nem todo artista popular é "barato", mas indubitavelmente todo artista clássico é "caro". E antes que você pense que "eu disse que é caro porque Tem Mais Técnica, ou É Música Pura", reitero estar falando no sentido de que é necessário tempo e dinheiro para que este tipo de artista esteja pronto para o mercado (isso se eles chegarem até lá, infelizmente...).
 
Ponto 3: a Arte Popular, considerando todas aquelas concepções que já foram pontuadas, pode ou não atingir grandes públicos. Há algumas que não. E estas que não, certamente compartilham das mesmas questões que a Música de Concerto hoje. A não ser que alguém venha me contradizer com o exemplo da Vanessa Mae.
 
Com relação aos "etnos", quando você cita grandes exemplos como Manuel Veiga, Martha Ulhôa, só reforça o que eu tinha dito: as fronteiras entre o Erudito e Popular tendem a ser reduzidas. Definitivamente não são representantes do tipo de acadêmico que eu tentei ilustrar.
 
Com o exemplo - bem mencionado por ti - da banda filarmônica do interior da Bahia, podemos concluir que a intervenção do Estado na Cultura também não pode acontecer, pois cria um "fóssil cultural". Porém, a não-intervenção do Estado leva também ao domínio de interesses privados na Cultura, e gera uma forma oposta de manipulação.
 
Então, tudo vai acabar...
 
A não ser que governo e iniciativa privada finalmente percebam que a Cultura só sobrevive se o artista tiver autonomia, independentemente de sua preferência estética, nível técnico ou público-alvo. Assim, seria importante desenvolver políticas de apoio cultural sem exigir nada em troca.
 
Daniel
 
 
 


--Forwarded Message Attachment--
From: psotuyo em ufba.br
CC: hugoleo75 em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
To: carlos.sandroni em gmail.com; dal_lemos em yahoo.com.br
Date: Thu, 31 Oct 2013 00:08:49 -0300
Subject: [ANPPOM-Lista] RES:  Digest Anppom-L, volume 100, assunto 36

Quosque tandem... ?   Prof. Dr. Pablo Sotuyo BlancoDocente e Pesquisador em Musicologia e ComposiçãoCoordenador Musicológico ADoHM (SIBI-UFBA)Universidade Federal da Bahia De: anppom-l-bounces em iar.unicamp.br [mailto:anppom-l-bounces em iar.unicamp.br] Em nome de Carlos Sandroni
Enviada em: quarta-feira, 30 de outubro de 2013 22:50
Para: Daniel Lemos
Cc: Hugo Leonardo Ribeiro; anppom-l
Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Digest Anppom-L, volume 100, assunto 36 Mas não é bem que ele esteja errado, Hugo. Se eu achasse que ele está errado seria muito melhor, porque daria pra discutir.Daniel, não dá pra postar um email assim numa lista acadêmica de uma associação nacional de pesquisa.   2013/10/30 Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
Caro Hugo,

Seria interessante você se posicionar quanto às suas discordâncias. Este assunto é pouco debatido, precisamos amadurecê-lo.

Daniel


--------------------------------------------
Em qua, 30/10/13, Hugo Leonardo Ribeiro <hugoleo75 em gmail.com> escreveu:
 Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Digest Anppom-L, volume 100, assunto 36
 Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br> Cc: vonhart em hotmail.com, "anppom-l" <anppom-l em iar.unicamp.br>
 Data: Quarta-feira, 30 de Outubro de 2013, 20:31

 Prezado Daniel,
 eu não sei nem por onde começar a responder seu
 texto. Então é melhor eu dizer que não concordo com nada
 e, de acordo com meu ponto de vista, você está errado em
 todas as suas posições nesse email. É mais simples e
 direto.

 Hugo

 Em 30 de outubro de
 2013 00:50, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
 escreveu:


 Caro Ernesto,



 Parabenizo-lhe por mais uma brilhante colocação. A
 alteração nos recursos humanos e na programação da
 Rádio MEC, se for mesmo concretizada - ainda mais de forma
 silenciosa - certamente é um ato a ser repudiado. Primeiro,
 porque ela é um dos poucos veículos de mídia massiva que
 não está sob o controle de empresários e da indústria
 cultural (basta analisar as políticas culturais no Brasil
 para deduzir que Adorno não descansa em paz...). Segundo,
 porque tudo o que o governo muda é sempre pra pior, com
 exceção dos salários dos congressistas. Terceiro, porque
 ter fortes argumentos para defender uma coisa ou outra não
 fazem a menor diferença para as decisões em fóruns
 criados por governos pseudo-democráticos.




 Obviamente, as lutas pela Música de Concerto dificilmente
 serão abraçadas por antropólogos, historiadores ou
 "os etnos" defensores da cultura dita
 "popular" - cujas fronteiras, na prática, são
 cada vez menores em relação à cultura europeia ou
 erudita. O fato é que todos estão confortáveis com a
 grande atenção que as empresas e o governo dão para a
 cultura popular, mas tem sido incapazes de enxergar - ou
 reconhecer - um lado importante e maquiavélico que há
 nessas políticas:




 1) O artista popular "nasce sabendo", então, ele
 muito raramente irá exigir acesso a uma formação ou
 aprimoramento artístico (se ele estudar, pode até correr o
 risco de se "tornar erudito"; esta é uma boa
 discussão...);




 2) O artista popular trabalha com os recursos que estão à
 sua disposição no momento, sendo assim, não exige do
 governo e das empresas investimentos em recursos ou
 infraestrutura - fato totalmente diferente das artes
 clássicas;




 3) A arte popular já atinge, naturalmente, grandes
 públicos no Brasil. Isso implica em publicidade para as
 empresas, e votos para o governo.





 Está aí a receita para dizimar a cultura de um país.



 Daniel Lemos





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 Lista de discussões ANPPOM

 http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l

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Carlos Sandroni
Departamento de Música, UFPE
Programa de Pós-Graduação em Antropologia, UFPE
Programa de Pós-Graduação em Música, UFPB
Telefones:
(81) 2126 8596 / 8597 (UFPE)
(81) 9811 1473 (Celular)
Endereço:
Rua César Loureiro, 75/103
Casa Forte - 52060-350
Recife - PE

--Forwarded Message Attachment--
From: fenerich em gmail.com
CC: hugoleo75 em gmail.com; anppom-l em iar.unicamp.br
To: carlos.sandroni em gmail.com
Date: Thu, 31 Oct 2013 01:12:50 -0200
Subject: Re: [ANPPOM-Lista] Digest Anppom-L, volume 100, assunto 36

Sandroni, apoiado veementemente...
 
 
 
Em 30/10/13, Carlos Sandroni<carlos.sandroni em gmail.com> escreveu:
> Mas não é bem que ele esteja errado, Hugo. Se eu achasse que ele está
> errado seria muito melhor, porque daria pra discutir.
> Daniel, não dá pra postar um email assim numa lista acadêmica de uma
> associação nacional de pesquisa.
>
>
>
> 2013/10/30 Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
>
>>
>> Caro Hugo,
>>
>> Seria interessante você se posicionar quanto às suas discordâncias. Este
>> assunto é pouco debatido, precisamos amadurecê-lo.
>>
>> Daniel
>>
>>
>> --------------------------------------------
>> Em qua, 30/10/13, Hugo Leonardo Ribeiro <hugoleo75 em gmail.com> escreveu:
>>
>>  Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Digest Anppom-L, volume 100, assunto 36
>>  Para: "Daniel Lemos" <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>  Cc: vonhart em hotmail.com, "anppom-l" <anppom-l em iar.unicamp.br>
>>  Data: Quarta-feira, 30 de Outubro de 2013, 20:31
>>
>>  Prezado Daniel,
>>  eu não sei nem por onde começar a responder seu
>>  texto. Então é melhor eu dizer que não concordo com nada
>>  e, de acordo com meu ponto de vista, você está errado em
>>  todas as suas posições nesse email. É mais simples e
>>  direto.
>>
>>  Hugo
>>
>>  Em 30 de outubro de
>>  2013 00:50, Daniel Lemos <dal_lemos em yahoo.com.br>
>>  escreveu:
>>
>>
>>
>>  Caro Ernesto,
>>
>>
>>
>>  Parabenizo-lhe por mais uma brilhante colocação. A
>>  alteração nos recursos humanos e na programação da
>>  Rádio MEC, se for mesmo concretizada - ainda mais de forma
>>  silenciosa - certamente é um ato a ser repudiado. Primeiro,
>>  porque ela é um dos poucos veículos de mídia massiva que
>>  não está sob o controle de empresários e da indústria
>>  cultural (basta analisar as políticas culturais no Brasil
>>  para deduzir que Adorno não descansa em paz...). Segundo,
>>  porque tudo o que o governo muda é sempre pra pior, com
>>  exceção dos salários dos congressistas. Terceiro, porque
>>  ter fortes argumentos para defender uma coisa ou outra não
>>  fazem a menor diferença para as decisões em fóruns
>>  criados por governos pseudo-democráticos.
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>>  Obviamente, as lutas pela Música de Concerto dificilmente
>>  serão abraçadas por antropólogos, historiadores ou
>>  "os etnos" defensores da cultura dita
>>  "popular" - cujas fronteiras, na prática, são
>>  cada vez menores em relação à cultura europeia ou
>>  erudita. O fato é que todos estão confortáveis com a
>>  grande atenção que as empresas e o governo dão para a
>>  cultura popular, mas tem sido incapazes de enxergar - ou
>>  reconhecer - um lado importante e maquiavélico que há
>>  nessas políticas:
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>>  1) O artista popular "nasce sabendo", então, ele
>>  muito raramente irá exigir acesso a uma formação ou
>>  aprimoramento artístico (se ele estudar, pode até correr o
>>  risco de se "tornar erudito"; esta é uma boa
>>  discussão...);
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>>  2) O artista popular trabalha com os recursos que estão à
>>  sua disposição no momento, sendo assim, não exige do
>>  governo e das empresas investimentos em recursos ou
>>  infraestrutura - fato totalmente diferente das artes
>>  clássicas;
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>>  3) A arte popular já atinge, naturalmente, grandes
>>  públicos no Brasil. Isso implica em publicidade para as
>>  empresas, e votos para o governo.
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>>  Está aí a receita para dizimar a cultura de um país.
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>>  Lista de discussões ANPPOM
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>>  http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
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Alexandre Sperandéo Fenerich
prof. Adjunto IAD - UFJF - http://www.ufjf.br/musica/
 
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