[ANPPOM-Lista] POR UM RADIO RENOVADO - CRIATIVO - ATIVO

Jose Augusto Mannis - Unicamp jamannis em unicamp.br
Qua Ago 31 10:51:03 BRT 2016


POR UM RADIO RENOVADO - CRIATIVO - ATIVO 

RESULTADO DO GT02 na ANPPOM 2016

GT02 - Políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil

Rádios Universitárias como disseminadoras da produção musical nas IES e como
veículos para integração com a sociedade 

Coord.: José Augusto Mannis e  <https://www.facebook.com/janete.haouli>
Janete El Haouli

Durante o XXVI Congresso da Anppom 11 pesquisadores se reuniram para
refletir e discutir uma proposta de rádio universitária como disseminadora
de uma produção musical renovada e como veículo para integração com a
sociedade, como uma ação de políticas públicas, não do Estado em benefício
das universidades, mas das universidades em benefício da sociedade,
compartilhando seus conhecimentos e sua produção de ciência, tecnologia e
inovação com as comunidades que a sustentam, no caso das universidades
públicas. Nos perguntamos por que os músicos e pesquisadores em músicas não
estão atuando regularmente nas radio emissoras. 

Justificativa: Enquanto pesquisadores em música nossas vozes têm atingido
poucos ouvidos, nossos artigos e textos poucos leitores, e também,
paradoxalmente, nossas músicas poucos ouvintes, através dos meios de
comunicação especializados que temos empregado para disseminar nossa
produção. Além disso, nos encontramos extremamente limitados para expressar
nossas propostas e anseios, bem como para agir politicamente em defesa de
nossos princípios e ideais. Constata-se que no âmbito dos pesquisadores de
música no Brasil, o meio de comunicação radiofônico não tem sido explorado
em toda sua potência de mídia sonora, como meio de expressão para músicos
que, por definição, praticam a arte dos sons. 
Contudo, desde os anos 1920, o Radio tem sido utilizado como mídia criativa
por poetas, literatos, dramaturgos, músicos, cineastas etc. (Dziga Vertov,
Walter Ruttman, Orson Welles, Antonin Artaud, John Cage, Luciano Berio, Glen
Gould, Pierre Schaeffer, Mauricio Kagel, Murray Schafer entre muitos outros
mais). 
Diversos trabalhos acadêmicos, dissertações, teses, artigos, livros, têm
sido dedicados ao estudo e à reflexão acerca da arte radiofônica. Dentre os
países possuindo forte tradição em Radio Arte temos: Alemanha, Inglaterra,
França, Itália, Áustria, Espanha, Finlândia, Canadá, Estados Unidos. Países
emergentes em Radio Arte: México, Colômbia, Venezuela, Argentina e Brasil.

Objetivos: O trabalho conduzido neste Grupo de Trabalho teve por objetivos: 

(1) sensibilizar pesquisadores em música a empreenderem atividades de
produção e disseminação em meio radiofônico; 

(2) apresentar as possibilidades e os tipos de produções possíveis em rádio;

(3) instrumentar os participantes com referências e material básico prático
para iniciarem um planejamento de ações no âmbito do público e dos meios na
área de sua abrangência acadêmica e social; 

(4) destacar o potencial do rádio também enquanto meio de expressão
artística e como uma mídia que requer muito mais ideias a serem veiculadas
do que produtos a serem passivamente consumidos.

Resultados: As reflexões e discussões produzidas nas três sessões deste
Grupo de Trabalho apontam para os seguintes aspectos, ideias, princípios e
propostas:

• O Rádio, como veículo de comunicação de massa, como linguagem e como
instrumento, deve ser valorizado também como mídia sonora criativa,
inventiva, que transmite ideias; 

• O Rádio possui um importante aspecto laboratorial como espaço de
experimentação, de investigação de linguagem (estúdios domésticos, de
universidades e ou instituições que possibilitem essa investigação e
produção);

• É preciso inserir estudos e práticas de Rádio, como mídia sonora, nos
cursos de música e teatro das universidades e galerias de arte que fazem uso
do som como suporte expressivo artístico;

• É necessário que músicos atuem nas emissoras de Rádios educativas,
culturais e universitárias enquanto responsáveis e líderes de programação e
produção musical, uma vez que a competência de conhecimentos musicais é
própria dos músicos;

• Identificamos em nosso levantamento:

o Aproximadamente 300 emissoras de rádio educativas no Brasil, das quais 50
emissoras (17%) são universitárias;

o 60 IES no Brasil mantendo cursos de Música (3% das 2mil IES do Brasil); 

o 20 emissoras educativas implantadas em IES mantendo cursos de Música (1/3
das IES mantendo cursos de Música), abrangendo 11 UF (ES – GO – MG – MS – MT
– PE – PR – RN – RS – SC – SP); 

o oito docentes de cursos de música como produtores de rádio, ativos neste
momento, em todo o país.

• Gêneros de programas radiofônicos apresentados, discutidos, ouvidos:

o Audição musical: por repertório; por temática; por outros critérios;
o Documentário: assuntos musicais; outros assuntos; documentário poético;
o Programa temático: apresentação de temas discutidos, ilustrados, com
convidados e participação de ouvintes; 
o Entrevista: artistas; pesquisadores; profissionais;
o Depoimento: artistas; pesquisadores; profissionais;
o Debate: artistas; pesquisadores; profissionais;
o Agenda cultural: divulgação de eventos anunciados;
o Cobertura de eventos: divulgação de eventos que aconteceram ou estão
acontecendo;
o Rádio drama: peças de teatro; radio novela; narrativas épicas;
o Leituras interpretadas: poemas; contos; romances; 
o Rádio Arte: composições de peças radiofônicas, de arte sonora; hörspiel e
neue hörspiel; 
o Programa educacional: rádio aula; programas de apoio didático;
o Além de outros gêneros: feature; poesia sonora; electro clips;
audio-collage; text-sound etc.

• Foram abordados aspectos técnicos de produção e realização como gravação,
edição, montagem, mixagem, inteligibilidade, especificidade da narrativa
radiofônica;

• Foram apresentados exemplos de roteiros incluindo um Modelo básico de
roteiro para programas radiofônicos além de bibliografia, discografia e
sitiografia específicos;

• Os participantes demonstraram grande interesse em empreender atividades
musicais em rádios nas suas regiões de origem e estão engajados em
prosseguir na reflexão iniciada neste Grupo de Trabalho, razão pela qual foi
estabelecido um mailing dos mesmos para que permaneçam em contato e possam
seguir trocando experiências e questionamentos.

Belo Horizonte, 26 de agosto de 2016

José Augusto Mannis e Janete El Haouli

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