[ANPPOM-Lista] Para refletir!

rrrr em usp.br rrrr em usp.br
Qui Fev 27 05:42:10 BRT 2014


vamos recapitular o texto do tal Alexandre Barros ( muito bem lembrado pelo Prof. Mario Marçal Jr), realmente vale a pena ler: 

http://ordemlivre.org/posts/sem-doutorado-entao-fora?fb_action_ids=10151995942207712&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B1389838204606209%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D 

portanto, diz com bom humor que nas academias do Brasil de hoje ha mais burocracia que merito... so isso... 

abs a todos os colegas da ANPPOM, 

Rubens R. Ricciardi 

----- Mensagem original -----

> De: "Diósnio Machado Neto" <diosnio em gmail.com>
> Para: "Fernando" <corvisier em usp.br>
> Cc: "Anppom CADASTRO" <anppom-l em iar.unicamp.br>, "Anppom CADASTRO"
> <anppomcadastro em gmail.com>
> Enviadas: Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2014 2:05:06
> Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Para refletir!

> Caros colegas,

> Acho que insistir na discussão do mérito sobre ter ou não ter o
> artista sem titulação dentro da universidade brasileira não é a
> questão. Acredito que o importante é como se ensina instrumento no
> Brasil e quais são as reais condições em que ocorre este ensino, ou
> mesmo como se forma o processo de aprendizado, desde a infra
> estrutura até a "superiorização" deste ensino. Planteado assim não
> há cabimento cruzamentos e transportes de realidades. É sintoma do
> colonialismo impresso nos gens que nos faz olhar para os Estados
> Unidos, ou mesmo para o Piauí desde São Paulo; ou de Tatuí para
> Maceió...
> Assim sendo, e sempre considerando que o ofício da música é tão
> importante como a ciência da música, e portanto um título não
> definiria a contenda, me permitam apenas apimentar a discussão
> considerando que a insistência na questão do título serve como um
> torniquete, que de tanto virar se esquece do fator primordial da
> exigência do título, que é dar condições de acesso às políticas de
> financiamento das agências, ampliando a capacidade de montagem de
> infra estruturas nos núcleos de ensino superior público. E a
> realidade é que esta ideia não tem prosperado, porque até onde
> percebo há poucos projetos de infra estrutura para ensino de
> instrumento financiados pelas agências de pesquisa. Não sei se isto
> é tão agudo como vejo e pergunto para quem sabe se assim é? E se
> isto for verdade, o processo de titulação torna-se inócuo. Logo
> seria melhor pensar em outras alternativas que deem mais impulso ao
> ensino de instrumento. E é neste ponto que quero me dispor e expor
> minha visão.
> Primeiro quero dizer que, apesar dos muitos avanços, significativos e
> do tamanho e méritos das notas de avaliação que vemos, por exemplo,
> na UFRGS, mudar a forma de ingresso do professor na universidade na
> nossa realidade é tanto mais difícil do que parece ser entender, e
> usar, as possibilidades de articulação que estão disponíveis dentro
> do próprio sistema. Para mim, o que aponta o Rodolfo poderia ser
> sanado se as instituições superiores de ensino técnico, como no caso
> das Fatecs paulistas, assumissem o que é difícil para a
> universidade, ou seja, montar a imensa estrutura que é necessária
> para capacitar o jovem no aprendizado de um instrumento. Pode
> parecer simplista, mas o que vejo hoje no Brasil é o aluno que quer
> ser um instrumentista privado de ambientes fundamentais para seu
> desenvolvimento, simplesmente porque a universidade tem protocolos
> de contratação e gastos que não são condizentes com o que necessita
> o instrumentista para se desenvolver; pergunto onde no Brasil há um
> orquestra-disciplina que dê oportunidade para o instrumentista
> aprender a tocar um repertório que vai de Mozart a Mahler? Isto pode
> se desdobrar para música de câmara, e tantas outras áreas do
> aprendizado do instrumento. É só imaginar que boa parte dos músicos
> de orquestra em São Paulo, por exemplo, tiveram seu treinamento na
> Orquestra Experimental de Repertório (e aqui fica minha homenagem ao
> Jamil Maluf) e não numa disciplina regular e nos corpos musicais nas
> diversas escolas de música espalhadas em três universidades
> públicas!!!!!
> Em suma, o problema está além de ter ou não o professor artista. Está
> nas possibilidades, reais, de infraestrutura de ensino e, também, na
> formação de uma mentalidade do professor titulado em buscar as vias
> de financiamento que lhe permite o título. E isto articula-se também
> por definir melhor uma política institucional sobre a música na
> universidade, pois parece que queremos tudo, mas podemos bem pouco!
> Esta condição que nos fragiliza ao requerer paridade do artista com
> o cientista (e por favor me poupem de explicação da natureza de um e
> de outro, pois ambos formam o arabesco do saber e sentir humano)
> Logo, mesmo que sem expor outros argumentos, acho que o problema como
> exposto parece ser mais uma questão de reconhecimento do artista
> diante do saber científico (que é filosófico e butequeiro ao mesmo
> tempo) do que a disposição de criar estruturas competentes para o
> desenvolvimento do jovem instrumentista, que o título permite (e até
> acho justo bradar contra isto, mas aí é outro departamento).
> Atenciosamente,
> Diósnio Neto

> No dia 26 de Fevereiro de 2014 às 09:24, < corvisier em usp.br >
> escreveu:

> > Caro Rodolfo,
> 

> > Acho que você se enganou. Existem sim professores artistas, sem
> > doutorado, lecionando em tempo integral nas universidades estatais
> > americanas. Posso citar um exemplo do meu ex-professor de piano e
> > um
> > notável artista Abbey Simon, que apesar dos seus 91 anos, ainda
> > leciona em tempo integral na Universidade de Houston.
> 

> > Fernando Corvisier
> 

> > > De: rcoelho em usp.br
> > 
> 
> > > Para: "Mario Marçal Jr" < mariomarcaljr em gmail.com >
> > 
> 
> > > Cc: "Anppom CADASTRO" < anppom-l em iar.unicamp.br >, "Anppom
> > > CADASTRO"
> > > < anppomcadastro em gmail.com >
> > 
> 
> > > Enviadas: Segunda-feira, 24 de Fevereiro de 2014 18:04:03
> > 
> 
> > > Assunto: Re: [ANPPOM-Lista] Para refletir!
> > 
> 

> > > Meu caro Mario,
> > 
> 
> > > Nem tão bom assim. Quem conheceu de perto a vida universitária
> > > americana (fiz doutorado e pós-doc por lá) sabe que esse artigo é
> > > falacioso.
> > 
> 
> > > O primeiro aspecto a considerar é que as universidades americanas
> > > mencionadas são privadas. E mesmo quando (parcialmente) estatais
> > > tem
> > > uma autonomia muito maior do que as nossas públicas. Lembre-se
> > > que
> > > as universidades brasileiras privadas também podem contratar (e
> > > contratam) professores sem doutorados e mestrados. Às vezes até
> > > despedem um professor quando ele completa uma titulação porque o
> > > salário deveria aumentar (conheço colegas que viveram essa
> > > experiência).
> > 
> 
> > > Na prática, na área de música, nunca conheci um professor de
> > > universidade norte-americana sem titulação acadêmica: doutorado
> > > para
> > > as áreas teóricas, ou mestrado para as cadeiras de ensino de
> > > instrumento. Havia (e há tempos atrás com mais frequência) a
> > > prática
> > > de contratar grandes artistas sem titulação, mas de grande
> > > reputação. Eleazar de Carvalho, por exemplo, foi professor de
> > > Yale.
> > > Mas não o era em tempo integral. Regia a OSESP durante o ano e
> > > reservava alguns meses das férias no Brasil (que coincidem com um
> > > período letivo no hemisfério norte) para dar aulas de regência
> > > por
> > > lá. Era uma espécie de professor honorário. Quem “carregava o
> > > piano”
> > > no resto do ano era outro professor menos conhecido, mas portador
> > > de
> > > titulação. E esse tipo de contrato é cada fez menos frequente.
> > 
> 
> > > Os doutorados, aqui e lá, são essenciais para a formação de um
> > > pesquisador e de um docente. Grandes profissionais (ou artistas,
> > > no
> > > nosso caso) não são necessariamente bons pesquisadores e nem
> > > mesmo
> > > bons professores. São carreiras e competências diversas.
> > 
> 
> > > Creio que na nossa área o problema é outro, e bem mais
> > > específico.
> > > A
> > > universidade pública brasileira fez uma mistura dos modelos
> > > universitários europeus e americanos, mas engessou as
> > > flexibilidades
> > > que porventura tais modelos tivessem. Tempos atrás podíamos
> > > contratar mestres. Isso está se tornando cada vez mais raro. A
> > > USP,
> > > onde trabalho, não o permite mais, em nenhuma hipótese. Isso
> > > dificulta muito a contratação de professores de instrumento. Os
> > > cursos de música que pretendem oferecer bacharelados em
> > > instrumento
> > > sofrem pela escassez de profissionais competentes com titulação
> > > de
> > > doutor. Esse tipo de profissional não tem vocação e nem interesse
> > > pela pesquisa acadêmica. Aliás, não se deveria esperar que
> > > tivessem,
> > > pois não é a natureza de sua profissão. Por isso as universidades
> > > americanas contratam regularmente portadores de títulos de
> > > mestres
> > > para essas cadeiras (e não exigem que eles façam pesquisa) e as
> > > europeias contratam esses professores nos conservatórios e não
> > > nas
> > > universidades. Por outro lado projetos em cursos de música de
> > > nossas
> > > universidades que pretendam se voltar para uma formação
> > > fortemente
> > > teórica, como para as carreiras de musicólogos, professores de
> > > teoria, e mesmo educadores e compositores, principalmente os que
> > > se
> > > dedicam às novas tecnologias, continuam a sofrer uma forte
> > > resistência dos colegas, por razões que tem a ver com disputas de
> > > mercado de trabalho e não com a natureza do trabalho que
> > > realizam,
> > > que é perfeitamente adequado ao perfil de um conhecimento
> > > universitário.
> > 
> 
> > > Lembremos que a universidade não é apenas um local de formação
> > > profissional. É o espaço do saber, profissionalizante ou não. Nem
> > > é
> > > a universidade o único local de formação profissional. Por
> > > exemplo,
> > > a escolinha de futebol do Santos F.C. tem formado profissionais
> > > muito bem sucedidos. Quem não gostaria de ganhar o salário do
> > > Neymar?
> > 
> 
> > > Não apenas por isso, mas também por isso, vira e mexe ressurgem
> > > as
> > > críticas do teor desse texto aos professores titulados, como se
> > > eles
> > > representassem uma reserva de mercado. Criar critérios de seleção
> > > não é fazer reserva de mercado, é cuidar do resultado da
> > > contratação
> > > para os fins pretendidos.
> > 
> 

> > > O que a universidade brasileira deveria reconhecer é a natureza
> > > diversa dos diferentes professores que são necessários para se
> > > montar um curso de música e colocar exigências de concurso,
> > > modelos
> > > de contrato e planos de carreiras diferenciados para as
> > > diferentes
> > > situações. Muita disputa interna desnecessária seria evitada com
> > > isso. Mas parece que isso é um ovo que nem Colombo conseguiria
> > > colocar em pé.
> > 
> 
> > > Rodolfo Coelho de Souza
> > 
> 

> > > > De: "Mario Marçal Jr" < mariomarcaljr em gmail.com >
> > > 
> > 
> 
> > > > Para: "Anppom CADASTRO" < anppomcadastro em gmail.com >, "Anppom
> > > > CADASTRO" < anppom-l em iar.unicamp.br >
> > > 
> > 
> 
> > > > Enviadas: Domingo, 23 de Fevereiro de 2014 13:18:20
> > > 
> > 
> 
> > > > Assunto: [ANPPOM-Lista] Para refletir!
> > > 
> > 
> 

> > > > Olá Caríssimos Colegas!!!
> > > 
> > 
> 
> > > > Um excelente texto para nossa reflexão! !!
> > > 
> > 
> 
> > > > http://ordemlivre.org/posts/sem-doutorado-entao-fora?fb_action_ids=10151995942207712&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B1389838204606209%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D
> > > 
> > 
> 
> > > > Grande abraço
> > > 
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> Diósnio Machado Neto
> História da Música e Música Brasileira

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