[ANPPOM-Lista] Pergunta

Didier Guigue didierguigue em gmail.com
Sex Abr 24 23:48:08 -03 2020


O que é de se questionar neste caso, não é tanto a eficiência do detetor, que aparentemente é ótima, mas dos humanos que compõe o conselho editorial da revista, que pelo que me parece se limitem a acatar cegamente  o veredito do algoritmo sem nenhuma verificação.  



Didier Guigue
https://dguigue.academia.edu

> Le 24 avr. 2020 à 21:51, Carlos Sandroni <carlos.sandroni em gmail.com> a écrit :
> 
> Boa noite, gente,
> 
> Em meio às fortes emoções da política e da saúde, e esperando que estejam
> todas e todos bem, gostaria de fazer uma pergunta sobre tema mais prosaico,
> o dos critérios de avaliação de artigos submetidos a periódicos acadêmicos.
> 
> Um amigo e colega me conta que, tendo terminado sua tese de doutorado,
> resolveu, como é comum nestes casos, e com o estímulo do orientador,
> submeter artigo baseado em um dos capítulos para um  periódico de Música.
> 
> Qual não foi sua surpresa, porém, ao ter o artigo recusado, não por
> considerações de qualidade, mas por obra e graça de um desses programas
> detectores automáticos de plágios, como Turnitin. O implacável detector,
> cumprindo sua função com zelo absoluto, detectou no artigo excesso de
> semelhanças com... a própria tese da qual o artigo foi extraído! A
> acusação, portanto, é que o autor do artigo estaria plagiando sua própria
> tese.
> 
> Não sei vocês, mas eu confesso que nunca tinha ouvido falar disso. Até
> porque minha dissertação de mestrado virou um livro 90% igual a ela, e
> minha tese de doutorado virou um livro 75% igual a ela; e algumas partes
> que sobraram do doutorado viraram artigos também, cheios destes supostos
> plágios que, para minha sorte, Turnitin nenhum ainda descobriu.
> 
> Pelo contrário, eu até agora pensava que plágios assim eram muito bem
> vindos, sendo até indicados para teses boas ("Aprovado com recomendação de
> publicação!"). Receberam também um famoso estímulo por parte de Umberto
> Eco, na conclusão daquele livrinho *Como se faz uma tese* (São Paulo:
> Perspectiva, 1977, p.169-170): "...a tese é como um porco: nada se
> desperdiça (...) Como primeira utilização você extrairá dela um ou vários
> artigos científicos (...)".
> 
> Compartilho com vocês minha perplexidade, e aguardo algum consolo, se
> possível.
> Abraços,
> Carlos
> 
> 
> -- 
> "We can change the world, and all it takes is the right word choice,
> syntax, and who knows how many drafts".
> "Podemos mudar o mundo com palavras bem escolhidas, sintaxe, e sabe Deus
> quantas revisões".
> Joni B. Cole
> 
> 
> Carlos Sandroni
> Departamento de Música, UFPE
> Programa de Pós-Graduação em Música, UFPE
> ________________________________________
> anppom-l em listas.unicamp.br
> Lista de Discussão dos Associados da ANPPOM - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música
> https://www.listas.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
> 
> Conforme deliberado na Assembleia Geral da ANPPOM realizada em Belo Horizonte, em 24/08/2016, esta lista é moderada e não veicula mensagens contendo ANEXOS.



Mais detalhes sobre a lista de discussão Anppom-L