[ANPPOM-Lista] Chamada para dossiê prorrogada: “Patrimônio cultural, música e mídias”

Heloísa e Wagner Valente whvalent em terra.com.br
Quinta Fevereiro 6 14:58:06 -03 2025


boa tarde, 
 
olicito convite para enviar seu artigo, bem como divulgação da chamada:


“Patrimônio cultural, música e mídias”

 
Editores convidados: Amílcar Almeida Bezerra (UFPE) e Luiz Henrique Assis Garcia (UFMG)
 
Reprodutibilidade e mediatização técnica transformaram nossas relações com o som ao torná-lo “objetificável”. Uma das possibilidades abertas pela gravação foi seu uso para registro documental de expressões culturais. Esse veio também tomou fôlego com a possibilidade de registrar depoimentos relativos a acontecimentos históricos, afetando a construção da memória e a forma de narrar a História, e histórias, através de museus e coleções. Discutir o som gravado e a música popular como objetos das operações de patrimonialização e musealização passa necessariamente por examinar sua produção como artefatos depositários de atributos e representação sociais em permanente reelaboração. Neste intuito, uma pista importante nos oferece o trabalho de Sterne (2003), especialmente quando escava a história cultural do vínculo entre vida-morte e passado-presente através dos primeiros registros sonoros e as expectativas produzidas sobre eles.
 
Destacamos que a música popular, tida tradicionalmente como uma forma bastarda e desvalorizada por seu vínculo com o mercado e a indústria cultural, passou a ser reconhecida pelas instituições de consagração do patrimônio, especialmente a partir da segunda metade do século XX, inclusive por ser um elemento bastante utilizado por grupos e indivíduos para conferir significados e construir identidades, participando das apropriações plurais que transformam o patrimônio disposto no espaço urbano, dentro e fora de contextos institucionais.
 
Considerando o cenário do patrimônio cultural de modo mais amplo, e o museológico em particular, podemos constatar que, acrescidas a iniciativas consolidadas - como discotecas associadas a instituições arquivísticas, coleções museológicas de instrumentos musicais presentes em museus enciclopédicos, históricos ou etnográficos, museus dedicados especificamente à música ou na tipologia imagem e som, museus-casa dedicados a figuras socialmente consagradas no campo da música – somaram-se outras dedicadas a gêneros específicos, às relações entre artistas e o cenário urbano, circuitos e rotas musealizadas, e diversas iniciativas de registro, salvaguarda e promoção encampadas nas políticas públicas dedicadas ao patrimônio imaterial. Importante ressaltar que a valorização da música popular como patrimônio em nosso país detém considerável pioneirismo, como mostra Cláudia Mesquita (2003) em seu estudo sobre o MIS do Rio de Janeiro.
 
Recentemente, o IPHAN concedeu ao forró o título patrimônio cultural imaterial brasileiro, abrindo possibilidades tanto para a discussão de um conceito de patrimônio imaterial aplicado a manifestações culturais amplamente registradas e disseminadas em mídias sonoras e audiovisuais, quanto para a própria ideia de indústria cultural como matriz de bens culturais potencialmente sujeitos à patrimonialização. Hoje, quando as novas tecnologias de comunicação criam condições para a digitalização e o compartilhamento em massa de todo o material já gravado em mídias materiais, as relações entre mídia e patrimônio necessariamente se reconfiguram.  
 
Queremos sobretudo averiguar as mediações determinantes para tal processo de patrimonialização, especialmente no caso brasileiro, partindo da premissa de que as mudanças sociais e tecnológicas que envolvem a produção e circulação de música popular hoje, na tensão entre materialidade e imaterialidade, com o declínio de certas mídias, ascensão de outras (especialmente os portais de streaming), desafiam os museus e demais instituições que se dedicam a desenvolver novas políticas patrimoniais voltadas a esta tipologia de acervo, num contexto em que novos meios modificam as relações de produção, circulação e consumo da mesma.
 
Período de submissão: até 02 de março de 2025
 
Previsão de publicação: junho de 2025
Maiores informações em:
 
https://revistamusimid.com.br/index.php/MusiMid/announcement/view/7

 

 

Heloísa de A. Duarte Valente Profª Titular Programa de Pós-Graduação em Comunicação - UNIP

MusiMid -Centro de Estudos em Música e Mídia/ Revista MusiMid

www.musimid.mus.br/ www.revistamusimid.com.br

Wagner Rodrigues Valente Prof. Livre-Docente em Educação - Unifesp

GHEMAT -Grupo Associado de Estudos e Pesquisas em História da Educação Matemática

http://www.ghemat.com.br


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