[ANPPOM-Lista] [etnomusicologiabr] Texturas Musicais

Daniel Puig danielpuig em me.com
Ter Maio 13 14:16:15 BRT 2014


olá, Hugo,

esta é minha primeira contribuição à lista da [etnomusicologiabr] e fico feliz em poder participar aqui também.

para mim, abordar texturas segue sempre o mesmo caminho apontado pelas oficinas de música e pelo trabalho a partir de uma concepção do desenvolvimento musical como em Keith Swanwick: experimentar, discutir, elaborar o discurso, elaborar a conceituação, elaborar a prática, conhecer a literatura a respeito (aquela ao alcance dos alunos em questão, incluindo aí as obras musicais, vistas como literatura), criar (compor) no campo abordado (no caso, utilizando diferentes texturas).

não acho que as classificações cubram tudo que se possa ouvir e fazer com texturas em música. também não acho que precisemos entrar na discussão da utilidade delas — obviamente são úteis —, porém — também obviamente —, nunca poderão cobrir tudo o que a realidade apresenta, por serem mesmo uma construção a posteriori e dependente intrinsecamente do observador. entro em sala de aula para abordar o assunto com essa perspectiva.

por exemplo.
após passar um semestre trabalhando conceitos como homofonia e polifonia, melodia e harmonia, métrica, com meus alunos do 9º ano do ensino fundamental — claro, na perspectiva de tocar, apreciar e compor (modelo C(L)A(S)P, Swanwick) com esse material —, pergunto:
— Então, toda música tem compasso?
— Sim! (alunos)
— Toda música tem melodia e harmonia?
— Sim!
— Não!
e toco Ligeti, abordando massa sonora, densidades, micropolifonia, sem melodia ou harmonia como eles as entenderam até ali. toco música eletroacústica. toco paisagens sonoras gravadas como música. e por aí vai.

não preciso classificar. eles já entendem — depois conceituamos — que a classificação serve até um certo ponto, notadamente histórico. que ajuda a entender e fazer música, mas não é essencial ao que acontece na realidade, embora a influencie em nossas criações como observadores que classificam.

espero ter ajudado à resposta que você busca. essa experiência e outras parecidas, já fiz mais de uma vez com meus alunos. funciona ;)

abraços,

daniel puig
www.danielpuig.me



Em 13/05/2014, à(s) 13:51, Hugo Leonardo Ribeiro hugoleo75 em gmail.com [etnomusicologiabr] <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br> escreveu:

> 
> Os textos do Fessel são realmente interessantes. Mas, no final das contas, a pergunta foi respondida da forma mais acadêmica possível: indicando leituras. Mas eu gostaria de saber como os professores se comportam em suas aulas? Como abordam o assunto sobre texturas e quais exemplos utilizam? 
> 
> Obrigado Martha, Palombini e Sammartino.
> 
> Hugo
> 
> 
> 2014-05-12 9:18 GMT-03:00 Carlos Palombini cpalombini em gmail.com [etnomusicologiabr] <etnomusicologiabr em yahoogrupos.com.br>:
>  
> 
> Hugo,
> 
> Corrigindo. Talvez haja algo em certo sentido mais completo que a tipo-morfologia do objeto sonoro, realizado a partir dela. Este algo vem acompanhado de um plug-in para o programa Acousmographe: o Aural Sonology Plug-in. Você encontra as informações no site do INA-GRM (Groupe de Recherche Musicale, Institut National de l'Audiovisuel), onde o plug-in está disponível no modo 0800:
> 
> http://goo.gl/BY8ARQ
> 
> Selecio-copio-e-colo:
> 
> The Aural Sonology Project is a novel approach to the analysis of sonic and structural aspects of music-as-heard, based on the work of Lasse Thoresen. It provides defined symbols to notate these aspects of both music and the way we interrelate when we listen to music, putting the listener experience in focus.
> Notating sound, the spectromorphological analysis is based on the sound-object, which is constituted by the listening  intention to hear the sound simple as a sound (ʻreductive listeningʼ). The Aural Sonology Project has revised Pierre Schaeffer's ideas and translated these ideas into a conceptual structure with corresponding graphic signs. These signs are incorporated in the Aural Sonology Plug-In for the Acousmographe 3.7.
> 
> Included is the Sonova font and a rich set of libraries for spectromorphological analysis as well as analyses relevant for musical form-building:
> •    Time-fields (the temporal segmentation of the musical discourse)
> •    Layers (the synchronous segmentation of the musical discourse)
> •    Dynamic form (time directions and energetic shape)
> •    Thematic form (recurrence, variation, and contrast)
> •    Form-building transformations (simple and complex gestalts, transformations between them (e.g. proliferation/collection, fission/fusion; liquidation/crystallization).
> 
> ​Abraço,
> 
> Carlos​
> 
> -- 
> carlos palombini
> professor de musicologia ufmg
> professor colaborador ppgm-unirio
> orcid.org/0000-0002-4365-7673
> 
> 
> 
> __._,_.___
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