[ANPPOM-L] pós-modernidade ou paradoxos da modernidade?

Rubens Ricciardi rrrr em usp.br
Seg Jul 23 05:28:55 BRT 2007


Re: pós-modernidade ou paradoxos da modernidade?caro silvio,

agradeço o teu e-mail...

vc concluía:

"o q caracteriza o pós-modernismo é a produção de arte como mercadoria de consumo rápido"...

se fosse simples assim, então tudo que há de mais essencial na condição pós-moderna já teria sido anunciado nos anos 40 por adorno e horkheimer no capítulo deles sobre indústria cultural, e, seguindo ainda este caminho, então o que nos interessa na pós-modernidade seriam acima de tudo as presentes questões das distorções ideológicas... mas justamente muitos autores que pensam a pós-modernidade não pensam assim...

e para "insistir na leitura de livros sobre o assunto" vc deveria não só ler vários outros autores além de lyotard e jameson (aliás, este já é um crítico ferrenho daquele - e nem cabe aqui nenhuma listinha bibliográfica complementar), como também depois desenvolver uma crítica diferenciada sobre os principais autores que tratam da pós-modernidade (são dezenas e dezenas deles em quase todos os países)...

com meu outro e-mail eu só quis levantar o seguinte problema para nós músicos (e aí talvez até estejamos de acordo): qual a relação entre 1) uma suposta condição de pós-modernidade analisada a partir das quantidades estatísticas e 2) outra suposta pós-modernidade enquanto possibilidades poéticas na música em suas singularidades qualitativas? penso que embora concomitantes tenhamos aí dois processos essencialmente diversos e, assim, não devemos pensá-los através de um único e redutivo conceito, conceito este sempre já facilmente eclético, generalista, relativista, valetudista, não raramente reacionário (aí pensemos no vattimo, mas que por exemplo enquanto filósofo talvez até seja maior que o jameson)...

abraços do rubens ricciardi

  ----- Original Message ----- 
  From: silvio 
  To: anppom-l em iar.unicamp.br 
  Sent: Sunday, July 22, 2007 11:49 AM
  Subject: Re: [ANPPOM-L]pós-modernidade ou paradoxos da modernidade?


  caro rubens
  como deixar os padrões medianos da Ind.cultural de fora se o q caracteriza o pós-modernismo é a produção de arte como mercadoria de consumo rápido (insisto na leitura de livros sobre o assunto).
  no Brasil existe um uso corrente  do termo pós-moderno pq ele alivia a alma daqueles que se mantinham numa arte tradicionalista, sobretudo de cunho nacionaL.
  só q numa lidinha rápida em jameson, vale ver q o verdadeiro músico pomô é o DJ.


  abs
  silvio


    caros colegas da anppom,
    1) o q se chama pós-moderno talvez sejam tão-somente novos casos de paradoxo da modernidade (já houve vários destes casos na música - por exemplo, o neoclassicismo dos anos 20-40, o jdanovismo dos anos 50 etc. - antes mesmo que os filósofos tentassem interpretar a tal pós-modernidade enquanto conceito);
    2) aliás, pós-modernismo ou valetudismo? (seguramente "nem tudo é relativo", como diz o Prof. Hilton Japiassu)...
    3) mesmo em nossos tempos seguramente pós-vanguarda há ainda tanto jovens epígonos modernistas como demais compositores apenas convencionais...
    ps: e, já que estamos falando de música, deixemos os padrões medianos da indústria cultural fora da questão...
    rubens ricciardi

      ----- Original Message -----
      From: silvio
      To: Sandra Reis ; anppom-l em iar.unicamp.br
      Sent: Saturday, July 21, 2007 12:36 PM
      Subject: Re: [ANPPOM-L] FWD: TRADI ÇÃ O E RUPTURA - John Corigliano e a m ú sica do presentepor Matheus G. Bito ndi


      sandra e carlos cobertos de razão.
      vale pegar dois livros muito pouco lidos pelos brasileiros que gostam de pós-modernismo:
      a condição pós-moderna de Lyotard e  pósmodernismo e jameson.
      ora, nos dois o termo é claramente uma crítica à forma de relações humanas nascidas do capitalismo recente.
      nos dois livros é clara a noção de último homem, alertada por nietzsche, para falar do nihilismo ao qual chegaríamos.
      para checar tanto, basta ler o artigo e entrevistas com artístas ditos pós-modernos e notar que todo o entusiasmo do discurso das utopias dos anos 50 se desfaz num ressentimento e no tanto faz, sobretudo tanto faz qdo aquele que tanto faz tem condições financeiras que beiram a agressão.
      Por outro lado, esta coisa de misturar, isto não era antropofagia? e antropfagia não é uma coisa do modernismo de oswald? O q isto tema ver com pós-modernismo?


      silvio ferraz




        Amigos,

        Estou de acordo com a postura crítica do Carlos  Palombini.

        Para iniciar, não aprecio o termo Pós-Modernismo. É muito confuso. Se Descartes foi o introdutor da Idade Moderna, se Baudelaire  chamava o seu momento de Modernidade, se ser moderno é estar dentro do agora de seu tempo, não existe "Pós-Modernismo" mas sim, Pós-Modernismos.

        Inventaram o termo, o coro dos influentes gostou e impuseram na área de artes um epíteto que os pósteros vão ter de agüentar?

        Quando estive no Canadá ,  o Pós-Modernismo era visto como uma justaposição de tendências no tempo atual, validando todos os estilos suprassumidos no tempo histórico em pé de igualdade   como fonte de inspiração e meio  para exercitar e dar forma à criatividade no momento hodierno.

        A partir daí, comecei a "engulir" o termo com menos sofrimento porque passei a ver o Pós-Modernismo como a expressão de liberdade no nosso tempo : cada um deve criar como deseja, de acordo com suas tendências e ideais, sem ter de seguir as determinações de um grupo que se acha dono da história. Se alguém deseja ressuscitar, por exemplo, o estilo de Palestrina, está no seu direito e certamente fará algo novo pois nunca "atravessamos o mesmo rio, em cada momento, ele está diferente", como disse o nosso  colega Heráclito, no VI século antes de Cristo.

        Daí, que as preferências ocorram é muito natural, mas dizer que  X, Y ou Z são os modelos de Pós-Modernismo, é voltar  às ditaduras do poder na história que é feita a partir das "estrelas" eleitas pelos historiadores e teóricos que se concentram em determinados pontos como abelhas no mel, sem vislumbrar outras riquezas ao seu redor.


        Um abraço para todos,

        Sandra Loureiro de Freitas Reis

        From:  carlos palombini <palombini em terra.com.br>
        To:  ANPPOM <anppom-l em iar.unicamp.br>
        Subject:  Re: [ANPPOM-L] FWD: TRADI ÇÃ O E RUPTURA - John Corigliano e a m ú sica do presentepor Matheus G. Bito ndi
        Date:  Fri, 20 Jul 2007 22:05:01 -0300
        >
        >Achei muita coisa estranha neste artigo.
        >
        >[1] É estranho ver Gilberto Mendes descrito como o representante
        >brasileiro do pós-modernismo. Matheus Bitondi não deve ter lido o
        >prefácio que o compositor santista escreveu para o livro em que Jorge
        >Antunes publicou sobre Jorge Antunes, _Uma poética musical brasileira e
        >revolucionária_. Considerem este excerto:
        >
        >"Neste momento em que o hip-hop e DJs são elevados, pela mídia, à
        >importância de Stockhausen, Berio, Pousseur, este livro de análises das
        >obras de Antunes vem em boa hora, como reação a esta descaracterização
        >das diversidades. Vem para colocar as coisas em seus devidos lugares,
        >mostrando o que é de fato um compositor voltado para uma música
        >realmente de invenção. Um compositor que pensa a música, como um
        >artista, como um homem da alta cultura."
        >
        >[2] É estranho ver o "ecletismo" de um compositor norte-americano dos
        >séculos XX e XXI ser apresentado como  tendo raízes em Monteverdi,
        >Tchaikovski e Dvorak e, portanto, não sendo realmente novo. O serialismo

        >integral de Boulez não combinava Webern, Messiaen, Varèse, Cage e
        >Stravinski? E o dodecafonismo
        >de Schoenberg não era a conseqüência necessária de Brahms, Mozart, Bach,
        >Beethoven e Wagner? Por que o pós-modernismo de uns necessita reduzir-se
        >às mesmas narrativas historiográficas que o modernismo de outros? E por
        >que estas estruturas narrativas são usadas ao mesmo tempo para
        >justificar os modernistas como conseqüência lógica da tradição e
        >desqualificar os pós-modernos como nem tão novos assim?
        >
        >[3] É estranho ver os compositores ditos pós-modernos só podendo ser
        >compreendidos se colocados em oposição ao serialismo integral, como se
        >só o serialismo integral os tivesse precedido e nos anos cinqüenta não
        >houvesse mais nada de novo acontecendo no mundo. Não houve Cage? Não
        >houve Scelsi? Não houve Messiaen? Não houve Varèse? E não houve o soul,
        >o gospel, o rock, o twist, o cool jazz? E não houve Villa-Lobos, Camargo
        >Guarnieri, o baião, Ary Barroso, Ângela Maria, a bossa nova?
        >
        >--
        >cvp
        >
        >
        >silvio escreveu:
        > > interessante a frase:
        > >
        > > " A libertação das amarras seriais e a
        > > conseqüente reabertura dos ouvidos para toda a
        > > história da música"
        > > afinal de contas ela era usada antes de outro
        > > modo: "a liberação da música das amarras do
        > > tonalismo", "a liberação do som". E não houve
        > > época mais aberta a ouvir toda a história do que
        > > os anos 50 e 60, nas classes de messiaen e
        > > maderna.
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