[ANPPOM-Lista] Pergunta

Carlos Sandroni carlos.sandroni em gmail.com
Sáb Abr 25 10:41:58 -03 2020


Oi Suzel,

É claro que o autoplágio é tão ruim como qualquer outro plágio. O caso a
que me referi, porém, não pode, na minha opinião, em qualquer sentido ser
caracterizado como autoplágio. Embora as teses hoje na maioria dos casos
estejam disponíveis através de repositórios digitais, elas não representam,
tecnicamente,"publicações". Por exemplo, no currículo Lattes,  na aba
"Produção", ninguém registra uma tese ou dissertação, ou TCC. Registra sim,
o artigo, capítulo ou livro que é criado em muitos casos com uma extensa
percentagem de material exatamente igual ao da tese etc.
Existem casos em que um  grau acadêmico é conferido através de, entre
outras coisas,  a publicação de artigos. Evidentemente, este é um caso
totalmente diferente daquele que apresentei. Aqui, desde o início o
trabalho de pesquisa que levou ao grau acadêmico foi organizado em forma de
publicação. Não é o caso de teses e dissertações.
Especificamente, Suzel, vc conhece alguma revista séria da área de
Humanas/Sociais que em sua política editorial estabeleça não publicar
artigos que sejam frutos diretos de teses ou dissertações? Como eu disse no
início, nunca vi isso, e se existe, gostaria de saber.
Abraços,
Carlos

Em sáb., 25 de abr. de 2020 às 10:13, Suzel Ana Reily <sreily em unicamp.br>
escreveu:

> Oi Carlos e colegas,
>
> Bom, auto-plágio vem sendo cada vez menos aceito, mas não nesse caso.
> Espera-se, de modo geral, que dissertações e tese se transformem em
> publicações. As ressalvas sobre auto-plágio estão associados ao uso do
> mesmo material em artigos diversos, onde, para aumentar o número de
> publicações, @ autor(a) faz pequenos ajustes no título e conteúdo.
>
> Mas cada revista tem as suas políticas, então vale a pena checa-las antes
> de submeter um trabalho.
> Suzel
>
> Em sex., 24 de abr. de 2020 às 23:01, Carlos Sandroni <
> carlos.sandroni em gmail.com> escreveu:
>
>> Boa noite, gente,
>>
>> Em meio às fortes emoções da política e da saúde, e esperando que estejam
>> todas e todos bem, gostaria de fazer uma pergunta sobre tema mais
>> prosaico,
>> o dos critérios de avaliação de artigos submetidos a periódicos
>> acadêmicos.
>>
>> Um amigo e colega me conta que, tendo terminado sua tese de doutorado,
>> resolveu, como é comum nestes casos, e com o estímulo do orientador,
>> submeter artigo baseado em um dos capítulos para um  periódico de Música.
>>
>> Qual não foi sua surpresa, porém, ao ter o artigo recusado, não por
>> considerações de qualidade, mas por obra e graça de um desses programas
>> detectores automáticos de plágios, como Turnitin. O implacável detector,
>> cumprindo sua função com zelo absoluto, detectou no artigo excesso de
>> semelhanças com... a própria tese da qual o artigo foi extraído! A
>> acusação, portanto, é que o autor do artigo estaria plagiando sua própria
>> tese.
>>
>> Não sei vocês, mas eu confesso que nunca tinha ouvido falar disso. Até
>> porque minha dissertação de mestrado virou um livro 90% igual a ela, e
>> minha tese de doutorado virou um livro 75% igual a ela; e algumas partes
>> que sobraram do doutorado viraram artigos também, cheios destes supostos
>> plágios que, para minha sorte, Turnitin nenhum ainda descobriu.
>>
>> Pelo contrário, eu até agora pensava que plágios assim eram muito bem
>> vindos, sendo até indicados para teses boas ("Aprovado com recomendação de
>> publicação!"). Receberam também um famoso estímulo por parte de Umberto
>> Eco, na conclusão daquele livrinho *Como se faz uma tese* (São Paulo:
>> Perspectiva, 1977, p.169-170): "...a tese é como um porco: nada se
>> desperdiça (...) Como primeira utilização você extrairá dela um ou vários
>> artigos científicos (...)".
>>
>> Compartilho com vocês minha perplexidade, e aguardo algum consolo, se
>> possível.
>> Abraços,
>> Carlos
>>
>>
>> --
>> "We can change the world, and all it takes is the right word choice,
>> syntax, and who knows how many drafts".
>> "Podemos mudar o mundo com palavras bem escolhidas, sintaxe, e sabe Deus
>> quantas revisões".
>> Joni B. Cole
>>
>>
>> Carlos Sandroni
>> Departamento de Música, UFPE
>> Programa de Pós-Graduação em Música, UFPE
>> ________________________________________
>> anppom-l em listas.unicamp.br
>> Lista de Discussão dos Associados da ANPPOM - Associação Nacional de
>> Pesquisa e Pós-Graduação em Música
>> https://www.listas.unicamp.br/mailman/listinfo/anppom-l
>>
>> Conforme deliberado na Assembleia Geral da ANPPOM realizada em Belo
>> Horizonte, em 24/08/2016, esta lista é moderada e não veicula mensagens
>> contendo ANEXOS.
>>
>

-- 
"We can change the world, and all it takes is the right word choice,
syntax, and who knows how many drafts".
"Podemos mudar o mundo com palavras bem escolhidas, sintaxe, e sabe Deus
quantas revisões".
Joni B. Cole


Carlos Sandroni
Departamento de Música, UFPE
Programa de Pós-Graduação em Música, UFPE


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