[ANPPOM-L] Charles Baudelaire e o vanguardismo retrógrado

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Qui Ago 2 21:35:54 BRT 2007


meus caros,

só que agora se manipula através da Indústria Cultural (fenômeno que não havia no tempo de Marx!) - distorção ideológica típica sim de classe dominante (e da pior espécie)...

Rubens Ricciardi

(eu havia solicitado que retirassem meu nome da lista, não retiraram, e não pude resistir ao comentário)
  ----- Original Message ----- 
  From: Jorge Antunes 
  To: carlos palombini ; anppom-l em iar.unicamp.br 
  Sent: Friday, August 03, 2007 3:15 PM
  Subject: Re: [ANPPOM-L]Charles Baudelaire e o vanguardismo retrógrado


  Caro Palombini: 
  Os parágrafos que você comenta não são de autoria da Anppom. Eles são meus. 
  Os comentários que você faz são seus. Por isso você é o destinatário de minha resposta. 
  É pouco desconfiar de algumas vanguardas. Faça como eu, que desconfio de tudo e de todos. 
  Por favor, não me venha com frases de efeito de Baudelaire. 
  O livro que você menciona é a ediçao póstuma de seus diários. Nestes só encontramos ódio. 
  Os traumas de infância alimentaram o ódio ao general Aupick e ao mundo. 
  As críticas à civilização moderna, expressas nos diários, são desvarios inclusos no bojo daquele ódio. 
  Logo depois de Baudelaire abandonar os ideais da revolução de 1848, ele tornou-se aristocrata elitista. 
  Ser contra bandeiras, militância e luta, não é postura exclusiva do poeta descobridor de Poe. 
  Isso é pensamento permanente da direita. Vatimmo continua tentando convencer-nos de que o capitalismo e a democracia burguesa são o auge. 
  A Vanguarda não acabou e a História não acabou, simplesmente porque a Luta de Classes não acabou. 
  Abraço, 
  Jorge Antunes 
    
    

  carlos palombini wrote: 

    Acredito em algumas vanguardas, mas desconfio muito de outras. 
    Sobretudo, desconfio de vanguardas artísticas que vociferam seu direito 
    de serem sustentadas pelo estado (i.e. pelo contribuinte, que sou eu) e, 
    na falta de tal sustento, atacam o governo vigente, seja este qual for. 
    > Existe um oceano de coisas distintas, que não são distintas aos olhos 
    > e aos ouvidos de leigos, de surdos, de musicólogos, de cegos e de 
    > críticos musicais da grande imprensa. Esse oceano é chamado de 
    > pós-modernismo. 
    > 

    Existem idéias nebulosas que gradualmente configuram um fato novo. 
    "Pós-modernismo" pode ser uma destas. A possibilidade de que isto 
    aconteça foi demonstrada por Thomas Kuhn, filósofo da ciência, em 1962, 
    no livro _The Structure of Scientific Revolutions_. 

    > Existe uma parte desse oceano que é formada por compositores 
    > /soi-disant /pós-modernos, mas que não passam de neoclássicos 
    > envergonhados que tentam tapar o sol com a peneira. Aproveitando-se da 
    > ignorância perceptiva e estética de incautos, alguns conseguem, apesar 
    > do sol escaldante, fazer sombra com a peneira. 
    > 

    Aproveitar-se da ignorância perceptiva e estética de incautos não é, 
    absolutamente, apanágio dos compositores pós-modernos. 

    > Existe outra parte formada por compositores viciados ou recém-viciados 
    > no ópio do povo (religião), que, em busca de uma hipotética e falsa 
    > êxtase espiritual das esferas, aderem à retaguarda, alardeando uma 
    > mentira: o fim das vanguardas. 
    > Em verdade vos digo que a História não acabou e que a Vanguarda não 
    > acabou. 
    > 
    Que a história enquanto disciplina não tenha acabado é evidente. Não 
    acabou porque soube reconsiderar suas premissas e objetivos em vista de 
    novos paradigmas (homenagem a Kuhn) narrativos. 

    No que diz respeito a vanguardas e retaguardas, Baudelaire discordou de 
    você há um século e meio, quando a idéia de uma vanguarda artística 
    nascia ainda. Veja o que ele escreveu em meados do século XIX, num livro 
    extraordinário chamado _Mon coeur mis a nu_. 

    XXIII 

    Do amor, da predileção dos franceses pelas metáforas militares. Toda a 
    metáfora aqui usa bigodes. 

    Literatura militante. 
    Estar pronto para a luta. 
    Carregar alta a bandeira. 
    Segurar a bandeira alto e firme. 
    Jogar-se na batalha. 
    Um dos veteranos. 

    Todas estas fraseologias gloriosas aplicam-se geralmente a pernósticos e 
    moscas de bar. 

    *** 

    Metáforas francesas 

    Soldado da imprensa judicial (Bertin). 
    A imprensa militante. 

    *** 

    Para acrescentar às metáforas francesas: 

    Os poetas de combate. 
    Os literatos de vanguarda. 
    Estes hábitos de metáforas militares denotam espíritos, não militantes, 
    mas feitos para a disciplina, isto é, para a conformidade, espíritos 
    nascidos domésticos, espíritos belgas, que só podem pensar em sociedade.



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