[ANPPOM-Lista] John Croft: "Composition Is Not Research"

daniel quaranta danielquaranta em gmail.com
Dom Dez 13 11:22:31 BRST 2015


É curioso. Em varias listas vi pessoas "festejando" esse texto.
Na época que o li me pareceu que a visão do autor poderia ser comparável à
concepção positivista (mecánica e bastante fechada em termos de
procedimentos e concepções) que se tinha da musicologia até os anos
80....(ou por aí).
Mesmo assim, não deixa de ser uma interesante reflexão para o mundo da
composição. Quiça um ponto de partida para se repensar.
A outra questão é que em tempos de escasos recursos para a pesquisa e
privatização de certos setores, com certeza, esse texto é muito bem-vindo.
Abraço
Daniel

2015-12-13 10:52 GMT-02:00 Hugo Leonardo Ribeiro <hugoleo75 em gmail.com>:

> Excelente texto, Palombini.
>
> Hugo
> Em 12/12/2015 6:56 AM, "daniel quaranta" <danielquaranta em gmail.com>
> escreveu:
>
>> Prezados Pesquisadores (excluo os compositores, é claro  ;-)    ->
>> últimas noticias da ANDES.
>> http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=7898
>>
>> *Projeto que privatiza produção científica e tecnológica é aprovado no
>> Senado*
>>
>> *O PLC77/2015 foi votado na íntegra e, como não sofreu alterações, segue
>> para sanção da Presidência*
>>
>> Por unanimidade, o Senado aprovou nesta quarta-feira (9) o Projeto de Lei
>> da Câmara (PLC) 77/2015, que cria o Código Nacional de Ciência, Tecnologia
>> e Inovação, legalizando as parcerias público-privadas na pesquisa
>> científica brasileira. O projeto será encaminhado agora à Presidência da
>> República, para sanção.
>>
>> A proposta, do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), regulamenta a Emenda
>> Constitucional 85 e é um dos itens da Agenda Brasil, conjunto de medidas
>> apresentadas pelo Senado para retirar direitos sociais e manter o superávit
>> primário, favorecendo o uso de recursos públicos na iniciativa privada, e
>> vice-versa. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) retirou as 12 emendas
>> apresentadas por ele para que o projeto não voltasse para a Câmara dos
>> Deputados e pudesse ser sancionado sem vetos.
>>
>> Para Epitácio Macário, 2º vice-presidente do ANDES-SN e um dos
>> coordenadores do Grupo de Trabalho de Ciência e Tecnologia (GTCT) do
>> Sindicato Nacional, o PLC 77 representa uma regressão imensa no sistema
>> público de ciência e tecnologia. “O PLC é mais um ataque, um passo a mais
>> na abertura das veias do fundo público para a apropriação privada. Esse
>> projeto abre a possibilidade de que as empresas privadas direcionem as
>> pesquisas no país, faculta o compartilhamento de infraestrutura física e
>> recursos humanos das universidades e institutos de pesquisa públicos com
>> empresas privadas. O patrimônio humano e material de Ciência e Tecnologia
>> públicos passarão a ser compartilhados, de acordo com a nova lei, com
>> organizações sociais e empresas privadas da área científica”, explica.
>>
>> Macário avalia que será muito difícil reverter esse processo, uma vez que
>> o PLC 77 estava na Agenda Brasil e faz parte de um projeto maior de
>> privatização do fundo público. “Teremos muita dificuldade, mas vamos nos
>> juntar às demais organizações que estão na luta em defesa do caráter
>> público da pesquisa científica no país e contra o PLC 77 e nos dirigiremos
>> à presidência, pedindo que haja o veto ao projeto”, comenta.
>>
>> Dentre os ataques contidos na legislação aprovada no Senado, o diretor do
>> ANDES-SN destaca o fato da regulamentação da criação e atuação das
>> instituições científicas, tecnológicas e de inovação (ICTs), que em sendo
>> organizações sociais ou empresas privadas, terão total acesso ao fundo
>> público.
>>
>> “É um avanço vigoroso do processo de privatização dos recursos humanos e
>> patrimônio científico públicos. Em médio prazo temos a possibilidade do
>> conhecimento desenvolvido nas instituições públicas não possam ser
>> publicados pelos professores e pesquisadores, pois as ICTs vão deter a
>> patente. Ou seja, a produção de conhecimento será patenteada e controlada
>> por instituições privadas, que funcionarão dentro das instituições
>> públicas”, detalha.
>>
>> Ainda de acordo com o 2º vice-presidente do ANDES-SN, o PLC 77 representa
>> uma grande ameaça à contratação, via concursos públicos, de professores e
>> pesquisadores e compromete o regime de Dedicação Exclusiva. A lei faculta,
>> por exemplo, que o professor concursado em DE possa criar, gerir ou
>> participar das ICTs, sendo liberado das suas atividades para atuar no
>> âmbito das instituições privadas, interrompendo o regime de DE, que é algo
>> central na carreira de docente e pesquisador.
>>
>> “A Dedicação Exclusiva fica seriamente comprometida. Assim como a
>> carreira de maneira geral, já que fica mais facilitada a contratação via
>> Organizações Sociais, que passarão a fazer contratos de prestação de
>> serviço ou pela CLT. Anuncia-se o fim da carreira docente como a
>> conhecemos”, alerta.
>>
>> “Ao invés de darmos um passo à frente, democratizando a ciência e a
>> tecnologia no Brasil, estamos dando três passos atrás, vinculando a
>> produção científica e tecnológica ao mercado, e entregando nosso patrimônio
>> público”, afirma o docente.
>>
>> *Histórico do PLC*
>>
>> Segundo Epitácio Macário, o projeto quando proposto em 2011 na forma de
>> PL 2177 confrontava alguns preceitos da Constituição Federal de 1988 e, por
>> isso, teve que ficar em espera, enquanto deputados elaboravam uma Proposta
>> de Emenda à Constituição (PEC 290/13), aprovada em fevereiro de 2015, que
>> originou a Emenda 85. O que abriu as portas para a tramitação do projeto.
>>
>> “A Constituição previa o investimento estatal prioritariamente para a
>> ciência básica e essa mudança constitucional incluiu a inovação no mesmo
>> patamar da ciência e tecnologia, para responder às demandas do mercado, e
>> tirando o termo básico, o que implica uma mudança considerável, pois quando
>> falamos em tecnologia e inovação falamos de produto. Outra mudança tem a
>> ver com a garantia de oferta de educação e ciência. Agora o fundo público
>> pode ser investido diretamente em empresas nacionais e estrangeiras que
>> realizem atividades de pesquisa e desenvolvimento em atividades de
>> pesquisa, desenvolvimento e inovação”, ressalta o diretor.
>>
>> Abraço
>> Daniel
>>
>> 2015-12-11 11:57 GMT-02:00 Bruno Angelo <bmangelo em yahoo.com.br>:
>>
>>> "so​ ​after all the explications of technique, the compositionally
>>> important thing would remain​ ​unexplained and untouched".
>>>
>>> E quem explica então essa "compositionally important thing"? Ou um
>>> conceito de *coisa composicional* é suficiente, isto é, não pede
>>> problematização?
>>>
>>>
>>> Bruno Angelo
>>> Músico
>>> (51) 8103 9547
>>> epopeiafantastica.wordpress.com
>>>
>>>
>>>
>>> Em Sexta-feira, 11 de Dezembro de 2015 7:58, Carlos Palombini <
>>> cpalombini em gmail.com> escreveu:
>>>
>>>
>>>
>>> John Croft
>>> ​, "Composition is Not Research"
>>> ​, ​*Tempo* 69/272
>>> ​:​ 6-11, April 2015
>>>
>>> There are, by and large, two kinds of composers in academia today –
>>> those who labour under the​ ​delusion that they are doing a kind of
>>> ‘research’, and those who recognise the absurdity of this​ ​idea, but who
>>> continue to supervise PhD students, make funding applications, and document
>>> their​ activities as if it were true. Composing, of course, might on
>>> occasion​​ ​depend on research – how do I make an orchestra sound like a
>>> bell? How do I electronically sustain a note from an instrument so that it
>>> doesn’t sound mechanical? What is the best way to notate microtones or
>>> complex rhythms so that they can be accurately played? But none of these is
>>> actually the composition of music. Rameau’s harmonic theory was research,
>>> and it surely influenced his music (and music in general),
>>> ​ but the​ *​Traité de l’harmonie*​ ​is not a musical composition​.
>>> ​The development of the pianoforte involved research and influenced music
>>> in profound ways, but it was not composing.​
>>>
>>> One might argue that at least the construction of compositional systems
>>> is research. Now, even​ ​granting this, it would remain the case that good
>>> and bad music can be made from any system – so​ ​after all the explications
>>> of technique, the compositionally important thing would remain​
>>> ​unexplained and untouched. But in reality even compositional systems are
>>> not research in any​ ​strong sense. This is because the answer to any
>>> conceivable ‘research question’ that might be​ ​involved is known in
>>> advance. Imagine, if you will, a research funding application from​
>>> ​Schoenberg. Research question: ‘can I make music in which all pitch
>>> classes are played equally​ ​often?’. Answer: yes! Or one from Grisey: ‘can
>>> I make chords out of the pitches revealed by
>>> ​ ​
>>> spectral
>>> ​ ​
>>> analysis?’ Answer: yes! Can I write a piece by sonifying the human
>>> genome? Actually, yes! If the​ ​answer to your ‘research question’ is
>>> always (trivially) ‘yes’, then there’s no research going on.
>>>
>>> But this is in fact what grant applications, composition PhD abstracts,
>>> and the ‘research narratives’​ ​we are required to write for the ‘Research
>>> Excellence Framework’ (or its equivalents in an​ ​increasing number of
>>> other countries) tend to look like. Sometimes, as if aware of the problem,
>>> we​ ​insert an evaluative term: ‘can a coherent​ ​musical structure be
>>> developed from sonification of the​ ​human genome?’ Without the word
>>> ‘coherent’ the answer is of course yes. So we put something in​ ​to make it
>>> seem like the result is not a foregone conclusion. But of course it​ ​is​ a
>>> foregone​ ​conclusion, because what one generally means by such a question
>>> is ‘can I write convincing music​ ​with this technique?’ where the person
>>> to be convinced is… me! Can I write music that I think is​ ​good? It turns
>>> out I can. Now, we could of course conduct research into questions like
>>> this: we​ ​could, for example, empirically test the perceived cohesion of
>>> music constructed in a certain way.
>>>
>>> But composition in that case would be the test stimulus for a music
>>> psychology experiment, not itself research. Alternatively, we might look at
>>> how often composers have decided to use certain techniques – but in that
>>> case the compositions are data, again not themselves research. Furthermore,
>>> if pre-compositional work and system building cannot be classed as
>>> research, then it is not possible to avoid this problem by claiming that
>>> compositions are in some sense the ‘findings’ of a research process.
>>> Indeed, the bizarre idea that the purpose of a musical composition is to
>>> report findings brings into stark relief the category error that is at work
>>> here.
>>>
>>> http://bura.brunel.ac.uk/bitstream/2438/10922/3/Fulltext.pdf
>>>
>>> --
>>> carlos palombini, ph.d. (dunelm)
>>> professor de musicologia ufmg
>>> professor colaborador ppgm-unirio
>>> http://www.proibidao.org/
>>> ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
>>> www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
>>> scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ
>>>
>>> ________________________________________________
>>> Lista de discussões ANPPOM
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>> ________________________________________________
>>>
>>>
>>> ________________________________________________
>>> Lista de discussões ANPPOM
>>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>> ________________________________________________
>>>
>>
>>
>>
>> --
>> Daniel
>> UFJF - IAD
>> PPGM - UFPR
>> PPGARTES - UFJF
>>
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>> ________________________________________________
>> Lista de discussões ANPPOM
>> http://iar.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>> ________________________________________________
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Daniel
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PPGM - UFPR
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