[ANPPOM-L] plágio
Leonardo Fuks
cyclophonica em yahoo.com
Ter Dez 11 14:12:02 BRST 2007
Escreve aqui um que também já foi vítima de plágio, mais de uma vez, e que já constatou outros atos fraudulentos em trabalhos alheios.
Fui -vítima- no sentido amplo, tendo sofrido por anos as consequências terríveis de ter sido plagiado.
Sou totalmente solidário à querida amiga e colega Márcia Taborda.
Plágio é crime e deve ser tratado como tal.
Não concordo com o caro colega Claudinei Carrasco que propõe que devamos registrar os nomes dos supostos plagiadores numa lista, que seria usada em futuras situações acadêmicas. Se a pessoa foi hipotéticamente inocentada em uma comissão " superior" , não cabe criarmos cadastros desta natureza. A comissão superior é que deve se comportar conforme a lei do Brasil e a ética do profissional docente/pesquisador. Se existe uma lei no código penal e existe uma lei da propriedade intelectual específica, elas devem ser respeitadas.
Vejam a Lei de nº 9.610/98 , disponível por exemplo em
http://www.assespro-rj.org.br/publique/media/lei961098.pdf
Por outro lado, qualquer um que cometa um ato considerado ilegal terá amplo direito à defesa, e é evidentemente possível que problemas pessoais tenham afetado seus atos. Isto atenua a pena para o crime do indivíduo, altera o tipo de crime, mas não assegura absolutamente a manutenção do seu título obtido, nem autoriza a permanência do texto plagiado na obra questionada.
Os piores desdobramentos do plágio são as atitudes das autoridades acadêmicas e da comunidade acadêmica de maneira geral (com evidentes exceções), conforme pude experimentar.
Não concordo novamente com o digno professor Ney Carrasco com que
"O que fica de bom para você nisso tudo é o fato de pertencer ao grupo dos que são copiados, e não dos que copiam.". Infelizmente, ser plagiado não fica "bom" em nada, ninguém se sente elogiado por ter sido violentado, de qualquer modo que seja.
Também não posso concordar com o professor Antunes, que culpa o orientador. Segundo Antunes "Para mim o grande vilão dessa história é o "Orientador" do rapaz. Este sim é o profissional que deve respeitar, e fazer ser respeitado, o código de ética. É ele quem deveria ser punido. Está evidente que o "orientador" não orientou coisíssima nenhuma.".
O professor Antunes não só é do "tempo em que as titulações não resultavam em aumentos salariais ou outras vantagens", como também é do tempo em que professor universitário nem fazia obrigatoriamente concurso público para ingressar na carreira. Realmente outra época.
Se o pesquisador é maior de idade, ele é ciente e obedecedor das leis de seu país, e mesmo que não tenha noção de ética alguma, deverá fazer seu trabalho em conformidade com as referidas leis. Responsabilizar o orientador é irresponsável, ilógico e ilegal, não apenas polêmico. O orientador não pode ser considerado de maneira apriorística como cúmplice das irregularidades cometidas por seus orientandos.
Quem me plagiou no passado perdeu seu título de mestrado, teve a dissertação anulada e ficou muito exposto na Academia. Este fato não me deu qualquer prazer, apenas a sensação de que as " instâncias superiores" agiram em conformidade com a lei e com os procedimentos acadêmicos corretos.
Não posso responsabilizar quem cometeu o ato do plágio por todo o sofrimento que padeci, pois atribuo também responsabilidade à morosidade do processo (durou mais de três anos), ao desinteresse de diversos membros das "instâncias" (inclusive de minha universidade) e à ignorância da maioria dos colegas docentes sobre a ética e lei da propriedade intelectual.
Acho cada vez mais importante documentarmos detalhadamente estas histórias de plágio que ocorrem conosco e à nossa volta, deverão servir para algo no futuro.
Leonardo Fuks
Caros Amigos,
>
>Em março enviei à lista mensagem dando conta do plágio cometido por Luis
>Filipe de Lima na tese de doutorado "Comunicação Intercultural: O Choro,
>Expressão Musical Brasileira", trabalho desenvolvido, apresentado e aprovado
>pela ECO/UFRJ, sob orientação do Prof. Dr. Muniz Sodré.
>Acabo de receber parecer da comissão avaliadora que gostaria de
>compartilhar com a lista.
>
>1. Luís Filipe justificou o plágio por estar na época passando por um
>momento de desequilíbrio emocional.
>2. A comissão julgou que retirando-se anexos do trabalho, as 20 páginas
>integralmente copiadas de minha dissertação de mestrado representam apenas
>9,9% da tese, e que assim sendo não constitui plágio total, mas parcial; o
>autor poderia apenas realizar modificações e quem sabe me dar o crédito.
>(abrir aspas na página 20 e fechar na 40 ?).
>3. Os avaliadores entenderam que a parte copiada não consitui o cerne do
>trabalho; mais um atenuante; ( embora seja sobre o choro e o trecho copiado
>seja exatamente sobre o choro)
>
>Não concordei com o parecer e pedi que o caso fosse encaminhado à próxima
>instância.
>Roubo de idéias passa segundo a ECO a ser medido por quilo; não mais
>qualidade, quantidade. Será que irão estabelecer um teto para a roubalheira
>? Depois reclamamos das pizzas no Congresso.
>Alguma sugestão ?
>Abraço a todos,
>
>Marcia Taborda
>
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