[ANPPOM-L] ufa!,ufac,ufa!

Jorge Antunes antunes em unb.br
Ter Nov 6 18:42:23 BRST 2007


Caro Eduardo Luedy:

Não existem saberes mais legítimos que outros.
Acho que começamos a nos repetir. O que você diz no email, já disse em outros anteriores.
Eu também começo a me repetir.
Não existe colonização nos currículos. Eles são amplos, abertos.
A colonização, quando se revela, é na sala de aula e não no currículo.
Olhe as ementas das disciplinas. Elas são amplas, abrangentes.
Mas quando o professor começa a ministrá-las, ele puxa o conteúdo para a sua sardinha.
Sempre digo que os currículos não precisam de reforma. Quem precisa de reforma é o professor.
A melhor maneira de se considerar-valorizar aquilo que os alunos já sabem, é a prática da prova de habilitação específica em música, para o ingresso na Universidade. Na UnB, para ingresso no Curso de Composição Musical, o candidato, além de demonstrar sua formação básica musical, tem que apresentar composições suas, em partitura ou/e as tocando. A criatividade e a "garra para o métier" do candidato, assim, são facilmente avaliadas, podendo ele apresentar suas composições, auto-didatas, tanto na área da música erudita quanto na de música popular.
Abraço,
Jorge Antunes





eduardo luedy wrote:

> Prezado Jorge Antunes,
>
> A questão, pelo menos como a entendo, seria: como e em
> que medida poderíamos atender à diversidade?
> Neste sentido, poderíamos nos perguntar também acerca
> de como descolonizar o currículo, de como atender à
> demanda por ensino e formação em música sem
> desconsiderar-menosprezar aquilo que os alunos já
> sabem?
> Não problematizar os testes de ingresso é aceitar (e
> defender) que há um saber mais legítimo que outros
> saberes. Numa instituição pública que se pretenda
> democrática estas não são questões irrelevantes.
>
> Abraços,
>
> Eduardo Luedy
>
> --- Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
>
> > Caro Eduardo Luedy:
> >
> > Obrigado por suas interessantes reflexões.
> > Concordo com você, no que se refere à opinião de que
> > todos devem poder estudar música.
> > Só gostaria de lembrar que existem diferentes
> > lugares para se estudar música, cada local com
> > processos, conteúdos e objetivos diferentes.
> > Alguns desses lugares são: Conservatórios de Música,
> > Escolas de Música de Nível Médio e/ou Técnico,
> > Universidades, Jornaleiros que vendem Métodos de
> > Violão sem Mestre,  Escolas de Samba, Cursos
> > Particulares de Música, etc.
> > Abraço,
> > Jorge Antunes
> >
> >
> >
> >
> >
> >
> > eduardo luedy wrote:
> >
> > > Prezados colegas associados,
> > >
> > > No intuito de fazer valer a crença na liberdade de
> > > expressão e de, por isso, fazer valer o direito à
> > > polêmica - sempre que acredite que valha a pena
> > testar
> > > nossos argumentos, aprofundar o debate, clarificar
> > > nossos pressupostos -, gostaria de externar minhas
> > > sinceras dúvidas acerca de quase tudo o que se tem
> > > afirmado aqui contrariamente à decisão da UFAC de
> > > abolir as provas específicas para ingresso em seu
> > > curso superior de música.
> > >
> > > Queria dizer logo que eu mesmo não manifesto
> > > indignação. Antes, estou nutrindo curiosidade a
> > > respeito de tal decisão e de seus efeitos.
> > >
> > > Quando eu era aluno, não só na educação básica,
> > mas tb
> > > na graduação, as decisões e tudo relacionado a
> > > reformas educacionais e curriculares, sempre
> > parecem
> > > muito distantes de nós, pobres mortais. O
> > currículo,
> > > as disciplinas, suas ementas, tudo sempre me
> > pareceu
> > > fazer parte de algo muito mais antigo e, por isso,
> > > merecedor de uma atitude de respeito, de
> > admiração,
> > > mas principalmente de uma atitude eminentemente
> > > conservadora.
> > >
> > > Pois eu fico me perguntando: falamos tanto hoje,
> > pelo
> > > menos na área de educação, em respeitar a
> > diversidade
> > > cultural; e, para além de apenas "tolerar" a
> > > diversidade, falamos em elaborar estratégias
> > > pedagógicas que façam jus à diversidade. Então,
> > por
> > > que não abolir as tais provas específicas? Na
> > escola
> > > de música da ufba, tais exames eram (são ainda?)
> > > chamados de "teste de aptidão". O que, obviamente
> > > implicava a noção de que aqueles que não
> > conseguiam
> > > ser admitidos "não tinham aptidão". Os que tentam
> > > ingressar e os que ingressam - os alunos e alunas
> > dos
> > > cursos superiores de música - passam a aceitar
> > isso
> > > pacificamente. Naturalizamos a noção de que o
> > > conhecimento musical legítimo é aquele que se
> > cobra
> > > nos tais testes de aptidão. Por que deve ser
> > assim?
> > >
> > > Por que um mestre de capoeira não poderia estudar
> > > música se assim lhe desejasse? Por que um
> > adolescente
> > > roqueiro ou ligado às novas tecnologias de
> > produção e
> > > circulação de música, por que não djs, rappers,
> > > chorões, sambadores, por que não um ogã? Ou seja,
> > por
> > > que todos os indivíduos tem que reduzir tudo o que
> > > sabem a uma única modalidade de fazer-compreender
> > > música?
> > >
> > > O fato é que, apesar de todo o já bem desenvolvido
> > > discurso na área de educação acerca da necessidade
> > de
> > > descolonizar o currículo, o fato é que ainda
> > > julgamos-afirmamos, tacitamente ou não, que apenas
> > > aquele conhecimento em música (ou seja, o da
> > tradição
> > > européia-erudita) é merecedor de estabelecer os
> > > critérios e os parâmetros para admissão de quem
> > quer
> > > que deseje estudar música em nível superior.
> > >
> > > Sei dos desafios que tudo isso representa para a
> > > formação superior em música. Mas é justamente isso
> > que
> > > me anima aqui. Seria possível admitir um dj, por
> > > exemplo, com ampla e intensa experiência
> > profissional
> > > e dialogar com ele? Seria possível ensinar e
> > aprender
> > > algo com este dj? Ou será que aquilo que vale para
> > a
> > > formação de instrumentistas (no sentido
> > tradicional do
> > > termo) e, portanto, como critério para admissão de
> > > futuros estudantes de instrumento (ou das chamadas
> > > práticas interpretaitivas - no sentido já
> > estabelecido
> > > pela formação acadêmica em música) deve valer para
> > > todo o campo do conhecimento e formação em música?
> > >
> > > Enfim, por que ensinamos o que ensinamos e como
> > > poderemos justificar nossos estreitos critérios de
> > > admissão numa sociedade já extremamente
> > excludente?
> > >
> > > Eduardo Luedy
> > >
> > > --- Jorge Antunes <antunes em unb.br> wrote:
> > >
> > > > Caro Damián:
> > > >
> > > > A SBME (Sociedade Brasileira de Música
> > > > Eletroacústica) está preparando um documento
> > para
> > > > ser enviado ao Reitor da UFAC, Prof. Dr. Jonas
> > > > Pereira de Souza Filho.
> > > > Manifestaremos nossa indignação com o fato de a
> > > > Universidade Federal do Acre ter abolido a prova
> > de
> > > > habilitação em música. Comentaremos as
> > experiências
> > > > bem sucedidas e as consequências boas de tal
> > prova.
> > > > Chamaremos a atenção para os resultados
> > desastrosos,
> > > > em termos de qualidade da formação acadêmica, de
> > um
> > > > curso superior de música que não pratique a
> > seleção
> > > > de vestibulandos de acordo com suas formações
> > > > musicais básicas.
> > > >
> > > > Quero sugerir a você que insista com a Diretoria
> > da
> > > > Anppom, no sentido de que ela venha a fazer o
> > mesmo,
> > > > enviando carta ao Reitor.
> > > > A seguir destaco alguns itens do Estatuto da
> > Anppom
> > > > de acordo com os quais a Diretoria, eleita
> > > > democraticamente em Assembléia Geral, tem o
> > direito
> > > > e o dever, sem consultas aos associados, de agir
> > > > atendendo seu pedido.
> > > >
> > > > Artigo 4º - São finalidades e objetivos da
> > Anppom:
> > > > j) Contribuir para a manutenção e
> > desenvolvimento da
> > > > música, em âmbito acadêmico, enquanto área de
> > > > pesquisa e criação científica e artística.
> > > >
> > > > Parágrafo 2º - Cabe à Diretoria:
> > > > b) Dinamizar e promover as atividades que visem
> > ao
> > > > desempenho do papel social que este Estatuto
> > confere
> > > > à Anppom.
> > > >
> > > > Artigo 26 - Os casos omissos serão resolvidos
> > pela
> > > > Diretoria.
> > > >
> > > > Abraço,
> > > > Jorge Antunes
> > > > >
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