[ANPPOM-Lista] o globo defende o fim da universidade pública

Camila Zerbinatti camiladuze em gmail.com
Seg Jul 25 11:12:54 BRT 2016


Olá professor Palombini,


Muito obrigada por trazer esta discussão também aqui para a lista da
ANPPOM, o que faz muito e total sentido, afinal, a imensa e esmagadora
maioria de integrantes da ANPPOM está diretamente relacionada à educação
pública superior do Brasil de alguma forma (seja por serem ou terem sido
alunos/as de graduação e pós-graduação da educação pública, por receberem
ou terem recebido, em algum momento de suas trajetórias, bolsas públicas de
financiamento de cursos, pesquisas, formação, eventos, seja por serem
eles/as mesmos/as docentes da/na educação pública superior brasileira). A
própria realização anual dos congressos da Anppom (como de tantos outros)
depende diretamente de investimentos e recursos públicos para acontecer.

Eu sinceramente me pergunto sobre toda esta gigante e notória (e
"estranha") coincidência dos ataques diretos e indiretos que a Educação
Brasileira -e em especial a Educação Pública- está sofrendo, sendo tão
bombardeada e atacada, com tanta força e descaramento, justo neste momento
em que vivemos um Golpe de Estado Parlamentar, ataques às instituições
brasileiras, à Democracia e ao Estado de Direitos. Precarização acentuada
de condições e salários no ensino Fundamental e Médio (ataques aos fundos
de pensão dos/as professores/as, precarização das merendas, superlotação de
salas, fim do piso nacional da educação e de seu reajuste, projetos de
privatização dos sistemas estaduais de educação pública, criminalização
[ilegal] dos movimentos de resistência dos/as estudantes secundaristas,
criminalização, perseguição e censura de professores/as e de estudantes
[contra os quais até a ONU e a UNESCO já começam a se manifestar]...),
~Escola Sem Partido~(sic!) e, agora, esta campanha midiática e aberta pelo
fim do Ensino Superior Público e gratuito. É estranha, e muito estranha, no
mínimo, tantas "coincidências". Me pergunto: quem se beneficia com isto? a
quem interessa tudo isso?  Uma amiga me escreveu hoje: "*A agenda da
privatização da educação superior é mais antiga do que o governo do PT.
Estejamos atentos, com certeza. Chumbo grosso vindo por aí.*" Quem se
lembra do estado das universidades públicas em 2002, por exemplo, sabe, e
bem.


Sobre este editorial privatista que ataca a Educação Superior Pública e
gratuita, compartilho dois textos:

- Caneta Desmanipuladora:
https://www.facebook.com/canetadesmanipuladora/photos/a.245804172452703.1073741828.245795719120215/279562565743530/?type=3&theater



-Jean Wyllys:
https://www.facebook.com/jean.wyllys/posts/1135364183178254:0




Saudações cordiais,
Camila.


Em 24 de julho de 2016 15:43, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com>
escreveu:

> Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito Os alunos de renda
> mais alta conseguem ocupar a maior parte das vagas nos estabelecimentos
> públicos, enquanto aos pobres restam as faculdades pagas
>
> por EDITORIAL
> 24/07/2016 0:00 / Atualizado 24/07/2016 14:40
>
> Numa abordagem mais ampla dos efeitos da maior crise fiscal de que se tem
> notícia na história republicana do país, em qualquer discussão sobre
> alternativas a lógica aconselha a que se busquem opções para financiar
> serviços prestados pelo Estado. Considerando-se que a principal fórmula
> usada desde o início da redemocratização, em 1985, para irrigar o Tesouro —
> a criação e aumento de impostos — é uma via esgotada.
>
> Mesmo quando a economia vier a se recuperar, será necessário reformar o
> próprio Estado, diante da impossibilidade de se manter uma carga tributária
> nos píncaros de mais de 35% do PIB, o índice mais elevado entre economias
> emergentes, comparável ao de países desenvolvidos, em que os serviços
> públicos são de boa qualidade. Ao contrário dos do Brasil.
>
> Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca
> aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino
> superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem
> puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e
> bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de
> excelência universitária que o Brasil.
>
> Tome-se a maior universidade nacional e mais bem colocada em rankings
> internacionais, a de São Paulo, a USP — também um monumento à incúria
> administrativa, nos últimos anos às voltas com crônica falta de dinheiro,
> mesmo recebendo cerca de 5% do ICMS paulista, a maior arrecadação estadual
> do país.
>
> Ao conjunto dos estabelecimentos de ensino superior público do estado de
> São Paulo — além da USP, a Unicamp e a Unifesp — são destinados 9,5% do
> ICMS paulista. Se antes da crise econômica, a USP, por exemplo, já tinha
> dificuldades para pagar as contas, com a retração das receitas tributárias
> o quadro se degradou. A mesma dificuldade se abate sobre a Uerj, no Rio de
> Janeiro, com o aperto no caixa fluminense.
>
> Circula muito dinheiro no setor. Na USP, em que a folha de salários
> ultrapassa todo o orçamento da universidade, há uma reserva, calculada no
> final do ano passado em R$ 1, 3 bilhão. Mas já foi de R$ 3,61 bilhões. Está
> em queda, para tapar rombos na instituição. Tende a zero.
>
> O momento é oportuno para se debater a sério o ensino superior público
> pago. Até porque é entre os mecanismos do Estado concentradores de renda
> que está a universidade pública gratuita. Pois ela favorece apenas os
> ricos, de melhor formação educacional, donos das primeiras colocações nos
> vestibulares.
>
> Já o pobre, com formação educacional mais frágil, precisa pagar a
> faculdade privada, onde o ensino, salvo exceções, é de mais baixa
> qualidade. Assim, completa-se uma gritante injustiça social, nunca
> denunciada por sindicatos de servidores e centros acadêmicos.
>
> Levantamento feito pela “Folha de S.Paulo”, há dois anos, constatou que
> 60% dos alunos da USP poderiam pagar mensalidades na faixa das cobradas por
> estabelecimentos privados. Quanto aos estudantes de famílias de renda
> baixa, receberiam bolsas.
>
> Além de corrigir uma distorção social, a medida ajudaria a equilibrar os
> orçamentos deficitários das universidades, e contribuiria para o
> reequilíbrio das contas públicas.
> http://goo.gl/B7Q0HE
>
> --
> carlos palombini, ph.d. (dunelm)
> professor de musicologia ufmg
> professor colaborador ppgm-unirio
> www.proibidao.org
> ufmg.academia.edu/CarlosPalombini <http://goo.gl/KMV98I>
> www.researchgate.net/profile/Carlos_Palombini2
> scholar.google.com.br/citations?user=YLmXN7AAAAAJ
>
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