[ANPPOM-Lista] Chamada para dossiê prorrogada: “Patrimônio cultural, música e mídias"

Fernando Magre fernandomagre em gmail.com
Domingo Fevereiro 9 11:05:57 -03 2025


Estimados(as) colegas,

A Revista Brasileira de Estudos em Música e Mídia reforça o convite para
envio de textos originais para o dossiê "Patrimônio cultural, música e
mídias"

Editores convidados: Amílcar Almeida Bezerra (UFPE) e Luiz Henrique Assis
Garcia (UFMG)

Reprodutibilidade e mediatização técnica transformaram nossas relações com
o som ao torná-lo “objetificável”. Uma das possibilidades abertas pela
gravação foi seu uso para registro documental de expressões culturais. Esse
veio também tomou fôlego com a possibilidade de registrar depoimentos
relativos a acontecimentos históricos, afetando a construção da memória e a
forma de narrar a História, e histórias, através de museus e coleções.
Discutir o som gravado e a música popular como objetos das operações de
patrimonialização e musealização passa necessariamente por examinar sua
produção como artefatos depositários de atributos e representação sociais
em permanente reelaboração. Neste intuito, uma pista importante nos oferece
o trabalho de Sterne (2003), especialmente quando escava a história
cultural do vínculo entre vida-morte e passado-presente através dos
primeiros registros sonoros e as expectativas produzidas sobre eles.

Destacamos que a música popular, tida tradicionalmente como uma forma
bastarda e desvalorizada por seu vínculo com o mercado e a indústria
cultural, passou a ser reconhecida pelas instituições de consagração do
patrimônio, especialmente a partir da segunda metade do século XX,
inclusive por ser um elemento bastante utilizado por grupos e indivíduos
para conferir significados e construir identidades, participando das
apropriações plurais que transformam o patrimônio disposto no espaço
urbano, dentro e fora de contextos institucionais.

Considerando o cenário do patrimônio cultural de modo mais amplo, e o
museológico em particular, podemos constatar que, acrescidas a iniciativas
consolidadas - como discotecas associadas a instituições arquivísticas,
coleções museológicas de instrumentos musicais presentes em museus
enciclopédicos, históricos ou etnográficos, museus dedicados
especificamente à música ou na tipologia imagem e som, museus-casa
dedicados a figuras socialmente consagradas no campo da música – somaram-se
outras dedicadas a gêneros específicos, às relações entre artistas e o
cenário urbano, circuitos e rotas musealizadas, e diversas iniciativas de
registro, salvaguarda e promoção encampadas nas políticas públicas
dedicadas ao patrimônio imaterial. Importante ressaltar que a valorização
da música popular como patrimônio em nosso país detém considerável
pioneirismo, como mostra Cláudia Mesquita (2003) em seu estudo sobre o MIS
do Rio de Janeiro.

Recentemente, o IPHAN concedeu ao forró o título patrimônio cultural
imaterial brasileiro, abrindo possibilidades tanto para a discussão de um
conceito de patrimônio imaterial aplicado a manifestações culturais
amplamente registradas e disseminadas em mídias sonoras e audiovisuais,
quanto para a própria ideia de indústria cultural como matriz de bens
culturais potencialmente sujeitos à patrimonialização. Hoje, quando as
novas tecnologias de comunicação criam condições para a digitalização e o
compartilhamento em massa de todo o material já gravado em mídias
materiais, as relações entre mídia e patrimônio necessariamente se
reconfiguram.

Queremos sobretudo averiguar as mediações determinantes para tal processo
de patrimonialização, especialmente no caso brasileiro, partindo da
premissa de que as mudanças sociais e tecnológicas que envolvem a produção
e circulação de música popular hoje, na tensão entre materialidade e
imaterialidade, com o declínio de certas mídias, ascensão de outras
(especialmente os portais de streaming), desafiam os museus e demais
instituições que se dedicam a desenvolver novas políticas patrimoniais
voltadas a esta tipologia de acervo, num contexto em que novos meios
modificam as relações de produção, circulação e consumo da mesma.

Período de submissão: até 02 de março de 2025

Previsão de publicação: junho de 2025
Maiores informações em:

https://revistamusimid.com.br/index.php/MusiMid/announcement/view/7

Cordialmente,
Fernando Magre



-- 
Prof. Dr. Fernando de Oliveira Magre
Professor Titular de Musicologia Histórica - Faculdade Estadual de Música
do Espírito Santo (FAMES)
Professor Colaborador - Programa de Pós-Graduação em Música, Universidade
Federal de Uberlândia (UFU)
Coordenador do Laboratório de Estudos em Musicologia e História
Contemporânea (LEMUHC)
http://lattes.cnpq.br/1498625137838487
https://fames.academia.edu/FernandoMagre
https://www.instagram.com/lemuhc.fames/


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