[ANPPOM-Lista] PUBLUCACAO NO DO

luciano cesar lucianocesar78 em yahoo.com.br
Qua Set 28 14:12:46 BRT 2016


Claríssima colocação, Carlos...
   Talvez por pré-conceito (no sentido literal), eu tenho você como um cara que propõe incluir a reflexão de formas outras em relação à música de concerto, o que inclui, nos debates de que tenho participado, uma ideia de superação a priori, de cunho determinista. Ledo engano meu. Ainda luto por me manter capaz de produzir nesse formato, apesar de hoje odiar a cegueira cultural classista que me alinharia com o discurso do opressor de que fala Paulo Freire. E a sua nota sobre Yamashita me surpreendeu porque vi algo mais amplo do que isso. Você há de convir que não é comum sair dos guetos, ver gente circulando por eles é algo raro. 
   Vejo muita dificuldade em meus alunos em separar o discurso ideológico da produção artística. E você surge como esse cara que areja as coisas, ainda que de uma forma que exija empenho pra compreender, justamente por que mexe em posicionamentos ligados à visibilidade e aspirações de classe, que são influenciados por histórias pessoais difíceis de enfrentar e - se for o caso - negar. 
   Sobre a política, continuo esperando essa nova ascenção da esquerda. Pra mim, teríamos que ter salvo o PT das falácias, porque se ele caiu por causa delas, a esquerda ao PT tem muito menos chance. Uma derrota por boatos não antecede nada alternativo além do sistema que se beneficiou do boato.
Um abraço, 
Luciano
 

    Em Quarta-feira, 28 de Setembro de 2016 13:56, Carlos Palombini <cpalombini em gmail.com> escreveu:
 

 Não sei por que o "mesmo eu" quanto à música de concerto. Eu frequento
concertos desde a infância, já fui, entre tantas outras coisas, um projeto
de concertista, ouvi vanguarda ocidental sistematicamente nos anos 1970,
fiz meu doutorado sobre uma dessas vanguardas nos anos 1990, e jamais diria
que "o formato da música de concerto" esteja esgotado, a não ser para quem
não seja capaz de realizá-lo (eu, inclusive). Escrevo notas de programa
para a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2013, e não continuaria
a fazê-lo não acreditasse nisso ou não gostasse. Aquilo a que me oponho é à
*doxa*, seja ela concertística ou popular: repetir os mesmos clichês, seja
nas hipérboles pomposamente laudatórias da música de concerto ou chulamente
derrogatórias do funk carioca. Ponto importante a ser esclarecido! Quanto a
Freixo ir ou não para o segundo turno, a aliança PSoL/PCB me parece a única
que, inclusive por ter-se mantido à margem do poder, ainda desfrute de
alguma credibilidade. E, sim, tenho críticas a relação do PSoL com o funk
carioca, mas também tenho amigos no partido que estão mais que dispostos a
mudá-la. Seja como for, dado o alto índice de rejeição da candidatura
PMDBista, é menos provável que esta sigla permaneça no poder do que vermos
Freixo chegar ao segundo turno. Parece-me portanto quase inevitável que
toda a rede de patrocínio do PMDB à cultura, com muitos pontos positivos,
sem dúvida, mas também com constrangimentos atestados de cobrança de votos,
esteja para ser desmontada.

Abraço,

Carlos

2016-09-28 0:43 GMT-03:00 Luciano Morais <lucianocesar78 em yahoo.com.br>:

    Vamos de Mozart, mas de funk tambem, por favor. Depois de ouvir Kazuyto
> Yamashita, mesmo o Palombini escreveu que o formato da música de concerto
> não está esgotado.
>    Agora, que é duro ver Bolsonaro defendendo, além de um conceito tosco
> como esse de estatura da cultura, aliando a música erudita a essa cultura
> (uma música que segundo Boulez, só serviu pra colonizar as Américas...)...
> É duro.
>    Não dá mesmo pra conviver?
>    Em tempo: eu engulo meu caderno de notas de Freixo for pro segundo
> turno no Rio. Anseio. Mas Duvido.
>
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