[ANPPOM-Lista] [Sonologia-l] os párias educadores

Marcelo Carneiro de Lima marcelo.arcos2 em gmail.com
Seg Jun 1 09:26:20 BRT 2015


Quanto ao diálogo que alguns colegas ainda insistem possível, só lembro de
um fato bastante ilustrativo ocorrido durante a greve de 2012:
Um grupo de sindicalistas e professores foi chamado para uma reunião como o
então ministro Mercadante. O excelentíssimo ministro (ainda teimamos nesses
títulos honoríficos) chegou com mais de uma hora de atraso. Questionado por
uma professora sobre o porquê, ele simplesmente respondeu: "a greve de
vocês não é importante; importante é a da polícia federal."
Desta resposta alguns colegas podem logo se levantar e dizer: "tá vendo,
não adianta fazer greve"
Eu, ao contrário, tiro a seguinte lição: o diálogo sem pressão política,
sem greve, é ineficaz com pessoas que pensam como o ex-ministro.
Se as MPs da presidência não são, só elas, motivos para a deflagração de
uma greve, podemos usar outros bons motivos: sucateamento contínuo das
universidades públicas visando a gradativa privatização (a exemplo do
ocorrido no México), o corte absurdo de verbas depois de uma campanha que
versava justamente o contrário, a falta de escrúpulos ao declarar que todos
os acordos realizados até ano passado estão "desacordados" neste novo
mandato presidencial, colocando na mesa a questão da total falta de
compromisso do governo com a educação pública e gratuita brasileira.
Eu, só de olhar a fachada do IVL, ao me deparar com dois laboratórios
interditados impedindo a realização de aulas, a continuidade de pesquisas,
e pondo em risco a degradação do equipamento caro e dificilmente passível
de reposição a curto e médio prazos, já sinto o desejo de paralização
imediata dos trabalhos. Prejudicar os alunos no meio do semestre? Nossos
alunos estão prejudicados desde Novembro de 2014 quando o primeiro
laboratório foi fechado. Mais prejudicado ainda ficaram quando no final de
Abril tiveram o segundo laboratório interditado. Dizer que só por que não
estamos em greve nossos alunos não estão sendo prejudicados está longe de
ser a verdade.
Abraços
Marcelo Carneiro

Em 31 de maio de 2015 22:45, Salomea Gandelman <salomea.gandelman em gmail.com>
escreveu:

>  BRAVO, Carole. Salomea
>
> On 31/05/2015 12:45, Carole Gubernikoff wrote:
>
> Este tipo de retórica tem impedido a ANDES de avançar na negociações e o
> fracasso das negociações há quatro anos refletem este estado de coisas.
> Quanto à carreira, as reformas recentes agradaram à grande maioria dos
> docentes que estão fazendo suas promoções. A promoção a titular tem
> acontecido em todas as universidades.
> Somos todos contra o corte de verbas para a educação, mas usufruímos
> durante os últimos anos dos concursos que estão renovando os quadros dos
> departamentos, da expansão das universidades federais com a criação inédita
> de novas universidades e escola técnicas, com a criação de novas vagas e
> concursos para servidores técnicos. Gostaria de manifestar meu
> descontentamento com a perversidade das condições de trabalho para os
> docentes, do fracasso da construção de novas unidades em vários campi, sem
> ser tutorada por este discurso que não me representa, pois sou professora e
> não concordo em prejudicar os alunos nas últimas semanas do semestre para
> uma reposição que será ou perversa ou falsa e prefiro o diálogo à retórica.
> Sinto muito se decepciono alguns colegas, mas não me sinto nem
> representada nem satisfeita com o esvaziamento dos campi, com a retórica
> entre "puxadores" de greve e suas estratégias de chamar à radicalidade e
> fracassar no diálogo. Nunca usei e não usarei a expressão "a  chapa vai
> esquentar em baixo deles".
>
>  Abraços,
> Carole
>
>
>
>
> Em 31 de maio de 2015 01:29, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
> escreveu:
>
>>
>>  (Péssima retórica, mas boa análise).
>>
>> Os profissionais do ensino público federal devem deflagrar uma greve a
>> partir de amanhã, dia 28 de maio. Ao lado da intensa luta dos educadores
>> nos municípios e estados que se alastra diante da intransigência das
>> autoridades, a greve do ensino federal completa o cenário desta que,
>> segunda a presidente, deveria ser a “Pátria Educadora”.
>>
>> Essa “Pátria Educadora”, como outras bravatas eleitorais (de que o peso
>> da crise não seria jogado sobre os ombros dos trabalhadores, de que o
>> ajuste não implicará em perda de direitos, etc.), se dissolve agora em pura
>> hipocrisia. A urgência e necessidade do ajuste imposto para salvar o
>> capital de sua própria crise, consome na fogueira da insanidade o corpo
>> febril do doente para salvar o vírus. Na sanha saneadora revelam-se as
>> verdadeiras intenções de classe que atingem diretamente aqueles
>> transformados em “párias educadores”. No moderno sistema de castas, os *chátrias
>> *(governantes) contemporâneos condenam aqueles que vivem de seu trabalho
>> ao abismo social, alguns mais que intocáveis (*dalitss – abaixo dos cães*),
>> são invisíveis, só podem sair à noite e se tentam aparecer são encarcerados
>> até morrer de forme (entre nós conhecidos como “terceirizados”).
>>
>> No que tange ao ensino público federal, no entanto, os efeitos do ajuste
>> fiscal, ainda que suficientes para justificar a reação grevista da
>> categoria, não explicam a dimensão do problema e, talvez, escondam o
>> essencial.
>>
>> No ano de 2011 o ANDES-SN, percorreu o país alertando sobre o risco de
>> desmonte que sofria a carreira docente e os fundamentos da proposta do
>> governo que implicava em uma concepção de universidade que fere mortalmente
>> a autonomia universitária, o caráter público e gratuito do ensino público
>> federal e a qualidade do ensino. Durante mais de um ano o governo e,
>> principalmente, o MEC se fizeram de surdos, num espetáculo de arrogância e
>> desconsideração.
>>
>> O resultado foi, em 2012, uma grande greve nacional exigindo que se
>> discutisse a carreira docente, a questão salarial e as condições de
>> trabalho. O governo e o então Ministro da Educação, o senhor Aloísio
>> Mercadante (talvez o mais incompetente dos últimos que por ali passaram),
>> apenas intensificaram a omissão, transformando o problema do Ensino Público
>> Federal num mero problema orçamentário, não à toa a negociação foi
>> deslocada para o Ministério do Planejamento e para as garras gélidas e
>> burocráticas da czarina do orçamento, a senhora Mirian Bechior.
>>
>> Com o requinte de um desfecho no qual o governo assina um acordo com uma
>> entidade sindical fantasma (que dizia representar apenas cinco das 53 IFES)
>> e impõe uma carreira que desestrutura e precariza o trabalho docente,
>> parcela em três anos um suposto reajuste que acabou (como prevíamos)
>> ficando abaixo da inflação e nem sequer acena para a (já naquela ocasião)
>> gravíssima situação das condições de trabalho e infra-estrutura nas
>> universidades, precarizadas por uma expansão sem os recursos necessários.
>>
>> A justificativa do governo, repetida como um mantra à época foi que
>> diante da possibilidade da crise o governo “priorizava a manutenção dos
>> empregos no setor privado”. Isso significa que o fundo público seria
>> desviado na forma de generosas contribuições à iniciativa privada na forma
>> de subsídios e isenções fiscais diante da vaga promessa de manter o nível
>> de emprego. Para aqueles que acreditam que o governo não cumpre suas
>> promessas, vai aí o desmentido cabal: a renúncia fiscal entre 2012 e 2014
>> cresceu 409%. O gasto previsto na educação entre 2012 e 2014 variou de 86,9
>> bilhões para 94,2 bilhões, ou seja, algo próximo de 7,5%.
>>
>> O quadro se agrava pelo fato de que desde abril de 2014 o ANDES-SN tenta
>> negociar com o MEC e encontra a mesma disposição. O secretário da SESU,
>> secretaria de ensino superior do MEC, Paulo Speller, nesta suposta
>> negociação em 23 de abril de 2014, chegou a assinar um termo de compromisso
>> no qual assumia que os pontos apresentados por nosso sindicato sobre a
>> carreira poderiam ser a base para começar uma negociação. Evidente que
>> isso, de acordo com o MECb (movimento de empurrar com a barriga),
>> implicaria numa longa discussão conceitual – o que na verdade quer dizer
>> basicamente “podemos conversar qualquer coisa desde que não implique em
>> impactos orçamentários!”.
>>
>> Quando o ANDES-SN se encontra agora dia 22 de maio (um ano e um mês
>> depois), recebe a seguinte posição do senhor Luiz Claudio Costa, Secretário
>> Executivo e Ministro da Educação em exercício (o filósofo Renato Janine
>> Ribeiro estava no exterior): que não seria possível começar a negociação
>> pelos pontos acordados há mais de um ano atrás, pois o Secretário não
>> podia, apesar de representar o Ministério na reunião, assinar aquilo em
>> nome do Ministério (!!!???); que a área da educação seria afetada com um
>> corte de R$ 9 bilhões, mas que o governo pretende “consolidar a expansão
>> das universidades e institutos federais” mesmo assim; e, que a
>> possibilidade de greve gerou um “desconforto no MEC” porque estaríamos
>> diante de “um novo governo que acaba de assumir e, portanto, não se poderia
>> considerar que houve falta de negociação”.
>>
>> Vejam a que ponto chega a cara de pau destes senhores. Depois de mais de
>> um ano sem negociação, suspendem os únicos pontos acordados e afirmam,
>> surpreendentemente, que se trata de um novo governo e que precisam de mais
>> tempo para estudar a pauta apresentada. O “desconforto” do MEC não deveria
>> se dar pelo fato que a categoria exerce seu direito constitucional de se
>> defender com todas as armas que dispõe, inclusive a greve, mas pelo fato de
>> que há doze anos e vários ministros uma crise sem precedentes se abate
>> sobre aquilo que eles deveriam administrar. Não por uma ou outra conjuntura
>> desfavorável, mas como resultado da linha que foi imposta de forma
>> autoritária e diante dos claros clamores da categoria que denunciava que o
>> resultado seria exatamente o que hoje vemos.
>>
>> Já em 2012 o então burocrata de plantão, o Ministro Mercadante, se dizia
>> surpreendido pela greve, pois tudo ia bem nas universidades e institutos
>> federais e que vivíamos uma “crise de crescimento”, com o tempo tudo daria
>> certo. É neste sentido que temos que entender a afirmação aparentemente
>> paradoxal do ministro em exercício, segundo a qual serão cortados 9
>> bilhões, mas que ele espera “consolidar” a expansão. E de fato assim será,
>> pois a consolidação da expansão é a consagração do crescimento com
>> precarização de condições de trabalho, de salários e da carreia docente.
>>
>> O que está por trás deste circo é que o governo segue acreditando em sua
>> formula mágica: apoiar o capital privado (afinal o senhor Levy Mãos de
>> Tesoura não disse que a função do Estado é criar as condições para que a
>> economia privada funcione?), para crescer a economia, aumentando desta
>> forma a arrecadação e aí, depois de desfalcar o fundo público pagando o
>> preço do parasitismo financeiro, o que sobrar, pouco a pouco, destinar para
>> as outras áreas secundárias (educação, saúde, saneamento, etc.). Desta
>> maneira o que o governo espera é que seu ajuste funcione, a economia volte
>> a crescer e tudo vai dar certo.
>>
>> O que é preciso entender é que o retrato de hoje na educação brasileira
>> não é um problema de percurso no interior de um plano virtuoso. É o
>> resultado natural e esperado de tal plano supostamente virtuoso. No caso
>> específico do ensino público federal a meta do governo era um setor
>> expandido que gastasse a mesma coisa ou proporcionalmente menos para assim
>> ser considerado eficiente. Para tanto as instituições federais de ensino
>> deveriam ser criativas na captação de recursos, vendendo serviços, fazendo
>> parcerias com iniciativa privada, cortando gastos, isto é, aplicando as
>> verdades consagradas de uma gestão empresarial à esfera pública.
>>
>> Uma das soluções geniais foi que, quanto ao pessoal, deve-se distinguir
>> atividades fins de atividades meios e estas últimas podem e devem ser
>> terceirizadas – afinal, para que serve mesmo numa instituição de ensino
>> atividades como limpeza, manutenção, segurança e outras destinadas às
>> castas inferiores dos intocáveis. Eis que um tempo depois as universidades
>> não podem começar suas aulas e outras atividades fins porque não funcionam
>> as atividades meio. Porque os corredores estão cheios de lixo, os prédios
>> caindo (e não é mera figura de linguagem), com casos de assalto, estupro e
>> outros no interior dos campi. Os trabalhadores terceirizados e precarizados
>> sem salários, em alguns casos há mais de cinco meses, sendo trocados de uma
>> para outra unidade, de uma para outra empresa, sem vale alimentação e
>> transporte, sem direitos.
>>
>> O número de alunos mais que dobrou, mas o número de professores, entre
>> entradas e saídas, permanece na melhor das hipóteses o mesmo. Salas de aula
>> são transferidas para containers, numa justiça poética à intensa
>> mercantilização do ensino, e agora ameaçadas de ser despejadas destes por
>> falta de pagamento às empresas que oferecem tal precarização. Alunos sem
>> assistência estudantil, alojamentos, restaurantes, bibliotecas, com suas
>> bolsas já insuficientes sendo suspensas.
>>
>> Mas não devemos ser tão duros em nossa análise. Afinal, este é um
>> “governo que está apenas começando”… ou serão mais de doze anos? Mas, são
>> outras pessoas, sai Paulo entra Jesualdo na SESU (Paulo deve ter sido
>> mandado de volta para a escola de burocratas porque por um momento leu um
>> documento e concordou com seus termos ao invés de nos enrolar como foi
>> treinado para fazer). Sai o sociólogo Haddad que vendeu um plano incrível
>> no qual tudo daria certo se nada desse errado e não ficou para ver o
>> estrago, entra o economista que não entende muito de economia e um pouco
>> menos de educação, que passou pela Ciência e Tecnologia (coisa que ele
>> também não entende), depois Cid o Breve que destruiu a educação estadual no
>> Ceará, e agora o filósofo hobbesiano emprenhado em olhar lá do Estado, que
>> se localiza acima da sociedade, a guerra de todos contra todos aqui em
>> baixo.
>>
>> O problema é que durante todo este tempo, aqui em baixo, filósofos,
>> economistas, sociólogos, engenheiros, cientistas, e muitas outras pessoas
>> das mais diferentes áreas da produção do conhecimento, da ciência, da
>> tecnologia, do ensino, da pesquisa, que escolheram o ensino público, têm de
>> sobreviver em uma carreira em que coexistem três situações previdenciárias
>> (você pode se aposentar com todo seu salário, com uma boa parte dele ou só
>> com o piso da previdência); professores doutores tendo que esperar três
>> anos de estágio probatório para serem reconhecidos como… professores
>> doutores; professores dos colégios de aplicação tendo que brigar para
>> provar que aquilo também é ensino, pesquisa e extensão e que têm também o
>> direito de se qualificar; gente andando de um lado para o outro com seus
>> livros e o séquito de alunos atrás porque vagam no deserto sem salas e sem
>> manjedoura onde parir seus messias, com bibliotecas que se assemelham mais
>> a museu de livros raros que local com exemplares em número suficiente para
>> consulta e estudo.
>>
>> Agora já se fala em estender o sistema de OS para contratar professores
>> nas Universidades – sistema que tem sido tão útil na saúde, não é verdade?
>>
>> E os senhores do ministério estão um pouco “desconfortáveis” com a
>> possibilidade de uma greve!? Faz sentido, pois a greve torna visível a
>> crise que eles querem jogar para debaixo do tapete. Pois que fiquem
>> desconfortáveis, quanto mais melhor, porque a chapa vai esquentar embaixo
>> deles.
>>
>> Em defesa do ensino público, gratuito e de qualidade, em defesa da
>> carreira docente dos profissionais do ensino público federal, em defesa das
>> condições dignas de trabalho e estudo, em defesa da pauta dos técnicos
>> administrativos e dos estudantes, em defesa dos direitos dos trabalhadores
>> e contra a terceirização, contra o ajuste para salvar o capital e contra os
>> cortes na educação. Contra este carma não dá para esperar a reencarnação. É
>> greve.
>>
>> ***
>>
>> *Mauro Iasi *é professor adjunto da Escola de Serviço Social da UFRJ,
>> pesquisador do NEPEM (Núcleo de Estudos e Pesquisas Marxistas), do NEP 13
>> de Maio e membro do Comitê Central do PCB. É autor do livro *O dilema de
>> Hamlet: o ser e o não ser da consciência*
>> <http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/48#.Ul8Kh1Csh8E> (Boitempo,
>> 2002) e colabora com os livros *Cidades rebeldes: Passe Livre e as
>> manifestações que tomaram as ruas do Brasil*
>> <http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/cidades-rebeldes> e *György
>> Lukács e a emancipação humana*
>> <http://www.boitempoeditorial.com.br/v3/titles/view/gy%C3%B6rgy-lukacs-e-a-emancipacao-humana> (Boitempo,
>> 2013), organizado por Marcos Del Roio. Colabora para o *Blog da
>> Boitempo *mensalmente, às quartas.
>> http://goo.gl/LZQLKU
>>
>>  --
>>    carlos palombini
>> professor de musicologia ufmg
>> professor colaborador ppgm-unirio
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