[ANPPOM-L] ufa!,ufac,ufa!

Jorge Antunes antunes em unb.br
Ter Nov 6 16:51:56 BRST 2007


Caro Eduardo Luedy:

Obrigado por suas interessantes reflexões.
Concordo com você, no que se refere à opinião de que todos devem poder estudar música.
Só gostaria de lembrar que existem diferentes lugares para se estudar música, cada local com processos, conteúdos e objetivos diferentes.
Alguns desses lugares são: Conservatórios de Música, Escolas de Música de Nível Médio e/ou Técnico, Universidades, Jornaleiros que vendem Métodos de Violão sem Mestre,  Escolas de Samba, Cursos Particulares de Música, etc.
Abraço,
Jorge Antunes






eduardo luedy wrote:

> Prezados colegas associados,
>
> No intuito de fazer valer a crença na liberdade de
> expressão e de, por isso, fazer valer o direito à
> polêmica - sempre que acredite que valha a pena testar
> nossos argumentos, aprofundar o debate, clarificar
> nossos pressupostos -, gostaria de externar minhas
> sinceras dúvidas acerca de quase tudo o que se tem
> afirmado aqui contrariamente à decisão da UFAC de
> abolir as provas específicas para ingresso em seu
> curso superior de música.
>
> Queria dizer logo que eu mesmo não manifesto
> indignação. Antes, estou nutrindo curiosidade a
> respeito de tal decisão e de seus efeitos.
>
> Quando eu era aluno, não só na educação básica, mas tb
> na graduação, as decisões e tudo relacionado a
> reformas educacionais e curriculares, sempre parecem
> muito distantes de nós, pobres mortais. O currículo,
> as disciplinas, suas ementas, tudo sempre me pareceu
> fazer parte de algo muito mais antigo e, por isso,
> merecedor de uma atitude de respeito, de admiração,
> mas principalmente de uma atitude eminentemente
> conservadora.
>
> Pois eu fico me perguntando: falamos tanto hoje, pelo
> menos na área de educação, em respeitar a diversidade
> cultural; e, para além de apenas "tolerar" a
> diversidade, falamos em elaborar estratégias
> pedagógicas que façam jus à diversidade. Então, por
> que não abolir as tais provas específicas? Na escola
> de música da ufba, tais exames eram (são ainda?)
> chamados de "teste de aptidão". O que, obviamente
> implicava a noção de que aqueles que não conseguiam
> ser admitidos "não tinham aptidão". Os que tentam
> ingressar e os que ingressam - os alunos e alunas dos
> cursos superiores de música - passam a aceitar isso
> pacificamente. Naturalizamos a noção de que o
> conhecimento musical legítimo é aquele que se cobra
> nos tais testes de aptidão. Por que deve ser assim?
>
> Por que um mestre de capoeira não poderia estudar
> música se assim lhe desejasse? Por que um adolescente
> roqueiro ou ligado às novas tecnologias de produção e
> circulação de música, por que não djs, rappers,
> chorões, sambadores, por que não um ogã? Ou seja, por
> que todos os indivíduos tem que reduzir tudo o que
> sabem a uma única modalidade de fazer-compreender
> música?
>
> O fato é que, apesar de todo o já bem desenvolvido
> discurso na área de educação acerca da necessidade de
> descolonizar o currículo, o fato é que ainda
> julgamos-afirmamos, tacitamente ou não, que apenas
> aquele conhecimento em música (ou seja, o da tradição
> européia-erudita) é merecedor de estabelecer os
> critérios e os parâmetros para admissão de quem quer
> que deseje estudar música em nível superior.
>
> Sei dos desafios que tudo isso representa para a
> formação superior em música. Mas é justamente isso que
> me anima aqui. Seria possível admitir um dj, por
> exemplo, com ampla e intensa experiência profissional
> e dialogar com ele? Seria possível ensinar e aprender
> algo com este dj? Ou será que aquilo que vale para a
> formação de instrumentistas (no sentido tradicional do
> termo) e, portanto, como critério para admissão de
> futuros estudantes de instrumento (ou das chamadas
> práticas interpretaitivas - no sentido já estabelecido
> pela formação acadêmica em música) deve valer para
> todo o campo do conhecimento e formação em música?
>
> Enfim, por que ensinamos o que ensinamos e como
> poderemos justificar nossos estreitos critérios de
> admissão numa sociedade já extremamente excludente?
>
> Eduardo Luedy
>
> --- Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>
> > Caro Damián:
> >
> > A SBME (Sociedade Brasileira de Música
> > Eletroacústica) está preparando um documento para
> > ser enviado ao Reitor da UFAC, Prof. Dr. Jonas
> > Pereira de Souza Filho.
> > Manifestaremos nossa indignação com o fato de a
> > Universidade Federal do Acre ter abolido a prova de
> > habilitação em música. Comentaremos as experiências
> > bem sucedidas e as consequências boas de tal prova.
> > Chamaremos a atenção para os resultados desastrosos,
> > em termos de qualidade da formação acadêmica, de um
> > curso superior de música que não pratique a seleção
> > de vestibulandos de acordo com suas formações
> > musicais básicas.
> >
> > Quero sugerir a você que insista com a Diretoria da
> > Anppom, no sentido de que ela venha a fazer o mesmo,
> > enviando carta ao Reitor.
> > A seguir destaco alguns itens do Estatuto da Anppom
> > de acordo com os quais a Diretoria, eleita
> > democraticamente em Assembléia Geral, tem o direito
> > e o dever, sem consultas aos associados, de agir
> > atendendo seu pedido.
> >
> > Artigo 4º - São finalidades e objetivos da Anppom:
> > j) Contribuir para a manutenção e desenvolvimento da
> > música, em âmbito acadêmico, enquanto área de
> > pesquisa e criação científica e artística.
> >
> > Parágrafo 2º - Cabe à Diretoria:
> > b) Dinamizar e promover as atividades que visem ao
> > desempenho do papel social que este Estatuto confere
> > à Anppom.
> >
> > Artigo 26 - Os casos omissos serão resolvidos pela
> > Diretoria.
> >
> > Abraço,
> > Jorge Antunes
> > > ________________________________________________
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